sábado 06 2012

Nova vacina contra a aids mata células infectadas(VEJA)


HIV

Pesquisa usa 'células assassinas' que destroem as células infectadas pelo HIV. Em teste com macacos, maioria teve a doença controlada

Juliana Santos
Equipe Brasileira
Equipe brasileira: a pesquisa utilizou a vacina para febre amarela como base para novas vacinas (Gutemberg Brito/IOC)
Um estudo conduzido em conjunto por pesquisadores da Universidade de Miami e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) abre um novo caminho na pesquisa de uma vacina para o vírus HIV, causador da aids. O estudo, liderado por David Watkins, professor do Departamento de Patologia da Universidade de Miami, foi publicado esta semana no site da revista Nature. Ao invés de realizar testes com anticorpos, como tem sido feito atualmente, a equipe trabalhou com uma célula do sistema imunológico, a T CD8considerada potencial "assassina" das células que reproduzem o HIV. "O vírus usa as células T CD4 como uma 'fábrica'", onde se replica, gerando mais vírus, que vão infectar outras células T CD4. A T CD8 mata as células infectadas", diz Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e integrante do grupo que conduziu a pesquisa.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Vaccine-induced CD8+ T cells control AIDS virus replication

Onde foi divulgada: revista Nature

Quem fez: Myrna C. Bonaldo, Ricardo Galler, David B. Allison, Michael Piatak Jr, Ashley T. Haase, Jeffrey D. Lifson, Todd M. Allen e David I. Watkins

Instituição: Universidade de Miami e Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz

Dados de amostragem: 16 macacos rhesus, divididos em dois grupos

Resultado: 6 dos 8 macacos que receberam a vacina experimental se tornaram capazes de controlar o vírus SIV (correspondente ao HIV nos humanos) e não desenvolveram a doença. Entre os 8 que não foram vacinados, apenas 1 conseguiu controlar o vírus.
A inspiração veio da descoberta de um grupo de pessoas, os chamados "controladores de elite”, que possuem o vírus do HIV, mas não desenvolvem a aids.  De acordo com Watkins, apenas uma a cada 300 pessoas infectadas pelo HIV pode controlar a replicação do vírus no organismo e não desenvolver a doença. O pesquisador conta que há cinco anos foi descoberto que entre macacos rhesus também havia aqueles capazes de controlar a replicação do SIV, vírus responsável pela aids nos primatas. 
Estudos realizados com os controladores de elite mostraram que 70% deles possuía um genótipo em comum. Para descobrir se esse genótipo estava relacionado ao controle do vírus, a equipe desenvolveu vacinas que estimulavam a produção da T CD8 e aplicou apenas em macacos que possuíam esse genótipo específico (que é similar ao dos humanos). Em seguida, os macacos foram infectados com o vírus SIV. 









