terça-feira 06 2013

Senado retira 'juramento de ética' do novo regimento interno

Política

Relator das mudanças, o senador Lobão Filho também descartou que os parlamentares tenham de apresentar declarações de bens de parentes

Plenário do Senado Federal em Brasília
Regimento interno da casa é de 1970, época da ditadura militar (Joedson Alves/AE)
Com hábitos e costumes criticados pelas manifestações populares recentes, o Senado discretamente decidiu retirar da proposta do novo regimento interno da Casa a sugestão para que senadores se comprometam a agir com ética "na atividade política" e como cidadãos. O compromisso seria assumido em juramento no ato da posse, mas foi rejeitado pelo relator das mudanças no regimento, o senador Lobão Filho (PMDB-MA).
O relator também excluiu do documento a obrigação para que os parlamentares apresentem, quando empossados, declaração de bens de seus parentes até o segundo grau. A medida buscava evitar os chamados "parentes laranjas" - familiares aos quais os parlamentares transferem parte de seu patrimônio.
"Não há como o senador obrigar seus parentes a revelarem os bens que possuem, pois isso ofenderia o direito à privacidade", justificou Lobão Filho. O regimento interno do Senado é de 1970, auge da ditadura militar. Desde então, nunca foi reformado. O texto disciplina desde a forma dos pronunciamentos dos senadores até a tramitação de matérias.
Em 2009, o então senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) relatou a primeira tentativa de alterar as regras da Casa. O relatório do tucano acatou a sugestão do então senador José Nery (PSOL-PA) para incluir no texto do juramento da posse o compromisso dos senadores com a ética. O texto atual diz apenas: "Prometo (...) desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador". Na proposta de Jereissati, o juramento incluía o compromisso de desempenhar o mandato de forma "honesta" e "sempre na defesa intransigente da ética na atividade política e como cidadão". O tucano, contudo, deixou o Senado sem que o relatório fosse votado.
Como novo relator, Lobão Filho suprimiu a versão que incluía o compromisso com a ética do juramento. No parecer, apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em maio, o senador disse que a sugestão de mudança no juramento merecia ser acatada "parcialmente" para incluir "a expressão honesta", mas não justificou a razão de rejeitar o trecho.
Decoro – Lobão também não acatou emenda que obrigaria a comunicação à corregedoria de atos incompatíveis com o decoro ou com a compostura pessoal praticados fora das dependências da Casa Legislativa. O atual texto do regimento prevê que a denúncia seja encaminhada quando a quebra de decoro ocorrer dentro do prédio do Senado, o que foi mantido.
Entre as emendas acatadas pelo senador, está a que impede o pagamento de salário aos congressistas que "não compareceram à sessão em virtude de prisão processual criminal". O texto está pronto para votação na CCJ. O presidente da comissão é o senador Vital do Rêgo (PB), do mesmo partido de Lobão Filho e indicado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando líder.
Se aprovado na CCJ, o texto segue para uma comissão temporária especial, mas há possibilidade de ir direto para o plenário. 
(Com Estadão Conteúdo)

Dilma inicia esforço para recuperar apoio no Congresso

Relações Institucionais

Presidente conversou por quase três horas com líderes da Câmara; nesta terça-feira, será a vez dos senadores. Objetivo é evitar derrotas no Congresso

