terça-feira 06 2013

Os senadores sem voto


Gim Argello (PTB-DF)


O mandato de Joaquim Roriz, então no PMDB, não durou muito no Senado. Ele tomou posse em fevereiro de 2011 e, em julho,, o representante do Distrito Federal renunciou ao posto, envolvido em acusações de corrupção. Quem ganhou de presente mais de sete anos de mandato foi Gim Argello (PTB). Dono de um instinto de sobrevivência inversamente proporcional à firmeza de suas ideias, Gim aderiu à base aliada e passou a seguir as ordens do governo - apesar de Roriz ser um adversário histórico do PT. Em 2010, o senador do PTB tratou de se aproximar da então candidata Dilma Rousseff. Um dos mecanismos usados por ele, que morava perto da petista, era aparecer "por acaso" quando Dilma saía para passear com seus cachorros na vizinhança. Em 2010, VEJA mostrou que uma rádio controlada por ele dava prêmios fictícios a ouvintes fantasmas. Em 2006, quando disputou sua última eleição, Gim declarou um patrimônio de 805 000 reais.

Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP)

Alguns senadores, por sua atuação provinciana, se encaixam no epíteto de "vereadores federais": legislam apenas sobre miudezas, sem debater os grandes temas nacionais. Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) é o único que merece o adjetivo duplamente: além da ausência de ideias relevantes, ele se notabiliza por ter um mandato na Câmara Municipal de São Paulo. Em 2012, Rodrigues foi flagrado pelo jornal Folha de S. Paulo pedindo votos a atletas de futebol amador beneficiados com recursos de emendas parlamentares."O dinheiro é da prefeitura, sim, mas é verba minha. Verba a que o vereador tem direito", disse ele, que prometeu checar "urna por urna" para saber como foi seu resultado eleitoral na região.
No Congresso, é intimamente ligado ao mensaleiro Valdemar Costa Neto, deputado que controla o Partido da República. O senador sem voto declarou, em 2010, ter patrimônio de 807 061 reais. É suplente da ministra petista Marta Suplicy (Cultura).

Clésio Andrade (PMDB-MG)

Com a morte do senador Eliseu Rezende (DEM-MG), no início de 2011, o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), à época filiado ao Partido da República, assumiu a suplência no Senado carregando um histórico repleto de suspeitas. O parlamentar é investigado pelo processo do valerioduto mineiro por supostamente ter se beneficiado de recursos fraudulentos durante a campanha do deputado tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998. A denúncia aponta um desvio de 3,5 milhões de reais. No Senado, sem ter de prestar qualquer satisfação ao eleitorado, Andrade encabeçou a articulação para reconduzir Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência da Casa: trocou o PR pelo PMDB para aumentar o quórum da bancada favorável ao senador alagoano. Agora, cobra cumplicidade de Calheiros para aprovar projetos de seu interesse, como a criação do Tribunal Regional Federal em Minas Gerais.

Lobão Filho (PMDB-MA)

Herdeiro da cadeira do pai no Senado Federal - o ministro Edison Lobão (Minas e Energia)-, o senador Lobão Filho atua na tropa de choque do presidente da Casa, Renan Calheiros. Em meio a pressões para que Calheiros não assumisse o cargo, coube a Lobão, por exemplo, escancarar o fato de que o parlamento não é exatamente uma casa de “puros”. "Nesta casa não há nenhuma vestal. Não há ninguém para apontar o dedo ao senador Renan Calheiros", desafiou Lobão. Apesar da suplência, Lobão Filho chegou à presidência da poderosa Comissão de Orçamento após um acordo com o PSDB e a promessa de que os tucanos ficariam com o posto de número dois no colegiado. O problema detectado pelo governo foi o risco de um deputado do PSDB assumir a comissão caso Edison Lobão deixe o ministério e desaloje o filho da cadeira de senador.
Em março, VEJA revelou investigações que apontavam tráfico de influência do parlamentar em favor de um esquema milionário de sonegação fiscal.

Eduardo Lopes (PRB-RJ)

Aos 48 anos, o senador Eduardo Lopes nunca venceu uma eleição para o Congresso Nacional, mas ocupa pela segunda vez um mandato como parlamentar. Em 2007, assumiu como suplente do deputado Alexandre Cardoso (PSB), e, cinco anos depois, chegou ao Senado após um acordo entre o Palácio do Planalto e o PRB para Marcelo Crivella se tornar ministro. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, Lopes comanda a área política da instituição e é responsável pela triagem de candidatos em anos eleitorais. Desde que assumiu o Senado, afastou-se das funções de bispo da Universal e da “área espiritual” da igreja. Ganhou fama como apresentador na TV Record do programa Fala que eu te escuto. De perfil discreto nos corredores do Congresso, tem patrimônio declarado de pouco mais de 400 000 reais.

Sérgio Souza (PMDB-PR)

Os quase 8 milhões de reais que Gleisi Hoffmann recebeu para conseguir eleger-se no Senado foram correspondidos em apenas quatro meses de mandato. A paranaense foi nomeada ao cargo de ministra da Casa da Civil em junho de 2011, entregando a cadeira para o advogado Sérgio Souza. Não bastasse o posto conquistado sem a eleição popular, Sergio Souza é titular dos dois principais colegiados do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão de Assuntos Econômicos, além de presidir a subcomissão que acompanha as obras para a Copa do Mundo de 2014. Em troca, o parlamentar funciona como um braço de Gleisi no Congresso: atuou em favor do governo na CPI do Cachoeira e, mais recentemente, defendeu projetos cruciais para o governo, como a medida provisória com as novas regras de regulação do setor portuário. 
 
Sérgio Souza e sua mãe foram citados em uma investigação da Polícia Federal por envolvimento com uma grupo que desviava dinheiro público por meio de laranjas e funcionários-fantasmas na Assembleia Legislativa do Paraná. Souza, em reportagem à revista VEJA, negou as acusações.

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