"Quando o vírus começa a se multiplicar, as T CD8 impedem a replicação de células infectadas, mas isso leva um tempo, porque elas estão presentes em uma quantidade muito baixa inicialmente", afirmou Watkins ao site de VEJA. "O que nós fizemos foi colocar as células assassinas em maior quantidade no organismo antes do vírus chegar", completa. 
Os macacos testados foram divididos em dois grupos de oito animais cada. Um grupo recebeu a vacina antes do vírus e o outro recebeu apenas o vírus. Entre os que foram vacinados, todos controlaram o vírus nas primeiras 10 semanas. Após esse período, em dois deles a quantidade de vírus começou a crescer. Os pesquisadores descobriram que isso ocorreu porque o vírus sofreu mutações que impediram que ele fosse reconhecido pela T CD8. Dessa forma, foram gerados 6 controladores de elite, enquanto no grupo que não foi vacinado, apenas um animal se mostrou capaz de controlar o vírus.
Genética - A variação no DNA encontrada na maior parte dos controladores de elite é identificada pelos códigos HLA-B*57 e HLA-B*27. Nas pessoas que possuem uma dessas variações, há uma espécie de ‘balde’ na superfície das células infectadas pelo HIV, que contém uma parte do vírus. É isso o que mostra para T CD8 que aquela célula está infectada e deve ser eliminada. Estima-se que uma a cada dez pessoas apresente esse genótipo, mas a porcentagem varia muito conforme a população analisada. “Não sabemos por que nem todo mundo que tem o genótipo é um controlador de elite. Isso ainda é um mistério”, lembra Myrna Bonaldo.
Participação brasileira - As vacinas foram criadas a partir de uma metodologia desenvolvida pela Fiocruz, que utiliza a vacina de febre amarela como “base” na qual são feitas modificações genéticas que podem levar ao combate de outras doenças. Além de Myrna Bonaldo, participaram do estudo outros três pesquisadores Brasileiros: Ricardo Galler (pesquisador de Bio-Manguinhos/Fiocruz), Marlon Santana (bolsista do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC/Fiocruz) e Maurício Martins (brasileiro que integra a equipe de David Watkins).
As vacinas continham partes do vírus SIV e estimulavam a produção de três variações da T CD8. A diferença entre elas é que cada uma tem como alvo, ou seja, é capaz de reconhecer, partes diferentes do vírus. “Podemos pensar no vírus como um colar, com uma longa sequência de pérolas, que são os aminoácidos. Cada tipo de TCD8 consegue identificar uma região com oito aminoácidos”, explica Watkins.
Expectativas - "Os resultados obtidos neste estudo podem ajudar o estabelecimento de estratégias de vacinação para o HIV", afirma Myrna Bonaldo. "Uma vacina eficaz provavelmente precisará incluir duas abordagens: tanto a de anticorpos neutralizantes quanto a de produção de células T CD8 protetoras."
Para Watkins, os próximos passos da pesquisa são descobrir qual das três variações de T CD8 é a mais eficaz para inibir a replicação do HIV e realizar testes em macacos que não possuem o genótipo específico.
O pesquisador prefere não fazer previsões sobre quando a vacina estará pronta para aplicação em massa. “Quando o vírus foi descoberto disseram que a gente teria a vacina em dois anos. Isso já faz 30 anos. Eu acho que vai demorar muito tempo para termos a vacina, mas isso não quer dizer que não possa acontecer uma descoberta no ano que vem que mude o jeito que a gente pensa sobre isso. Essa é a natureza da ciência”, afirma.

Saiba mais

Células T CD8
Também conhecidas como Linfócitos Citotóxicos, são células do sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo.  Chamada de “célula assassina”, a T CD8 é destrói células infectadas. Algumas variações dela são capazes de eliminar células T CD4 infectadas pelo HIV.
Células T CD4
Conhecidas como Linfócitos T auxiliares, também fazem parte do sistema imunológico. A T CD4 é responsável pela ativação da defesa do organismo.  São as células atacadas pelo HIV, vírus causador da aids. É por essa razão que a doença deixa o organismo vulnerável a outras infecções.
Genótipo
É o termo usado para designar a constituição genética do indivíduo, ou seja, o conjunto de genes que compõem seu DNA. Uma das variações no genótipo conhecidas como HLA-B*27 e HLA-B*57 está presente em 70% das pessoas capazes de controlar a replicação do HIV e não desenvolver aids.