Gabriel Castro, de Brasília
Presidente Dilma Rousseff
Presidente Dilma Rousseff (Evaristo Sa/AFP)
Acuada pela queda na popularidade e pela solvência do apoio no Congresso, a presidente Dilma Rousseff iniciou nesta segunda-feira aquela que - pelo menos nos planos do Executivo - será uma nova etapa no diálogo com os partidos aliados: em vez de delegar a intermediação a algum ministro, a própria presidente negociou, durante três horas, com representantes de dez legendas governistas. Ela tratou das votações da Câmara e também ouviu pedidos dos aliados.
Diante da presidente, os líderes partidários não perderam a oportunidade de reclamar: pediram que o governo os procurasse antes de enviar propostas de impacto ao Congresso - o que não havia sido feito no caso do programa Mais Médicos. Eles também cobraram a manutenção do diálogo permanente com a presidente.
Desde o início do governo, primeiro com Luiz Sérgio e agora com Ideli Salvatti, a Secretaria de Relações Institucionais, que deveria coordenar o diálogo com o Congresso, tem sido criticada por governistas. Os emissários da presidente não teriam autonomia suficiente para negociar, o que tornava o diálogo improdutivo. E Dilma, quando recebia os aliados, se demonstrava inflexível. Agora, ela tenta destravar o diálogo.
Além do Mais Médicos, a reunião desta segunda-feira serviu para debater o projeto que trata da divisão dos royalties do pré-sal. Mas não houve consenso. O tema deve voltar à pauta na semana que vem, no novo encontro dos líderes com a presidente. Na ocasião, Dilma também deve tratar da proposta de destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Saúde.
O líder do PT no governo, José Guimarães, deixou o encontro desta segunda-feira afirmando que as reuniões da presidente com os aliados devem ocorrer a cada quinze dias. "É o desejo da presidente de reatar e reatar com conteúdo a relação com o Congresso", disse ele, admitindo que a conversa com os aliados foi afetada nos últimos meses.
Líder do PDT, um dos partidos rebeldes, o deputado André Figueiredo (CE) disse ter ficado satisfeito: "É um novo ciclo que pode gerar resultados muito positivos para o país", afirmou. O parlamentar lembrou, entretanto, que o gesto de aproximação é fruto da queda na popularidade da presidente.

Turista desastrado quebra escultura de mais de 600 anos em museu de Florença

Cultura

A obra ficou sem um dos dedos, mas os restauradores agiram rapidamente

Imagem da estátua danificada no museu Duomo em Florença
Imagem da estátua danificada no museu Duomo em Florença (Maurizio Degl' Innocenti/EFE)
Um turista americano quebrou sem querer o dedo de uma escultura de mais de 600 anos em exposição no Museu dell'Opera del Duomo, segundo informação do jornal Corrieri Fiorentino, nesta terça. A obra faz parte de uma série de esculturas em mármore de Giovanni d'Ambrogio, importante escultor florentino do fim do século XIV e início do XV.
Um guarda do museu viu que o turista, um homem de 55 anos que estava em viagem pela cidade com a família, se aproximou da escultura e fez um gesto como quem media a mão da estátua, uma espécie de "toca aqui" com a imagem. O guarda interveio imediatamente, mas já era tarde. O dedo rachou com o movimento do visitante. Diretores do museu explicaram que 'os dedos desse grupo de esculturas são a parte mais frágil das obras, desde que elas foram esculpidas'.


Restauradores do museu foram acionados e, depois de algumas horas de trabalho, colocaram o dedo em seu lugar.
Timothy Verdon, diretor do museu, cuja escultura mais importante é aPietá florentina de Michelangelo, afirmou que 'em um mundo globalizado como o nosso, as pessoas precisam se lembrar de uma regra fundamental para visitar museus: não toque nas obras!'. 
(Com agência EFE)

Os senadores sem voto


Gim Argello (PTB-DF)


O mandato de Joaquim Roriz, então no PMDB, não durou muito no Senado. Ele tomou posse em fevereiro de 2011 e, em julho,, o representante do Distrito Federal renunciou ao posto, envolvido em acusações de corrupção. Quem ganhou de presente mais de sete anos de mandato foi Gim Argello (PTB). Dono de um instinto de sobrevivência inversamente proporcional à firmeza de suas ideias, Gim aderiu à base aliada e passou a seguir as ordens do governo - apesar de Roriz ser um adversário histórico do PT. Em 2010, o senador do PTB tratou de se aproximar da então candidata Dilma Rousseff. Um dos mecanismos usados por ele, que morava perto da petista, era aparecer "por acaso" quando Dilma saía para passear com seus cachorros na vizinhança. Em 2010, VEJA mostrou que uma rádio controlada por ele dava prêmios fictícios a ouvintes fantasmas. Em 2006, quando disputou sua última eleição, Gim declarou um patrimônio de 805 000 reais.

Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP)

Alguns senadores, por sua atuação provinciana, se encaixam no epíteto de "vereadores federais": legislam apenas sobre miudezas, sem debater os grandes temas nacionais. Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) é o único que merece o adjetivo duplamente: além da ausência de ideias relevantes, ele se notabiliza por ter um mandato na Câmara Municipal de São Paulo. Em 2012, Rodrigues foi flagrado pelo jornal Folha de S. Paulo pedindo votos a atletas de futebol amador beneficiados com recursos de emendas parlamentares."O dinheiro é da prefeitura, sim, mas é verba minha. Verba a que o vereador tem direito", disse ele, que prometeu checar "urna por urna" para saber como foi seu resultado eleitoral na região.
No Congresso, é intimamente ligado ao mensaleiro Valdemar Costa Neto, deputado que controla o Partido da República. O senador sem voto declarou, em 2010, ter patrimônio de 807 061 reais. É suplente da ministra petista Marta Suplicy (Cultura).

