quinta-feira 18 2013

Em Boston, Obama diz que EUA vão encontrar autores de atentado


 Por Tim McLaughlin e Mark Felsenthal, Reuters

Em Boston, Obama diz que EUA vão encontrar autores de atentado (© Reuters)
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse durante cerimônia em homenagem às vítimas do atentado em Boston que os Estados Unidos vão encontrar quem realizou o ataque que matou três pessoas na cidade, enquanto a polícia busca dois homens vistos em um vídeo da cena pouco antes das explosões.
Obama disse que os norte-americanos não serão intimidados pelas explosões, que também deixaram 176 feridos no meio de uma multidão de milhares de pessoas que estavam na linha de chegada da famosa Maratona de Boston, na segunda-feira.
"Se eles tentaram nos intimidar, nos aterrorizar, abalar os nossos valores... que nos definem como americanos, deve ficar bastante claro agora que eles escolheram a cidade errada para fazer isso. Não aqui em Boston", disse Obama na cerimônia, nesta quinta-feira.
A polícia ainda não fez nenhuma prisão, mas Obama disse aos responsáveis pelo ataque: "Nós vamos encontrá-los e vocês vão enfrentar a Justiça".
A secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, confirmou nesta quinta-feira em Washington que o FBI está procurando pessoas vistas em um vídeo feito perto da linha de chegada da corrida.
"Há algum vídeo que levantou a questão daqueles com quem o FBI gostaria de falar", disse Napolitano em audiência no Congresso. "Eu não os caracterizaria como suspeitos sob o termo técnico. Mas precisamos da ajuda do público para encontrar essas pessoas."
O atentado em Boston colocou os norte-americanos sob tensão e a segurança foi reforçada nas principais cidades dos Estados Unidos.
Correspondências endereçadas a Obama e a duas autoridades federais, que testes preliminares indicaram conter o veneno letal ricina, lembraram a população dos ataques pelo correio com antraz após os atentados de 11 de setembro de 2001 com aviões sequestrados.
A cerimônia em homenagem às vítimas ocorreu um dia depois de o FBI ter prendido um homem no Mississippi por ligação com as cartas. O FBI disse que não havia nenhuma indicação de conexão entre as cartas com ricina e o ataque em Boston.
Em um incidente separado na quarta-feira, uma explosão em uma fábrica de fertilizantes no Texas matou até 15 pessoas. As autoridades ainda não sabem o que causou a explosão.
Obama também deve se reunir com as famílias das vítimas do atentado e com socorristas em Boston, disse um porta-voz da Casa Branca a jornalistas a bordo do Air Force One.
O prefeito de Boston, Tom Menino, o governador de Massachusetts, Deval Patrick, e o cardeal Sean O'Malley também falaram durante a cerimônia. O ex-governador de Massachusetts e candidato presidencial republicano em 2012, Mitt Romney, também compareceu.
MULTIDÃO DO LADO DE FORA DE CATEDRAL
Do lado de fora da Catedral de Santa Cruz, a cerca de 1,6 km do local das explosões, centenas de pessoas se aglomeravam e policiais estavam do lado de fora de suas viaturas ouvindo o discurso de Obama pelo rádio.
"O presidente Obama sabe o quão importante é a cidade de Boston para a nação e para o mundo", disse John Snyder, de 55 anos, que chegou ao local antes do amanhecer. "Ele está trazendo a sua luz para nós, para uma cura muito necessária."
Os investigadores acreditam que as bombas de Boston foram montadas com panelas de pressão repletas de estilhaços. Dez vítimas tiveram membros amputados e os médicos informaram que tiveram de arrancar pregos e esferas de metal dos feridos.
A polícia pensou em fazer um apelo ao público pedindo por mais informações em uma entrevista coletiva na quarta-feira, disse uma fonte do governo, mas o FBI cancelou a entrevista após uma série de atrasos.
O atentado matou um menino de 8 anos de Boston, uma mulher de 29 anos de uma cidade próxima e uma estudante chinesa de pós-graduação da Universidade de Boston.
Antes da visita, Obama declarou estado de emergência em Massachusetts, uma medida que facilita o financiamento federal à disposição do Estado em consequência do atentado.