Nos EUA, políticos cumprem suas penas na cadeia(VEJA)


Mensalão

As prisões americanas estão cada vez piores, mas ainda há muitas que tratam os presos com dignidade - políticos corruptos e poderosos em geral costumam ir para as melhores. Há lógica nisso

André Petry, de Nova York
ALVO CERTO - Cela para quatro, em Englewood, no Colorado: condições próprias para corruptos e poderosos em geral
ALVO CERTO - Cela para quatro, em Englewood, no Colorado: condições próprias para corruptos e poderosos em geral (AP)
Condenado a catorze anos de prisão por transformar sua gestão num paiol de corrupção, o ex-governador de Illinois Rod Blagojevich virou o prisioneiro número 40 892 424 na prisão de sua preferência. Ele pediu para cumprir a pena no Complexo Penitenciário de Englewood, que fica perto de Denver, no estado do Colorado. No conjunto, há um centro administrativo e duas prisões, uma de baixa segurança e outra de segurança mínima, só para homens. Uma vez que não tem presos violentos nem com alto risco de fuga, Englewood oferece mimos como mesas de sinuca, pingue-pongue e pebolim. Como se vê na fotografia acima, as celas têm espaço razoável, janelas de bom tamanho e iluminação direta. Não são um paraíso, mas também não são o inferno.
Nos Estados Unidos, o preso tem direito a pedir para cumprir a pena em determinada penitenciária. O juiz pode aceitar o pedido, mas a palavra final é do Federal Bureau of Prisons, órgão que administra o sistema penitenciário federal. Em sua decisão, o FBP leva em conta se o grau de periculosidade do condenado combina com o nível de segurança da prisão. Blagojevich escolheu Englewood porque é uma prisão razoável. É lá que Jeffrey Skilling, o ex-presidente da Enron, ex-gigante do setor de energia, está cumprindo sua pena de 24 anos. Skilling foi condenado por sua participação no enorme escândalo contábil que acabou levando a Enron à falência, em 2001.
Fotos Seth Pelman/AP e Johnny Hanson/Getty Images
ENDEREÇO CERTO - Blagojevich (à esq.) e Skilling (à dir.), hóspedes de Englewood: criminosos do mundo político e empresarial
ENDEREÇO CERTO - Blagojevich (à esq.) e Skilling (à dir.), hóspedes de Englewood: criminosos do mundo político e empresarial 
Não existe prisão feliz, mas existem prisões que punem com a perda da liberdade, como deve ser, e não com a perda da dignidade humana. Nos Estados Unidos, a crise que estourou em 2008 chegou às prisões, que estão cada vez mais superlotadas e com menos dinheiro. Na Califórnia, o custo das penitenciárias pressiona os gastos com as escolas e o sistema universitário. Para aliviar o peso orçamentário das prisões estaduais, o governo criou um programa para que mais criminosos cumpram pena nas cadeias municipais. Há casos de cidades que estão cobrando dos presos pelos gastos com comida, roupa e saúde. Os pobres não pagam nada. Mas, apesar das dificuldades, o sistema americano ainda é um luxo à luz do brasileiro.
Há uma lógica pragmática em manter prisões decentes. Com elas, torna-se socialmente mais aceitável colocar réus não violentos atrás das grades. Os criminosos do colarinho-branco, em geral, são pacíficos. Não andam com metralhadoras russas, não integram gangues sanguinárias, não executam inocentes. Até os juízes ficam constrangidos ao sentenciar um réu pacífico a viver no meio de uma massa violenta e perigosa. Eis a lógica pragmática: prisões decentes não atendem só ao requisito básico de respeito à dignidade humana, mas também tornam mais fácil enjaular corruptos, famosos e poderosos em geral, pois lhes subtraem a legitimidade da alegação da punição excessiva.
Nos Estados Unidos, 1 000 americanos em média são condenados por corrupção a cada ano nas cortes federais (veja o quadro). No Brasil, contam-se nos dedos. Um levantamento feito por seis estudiosos da Universidade de Illinois mostra que Chicago é a cidade com mais corruptos - ou que mais prende corruptos. De 1976 até 2010, foram mais de 1 500 condenados. A segunda cidade é Los Angeles, com quase 1 300 presos, seguida de Nova York, com 1 200. A capital, Washington, é apenas a quarta na lista, com 1 000 corruptos presos em 34 anos. São todos criminosos não violentos.
Os Estados Unidos têm o problema oposto ao do Brasil: prendem demais. Os americanos correspondem a cerca de 5% da população mundial, mas respondem por quase 25% dos presos do planeta. A cultura da prisão é tão disseminada que existem até guias das melhores prisões federais, com edição bianual. A última versão de um desses guias, editada por um escritório de advocacia que defende criminosos do colarinho-branco, descreve as 114 prisões federais. É uma leitura útil até para amigos e familiares dos presos, pois traz dicas sobre hotéis e pousadas nas imediações de cada penitenciária. Englewood, onde cumprem pena o ex-governador e o ex-presidente da Enron, está entre as melhores do país de acordo com a cotação do guia.
Mesmo sem a chaga da impunidade, os EUA não baixam a guarda na vigilância contra ladrões do dinheiro público. “Na corrupção, políticos e funcionários públicos acham que nunca serão pegos”, diz o professor Dick Simpson, um dos autores do estudo da Universidade de Illinois. O número de corruptos condenados oscila ano após ano, mas sempre tem efeito pedagógico. Em Nova York, estado com alto índice de condenações, o número de corruptos presos variou de setenta a oitenta por ano entre 2001 e 2005. De lá para cá, a média caiu para menos de cinquenta condenados por ano. Se a polícia e a Justiça mantêm o mesmo rigor, é sinal de que a corrupção pode ter diminuído. Em parte, porque as prisões também são próprias para corruptos.