Clésio Andrade (PMDB-MG)

Com a morte do senador Eliseu Rezende (DEM-MG), no início de 2011, o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), à época filiado ao Partido da República, assumiu a suplência no Senado carregando um histórico repleto de suspeitas. O parlamentar é investigado pelo processo do valerioduto mineiro por supostamente ter se beneficiado de recursos fraudulentos durante a campanha do deputado tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998. A denúncia aponta um desvio de 3,5 milhões de reais. No Senado, sem ter de prestar qualquer satisfação ao eleitorado, Andrade encabeçou a articulação para reconduzir Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência da Casa: trocou o PR pelo PMDB para aumentar o quórum da bancada favorável ao senador alagoano. Agora, cobra cumplicidade de Calheiros para aprovar projetos de seu interesse, como a criação do Tribunal Regional Federal em Minas Gerais.

Lobão Filho (PMDB-MA)

Herdeiro da cadeira do pai no Senado Federal - o ministro Edison Lobão (Minas e Energia)-, o senador Lobão Filho atua na tropa de choque do presidente da Casa, Renan Calheiros. Em meio a pressões para que Calheiros não assumisse o cargo, coube a Lobão, por exemplo, escancarar o fato de que o parlamento não é exatamente uma casa de “puros”. "Nesta casa não há nenhuma vestal. Não há ninguém para apontar o dedo ao senador Renan Calheiros", desafiou Lobão. Apesar da suplência, Lobão Filho chegou à presidência da poderosa Comissão de Orçamento após um acordo com o PSDB e a promessa de que os tucanos ficariam com o posto de número dois no colegiado. O problema detectado pelo governo foi o risco de um deputado do PSDB assumir a comissão caso Edison Lobão deixe o ministério e desaloje o filho da cadeira de senador.
Em março, VEJA revelou investigações que apontavam tráfico de influência do parlamentar em favor de um esquema milionário de sonegação fiscal.

Eduardo Lopes (PRB-RJ)

Aos 48 anos, o senador Eduardo Lopes nunca venceu uma eleição para o Congresso Nacional, mas ocupa pela segunda vez um mandato como parlamentar. Em 2007, assumiu como suplente do deputado Alexandre Cardoso (PSB), e, cinco anos depois, chegou ao Senado após um acordo entre o Palácio do Planalto e o PRB para Marcelo Crivella se tornar ministro. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, Lopes comanda a área política da instituição e é responsável pela triagem de candidatos em anos eleitorais. Desde que assumiu o Senado, afastou-se das funções de bispo da Universal e da “área espiritual” da igreja. Ganhou fama como apresentador na TV Record do programa Fala que eu te escuto. De perfil discreto nos corredores do Congresso, tem patrimônio declarado de pouco mais de 400 000 reais.

Sérgio Souza (PMDB-PR)

Os quase 8 milhões de reais que Gleisi Hoffmann recebeu para conseguir eleger-se no Senado foram correspondidos em apenas quatro meses de mandato. A paranaense foi nomeada ao cargo de ministra da Casa da Civil em junho de 2011, entregando a cadeira para o advogado Sérgio Souza. Não bastasse o posto conquistado sem a eleição popular, Sergio Souza é titular dos dois principais colegiados do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão de Assuntos Econômicos, além de presidir a subcomissão que acompanha as obras para a Copa do Mundo de 2014. Em troca, o parlamentar funciona como um braço de Gleisi no Congresso: atuou em favor do governo na CPI do Cachoeira e, mais recentemente, defendeu projetos cruciais para o governo, como a medida provisória com as novas regras de regulação do setor portuário. 
 
Sérgio Souza e sua mãe foram citados em uma investigação da Polícia Federal por envolvimento com uma grupo que desviava dinheiro público por meio de laranjas e funcionários-fantasmas na Assembleia Legislativa do Paraná. Souza, em reportagem à revista VEJA, negou as acusações.