Genética influencia comportamento alimentar em adolescentes



commons.wikimedia.org
Apoliproteína A1

Pesquisadora da Unesp associa alterações nos genes do metabolismo com estilo de vida
[26/03/2013]
Enfermidades como diabetes, obesidade, hipertensão arterial e colesterol elevado não são exclusivas de adulto. Essas disfunções metabólicas passaram a ser observadas também em adolescentes com a atenção de pesquisadores para esta faixa etária. È o caso, por exemplo, de um estudo que investigou a influência de polimorfismos, ou variações, nos genes envolvidos no metabolismo de lipídios.
Desenvolvida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, Câmpus de Araraquara, a pesquisa avaliou, ainda, a combinação do efeito desses polimorfismos com o estilo de vida. Além disso, analisou a influência dessa associação sobre riscos para doenças crônicas. “No grupo dos jovens com polimorfismos nos genes estudados, em torno de 30% apresentaram níveis anormais de lipídios, ou gordura, no sangue, chamada dislipidemia”, cita a autora Emilia Alonso Balthazar.
Do ponto de vista epidemiológico, lembra a orientadora Maria Rita Marques de Oliveira, este trabalho traz grande contribuição. “Ele explica a razão pela qual alguns grupos são mais suscetíveis a fatores ambientais”. Por exemplo, porque um adolescente magro pode apresentar colesterol elevado, fato impensável para leigos; ou porque alguns não respondem bem ao tratamento baseado em dieta alimentar ou prática de atividade física. A professora do Instituto de Biociências (IB), Câmpus de Botucatu, comenta também o ineditismo do trabalho, que promove interface entre a pesquisa básica e a aplicada.
Origem do estudoSegundo a autora da tese, co-orientada pela professora da Unimep Rozangela Verlengia, a advertência para a existência de problemas metabólicos de origem genética em adolescentes ocorreu em seu mestrado, concluído em 2008, quando foi verificado grande número de adolescentes com alterações no perfil lipídico, não explicáveis por fatores ambientais e fisiológicos. “Por esta razão, supusemos que poderia haver outras variáveis influenciando essas alterações, como as genéticas”, explica.
Emilia partiu para a analise bioquímica nos níveis de insulina, glicose, triglicerídeos, colesterol total e frações e da apolipoproteína “Apoa1”, relacionada aos polimorfismos ligados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. As amostras de sangue foram coletadas em 214 escolares da região de Piracicaba (SP), inclusive moradores da zona rural, na faixa etária em torno de 11 anos.
Aliado à amostragem bioquímica, a pesquisadora também procurou identificar possíveis alterações na cadeia dos genes envolvidos no metabolismo lipídico, responsáveis pelo processamento da gordura que circula no organismo. Disfunções nesse metabolismo podem resultar em doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão arterial e diabetes. De acordo com a autora, as análises genéticas foram realizadas no Laboratório de Toxigenômica e Nutrigenômica da Faculdade de Medicina (FM), Câmpus de Botucatu.
Emilia ressalta que este trabalho, financiado pela Fapesp, é parte de um projeto maior intitulado “Fatores determinantes do risco de obesidade em adolescentes de escolas públicas de Piracicaba: estudo transversal como primeira etapa de um estudo de corte”, realizado em conjunto pela USP, Unesp e Unimep, sob coordenação da professora Betzabeth Slater, docente da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Disfunções metabólicas genéticasOs genes humanos são codificados pelos alelos A, T, G, C, correspondentes às bases nitrogenadas Adenina, Timina, Guanina e Citosina que compõem o DNA. Uma longa sequência de DNA equivale a um cromossomo com vários genes e funções específicas nas células dos seres vivos. Os genes de metabolismo lipídico estudados por Emilia foram a apolipoproteína “ApoA”correspondente a 80% de toda proteína de alta densidade (HDL); a enzima “LIPC”, que exerce papel importante no metabolismo do HDL; e os alelos “ApoE2” e “ApoE4” da apolipoproteína “ApoE”, relacionada a doenças cardiovasculares.
Os adolescentes que apresentaram mutações reagiram de forma diferente ao consumo de nutrientes e à prática de atividade. Naqueles que ingeriram mais carboidratos e que possuem o alelo “T” no gene “ApoA1”, observou-se maior concentração de triglicerídeos e baixa concentração de HDL no sangue, em relação aos jovens portadores do mesmo alelo mutante, mas com um menor consumo de carboidrato.
Os escolares portadores do alelo “C”, considerado não mutante, reagiram bem à prática de atividade, diminuindo a concentração de triglicérides, algo não verificado nos portadores do alelo “T”. Chamado de bom colesterol, o HDL age impedindo o depósito de gordura nas artérias. Quando o HDL aparece em baixa concentração, pode ocorrer acúmulo de placas de gordura.
Independente do consumo de alimentos, os jovens com o alelo “T” mutante para o polimorfismo no gene “LIPC”, além dos níveis elevados de triglicerídeos, eles apresentaram intolerância à glicose e cintura de risco – quando há acúmulo de gordura na região abdominal. Os triglicerídeos são moléculas de gordura, cuja principal função é a produção de energia para o funcionamento do organismo.
Nos jovens com mutações nos genes associados a doenças crônicas cardiovasculares – chamadas mutações missense (ApoE) – foram observados níveis anormais de HDL, LDL (lipoproteína de baixa densidade) e pressão arterial elevada.
Apesar dos portadores do alelo “ApoE4” apresentarem maior fator de risco para doença crônica, esses responderam melhor a uma dieta com menor proporção de energia proveniente de carboidratos, com consequente aumento de gordura. Os que consumiram menor quantidade de carboidrato, em percentual de energia, apresentaram bons índices de colesterol HDL e LDL. Já o grupo que consumiu mais carboidrato, apresentou pressão arterial elevada. Com relação à pressão arterial, os adolescentes com mutação na variável “ApoE2” responderam melhor ao consumo de carboidratos.
Diante dessa leitura genética, a pesquisadora sugere dietas e práticas de atividades físicas direcionadas ao perfil genético do adolescente para prevenir o desenvolvimento de fatores de risco metabólico e o aparecimento de doenças crônicas na vida adulta. “Mas uma dieta para prevenção ou combate de doenças crônicas não pode ser generalizada”, enfatiza.
Genira Chagas

