quarta-feira 20 2013
Deixando-se a irmandade Simone de Beauvoir
O Segundo Sexo, como a maioria dos grandes livros feministas, contém um par de idéias muito importantes e uma grande quantidade de material que agora parece datado. Isso é verdade para a maioria dos livros inovadores, e o fato de que as pessoas ainda estão citando sua mais famosa linha - que as mulheres são feitos, não nascem - fala por si.Eu gosto do fato de que Simone de Beauvoir era um intelectual, e eu invejo a sorte em ser capaz de produzir o seu trabalho principal no momento em que ser sério não era visto com desconfiança.
No início desta semana, a notícia da revista Le Nouvel Observateurmarcada centenário de De Beauvoir com uma fotografia nua da grande feminista em sua capa. Eu não sei o que De Beauvoir teria feito isso, ou da animada discussão de seu fundo, o que vem acontecendo nos meios de comunicação franceses. Se estivesse vivo hoje, eu não acho que os editores seria fila para dar-lhe uma coluna, eo fato de que a imagem foi usada em tudo ilustra a dificuldade que as pessoas ainda parecem ter em reconhecer os sensuais, aspectos sexuais do feminismo.
De Beauvoir si parece ter dificuldades para conciliar os diferentes aspectos de seu caráter e de suas cartas para seu amante americano, o escritor Nelson Algren, mostrar uma brincadeira (às vezes ao ponto de vergonha) que não possuem muito em seu relacionamento com Jean- Paul Sartre. Todas as vidas contêm contradições e De Beauvoir de não me surpreender, dado o período em que ela cresceu.
O problema que tenho em escrever sobre ela, ou qualquer outra feminista famoso, é o pressuposto tácito de que todos nós pertencemos a uma espécie de irmandade, onde se aventurar até mesmo o mais suave crítica é deixar o lado negativo. Às vezes eu acho que você deveria se comportar como se estivéssemos em uma grande festa do pijama, onde Mary Wollstonecraft risos em um canto com Germaine Greer e De Beauvoir compara penteados com Gloria Steinem.
Quando isso acontece, eu não gostava intensamente Betty Friedan, autora de The Feminine Mystique , com quem eu já passei um dia miserável, em Long Island, e eu não acho que eu teria aquecido a Simone de Beauvoir também. Ela foi conivente com a misoginia grotesco de Sartre, e ela não ficou claro sobre a diferença entre se comportar como uma mulher independente e cópia predatória sexualidade masculina. Estou dividido entre sentir pena de Simone de Beauvoir sobre este ponto - que a fotografia nu de lado, ela raramente parece confortável com ela mesma em imagens - e um pouco impaciente com ela. Sei também que, no entanto, que o feminismo deve muito aos seus pioneiros e De Beauvoir é sem dúvida um deles.
Capa de 'Chico', novo disco de Chico Buarque - Em 2011
Novo disco de Chico Buarque chega às lojas no próximo dia 22.
Álbum traz duetos com João Bosco, Wilson das Neves e Thais Gulin.
Henrique Porto Do G1 RJ
Capa de 'Chico', novo disco de Chico Buarque
(Foto: Divulgação)
São pouco mais de 30 minutos de música. Mas a duração, a princípio curta, é suficiente para um passeio de Chico Buarque por diversos gêneros musicais, incluindo blues, baião, valsa, marchinha e samba. E com direito a participações especiais.(Foto: Divulgação)
"Chico", novo álbum do cantor e compositor carioca que chega às lojas no próximo dia 22, é assim. Enxuto no tempo e nos arranjos produzidos pelo maestro Luiz Claudio Ramos, braço direito musical de Chico há décadas e espécie de "tradutor" das ideias musicais do artista.
São dez canções, quase todas debruçadas nos violões de Chico e do próprio Luiz Claudio e no piano de João Rebouças. Nada parece excessivo, e cada instrumento tem uma função. Mas, o que sugere simplicidade, revela-se complexo principalmente nas primeiras audições. Permanecem algumas melodias tortas e harmonias "difíceis", tendência observada na discografia do cantor desde "Chico Buarque", de 1990, e acentuada em "Carioca", último disco lançado pelo cantor. Ao mesmo tempo, "Chico" tem sonoridade próxima ao álbum "As cidades", de 1998, que traz de volta uma musicalidade mais "assobiável".