Suplentes: a (boa) vida dos senadores sem voto

Congresso

Atualmente, um a cada cinco senadores exerce o mandato e participa de decisões políticas importantes para o país sem ter recebido um voto sequer

Gabriel Castro, Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
Manifestantes nas galerias do plenário do Senado aguardam a votação do salário mínimo
PARAÍSO - Plenário do Senado Federal; atualmente, dezesseis parlamentares exercem mandato e usufruem das regalias do cargo sem ter recebido um voto (Leopoldo Silva/Agência Senado)
Mesmo entre os políticos acostumados à boa vida bancada pelo dinheiro público, o Senado é descrito como o paraíso - com a vantagem, como ironizou o antropólogo e ex-senador Darcy Ribeiro, de que não é preciso morrer para chegar lá. O salário resvala no teto do funcionalismo: 26 723,13 reais mensais. Os benefícios são muitos: apartamento funcional, carro e motorista à disposição, verba indenizatória para bancar gasolina e despesas do gabinete, telefone, passagens aéreas e trabalho presencial obrigatório apenas de terça a quinta-feira.
O que muitos eleitores ignoram é que quase um a cada cinco integrantes da Casa chegou lá sem passar pelo crivo das urnas. São suplentes que, por diferentes razões, integram hoje a cúpula do poder político brasileiro. Dos 81 senadores com mandato no país, dezesseis fazem parte dessa categoria atualmente, número que costuma aumentar consideravelmente em períodos eleitorais, quando os titulares se engajam em campanhas políticas. A regra atual, em que o senador eleito carrega consigo dois suplentes, cria distorções a tal ponto que os estados de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Norte, por exemplo, têm atualmente apenas um senador eleito pelo voto. As outras duas cadeiras são ocupadas por suplentes.
"Não sou contra a presença do suplente, acho que há muito preconceito. A legitimidade é absolutamente igual. Ele se submeteu ao voto como integrante de uma chapa", justifica o senador suplente Aníbal Diniz (PT-AC). Ele ocupa uma vaga no Senado no lugar de Tião Viana, petista eleito para governar o Acre.
No dia a dia, muitos dos senadores substitutos passam incógnitos pelo Senado: dificilmente alguém reconheceria, por exemplo, Wilder Morais (DEM-GO), Paulo Davim (PV-RN) ou Ruben Figueiró (PSDB-MS) nas ruas. Outros suplentes, entretanto, se acostumaram com o poder e buscaram voo solo. Alguns dos principais articuladores políticos do Senado chegaram até lá de carona. É o caso do poderoso empresário Clésio Andrade (PMDB-MG), que ganhou o mandato de senador com a morte de Eliseu Resende (DEM-MG), em 2011. Ou do líder do PTB, Gim Argello (DF), que herdou a cadeira quando Joaquim Roriz (então no PMDB) renunciou ao mandato após ser alvejado por uma saraivada de denúncias. Argello assumiu o posto em julho de 2007 e cumprirá praticamente todo o mandato que não era dele: permanecerá no Senado até o início de 2015.
Também há casos resultantes da desorganização partidária e do xadrez bizarro das alianças regionais. Em certas situações, o eleitor optou por um candidato de oposição ao governo federal e acabou sendo representado por um político da base. No Rio Grande do Norte, por exemplo, os potiguares votaram na oposicionista Rosalba Ciarlini (DEM), que ganhou uma cadeira no Senado em 2006. Quatro anos depois, ela foi eleita governadora e a cadeira no Senado passou para as mãos de Garibaldi Alves (PMDB), que completa 90 anos no final deste mês e sempre vota conforme os interesses do governo - o filho dele, Garibaldi Alves Filho, do mesmo partido, é ministro da Previdência Social.
Caso semelhante ocorreu quando os eleitores de Minas Gerais conduziram Itamar Franco (PPS) ao Senado, em 2010. Em julho de 2011, após cerca de seis meses fazendo oposição ao governo Dilma, o ex-presidente da República morreu. Com a morte de Itamar, até janeiro de 2019 uma das vagas de senador mineiro será ocupada por Zezé Perrella (PDT-MG), aliado do governo federal.
Financiadores - O cobiçado cargo de suplente é escolhido a dedo conforme o interesse do político titular. É comum que parte dos parlamentares destine o posto a empresários que financiam suas campanhas. O cassado Demóstenes Torres (GO) fez isso com o milionário empreendedor goiano Wilder Morais, que já declarou à Justiça Eleitoral mais de 14 milhões de reais em doações. Em 2010, as empresas do então suplente Wilder destinaram 700 000 reais à  campanha de Demóstenes.