Força da palavra


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Betty Milan, No livro Carta ao Filho, a autora fala sem pudor de episódios de sua vida e do contato com Lacan

07 de abril de 2013 | 2h 12
LAURA GREENHALGH - O Estado de S.Paulo
Em Carta ao Filho, a coragem de contar "quase" tudo - "pois jamais se deve contar tudo", adverte Betty Milan - passa não só pelas sessões de análise com o mestre Jacques Lacan, mas pela teia de contatos com uma intelectualidade que encarnou a geração 68. "E que mudou o mundo", acrescenta a autora da epístola. "Hoje os filhos não se dão conta do que seus pais fizeram, de como tivemos que quebrar barreiras." Betty Milan tem obras publicadas em vários países, como o romance O Papagaio e o Doutor, inspirado em seu contato com Lacan, e o ensaio O País da Bola, sobre futebol. Também assinou as crônicas de Paris Não Acaba Nunca e as entrevistas de A Força da Palavra, coletânea de conversas memoráveis com nomes como Octavio Paz e Jacques Derrida (todos pela ed. Record). Vivendo parte do tempo em São Paulo, parte em Paris, fundou e dirige a companhia teatral Vozes, marcando sua longa relação com a dramaturgia. Relação iniciada nas experiências em psicodrama com Zerka Moreno, no Public Theater of New York. É também autora de peças, entre elas, Paixão e a Vida É Um Teatro.
Com tudo o que tem de revelador, você diria que seu livro nasce de um ato de coragem?Sim. A coragem de falar dos meus sentimentos. Mãe não fala disso ao filho. Sendo uma figura sacralizada, impõe-se a ela o silêncio. Claro, nunca se conta tudo. Nem se deve. Contar tudo é uma forma de usar o outro indevidamente. Mãe e filho também não têm que falar de seus relacionamentos sexuais, algo que diz respeito a cada um. Mas isso não se aplica aos sentimentos. Até porque filhos sempre sabem a verdade. Se for inútil mascará-la, melhor legitimá-la. Mãe tem uma missão educativa, então imaginamos que falar dos nossos tropeços, erros e mesmo de um adultério é algo que pode inviabilizar essa missão. É como se a mãe não estivesse mais autorizada a educar. Só que, escrevendo esse livro, me dei conta de que faz parte da missão educativa da mãe ensinar filho a escutar. E o pai, onde fica nisso tudo? Não me detive na figura paterna, embora ela esteja presente o tempo todo, e assim tem que ser. Do contrário, a relação mãe-filho torna-se fusional.
Você escreve num momento em que o pai não está mais em cena, por ser falecido, você e seu filho estão rompidos e nem se falam, enfim, o desenho da família nuclear parece desfeito.
Meu filho vinha me censurando por ser excessivamente apegada e ter uma demanda infinita sobre ele. Resolvi escrever. Na verdade, a carta cumpre o papel do pai. Ela é o terceiro elemento na relação. Ela instaura a paz. É com a simbolização dessa relação que a mãe pode cumprir um papel dificílimo: cuidar do filho ao mesmo tempo em que está se separando dele. E dizendo "vai". Pega o seu caminho.
Antes, porém, você revê toda a sua vida para o filho. A carta começa tratando dos nascimentos em família e a intenção foi refletir até que ponto somos determinados pela história do nascer. Sim, porque já nascemos com uma história. No meu caso, vim ao mundo depois de um irmão natimorto, ocupei o lugar deste primogênito, sendo uma mulher. Isso me traz uma identificação incompleta com o sexo feminino, embora tenha sempre me relacionado com homens. Eu era "o primeiro filho". Assim fui criada. Quis mostrar que, mais importante do que o sexo biológico, é a fantasia (em termos psicanalíticos) que a pessoa tem sobre a sua sexualidade. Na minha família, cresci autorizada a fazer o que os filhos homens fazem. Isso explica o fato de, aos 18 anos, cursar uma faculdade de medicina, algo raro para as moças do meu tempo e mais raro ainda numa família árabe em que as mulheres eram educadas para o lar. Inverti isso. Hoje os filhos não se dão conta da subversão que a geração de seus pais ousou fazer, 50 anos atrás. Falo de uma geração que subverteu a ordem e quebrou barreiras. Se agora nossos filhos optam pela fidelidade em seus relacionamentos, isso acontece porque nós mostramos, lá trás, que infidelidade não é crime.