Médicos americanos "criam" orelha no braço de paciente que teve câncer


Medicina

Paciente do Johns Hopkins havia perdido parte do aparelho auditivo por um câncer agressivo. Ela teve cartilagem da costela implantada em seu antebraço por quatro meses

orelha johns hopkins implante
Cartilagem foi irrigada por vasos sanguíneos por quatro meses antes de ser removida do antebraço e implantada como nova orelha esquerda da paciente (Johns Hopikins)
Será apresentado na próxima semana o resultado da mais complexa reconstituição de orelha já realizada nos Estados Unidos, segundo o hospital Johns Hopkins. Desde meados de 2010, a gerente comercial Sherrie Walter, de 42 anos, enfrentou seis cirurgias para recuperar sua orelha esquerda, que havia sido perdida numa operação para remover um câncer de pele já em estado bastante agressivo. Ao invés de usar prótese, os médicos do hospital fabricaram uma nova orelha dentro do próprio corpo de Sherrie, mais precisamente no seu antebraço. 
Em 2008, ela foi diagnosticada com carcinoma basocelular (câncer de pele). A princípio, o tumor foi controlado com radioterapia e monitorado por biópsias. Dois anos depois, no entanto, um sangramento na orelha esquerda revelou que a doença tinha voltado e se espalhado por outras áreas. Uma intervenção removeu a pele e cartilagem da orelha e os gânglios linfáticos. "Eu não sabia o quão agressivo o carcinoma podia ser", disse a americana ao site do hospital Johns Hopkins. Provavelmente, a agressividade do câncer de Sherrie se deve a um diagnóstico tardio. 
John Hopkins
johns hopkins orelha câncer
A americana  Sherrie Walter perdeu a orelha esquerda após cirurgia para remover um câncer de pele agressivo
Pré-fabricado — Superada a cirurgia, Sherrie passou a se preocupar com os diferentes tratamentos de reconstituição facial. Uma das possibilidades era uma prótese convencional removível. Ao site do canal americano ABC, ela conta que não suportava a ideia de acordar e encaixar uma orelha protética todos os dias. Foi então que o doutor Patrick Byrne, diretor da Divisão de Plástrica Facial e Cirurgia Reconstrutiva do Johns Hopkins, colocou uma nova carta na mesa: reconstituição a partir dos tecidos vivos de Sherrie, técnica conhecida por retalho pré-fabricado.