O suplente Ataídes Oliveira (PSDB-TO), por sua vez, destinou 305 000 reais para o comitê financeiro do Partido da República (PR), legenda do titular da vaga - e temporariamente afastado - João Ribeiro (PR-TO). Com a promessa de um dia chegar à cadeira do Senado, o suplente Francisco Simeão Rodrigues Neto doou para a campanha do senador paranaense Roberto Requião mais de 857 000 reais. O empresário Raimundo Lira, suplente do paraibano Vital do Rego, também fez doações do titular da vaga: 870 000 reais declarados.
Além das generosas doações para o caixa de campanha, outra prática recorrente é a nomeação de parentes para a suplência, situação que, ao contrário do nepotismo, é permitida pela lei brasileira. Um dos principais exemplos é Lobão Filho (PMDB-MA), herdeiro da cadeira do pai, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
Já Ivo Cassol (PP-RO) fez diferente: nomeou o pai como seu substituto. Reditario Cassol, do mesmo partido, teve seus minutos de fama durante os três meses que passou no Senado: defendeu, da tribuna, a aplicação do "chicote" em presidiários.
O alagoano Fernando Collor (PTB) também preencheu a suplência com familiares. Ele escolheu seus primos Euclydes Mello e Ada Mello para substituí-lo. Ada já ocupou o posto de senadora por cerca de um mês em 2008, enquanto Collor se dedicava à campanha do filho Fernando James à prefeitura de Rio Largo (AL).
Mudança - As críticas ao modelo de dupla suplência para os senadores não são novas. Mas, a exemplo de outras alterações na legislação eleitoral, falta consenso para a adoção de novas regras. Uma das tentativas para a regulação dos mandatos de senadores sem voto foi debatida durante a fracassada discussão da reforma política em 2011. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) capitaneada por José Sarney (PMDB-AP) extinguia a figura de segundo suplente, proibia a nomeação de parentes do titular para a primeira suplência e convocava nova eleição em caso de vacância definitiva. O texto chegou a ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, mas está parado desde então.
"O projeto não avançou porque a reforma política não avançou. A minha experiência, com mais de 40 anos de mandato, é que o Congresso vota aquilo que o governo ou a sociedade querem", diz o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que foi relator da proposta e deu parecer favorável à mudança.
“São senadores sem votos. Isso tem de mudar. O titular coloca alguém da confiança dele, um parente, filho, esposa ou quem financiou a campanha. Eles não representam a vontade do eleitorado”, avalia o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Para ele, uma forma de garantir representatividade aos suplentes seria, no afastamento do titular, nomear como senador o segundo mais votado dentro da coligação. “Eles teriam algum voto e isso fortaleceria as coligações”, completa. “Até houve propostas de mudança, mas elas estão no escaninho esperando boa vontade do Congresso para serem aprovadas.”
O cientista político Paulo Kramer, da UnB, também defende a adoção de um sistema em que o candidato não eleito mais votado assuma em caso de vacância do cargo: "É a alternativa mais evidente". Ele afirma, entretanto, que o comodismo dos parlamentares dificulta a realização de mudanças. "Cada detentor de mandato pensa: 'Mesmo com essas falhas, ou talvez até por causa delas, eu me elegi. será que vale apenas eu arriscar e mudar as regras?'"
O próprio senador Lobão Filho, suplente de seu pai, chegou a apresentar uma proposta para redesenhar o papel do suplente, que também teria de ser votado para exercer o mandato. A iniciativa do parlamentar determinava que o partido ou coligação apresentasse dois candidatos para cada vaga em disputa no Senado. O mais votado seria eleito e o segundo colocado ocuparia a suplência. "Pretende-se que os suplentes também recebam votos do povo como ocorre com os titulares, suprindo a carência de legitimidade e pondo fim à condição de ser apenas indicado", justificou o senador-tampão. O projeto foi arquivado.