Essa filha que ficou no lugar do filho tem a ver com o comentário que Foucault fez a seu respeito: "Você é tão afável quanto um rapaz"? Ele percebeu essa ambivalência quando eu tinha 18, 19 anos. Foucault veio a São Paulo para uma conferência na USP e (o filósofo José Arthur) Giannotti convenceu-o a passar um fim de semana no Guarujá. Eu estava neste grupo de amigos. Foucault já havia escrito a História da Loucura, trabalhava numa obra sobre sadomasoquismo. Anos mais tarde fui procurá-lo no Collège de France, onde dava aulas, e ele me convidou para jantar. Esse tipo de reciprocidade parece ter desaparecido hoje em dia.
Você viveu com intensidade a geração 68. Mas foi criada no seio de uma família árabe tradicional, abastada...Tudo começa com um avô mascateando. Depois veio um lado materno abastado, com avós vivendo em palacete, e do lado paterno, uma família que estava se construindo economicamente, mas que já podia dar educação boa aos filhos. Nesse período e do ponto subjetivo, o que me vem é a angústia da separação. Eu era muito pequena quando minha mãe ficou quase cega. Fui com meus pais para Chicago, para que ela se tratasse, e lá ficamos um ano até sua cura. Mamãe vivia agarrada a mim, senti essa angústia forte. Os primeiros sinais de rebeldia iriam se manifestar no Colégio Bandeirantes, quando participei da fundação do grêmio e fui convidada a me retirar da escola. Entrei na medicina da USP, porém me relacionava com os colegas da Filosofia e, se não cheguei a tomar parte em organizações políticas, entrei para uma militância cultural. Como a revista aParte, que fiz com Flávio Império e Sérgio Ferro. Nunca me identifiquei com certos valores da família árabe. Eu não frequentava as festas do Sírio Libanês, sempre gostei da companhia das empregadas, trabalhava na mesa da cozinha. Também nunca bati de frente com essa família. Sabia levar.
Como foi admitir, na carta, que cometeu adultério quando casada com o pai do seu filho?Vivi um triângulo amoroso e o pai do meu filho sabia disso. Dizia que eu não deveria encarar a situação com sentimento de culpa - ele, que era um autêntico libertino, algo caro à cultura francesa. O próprio Lacan dizia que esse jeito francês de lidar com amantes era uma forma de civilidade. Mas foi meu filho quem um dia bateu na minha porta, eu lhe disse que estava com aquela outra pessoa, e ele pediu para entrar. Hoje se dão muito bem. Nos grandes casos de adultério da literatura, Madame Bovary ou Anna Karenina, por exemplo, essas heroínas acabam mortas. Na carta tento mostrar que o adultério é algo a que nós, humanos, estamos sujeitos e tanto por isso não pode ser punido como crime. A grande sorte nos relacionamentos é a fidelidade. Mas ela é rara.
E quando você assume ter feito um aborto mais jovem?Não tive uma militância feminista, mas este ponto para mim é capital. Decidi falar. Contei de uma época em que as mulheres, lá na França, interrompiam a gestação em Londres, pois não havia legalização alguma em solo francês. Quis refletir sobre essa identificação do ser com a vida biológica, quando se esquece que a vida não faz sentido se o desejo dela não existe.
Qual a importância de Jacques Lacan na sua trajetória?Meu filho não teria nascido se eu não tivesse feito formação analítica com Lacan. Começa daí. Porque sendo o "primogênito", eu não me permitiria engravidar. E, mesmo engravidando, não toleraria não poder nomear o filho. Isso foi resolvido na análise. Foram mais de quatro anos, tempo no qual fui assistente de Lacan na Universidade de Vincennes. Outra coisa importante que veio com Lacan foi a relação com a língua. Como vivi entre dois idiomas, e levei isso às últimas consequências ao traduzir Lacan para o português, acabei tendo um olhar sobre a língua materna diferente. Enfim, Lacan me deu o filho e a escrita. Não é pouca coisa.