Normalmente, a pele mais recomendada para esse tipo de recuperação é a da face ou do pescoço, pela similaridade com o tecido que cobre a orelha. O problema é que, no caso de Sherrie, essa opção foi descartada porque ela já havia perdido pele nessas áreas. 
A solução encontrada foi gestar a nova orelha dentro do antebraço da norte-americana. Num primeiro momento, a equipe do doutor Byrne moldou a nova orelha a partir da cartilagem de uma das costelas de Sherrie. Em seguida, a estrutura foi implantada no antebraço da paciente, de modo que os vasos sanguíneos na pele nutrissem e irrigassem a estrutura.
O período da 'gestação' foi de quatro meses e, em seguida, a nova orelha, agora revestida com a pele do antebraço, foi reimplantada. "Como os novos tecidos são da própria paciente, não haverá problemas com rejeição da orelha implantada", disse ao site de VEJA o doutor Byrne.
Desde então, os médicos têm trabalhado nos detalhes estéticos, para deixar a orelha o mais parecido possível com a da direita. Em uma semana, o resultado final do tratamento, que já dura 20 meses, será apresentado.

Pesquisadores descobrem como transformar células do cérebro em neurônios


Neurologia

Terapia pode ajudar a tratar doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson

Pesquisadores descobriram que neurônios fabricados com células da pele de paciente com esquizofrenia eram incapazes de processar o oxigênio corretamente
Com a ação de dois fatores de transcrição, cientistas conseguiram transformar pericitos presentes no cérebro em neurônios. (Thinkstock)
Pesquisadores alemães descobriram um método de gerar novos neurônios humanos a partir de outros tipos de células encontradas no cérebro. A pesquisa, publicada nesta quinta-feira na revista Cell Stem Cell, pode ajudar a criar novas terapias para tratar danos neurológicos e doenças neurodegenerativas, como a Doença de Parkinson e o Alzheimer. "Nosso trabalho pretende converter células que estão presentes por todo o cérebro, mas que não são células nervosas, em neurônios. O objetivo final é que um dia possamos induzir essa conversão no próprio paciente, e reparar o cérebro doente ou danificado", diz Benedikt Berninger, pesquisadora da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, na Alemanha.

Saiba mais

DOENÇA DE PARKINSON
A doença degenerativa e progressiva do sistema nervoso tem uma evolução lenta e costuma aparecer entre os 50 e 79 anos. Ela é caracterizada por tremores nos músculos quando eles estão em repouso, lentidão nos movimentos voluntários e rigidez. Estima-se que a doença afete cerca de 1 em cada 100 pessoas com mais de 65 anos. As causas do Parkinson ainda são desconhecidas e seu tratamento é feito com o uso de medicamentos. A progressão da doença, no entanto, ainda é inevitável.
ALZHEIMER
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA
Estrutura em forma de membrana que protege o cérebro contra substâncias químicas presentes no sangue. Ela é semipermeável, impedindo a passagem de algumas substâncias e aceitando a de outras, permitindo assim que o órgão funcione normalmente. Apesar de seu efeito protetor, a barreira atrapalha a ação de drogas que pretendam agir diretamente no cérebro, como remédios contra a depressão.
A partir de pesquisas anteriores, os cientistas já sabiam ser possível reprogramar diferentes tipos de células a partir da ação de proteínas conhecidas como fatores de transcrição. Elas se ligam a regiões específicas do DNA e podem controlar a expressão desses genes — ajudando a definir a função exercida pela célula. O grande desafio dos pesquisadores era encontrar no cérebro humano células capazes de serem convertidas em neurônios.
Depois de analisar amostras de células retiradas do cérebro de 30 voluntários, os pesquisadores descobriram que poderiam reprogramar os pericitos, células encontradas em associação com o sistema nervoso central e vasos sanguíneos pelo corpo. No cérebro, eles têm como função manter a barreira hematoencefálica intacta, e participam na regeneração de partes danificadas no resto do corpo.
Os pesquisadores descobriram que os pericitos poderiam ser transformados em neurônios a partir da expressão de dois fatores de transcrição (proteínas que podem controlar diversas funções genéticas nas células), chamados de Sox2 e Mash1. "Nós pensamos que, se conseguirmos mirar especificamente essas células e as transformar em neurônios, podemos tirar vantagem dessa capacidade de regeneração", diz Berninger.
Testes mostraram que esses neurônios recém-convertidos podiam produzir sinais elétricos e se comunicar com outros neurônios, dando evidências de que as células podiam se integrar ao sistema nervoso do corpo. "Ainda precisamos realizar muitos estudos para adotar essa estratégia de reprogramação neuronal para reparar tecidos vivos. Mas nossos dados dão suporte à ideia de que a reprogramação de pericitos no cérebro danificado pode se tornar um método viável para substituir neurônios degenerados", afirma a pesquisadora.

