sábado 03 2012

Chico Buarque - Carioca ao Vivo (Show Completo DVD 2007)

:) Amo esse CARA!

RODA VIVA - MARINA SILVA 01/09

Marina Silva fala sobre a Usina Belo Monte

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Top Tracks for Fagner (lista de reprodução)

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Fagner - Canteiros

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O que Valério contou ao MP, e o que ainda resta contar


Mensalão

Reportagem de VEJA desta semana mostra que o operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele tratou do caso Celso Daniel e avisou que há mais o que contar

NO INFERNO - O empresário Marcos Valério, na porta da escola do filho, em Belo Horizonte, na última quarta-feira: revelações sobre o escândalo
Valério contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato de Celso Daniel (CRISTIANO MARIZ)
Em setembro, VEJA trouxe à tona alguns dos segredos guardados por Marcos Valério, operador financeiro do mensalão. Entre eles, a informação de que o ex-presidente Lula teve papel de protagonista no esquema. Pouco depois, o empresário informou o STF, por meio de um fax, que estava disposto a contar o que sabe. Ele também foi ouvido pelo Ministério Público. Reportagem da revista que chega às bancas nesta sexta-feira revela o que Valério disse ao MP, na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios. À procuradoria o empresário informou, pela primeira vez, ter detalhes sobre outro caso escabroso envolvendo o PT: o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.
O relato do publicitário é de que Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência) estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura. Procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Quem relata é o próprio publicitário.

O operador do mensalão afirma que não aceitou entrar no jogo, mas sabe quem acertou as contas com Ronan: um amigo pessoal de Lula, utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão.
Mais "bombas" – As declarações são apenas parte do arsenal de Valério. Como VEJA havia mostrado já em setembro, o publicitário, que diz temer por sua vida, cogita trazer à luz detalhes sobre o envolvimento de Lula no esquema do mensalão. Mais do que isso: diz ser capaz de desvendar o mistério sobre a origem do 1,7 milhão de reais apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, em 2006. E de dar detalhes comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT.
Valério foi condenado a 40 anos de prisão. É provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a pena que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que ficaram sem resposta nos últimos anos.

Oposição cobra que Procuradoria Geral da República investigue denúncias de Marcos Valério


veja.com

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Lideranças da oposição reagiram neste sábado às novas revelações do operador financeiro do mensalão, Marcos Valério, publicadas por VEJA. A edição que chegou às bancas nesta sexta-feira mostra como o publicitário procurou o Ministério Público Federal para contar parte do que, até então, mantivera oculto – o que inclui até um elo com o caso Celso Daniel.
O presidente do PPS, Roberto Freire, diz que a reportagem torna ainda mais urgente a abertura de um inquérito na Procuradoria Geral da República para apurar os aspectos ainda desconhecidos do esquema de Marcos Valério – especialmente a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mensalão. Representantes da oposição já tinham agendado uma ida à PGR nesta terça-feira; eles pedirão que o Ministério Público abra um inquérito para investigar o papel de Lula no esquema do mensalão. ”Nós temos que nos posicionar, não podemos esperar. A cada dia surgem novos fatos. Nós precisamos que o Ministério Público abra um novo inquérito para investigar tudo isso”, disse Roberto Freire, presidente do PPS.
 O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, diz que a caixa-preta petista deve ser objeto de apuração: “Isso é muito sério. É preciso que haja a abertura do inquérito e que se leve a fundo a investigação”, disse o senador. Líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PR) diz que as novas informações sobre o caso Celso Daniel mostram, mais uma vez, a complexidade das ações criminosas envolvendo o PT:  ”Isso não vai acabar tão cedo. Cada vez que você mexe, você puxa um fio de uma meada maior. E chega ao Lula. Nada disso aconteceu sem o seu conhecimento e sem sua ordem de comandante do processo.” A ida à PGR na próxima semana não foi consenso entre os três partidos de oposição: o comando do DEM avalia que um eventual arquivamento da representação contra Lula poderia ser visto como uma absolvição do petista. O PSDB também titubeia. O PPS não: “Os outros partidos que tomem o caminho que quiserem. O PPS vai cumprir a sua obrigação”, diz Rubens Bueno.
 RevelaçõesO relato do publicitário à PGR, feito em um depoimento prestado em setembro, dá conta de que Lula e seu braço-direito, Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência), estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura que fora comandada pelo petista Celso Daniel, assassinado em 2002.
Procurado por integrantes do PT para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério recusou: “Nisso aí, eu não me meto”, disse ele em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan.  Valério também contou aos investigadores ter informações sobre o papel de Lula no esquema do mensalão. Mas ainda não disse tudo o que sabe: o publicitário quer garantias de que, em troca da delação, pode ter benefícios no cumprimento de sua pena.  Valério foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 40 anos de prisão. É provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a pena que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que ficaram sem resposta nos últimos anos.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Ministros do STF defendem proteção para Marcos Valério