"Lacan só entendia o que eu falava na sua língua. Meu mundo se limitava ao que era traduzível." Você diz isso na carta. Quer dizer, você configurava a sua fala nas sessões em função da escuta dele?
Veja que problema isso coloca ao processo analítico. Lacan até tentou me passar para uma colega dele, de origem portuguesa, mas vimos que haveria problema de transferência. Daí percebeu que eu só faria formação com ele, mais ninguém. E topou. Foi mesmo uma aventura. Também trabalhamos no Hôpital Sainte-Anne, grande instituto psiquiátrico francês onde ele fazia as famosas entrevistas públicas dos doentes. Conversava com o paciente, um psicótico, diante de alunos, médicos, professores de Vincennes. Era um lugar de alto aprendizado.
Quando foi a última vez em que esteve com ele?Foi quando me chamaram para votar a dissolução da Escola Freudiana de Paris. Lacan precisava de votos para dissolver aquilo. Nessa ocasião, o câncer de que sofria já estava avançado, então se deu um encontro penoso, porque ele não me reconheceu. Era um fantoche na mão de alguns, algo triste.
Por que decidiu pesquisar o mundo do carnaval, do futebol, da umbanda?Quando voltei ao Brasil, senti que precisava escutar o País. Um outro país que não fosse aquele da família árabe. Iniciei errâncias intelectuais, algo que sempre se repete em minha vida, e acabei cruzando com um florilégio de pessoas lindas: Joãosinho Trinta, Gilberto Freyre, Zé Celso Martinez Corrêa. Quis escutar o Joãosinho porque era um homem de ideias, pouco valorizado no Brasil. Por anos fui ao barracão ver como ele construía o carnaval. Descobri o "brincar" como a paixão particular do brasileiro. Na França, é o "droit". Na Espanha, "el honor". Na Inglaterra, "humour". E nós somos o brincar. Depois, enveredei pelo mundo do futebol, foi escutar homens inteligentíssimos, como Leônidas da Silva, e fiz O País da Bola, livro considerado um dos melhores do ano na França, exatamente quando o Brasil perdeu a Copa lá. Com Gilberto Freyre, fui ver o que pensava da cultura do brincar, que ele associava à cultura negra. Já o encontro com Zé Celso aconteceu em 1991, quando lancei aqui o romance inspirado na formação com Lacan, O Papagaio e o Doutor. O livro mexeu com Zé Celso, que acabou escrevendo na imprensa sobre o "strip-tease da dra. Betty Milan". Daí nasceu uma longa convivência com o Teatro Oficina. Hoje tenho minha pequena companhia de teatro, na qual fazemos algo diferente do Zé Celso. É teatro intencionalmente despojado, cujo apoio reside na força da palavra.
Entre tantas histórias e tantas confissões, qual foi a reação do seu filho ao ler a carta-livro?Leu com interesse. Sua colaboração se tornou essencial, porque fez perguntas, deu sugestões. Lembrou, por exemplo, que em nossa casa nunca se ameaçou filho de ir para internato, essa punição não havia. Surpreendeu-se com minha disposição otimista diante do mundo e reconheceu que fui elegante ao narrar toda minha história de vida. É preciso dizer que comecei a escrever a carta como um consolo diante da dor da separação. E não pretendia transformá-la em livro. Mas como foi adquirindo uma forma interessante, aceitei publicá-la. O curioso é que, no mesmo período em que eu escrevia a carta, meu filho fazia um documentário sobre a avó, minha mãe, uma mulher de 95 anos que vive para falar do amor. Enfim, nós nos encontramos na mesma busca pelas origens. Procurávamos a independência dos laços familiares, não a supressão deles. Foi um grande momento.
E para você, o que fica dessa experiência pessoal e literária?Eu precisava lidar com essa mãe que tudo pode, que dá conta de tudo. Chega. Se já liberamos a mulher, agora temos que liberar a mãe. De certa maneira, o feminismo atuou em favor dos homens, ao sobrecarregar a mulher. Comunico ao meu filho: estou me separando dessa mãe fálica, onipresente e masoquista. Penso em Sêneca ao lhe dizer que me predisponho a viver intensamente, com meus pares, como a única maneira de combater o tempo que passa. Acho que estou pronta para escrever um novo romance. 