Anticoncepcional gratuito pode reduzir número de abortos em até 80%


Métodos contraceptivos

Em estudo americano, mulheres puderam optar pelo método contraceptivo que quisessem, como DIU, implantes, pílulas e adesivos

Cartela de pílula anticoncepcional
Cartela de pílula anticoncepcional: Método foi um dos oferecidos pelo estudo às participantes (Thinkstock)
Oferecer métodos contraceptivos de forma gratuita a mulheres com maior risco de ter uma gravidez indesejada diminui as taxas de aborto de forma significativa, concluiu uma nova pesquisa feita nos Estados Unidos. Entre as participantes desse estudo, que passaram a fazer uso de algum anticoncepcional escolhido por cada uma, a taxa de aborto em um período de dois anos foi quase 80% menor em relação à média nacional. Esses resultados foram publicados nesta semana no periódico Obstetrics & Gynecology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Preventing Unintended Pregnancies by Providing No-Cost Contraception

Onde foi divulgada: periódico Obstetrics & Gynecology

Quem fez: Jeffrey Peipert, Tessa Madden, Jenifer Allsworth e Gina Secura

Instituição: Universidade de Washington em St. Louis, Estados Unidos

Dados de amostragem: 9.526 mulheres de 14 a 45 anos

Resultado: Oferecer métodos contraceptivos gratuitamente a mulheres que não desejam engravidar reduz as taxas de aborto em até 80% em um período de dois anos. A maior diminuição de abortos ocorre entre adolescentes de 15 a 19 anos
Segundo os autores do estudo, quase metade das gestações nos Estados Unidos não é planejada — 50% delas ocorrem pelo não uso de algum contraceptivo e os outros 50%, pelo uso errado ou irregular do método. "Gravidez indesejada continua a ser um grave problema de saúde no país, tendo maiores proporções entre as adolescentes e mulheres com menores níveis econômico e de escolaridade", diz Jeff Peipert, coordenador da pesquisa.
O estudo, desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, selecionou 9.256 mulheres de 14 a 45 anos que apresentavam maior risco de ter uma gravidez indesejada — ou seja, não faziam uso de nenhum anticoncepcional, tinham vida sexual ativa e não queriam engravidar.
As participantes receberam informações sobre como funciona cada tipo de anticoncepcional e puderam optar pelo método contraceptivo de sua preferência. A maioria optou pelos métodos de longa duração, como o dispositivo intra-uterino (DIU) ou os implantes, mas elas também tinham a escolha de fazer o uso de outros métodos, como pílulas, adesivos ou anéis vaginais.