Na Folha:
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela Folha defendem que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do mensalão e condenado pelo tribunal a mais de 40 anos de prisão, receba algum tipo de proteção do Estado. Para eles, se Valério afirma temer pela sua vida, isso não pode ser subestimado. O empresário se diz disposto a revelar ao Ministério Público detalhes inéditos sobre o esquema que ajudou a organizar durante o governo Lula.
Novos depoimentos não terão interferência no julgamento do mensalão, que está na fase final. Mas podem resultar em novas investigações ou contribuir para outros inquéritos em curso. Os ministros do STF não descartam a possibilidade de que Valério esteja apenas tentando tumultuar o julgamento. Um deles, que pediu reserva, afirmou que não há mais espaço para suas promessas. Já o ministro Marco Aurélio Mello afirma que está na hora de o operador do mensalão “desembuchar, não falar em doses homeopáticas”.
O ministro defendeu que o Estado “proporcione aparato de segurança” a quem “se mostrar disposto a colaborar”. “Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado”, justificou. “Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado.” Caberá ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, analisar o caso. Valério poderia ser incluído no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, podendo mudar de cidade e trocar de nome.
Gurgel também poderia pedir auxílio à Polícia Federal, que passaria a monitorar o réu constantemente e analisar se o risco de vida é real. Já na prisão, ele poderia ainda ter tratamento diferenciado, como ficar em cela isolada. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Valério prestou um depoimento a Gurgel no fim de setembro, quando teria mencionado Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.
Reportagem da revista “Veja” desta semana afirma que Valério também teria informações sobre o envolvimento do PT com o assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Segundo a revista, Valério diz que o PT pediu dinheiro, em 2003, para silenciar pessoas que ameaçavam implicar no crime o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho, que chefiou o gabinete de Lula e hoje chefia a Secretaria-Geral da Presidência. Os dois teriam sido extorquidos pelo empresário Ronan Maria Pinto, apontado como integrante de uma quadrilha que desviava recursos da Prefeitura de Santo André. Valério diz ter sido contatado pelo então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, e que um banco arranjou o dinheiro.
(…) 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Um cadáver volta a assombrar a República petista: o de Celso Daniel. Partido decide adiar seu manifesto contra o STF e a “mídia golpista”