Pearl Jam - Rearviewmirror

:)

Sexo freqüente rejuvenesce e pode reduzir risco de infarto



POR MINHA VIDA - PUBLICADO EM 24/04/2006


Homens de meia-idade podem ter sexo com a freqüência que quiserem sem aumentar o risco de sofrerem um derrame, afirma uma pesquisa que demorou 20 anos para ser concluída. O estudo da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, durou 20 anos e foi realizado com mais de 3.000 homens de 45 a 59 anos. O resultado da pesquisa mostra que sexo mais freqüente pode reduzir o risco de infartos fatais. De acordo com as conclusões do estudo, a morte súbita causada por problemas de coração é mais comum entre homens que afirmam ter níveis baixos ou moderados de atividade sexual.Segundo Eoin Redahan, diretor da Stroke Association (Associação de Estudo de Derrames), que patrocinou a pesquisa, derrames acontecem normalmente à noite ou pela manhã.

"Como a atividade sexual é normalmente maior nestes períodos, algumas pessoas concluíram que existia uma ligação entre praticar sexo e sofrer derrames. O estudo mostra que não há", afirma Redahan. Na opinião de Ian Banks, presidente do Fórum Britânico para a Saúde Masculina, "se os homens fizerem exercícios regularmente e tiverem sexo também com regularidade, apesar do fato de que a pressão arterial sobe durante ambas as atividades, a pressão basal (metabolismo básico) vai ser reduzida". Dos homens estudados, um em cada cinco tinha relações sexuais menos de uma vez por mês e um em cada quatro afirmou que mantinha relações pelo menos duas vezes por semana. Durante o estudo, 65 participantes morreram, sendo que 26 sofreram derrames. Apesar de os homens que tinham vida sexual menos intensa terem suas chances de sofrer derrames um pouco reduzidas, a diferença não foi suficiente para comprovar que os que tinham uma vida sexual mais intensa pudessem estar correndo um risco maior. Uma pesquisa feita por um psicólogo escocês diz que o sexo vigoroso e frequente pode deixar as pessoas sete anos mais novas na aparência. O psicólogo David Weeks e o escritor de artigos científicos Jamie James entrevistaram 95 pessoas que parecem mais jovens do que são. Eles sustentam que o sexo é um fator muito importante na aparência de juventude dessas pessoas. "Tanto quanto qualquer outra atividade física, o sexo é parte importante da vida dessas pessoas desde o final da adolescência até o final da vida deles", colncluíram os pesquisadoes. Sexo frenético pode reduzir o tecido gorduroso e liberar endomorfina, que são analgésicos naturais e reduzem a ansiedade.  O doutor Weeks diz que os casais que fazem sexo pelo menos três vezes por semana parecem até 10 anos mais novos do que a média das pessoas, que faz sexo duas vezes por semana. Ele diz que a responsabilidade dos fatores genéticos na aparência de juventude é de 25%. Segundo o doutor Weeks, a importância do comportamento das pessoas é três vezes mais importante. Por: BemStar