Senado retira 'juramento de ética' do novo regimento interno

Política

Relator das mudanças, o senador Lobão Filho também descartou que os parlamentares tenham de apresentar declarações de bens de parentes

Plenário do Senado Federal em Brasília
Regimento interno da casa é de 1970, época da ditadura militar (Joedson Alves/AE)
Com hábitos e costumes criticados pelas manifestações populares recentes, o Senado discretamente decidiu retirar da proposta do novo regimento interno da Casa a sugestão para que senadores se comprometam a agir com ética "na atividade política" e como cidadãos. O compromisso seria assumido em juramento no ato da posse, mas foi rejeitada pelo relator das mudanças no regimento, senador Lobão Filho (PMDB-MA).
O relator também excluiu do documento a obrigação para que os parlamentares apresentem, quando empossados, declaração de bens de seus parentes até o segundo grau. A medida evitava os chamados "parentes laranjas" de parlamentares, que transferem para o nome de familiares parte de seu patrimônio.
"Não há como o senador obrigar seus parentes a revelarem os bens que possuem, pois ofenderia o direito à privacidade desses", justificou Lobão Filho. O regimento interno do Senado é de 1970, auge da ditadura militar. Desde então, nunca foi reformado. O texto disciplina desde a atuação dos senadores aos pronunciamentos e tramitação de matérias.
Em 2009, o então senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) relatou a primeira tentativa de alterar as regras da Casa. O relatório do tucano acatou a sugestão do então senador José Nery (PSOL-PA) para incluir no texto do juramento da posse o compromisso dos senadores com a ética. O texto atual diz apenas: "Prometo (...) desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador". Na proposta de Jereissati, o juramento incluía o compromisso de desempenhar o mandato de forma "honesta" e "sempre na defesa intransigente da ética na atividade política e como cidadão". O tucano, contudo, deixou o Senado sem que o relatório fosse votado.
Como novo relator, Lobão Filho suprimiu a versão que incluía o compromisso com a ética do juramento. No parecer, apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em maio, o senador disse que a sugestão de mudança no juramento merecia ser acatada "parcialmente" para incluir "a expressão honesta", mas não justificou a razão de rejeitar o trecho.
Decoro – Lobão também não acatou emenda que obrigaria a comunicação à corregedoria de atos incompatíveis com o decoro ou com a compostura pessoal praticados fora das dependências da Casa Legislativa. O atual texto do regimento prevê que a denúncia seja encaminhada quando a quebra de decoro ocorrer dentro do prédio do Senado, o que foi mantido.
Entre as emendas acatadas pelo senador, está a que impede o pagamento de salário aos congressistas que "não compareceram à sessão em virtude de prisão processual criminal". O texto está pronto para votação na CCJ. O presidente da comissão é o senador Vital do Rêgo (PB), do mesmo partido de Lobão Filho e indicado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando líder.
Se aprovado na CCJ, o texto segue para uma comissão temporária especial, mas há possibilidade de ir direto para o plenário. 


(Com Estadão Conteúdo)

Campos inaugura mais obras e diz que é ' tempo de entrega'

Por Angela Lacerda / Recife, estadao.com.br
Possível candidato à Presidência, governador participou de 20 eventos em julho deste ano contra 4 no mesmo mês de 2012



O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tem realizado um número maior de inaugurações neste ano do que em 2012. Em julho, por exemplo, foram vinte. No mesmo mês do ano passado, foram só quatro.
Campos, que articula sua candidatura à Presidência da República nas eleições do ano que vem, inaugurou de poço d'água a abatedouro no mês passado.
"É natural, é um tempo de entrega mesmo", afirmou o governador ao ser questionado ontem pela imprensa se a agenda ultimamente recheada de inaugurações busca aumentar seu cacife como presidenciável.
Campos é o governador mais bem avaliado entre 11 pesquisados pelo Ibope - sondagem do fim do mês passado. Teve queda de aprovação após os protestos de junho, mas manteve índice superior a 50% de ótimo ou bom.
O governador afirmou que sua administração, primeiro, ouviu a população sobre o que era necessário fazer, depois licitou as obras e agora está na fase de inaugurações. "Chegou o tempo de inaugurar muitas obras e outras estão sendo entregues sem que eu mesmo vá", disse o político pernambucano, que preside o PSB nacional, sigla da base aliada da presidente Dilma Rousseff.
As declarações de Campos foram dadas em entrevista concedida depois de ele inaugurar um viaduto no bairro de Ouro Preto, na cidade metropolitana de Olinda. Durante a solenidade, ele ouviu gritos de "presidente". O empresário da construção civil Pedro Roberto da Silva Sobrinho pediu "uma salva de palmas para o melhor governador do Brasil".
Sobrinho disse não ter contratos com o governo ou prefeituras e que não está em campanha pela candidatura presidencial do governador, mas, para ele, Campos "é a melhor alternativa para o Nordeste". Por isso, disse, foi ao local cumprimentá-lo.
'Não há fato'. Sobre especulações a respeito de uma possível intervenção em diretórios estaduais do PSB que não estão alinhados a seu projeto presidencial - Mato Grosso do Sul, Acre, Paraná e Santa Catarina -, a exemplo do que ocorreu em Minas Gerais, Campos disse não ter o que comentar, porque "não há fato para ser comentado".
O governador voltou a afirmar que a mudança em Minas - onde Walfrido Mares Guia, ligado ao governo federal, foi substituído por Julio Delgado, seu aliado - ocorreu a pedido de Mares Guia, que o procurou há seis meses para dizer que sua atividade tinha aumentado muito e ele precisava de mais tempo para se dedicar à vida empresarial. "Dialogamos e chegamos a um nome de consenso, que foi Julio Delgado", disse Campos.