03/11/2012
 às 6:22


Sempre que está acuado, não importa o assunto – uma disputa eleitoral ou uma investigação policial –, o PT parte para o ataque. Infelizmente – para o país e para a ordem dos fatos –, costuma ser bem-sucedido. Vimos isso recentemente, na disputa eleitoral em São Paulo. Desde que Lula decidiu que o candidato seria mesmo Fernando Haddad, o partido iniciou uma intensa campanha acusando forças supostamente obscurantistas e a oposição de explorar a questão do kit gay. Quem quer que faça uma pesquisa vai constatar que os adversários do partido mal tocavam no assunto. Era só uma reação preventiva para conquistar, como conquistou, a imprensa. Tocar no tema passou a ser visto como coisa reacionária, conservadora, religiosa. Mais ainda: inverteu-se o ônus do tema. O tucano José Serra é que passou a ser literalmente perseguido por jornalistas para se posicionar a respeito, sendo acusado de explorar um tema que não diria respeito à cidade – o que, de resto, é falso porque há milhares de alunos da rede municipal de ensino.
Muito bem! Qual foi a consequência? O kit gay ficou longe da campanha. O tema não foi levado ao horário eleitoral gratuito ou aos debates na TV. A questão ficou circunscrita aos jornais, que atingem uma fatia mínima do eleitorado, e mal chegou às rádios. O PT conseguiu, assim, com o barulho que fez junto aos chamados “setores formadores de opinião”, blindar Fernando Haddad, preservando-o de sua própria obra. O ministro que autorizou a produção de um material – destinado a alunos a partir de 11 anos – que sustentava a superioridade da bissexualidade no cotejo com a heterossexualidade e que estimulava o debate sobre pessoas insatisfeitas com seu órgão genital não teve de responder por suas escolhas. O mais impressionante: Serra, que não tocou no assunto, foi acusado de estimular o preconceito. Um sedizente “cientista social” afirmou que sua campanha estaria contaminada pelo “ódio”. O PT, em suma, fez um movimento preventivo e se deu bem. Até alguns tucanos de alta plumagem, para não variar, falaram besteira a respeito, apontando o erro de uma suposta campanha contaminada pela religião.
O caso da CPI do CachoeiraEnquanto o ministro Ricardo Lewandowski permanecia sentado sobre a revisão do processo do mensalão – Lula havia prometido aos seus e a Marcos Valério que o julgamento jamais ocorreria; talvez “em 2050”, ele profetizou –, o próprio Apedeuta e José Dirceu urdiram pelas costas até da presidente Dilma a CPI do Cachoeira. Alguém buzinou informações erradas ao ouvido dos dois patriotas, sustentando que a Operação Monte Carlo tinha potencial para liquidar com a oposição, com a imprensa independente, com o procurador-geral da República e até com ministros do Supremo. No dizer de Rui Falcão, presidente do PT e pensador refinado, a bancada do PT na Câmara e no Senado defendia uma CPI “para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”. Tudo parecia caminhar bem até que surgiram na mesa os nomes de Fernando Cavendish e Sérgio Cabral. Aí os petistas precisaram correr com o rabo enfiado entre as pernas. Afinal, ficou claro, Carlinhos Cachoeira era só um peixe pequeno de um escândalo gigantesco, que iria estourar no Palácio do Planalto. Mas, como resta evidente, houve, sim, a tentativa de usar a CPI para melar o julgamento. Parte da imprensa aderiu inicialmente à farsa.
Depois da condenação…Condenado Marcos Valério, o PT passou a viver o pânico da concessão do benefício da delação premiada ao empresário. Sabe que os 40 anos de cadeia não são coisa trivial e que seu antigo aliado está injuriado. Alguém na sua situação pode, sim, decidir se safar contando o que sabe. Então o PT resolveu correr de novo para a galera. Passou a acusar nada menos do que o próprio STF de se comportar como tribunal de exceção. De quebra, promete levar adiante a luta pela “regulamentação da mídia golpista” e discutir o financiamento público de campanha. O partido havia prometido um manifesto para quinta-feira, mas parece ter adiado em face das notícias que começaram a circular sobre o depoimento de Valério.
Agora ao pontoRecuperem o noticiário de janeiro de 2002, por ocasião do assassinato do prefeito Celso Daniel. Antes que qualquer pessoa aventasse publicamente a possibilidade de que o PT pudesse ter algum envolvimento com a morte, os petistas botaram a boca no trombone e saíram acusando a suposta tentativa de incriminar o partido, exigindo, em tom enérgico, que a polícia fizesse alguma coisa. Montou-se uma verdadeira operação de guerra para controlar o noticiário. No arquivo do blog, vocês encontram alguns textos a respeito. Celso foi o primeiro de uma impressionante fila de oito cadáveres relacionados ao caso. O prefeito morto era já o coordenador do programa de governo do então pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. O partido seria o primeiro a ter motivos para desconfiar de alguma motivação política para o sequestro e imediato assassinato. Deu-se, no entanto, o contrário: o partido praticamente exigia que a polícia declarasse que tudo não havia passado de crime comum.