Quem acredita ter a vida sexual mais ativa que a dos outros é mais feliz, diz estudo


Comportamento


As relações sexuais em si influenciam a felicidade, mas a opinião que uma pessoa tem sobre a sua vida sexual, em comparação com a das outras pessoas, tem peso ainda maior, segundo pesquisa

De acordo com estudo, a probabilidade de uma pessoa relatar um nível alto de felicidade diminui quando ela acredita que faz menos sexo do que as outras pessoas
De acordo com estudo, a probabilidade de uma pessoa relatar um nível alto de felicidade diminui quando ela acredita que faz menos sexo do que as outras (Thinkstock)
Pessoas que fazem mais sexo tendem a se declarar mais felizes, mas essa felicidade é relativa. Um estudo americano mostrou que a satisfação de uma pessoa com sua vida sexual depende do que ela pensa sobre a vida sexual de pessoas de faixa etária ou estilo de vida semelhante ao seu.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Sex and the Pursuit of Happiness: How Other People’s Sex Lives are Related to our Sense of Well-Being

Onde foi divulgada: periódico Social Indicators Research

Quem fez: Tim Wadsworth

Instituição: Universidade do Colorado, Boulder, EUA

Dados de amostragem: 15.386 pessoas que participaram de pesquisas nacionais entre 1993 e 2006

Resultado: Acreditar ter uma vida sexual mais ativa que as outras pessoas pode ser mais importante do que a frequência sexual em si para determinar a felicidade.
O estudo, coordenado por Tim Wadsworth, professor de sociologia da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, foi publicado na edição de fevereiro do periódico Social Indicators Research. O trabalho se baseou nas respostas de mais de 15.000 pessoas que participaram de uma pesquisa nacional entre 1993 e 2006.
Segundo a análise de Wadsworth, pessoas que relatam níveis mais altos de felicidade, de fato, também apresentam frequência sexual mais intensa. Aqueles que declararam fazer sexo de duas a três vezes por mês tinham chances 33% maiores de se considerar muito felizes em relação àqueles que relataram não ter realizado relações sexuais nos últimos 12 meses.
Comparados com aqueles que não relataram relações sexuais no ano anterior, aqueles que faziam sexo uma vez por semana eram 44% mais propensos a se considerar mais felizes, enquanto as pessoas que faziam sexo de duas a três vezes por semana eram 55% mais propensas a relatar altos níveis de felicidade.
Felicidade relativa – O estudo mostrou que acreditar ter uma vida sexual mais ativa do que as outras pessoas pode ser mais importante do que a frequência sexual em si para determinar a felicidade. “Fazer sexo nos deixa felizes, mas achar que estamos fazendo mais sexo do que os outros nos deixa ainda mais felizes”, afirma Wadsworth.
Assim, se uma pessoa faz sexo duas a três vezes por mês, mas acredita que os outros o fazem três vezes por semana, a probabilidade dessa pessoa relatar um nível alto de felicidade diminui, em média, 14%.
Para que isso aconteça, é preciso que as pessoas suponham a frequência com que outras pessoas de seu círculo social fazem sexo. Essa informação é menos evidente do que o nível salarial de uma pessoa, por exemplo, que se reflete nos bens que ela possui e em seus hábitos de vida, mas, segundo os pesquisadores, pode ser sondada em conversas com amigos ou a partir de pesquisas sobre hábitos sexuais.