O disco abre com "Querido diário", uma toada com cores de moda de viola sobre um solitário andarilho capaz de "Por uma estátua ter adoração / Amar uma mulher sem orifício", mas que encontra o amor em carne e osso mesmo na adversidade. Executada por Jaime Alem (que está para Maria Bethânia assim como Luiz Claudio Ramos está para Chico), é justamente a viola que dá brilho à canção, somado ao Quarteto Radamés Gnattali, composto de violinos e violocelo.
saiba mais
Blues e baiãoA canção seguinte é "Rubato" ("roubado", traduzido do italiano), parceria com o baixista Jorge Helder, músico que acompanha Chico em todo o novo trabalho. A marchinha, que traz banda de coreto e tudo, é o convite apressado de um compositor para que a parceira ouça uma nova canção que a tem como inspiração.
Blues e baião aparecem, respectivamente, em "Essa pequena" (com breve, porém belo solo de violão) e "Tipo um baião". São canções de amor, com destaque para a primeira, que descreve a idiossincrasia de um homem apaixonado por uma mulher mais nova. O tema reaparece em "Se eu soubesse", em que Chico canta em dueto com Thais Gulin na primeira participação especial do álbum.
"Sem você", composta por Tom Jobim e Vinicius de Moraes e incluída no repertório da penúltima turnê do cantor, ganha em "Sem você 2" uma sequência que remete à sonoridade e aos versos da original. A faixa "Sou eu", samba em parceria com Ivan Lins, é o pretexto para a aparição de mais um convidado: desta vez é o baterista Wilson das Neves quem divide de forma divertida o microfone com Chico, numa canção ambientada num dos lugares mais cantados pelo músico carioca: o salão de baile.
O maestro Luiz Claudio Ramos (à esq.) conversa com Chico Buarque no estúdio durante a gravação do novo disco do cantor (Foto: Mario Canivello/Divulgação)
Google Maps"Nina" é o momento mais melancólico do álbum, talvez a canção mais delicada do repertório de "Chico". Este clima é reforçado pelo violoncelo de Hugo Pilger e do acordeão de Marcos Nimrichter. Na valsa, o cantor mostra que está atualizado em relação às novas tecnologias fazendo sutis referências ao site Google Maps, que disponibiliza na internet mapas detalhados de quase todos os cantos do planeta ("Nina diz que se quiser eu posso ver na tela / A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela").
"Barafunda" levanta o astral do disco mais uma vez. Aqui o piano de João Rebouças e a bateria de Jurim Moreira são o fio condutor do samba que brinca com lapsos de memória do narrador num jogo de palavras formado por substantivos próprios. Nomes de bairros, mulheres, personalidades e países se misturam aos de jogadores de futebol, assunto que permanece entre as paixões do compositor.
João Bosco e seu violão aparecem como convidados em "Sinhá", última faixa do disco. Reforçada pela percussão de Armando Marçal, a parceria Bosco/Buarque traz uma letra dramática e melodia triste em tom menor sobre os tempos da escravidão: "Para que me pôr no tronco / Para que me aleijar / Eu juro a vosmecê / Que nunca vi sinhá".
Ainda não se sabe se o público vai poder conferir ao vivo o repertório de "Chico". De acordo com a assessoria de imprensa do cantor, o músico ainda não decidiu se vai sair em turnê para divulgar o novo trabalho. Além de rever Chico Buarque no palco, seria ainda uma boa oportunidade para ver as novas canções integradas ao restante de sua obra.
Veja o repertório completo de "Chico":
1 - "Querido diário"
(Chico Buarque)
2 - "Rubato"
(Jorge Helder/Chico Buarque)
3 - "Essa pequena"
(Chico Buarque)
4 - "Tipo um baião"
(Chico Buarque)
5 - "Se eu soubesse", com part. especial de Thais Gulin
(Chico Buarque)
6 - "Sem você 2"
(Chico Buarque)
7 - "Sou eu", com participação de Wilson das Neves
(Ivan Lins/Chico Buarque)
8 - "Nina"
(Chico Buarque)
9 - "Barafunda"
(Chico Buarque)
10 - "Sinhá", com part. especial de João Bosco
(João Bosco/Chico Buarque)
http://blogdoturiba.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html
Simone de Beauvoir
Escritora francesa
09/01/1908, Paris (França)
14/04/1986, Paris (França)
14/04/1986, Paris (França)
Do Banco de Dados da Folha
Beauvoir funda, com Sartre, o periódico Les Temps Modernes, em 1945
|
Simone Lucie-Ernestine-Marie-Bertrand de Beauvoir nasceu em Paris, em 1908. Forma-se em filosofia, em 1929, com uma tese sobre Leibniz. É nessa época que conhece o filósofo Jean-Paul Sartre, que será seu companheiro de toda a vida.