O último morto, por causa desconhecida (!), foi o legista Carlos Delmonte Printes, que assegurou que Celso fora barbaramente torturado antes de ser assassinado. Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do PT que acompanhou o caso em nome do partido e teve acesso ao cadáver, assegurou à família de Celso, no entanto, que não havia sinais de tortura. O fato é conhecido porque foi denunciado pela família do prefeito.
Gilberto Carvalho, braço direito de Celso na Prefeitura, movimentou-se freneticamente logo após a morte do “amigo” para que prevalecesse a versão do partido: crime comum. O esforço deixou um rastro de conversas gravadas que vieram a público. Tudo muito impressionante. Leiam, por exemplo, este diálogo em que Sérgio Sombra, acusado de ser ao assassino de Celso, entra em pânico e pede para falar com Carvalho. Alguém garante que está sendo montado “um esquema”. Sombra, no diálogo abaixo, é o “personagem A”.
A – Ô Dias!
B – Oi chefe!
A – Onde é que você está cara?
B – Tô na avenida (…). Eu tô saindo, to indo praí.
A – (…) Fala prá ligá nesse instante (…) Pará de fazer o que está fazendo.
B – Peraí, Peraí, Perai. Ei! Oi! Escuta o (…) Já está aí onde está todo mundo (…) Alô!
A – Ô meu irmão!
B – Cara cê está no sétimo? 
A – Ô meu! O cara da Rede TV está me escrachando, meu chapa! Tá falando que… Tá falando que é tudo mentira, que o carro tá pegando, que não destrava a porta, que sou o principal suspeito.
B – Ô cara! Deixa eu te falar. O que hoje tá pegando contra você é esse negócio do carro. Nós temos que fazer é armar um esquema aí: “porque as empresas de (…) junto com a Mitsubishi, por razões óbvias de mercado, se juntaram para dizer que você está mentindo, que o câmbio está funcionando”…Entendeu? Então é o seguinte…
A – Peraí. Perai, péra um pouquinho.
B – (…) Pô! Pegá o que Porra?
A – Chama o Gilberto aí! Chama o Gilberto! Tem que armar alguma coisa!
B – Calma!
A- Eu tô calmo. Quero é que as coisas sejam resolvidas.
Outro diálogo: “Puta! Tá dez!”Há outro diálogo bastante interessante. Alguém liga para Ivone, tornada pelo partido a “viúva oficial” de Celso — consta que era sua “namorada” à época… E lhe dá nota dez por sua performance como “viúva” numa entrevista. Vocês entenderam direito. Leiam. Ivone é a personagem B.
A – Oi!
B – Oi meu amor. O Xande quer falar com você. Tá bom?
A – Ok.
B – Tchau.
C – Como vai minha querida?
A – Vou assim. Arrastando.
C – Ótima a sua entrevista! Viu?
A – Você gostou Xande?
C – Eu gostei muito mesmo.
A – É importante a sua opinião pra mim porque estou totalmente sem referência. Né?
C – Eu achei muita boa. Entendeu. Tá super. Tem coisas… tá perfeito!
(…)
B – Hoje tem uma coisa. Programa pra ir na Hebe.
A – É. Porque vai a mulher… a viúva do Toninho.
B – Sabe que o Genoino quer. E é uma merda né. Uma merda.
A – Olha. Se você falar o que falou ai está 10. Puta! Tá 10, não parece estrela, a dor de uma viúva. Tá dez!
Como se nota, a morte do “companheiro” havia se transformado apenas numa questão de marketing e de guerra para ganhar a “mídia”. Com direito a nota pela performance da, sei lá como chamar, “atriz” talvez.
RetomoJá lhes contei aqui. Mesmo a ala petista da família Daniel rompeu com o PT. Um dos irmãos, Bruno, teve de se exilar na França com mulher e filhos. Estavam sendo ameaçados de morte no Brasil. Outro irmão relatou que Celso havia lhe contando que Carvalho era o portador de malas de dinheiro de um propinoduto de Santo André para o então presidente do PT, José Dirceu. Os dois negam.
Vale a pena, reitero, por curiosidade quase científica, voltar ao noticiário daqueles dias para constatar a frenética movimentação preventiva do partido, certo de que poderia conduzir para onde quisesse a opinião pública. Passada uma semana, quem estava na defensiva era a polícia paulista… Agora, Marcos Valério denuncia ao Ministério Público que o PT tentou fazê-lo participar de uma esquema para silenciar. com dinheiro, pessoas que estariam chantageando Lula e Carvalho, podendo implicá-los no assassinato de Celso. Valério diz que não participou, mas dá a entender que tem mais detalhes da operação, que teria sido realizada. Diz que sabe até que banco foi usado na operação.
Vamos ver. Uma coisa é certa: o cadáver de Celso Daniel volta a se agitar no armário. E o PT decidiu adiar o seu manifesto contra o STF e a “mídia golpista”.
*
PS – Reitero: a vida de Marcos Valério vale mais a cada dia. E, por isso mesmo, também vale menos… Se o STF não tomar as devidas precauções, o óbvio acontece. Porque o óbvio sempre acontece.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Os novos nomes da velha política