Em grampo, lobista do PT cita líder do governo Dilma


Operação Fratelli

Grupo que fraudava licitações cita o uso de emendas do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia; deputado nega conhecer acusados

Deputado Arlindo Chinaglia PT/SP
Chinaglia: "Não conheço nenhum deles e não recebi nenhuma doação desse grupo" (Leonardo Prado/Agência Câmara)
Relatório da Operação Fratelli, desencadeada na semana passada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) dentro de uma ação de combate à corrupção no país, mostra que o grupo acusado de fraudar licitações em prefeituras da região noroeste do interior paulista cita o uso de emendas do deputado e líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT). Os documentos transcrevem telefonemas de Gilberto da Silva, o Formiga, apontado como "lobista do PT" na região de São José do Rio Preto. Frequentemente, ele faz menção a Chinaglia e declara o apoio que teria prestado a dois ex-assessores do parlamentar petista, candidatos em 2012 na eleição municipal de Ilha Solteira, cidade do interior.
Chinaglia rechaçou categoricamente vínculos com o lobista: “Ele vai ter que provar", desafiou, referindo-se às conversas de Formiga captadas pela PF. O deputado também negou conhecer Olívio Scamatti, dono da empreiteira Demop e apontado pela PF como chefe da quadrilha que se infiltrou na gestão de 78 prefeituras.
Um grampo de 1º de outubro, às 16h30, pegou Formiga contando a um aliado sobre suposto encontro com Chinaglia e Toninho do PT, ex-assessor do petista e eleito vereador de Ilha Solteira. No dia seguinte, às 9h46, Formiga caiu no grampo com "Roberto", de Mirassolândia. Ele diz que se reuniu com Toninho do PT. "Ele (Toninho) disse que dá para pôr um monte de recurso lá." 
O lobista afirma que no fim de semana "carregou o Arlindo para todo lugar na região". "O Arlindo vai ter cinquenta milhões de reais em emendas extraparlamentares prometidos pela presidente Dilma porque ele é líder dela na Câmara dos Deputados", diz Formiga. "Isso dá pra colocar num monte de cidade." Ele relata que o deputado lhe falou que "em cidade pequena pode ser colocada emenda de 130 000 reais ou até 140 000, e daí foge de licitação". 
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, um dos trechos dos autos da operação, datado de 20 de setembro de 2012, assinala que Formiga presta serviços a Olívio Scamatti, “especialmente no que tange aproximação do empreiteiro a diversas administrações municipais, por meio de financiamento de campanhas eleitorais ou mesmo na intermediação de liberação de emendas parlamentares através de sua atuação como lobista do PT." "É consectário lógico que as emendas provisionadas aos municípios constituirão o reforço financeiro, a posteriori, dos empresários que financiaram, às escuras, campanhas eleitorais", completa o documento.  
Outro lado – Há quase 25 anos como parlamentar, Chinaglia, que não é investigado na operação, rechaçou categoricamente vínculos com o lobista Gilberto da Silva ou com o empresário Olívio Scamatti. "Não conheço nenhum deles e não recebi nenhuma doação de campanha desse grupo", declarou o deputado que, nesta quarta-feira, enviou ofício ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, requerendo imediata abertura de inquérito "para analisar, de forma aprofundada", as citações a seu nome nos autos da Operação Fratelli.
"Vou fazer a busca da prova negativa. Eu tenho uma história, não consigo fica calado com essa situação", desabafou Chinaglia. Ele revela indignação com o que classifica de "ilações e informações incompletas" que atingem sua conduta. "Não tenho medo, só quero esclarecer o mais rápido possível. Esse vagabundo vai ter que provar", disse o petista, referindo-se às conversas de Formiga captadas pela Polícia Federal.
Chinaglia confirma que fez emendas para a região de São José do Rio Preto. "Muitas emendas, tive mais de 30.000 votos nessa região, mas fiz também para outras áreas. Emendas de 150 000, de 200 000 reais. Agora, 50 milhões? Como se eu tivesse um cofre monstruoso e que, por consequência, vai haver um grande esquema." O ex-presidente da Câmara confirmou que Toninho do PT, eleito vereador de Ilha Solteira (SP), foi seu assessor. "Não sei se (Toninho) teve apoio, eu respondo por mim."
Toninho do PT disse que foi assessor de Chinaglia de 2005 a 2012 e admite que conhece Gilberto Formiga. "Eu conheci o Gilberto porque ele é lobista e eles ficam sabendo que você é assessor de um deputado com muita votação. Não prometi nada para o Gilberto, nem eu nem o Cícero (que foi candidato do PT a prefeito de Ilha Solteira)." "Todas as emendas do Arlindo são para onde ele tem voto ou por questão política, atende algum prefeito."
(Com Estadão Conteúdo)