PMDB pressiona Cabral a pedir desculpas na TV

 Por Luciana Nunes Leal, estadao.com.br
Alvo de constantes manifestações, governador do Rio de Janeiro ainda resiste a utilizar as inserções do partido para se defender



Rio - O PMDB do Rio pressiona o governador Sérgio Cabral a utilizar as inserções partidárias de TV que vão ao ar a partir de sábado para pedir desculpas à população por erros de sua gestão no Estado.
O partido quer que Cabral repita o que já vem fazendo em entrevistas. Nos últimos dias, ele admitiu não ter reagido bem a críticas sobre sua conduta, como o uso indiscriminado de helicópteros oficiais, nem aberto diálogo a partir de demandas das ruas.
O governador, porém, não concorda com a estratégia da "desculpa" no programa partidário e prefere que as 40 inserções sejam usadas apenas para exaltar os feitos de seus seis anos e meio de governo, com imagens do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, provável candidato do PMDB ao governo do Estado.
Cabral apareceu, no mês passado, como o governador mais mal avaliado entre onze pesquisados pelo Instituto Ibope.
Há consenso, entre Cabral e seu partido, de que as primeiras inserções precisam comparar o Rio de Janeiro "antes e depois" de 2007, quando Cabral chegou ao poder. "Defendo que o governador entre nas dez últimas inserções e diga que esse é o governo dele. Ele é tão qualificado que pode apontar onde houve algum excesso e pedir desculpas. Não vejo o menor problema em pedir desculpas, faço isso todos os dias", diz o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani.
Cabral tem outra estratégia. "O presidente Picciani está no papel dele de fazer propostas, discutir ações. Eu estou governando o Estado. Ele é um amigo fraterno, estamos discutindo. Minha tese é de que é hora de mostrar o antes e o depois do Rio, mostrar que o partido lançou um candidato em 2006 e as realizações que fizemos a partir de 2007. Eu sou secundário", diz o governador.
A comparação com o Estado antes de Cabral é uma resposta ao antigo aliado e hoje adversário Anthony Garotinho (PR), ex-governador (1999-2002) e potencial candidato ao governo em 2014. A mulher de Garotinho, Rosinha, também governou o Rio (2003-2006). Garotinho tem usado as redes sociais para explorar o desgaste político de Cabral nos últimos dois meses.
Ontem, Garotinho, que é deputado federal, reproduziu nota da revista Veja segundo a qual seu governo tem atrasado pagamento a empreiteiras.
A Secretaria da Fazenda do Estado negou que o cronograma de pagamentos esteja atrasado e garantiu que não há problema de caixa no Estado. Pelo menos uma grande empreiteira - que participa de consórcios de grandes obras, mas pediu que não fosse identificada - informou que há três meses os pagamentos estão "represados". A Secretaria de Obras do Estado disse que os pagamentos regulares estão em dia.
Garotinho tem atacado Cabral sistematicamente, em estratégia diferente da de outro provável candidato ao governo, o senador petista Lindbergh Farias, que, apesar do momento de dificuldade de Cabral, tem evitado confronto com o governador peemedebista.