Eleições 2012

Prefeitos eleitos esse ano têm, em média, entre 39 e 48 anos. Apesar do marketing do novo, a ascensão desses políticos tem pouco impacto nas arcaicas práticas da política brasileira. Entenda por que

Carolina Freitas
O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, de 49 anos
O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, de 49 anos (Rodrigo Dionisio/Frame/Estadão Conteúdo)
"Não perdemos a eleição porque Serra tem 70 anos de idade. A principal rejeição a Serra foi a rejeição a Kassab, que é jovem", Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB
As eleições de 2012 trouxeram para a cena política nomes novos - na idade e na vida pública. Prefeitos de dezesseis capitais têm até 50 anos, no mundo político, uma tenra idade. Veja aqui quem são eles. Dados do Tribunal Superior Eleitoral indicam que os eleitos para comandar as cidades brasileiras têm, em média, entre 39 e 48 anos. Apesar do marketing do novo, a ascensão desses jovens pouco tem a ver com renovação. Eles são, em sua maioria, herdeiros da velha política.
 
Ninguém explorou mais a dicotomia entre o velho e o novo do que Fernando Haddad, de 49 anos, em São Paulo. Luiz Inácio Lula da Silva, mentor do candidato, chegou a recomendar a aposentadoria do adversário de seu pupilo, José Serra (PSDB), de 70 anos - esquecendo-se de seus próprios 67 anos. Haddad foi apresentado na campanha como “o homem novo, para um novo tempo”. E a tese do marqueteiro do PT, João Santana, teve eco até mesmo no discurso pós-derrota de alguns tucanos. Integrantes do PSDB creditaram a derrota à idade do candidato tucano. Serra disputou a indicação do partido com pré-candidatos mais novos, entre eles Bruno Covas, de 32 anos.
 
O vice-presidente nacional do PSDB, ex-governador Alberto Goldman, coloca a situação em seus devidos termos. “Alguém no mundo pode ser contra a renovação? Renovação é sempre boa”, afirma Goldman. “Mas não perdemos a eleição porque Serra tem 70 anos de idade. A principal rejeição a Serra foi a rejeição ao prefeito Gilberto Kassab, que é jovem.” Pesquisa Datafolha de agosto mostra que 36% dos paulistanos considera a gestão Kassab ruim ou péssima. Para outros 38%, a administração é regular. Kassab, de 52 anos, assumiu a prefeitura em 2006, quando José Serra deixou o cargo para concorrer ao governo de São Paulo. 
 
O professor de Filosofia Política e Ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano afirma que, quando se trata de renovar a política, a idade pouco importa. “O que vimos nessa eleição, mais uma vez, foi a manutenção de procedimentos arcaicos, envernizados pela publicidade como produtos modernos, novos ou engraçadinhos.” Para Romano, um candidato novo seria, no mínimo, aquele escolhido dentro de um processo democrático, de consulta às bases, sem precisar da bênção do dono do partido. “Os partidos brasileiros seguem a linha do caciquismo, têm dono. As mesmas pessoas estão na liderança deles há trinta ou quarenta anos.” 
 