Redução — Em um período de dois anos, a taxa de aborto entre as participantes oscilou entre 4,4 e 7,5 casos por 1.000 mulheres — uma taxa de 62% a 78% menor em comparação com o número de aborto registrado nos Estados Unidos no mesmo período, que foi de 19,6 procedimentos para cada 1.000 mulheres.
Quando os autores olharam apenas para a taxa de aborto entre as meninas de 15 a 19 anos de idade, eles descobriram que a redução do procedimento foi ainda maior. Entre as participantes do estudo dessa faixa-etária, a incidência de aborto foi de 6,3 para cada 1.000 adolescentes — 82% menor do que a média nacional para esse grupo.
"Os resultados desse estudo demonstram que é possível reduzir a taxa de gravidez indesejada e, consequentemente, de abortos no país. Acreditamos que a melhoria do acesso ao controle de natalidade, particularmente ao DIU e a implantes, e a educação sobre os métodos mais eficazes, têm potencial para que esse objetivo seja alcançado”, diz Peipert.

VIAGRA - O azulzinho no SUS



Viagra: o genérico no no SUS
Distribuído no SUS para o tratamento de hipertensão arterial desde 2010, genéricos do Viagraagora serão utilizados em outra finalidade, também gratuitamente.
Mas que ninguém se anime. A Sildenafila (princípio ativo do Viagra) acaba de ser incluída pelo governo na cesta de medicamentos destinados ao tratamento do “fenômeno de Raynaud na Esclerose Sistêmica”, uma doença reumática.
E para os demais usos? Ainda não foi dessa vez..
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/brasil/sus-libera-viagra-para-outros-usos/

Datafolha: Serra ultrapassa Russomanno na véspera da eleição(VEJA)


Eleições

Levantamento que considera apenas os votos válidos dá 28% ao tucano, 27% para o candidato do PRB e 24% para Haddad. Confira também os resultados em outras 6 capitais

O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra durante passeio em Shopping, em 06/10/2012
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra durante passeio em Shopping, em 06/10/2012(Divulgação/Fernando Cavalcanti)
Na véspera do primeiro turno, a última pesquisa Datafolha de intenções de voto em São Paulo mostra o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, na liderança da disputa, com 28%. Em segundo lugar, o líder nas pesquisas até a última rodada feita pelo instituto, Celso Russomanno (PRB), marca 27%. O petista Fernando Haddad tem 24%.

Nesta última rodada de pesquisas, o Datafolha considerou apenas os votos válidos - desconsiderando brancos, nulos e também os eleitores que afirmam estar indecisos. É assim que a Justiça Eleitoral divulga o resultado do pleito. Na sondagem anterior, que contabilizava as intenções de votos, Russomanno tinha 25%; Serra, 23%; e Haddad, 19%.

Outras capitais – O Datafolha também divulgou pesquisas em alguns dos principais colégios eleitorais do país. De acordo com o instituto, em Porto Alegre, o prefeito José Fortunati (PDT) deverá ser reeleito neste domingo. Ele marca 61% dos votos válidos, ante 23% de Manuela D'Ávila (PC do B). Em terceiro lugar aparece Adão Villaverde (PT), com 10%, num dos piores desempenhos já registrados pelo PT na capital gaúcha.
No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) tem 66% e deverá confirmar um novo mandato neste domingo. Marcelo Freixo (PSOL) chegou a 25%.

Já em Belo Horizonte (MG), ainda paira a incerteza se a eleição terminará ou não no primeiro turno. Marcio Lacerda (PSB), atual prefeito, tem 50% dos votos válidos, ante 43% do petista Patrus Ananias. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, é possível que Lacerda seja reeleito neste domingo.

Em Curitiba, segundo o Datafolha, a disputa será pelo segundo lugar. Ratinho Junior (PSC) lidera com 37%, e o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), soma 27%. Gustavo Fruet (PDT) tem 23%.

Recife também poderá ter segundo turno entre Geraldo Júlio (PSB), que marca 46%, e Daniel Coelho (PSDB), com 26%. O petista Humberto Costa tem 21%.
Na capital cearense, os candidatos Elmano de Freitas (PT) está com 26% dos votos válidos e Roberto Claudio (PSB) aparece com 24%. Tecnicamente empatados, a decisão deve ficar para o segundo turno. Moroni Torgan, do DEM, tem 19%.