Haddad é produto desse caciquismo. E teve boa ajuda da linha do marketing político que deu certo em 2010 pelas mãos do mesmo João Santana com Dilma Rousseff. Tornou-se candidato pelo condão de Lula, mesmo contrariando lideranças do PT de São Paulo. Entre os insatisfeitos estava a senadora Marta Suplicy, que, para aderir à campanha do ungido exigiu da presidente Dilma Rousseff o ministério da Cultura. E levou. Fisiologismo à moda antiga. Apesar de trazer em seu plano de governo ideias novas para a cidade, Haddad segue o velho manual de práticas do PT. “Haddad é da escola de Lula. Não é só cria de Lula. Os dois têm a mesma formação mental. O novo vem com os velhos vícios de seu mestre”, diz Goldman.
 
A eleição de Haddad em São Paulo reprisa uma estratégia vencedora do PT e PMDB no Rio de Janeiro, com a eleição de 2008 e reeleição agora, em primeiro turno, com 64% dos votos, do peemedebista Eduardo Paes, de 42 anos. A fórmula? Um prefeito com pinta de gente fina, disposto a cair do skate e a tocar em bateria de escola de samba, com o caixa da cidade turbinado por dinheiro do governo federal.
 
Falha histórica - Os partidos brasileiros sofrem, de fato, com a escassez de novas lideranças. O vácuo na formação de quadros decorre do bipartidarismo surgido no regime militar. “A ditadura forçou a importância dessas lideranças e o controle das lideranças sobre suas bases”, diz Romano. Findo o regime, houve um segundo fenômeno que tampouco colaborou com o amadurecimento da democracia: a proliferação de pequenos partidos, muitos de aluguel, destinados apenas a negócios. 
 
Entre as apostas da nova geração estão o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Apesar de todo o frisson, eles ainda não mostraram a que vieram.
 
Pelo Brasil - Em Salvador, o nem tão novo prefeito eleito foi ACM Neto (DEM), de 33 anos. Apesar da idade, ele traz no nome e no rosto a história do coronelismo na Bahia. O estado foi comandando por décadas por seu avô, o senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007. “Não há nada mais velho do que Antônio Carlos Magalhães”, diz Romano. “Significa rede de favores, adesão pessoal a um líder, obediência ao coronel.” Em seu primeiro pronunciamento, ACM Neto dedicou a vitória ao avô.
 
Outro exemplar da velha política em roupagem moderna está em Curitiba. A cidade elegeu Gustavo Fruet (PDT). Ex-oposicionista, ele deixou o PSDB, ingressou em um partido da base do governo Dilma Rousseff e se elegeu prefeito de Curitiba com o apoio do PT - a quem fazia duras críticas até então. Fruet ajudou a investigar o mensalão e, em 2010, associou ao PT à “roubalheira” e a “dinheiro na gaveta, na mala, na cueca". 
 
Agora, diz que a contradição faz parte da convivência na política. “Seria muito simples se fosse um partido só de gente boa e outro só de gente má. A vida política é um pouco mais complexa”, disse em entrevista ao site de VEJA. A velha elasticidade ideológica.
 
Nessa matéria, Haddad e Kassab têm feito escola em São Paulo. Na primeira semana após a eleição, depois de uma campanha sangrenta, o prefeito, que apoiava José Serra, acolheu de braços abertos o petista. “É capacitado, inteligente e tem formação moral”, disse Kassab sobre o sucessor. “São Paulo estará em ótimas mãos.” E Haddad aceitou de bom grado o apoio daquele que antes acusava de gerir mal a cidade. Pragmatismo puro. 
 
Do alto de seus 81 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) bem advertiu na última semana: "Juventude, em si, não produz ideias novas."

Croácia impressiona pelos cenários que mudam a cada olhar


Edição do dia 28/09/2012
28/09/2012 22h21 - Atualizado em 01/10/2012 19h43




Apesar de suas imensas muralhas, a Croácia se abre para o mundo. Mostrando sua natureza intocada, suas florestas cortadas por águas cristalinas e cidades que guardam o charme do Velho Continente.


Um pequeno país que impressiona pela diversidade. Cenários que mudam a cada olhar. Uma terra de mil ilhas. Cada uma com seu tesouro. Apesar de suas imensas muralhas, a Croácia se abre para o mundo. Mostrando sua natureza intocada, suas florestas cortadas por águas cristalinas e cidades que guardam o charme do Velho Continente.
É por esse lugar de paisagens tão variadas que o Globo Repórter vai viajar. Nesse pedaço da Europa Central, terra e água se unem para criar um país que encanta ao primeiro olhar.
Fios de água escorrem da montanha. Ora agressivos. Ora delicados. E deixam na floresta um rastro azul. Que também pode ser verde, dependendo para onde se olhe.
Nos meses de calor, multidões invadem o parque. Em áreas onde o acesso é mais fácil, o vai e vem dos turistas até lembra uma rua de comércio popular.O Parque Nacional dos Lagos Plitvice é o maior e mais antigo da Croácia. É também um patrimônio da humanidade que abriga uma das mais belas e mais bem preservadas florestas da Europa.
Para Ivica, quanto mais gente, melhor. Ele quer que todos saibam como é bonito o lugar onde nasceu.
Desde criança Ivica anda pelas trilhas como se estivesse brincando no jardim de casa. Ele explica que o parque é como uma gigantesca escada.
A água que desce da montanha forma 16 degraus, 16 lagos cristalinos.
Essa é a maior cachoeira da Croácia. São 78 metros de queda até a água voltar a seguir tranquilamente o seu curso.
“Vendo todo esse lago, essa cachoeira, o que dá vontade mesmo é de mergulhar e nadar, mas isso é proibido, ninguém pode fazer. A única coisa que é possível, porque a água é potável, é beber, e ela é muito geladinha, muito gostosa”, diz a repórter Isabela Assumpção.
Quilômetros de trilhas levam de um lago a outro. O Globo Repórter segue em direção ao maior deles, o Lago Kozjak.
A travessia é de uma suavidade impressionante, deliciosa. Primeiro, porque não há ondas, o lago é um espelho. Segundo, que fora o falatório dos turistas, não há nenhum ruído. O barco é elétrico, não há ruído de motores, isso pra não poluir a água.
O parque de Plitvice é um eterno mutante, que ganha cores diferentes com a luz, com os minerais na água. Plantas e rochas se misturam para mudar constantemente o desenho das cachoeiras.
É difícil imaginar que o murmúrio da água um dia foi abafado pelo som das bombas. A batalha pela independência da Croácia começou lá, numa madrugada de 1991.
O jovem policial que protegia o parque foi a primeira vítima da guerra. 350 mil pessoas fugiram da região.
Ivica retornou e recomeçou. Tem mulher, filhos e uma felicidade enorme por ter um país pra chamar de seu.
Um país que se transforma cada vez que avançamos alguns quilômetros. Na Croácia, há sempre uma surpresa pela frente. Parece que vamos enfrentar um dilúvio. Estamos a caminho da menor cidade do mundo.
O tempo um pouco estranho, uma hora sol, uma hora chuva. Chegamos na cidadezinha de Hum, na região da Istria, uma região muito linda, muito montanhosa. Hum era uma cidadela medieval, do século 12, e como tudo naquele tempo, a cidadela é fechada por uma porta.
O que aconteceu lá é fascinante. É como se a história tivesse parado. Há séculos quase nada muda por lá. O vilarejo construído quase todo em pedra, como o chão, que é muito difícil de andar. Tudo está preservado. A igreja fica trancada. Para conhecê-la é preciso pegar a chave na casa vizinha.
Parece um cenário, pronto para uma novela. E eis que surge um personagem de destaque.
Karlo Bozic tem 4 anos e é a única criança que vive em Hum. Mesmo debaixo de chuva, ele quer nos levar pra passear. E que delícia viver num lugar onde se pode correr assim. Livre.
Mas será que sendo o único, ele não é solitário? A mãe diz que o filho tem amigos no jardim da infância, que fica numa cidade próxima. E tem também o gato, Think.
Pergunto se ele gostaria de morar em outro lugar. Karlo nem hesita: diz que gosta de lá e que tudo está ótimo.
Antes de me despedir, pergunto à professora Marijana Bozic quantas casas existem em Hum? Ela faz a contagem: 18 casas e, oficialmente, apenas 23 moradores. É tudo muito pequeno. Em poucos minutos dá para caminhar do começo ao fim da cidade.
Para David, a vida também segue sossegada. O cozinheiro de 25 anos é o prefeito de Hum.
Perguntamos qual é sua experiência política. Nenhuma, ele responde. A prefeitura não tem prédio, nem verba, nem projetos. Quem realmente administra são as autoridades da cidade vizinha.
Na verdade, David não é o prefeito de fato. Ele repete apenas uma tradição que vem também dos tempos medievais, da escolha de um cidadão honesto, digno, pra cuidar dos eventos, das festas da cidade. E é uma eleição extremamente peculiar, diferente de todas que a gente conhece.
“Como é que acontece, como é que você foi eleito?”perguntou a repórter Isabela Assumpção.
“Foi simples. Os homens da cidade escolheram dois candidatos e os eleitores votaram fazendo cortes em um pedaço de madeira”, conta David.
Ele venceu por um voto. ‘É o suficiente’, David diz.
E assim, pacata e simples, segue a vida na menor cidade do mundo.
Simpáticos, inteligentes, brincalhões. De cãezinhos pintados a celebridades do cinema, foi um pulo. E os dálmatas adoram dar pulos. Mas de onde eles vieram? Os croatas juram que foi de lá.
A criadora de cães Ivana Balkal vive em uma casa, em Zagreb, e cria dálmatas há mais de 20 anos.
Ela confirma que a raça surgiu na região da Dalmácia. Diz que há famílias na Inglaterra e Escandinávia. Mas que a linhagem da Croácia é melhor.
Oggy parece gostar da conversa. E dá-lhe carinhos. Para a dona, à visita e até para a câmera.
Mas a bagunça sempre pode piorar. Que tal um bando de filhotes? Com o vigor típico dos 6 meses de idade, não há obstáculo, não há jardim, não há autoridade capaz de deter essa turma.
E quando acho que já vi tudo, aparece Isabela, xará da repórter. Isabela é a mais branquinha, a mais levada, um furacão. Ivana fica esfalfada, tentando conter as crianças.
Tanto trabalho tem recompensa. A criadora mostra orgulhosa a coleção de troféus e medalhas que os cachorros abocanharam em concursos.
Cada filhote custa hoje na Europa 1,5 mil euros, mas não é isso que importa. Ivana confessa que não pode mais viver sem eles. Os dálmatas, para ela, são uma verdadeira paixão.
Mas, para nossa equipe, é hora de seguir viagem, mais uma vez. Nosso destino agora é Zadar. Vamos assistir a um espetáculo de som e luz que só acontece na Croácia.
A espuma que desmancha na areia, o azul profundo e infinito. Qual é o poeta que não cantou as belezas do mar?
Mas, em Zadar, ouvimos pela primeira vez o mar tocar a sua própria música. Uma composição mágica, escrita a quatro mãos pela água e pelo vento.
O gigantesco órgão ao ar livre toca sem parar a canção do Mar Adriático. É um concerto da natureza que não tem fim.
Ideia do arquiteto Nikola Basic, que se inspirou nos tradicionais órgãos das igrejas. O princípio é o mesmo: o som produzido pela passagem do ar.
Por baixo de longos degraus de mármore, um conjunto de tubos emite notas diferentes, dependendo da força das ondas. É por essas pequenas aberturas que ouvimos a música do mar.
Nikola diz que queria fazer um lugar onde as pessoas pudessem entrar realmente em contato com a natureza. E conseguiu.
Os sons aleatórios embalam romances e acompanham os brindes dos visitantes do final da tarde.
No mesmo espaço, outra obra celebra a união com a natureza: a saudação ao sol. As placas de vidro dentro desse imenso círculo armazenam energia solar durante o dia.
E quando anoitece, a força do sol se une à musica do mar. Um espetáculo da natureza. E da imaginação do homem.
 http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/09/croacia-impressiona-pelos-cenarios-que-mudam-cada-olhar.html

The Doors - Touch Me (Live)