Em 1945, ela funda, com Sartre, o combativo periódico Les Temps Modernes.
Escritora e feminista, Simone de Beauvoir fez parte de um grupo de filósofos-escritores associados ao existencialismo - movimento que teria enorme influência na cultura européia de meados do século passado, com repercussões no mundo inteiro.
Em 1949 publica O Segundo Sexo, pioneiro manifesto do feminismo, no qual propõe novas bases para o relacionamento entre mulheres e homens. Os Mandarins é de 1954; nesse mesmo ano, Beauvoir ganha o prêmio Goncourt.
Em 1945, ela funda, com Sartre, o combativo periódico Les Temps Modernes.
Escritora e feminista, Simone de Beauvoir fez parte de um grupo de filósofos-escritores associados ao existencialismo - movimento que teria enorme influência na cultura européia de meados do século passado, com repercussões no mundo inteiro.
Em 1949 publica O Segundo Sexo, pioneiro manifesto do feminismo, no qual propõe novas bases para o relacionamento entre mulheres e homens. Os Mandarins é de 1954; nesse mesmo ano, Beauvoir ganha o prêmio Goncourt.
Simone de BeauvoirEla e Sartre visitaram o Brasil entre agosto e novembro de 1960; foram também a Cuba, recebidos por Fidel Castro e Che Guevara. Sempre tiveram marcada atuação política, manifestando-se contra o governo francês por suas intervenções na Indochina e na Argélia; contra a perseguição dos judeus durante a Segunda Guerra; contra a invasão americana do Vietnã e em muitas outras ocasiões.
Simone de Beauvoir morreu em Paris, em 14 de abril de 1986. Entre seus muitos livros, vale ressaltar O Sangue dos Outros (1945), Uma Morte Muito Suave (1964) e A Cerimônia do Adeus (memórias da vida com Sartre, 1981).
Spielberg e Katzenberg doam US$ 20 milhões para Academia de Hollywood
Cinema
Valor será para a construção de um museu destinado a preservar a história da cinematografia
Steven Spielberg durante a cerimônia do Oscar, em 24 de fevereiro de 2013 (Frederic J. Brown/AFP)
Steven Spielberg e Jeffrey Katzenberg doaram 10 milhões de dólares, cada um, para a Academia de Hollywood, responsável pela premiação do Oscar. O dinheiro é para a construção de um museu da instituição. Como reconhecimento à sua contribuição, as duas galerias principais do museu levarão o nome de Spielberg, diretor de E.T. - O Extraterrestre, e sua família, e Katzenberg, executivo-chefe do estúdio DreamWorks Animation, e sua mulher Marilyn. "Com estes generosos e incríveis presentes nos aproximamos do nosso objetivo de construir um museu para preservar a história da cinematografia e inspirar a próxima geração de cineastas", disse o presidente da campanha para a criação do Museu da Academia, Bob Iger.
A Academia de Hollywood lançou uma campanha em 2012 para arrecadar 300 milhões de dólares para o projeto. Segundo a organização, mais da metade do valor necessário já foi conseguido. "Estamos construindo o museu mais relevante do cinema no mundo e não posso imaginar que ele seja feito sem o apoio de dois dos líderes mais inspiradores de nossa indústria", disse o executivo-chefe da Academia, Dawn Hudson.
O Museu da Academia foi desenhado pelos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali e deve ser inaugurado no começo de 2017.
(Com agência EFE)
Tendência
Canadá inaugura primeiro caixa automático de bitcoins
Usuários podem trocar moeda virtual por dólares canadenses ou realizar pagamentos ao café por meio de transferência de bitcoins
Moeda virtual bitcoin (Divulgação)
Ao lado de um muro de um conhecido café em Vancouver, cidade da costa oeste do Canadá popular entre os empresários de internet, já se encontra em funcionamento o primeiro caixa automático da moeda virtual bitcoin. A máquina, fabricada pela empresa americana Robocoin, foi inaugurada na terça-feira e é parecida com um caixa eletrônico de banco. Ao invés das transações tradicionais, contudo, ela serve para trocar dólares canadenses por bitcoins, a moeda virtual criada em 2008 por um anônimo, conhecido apenas pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto.
Usuários fizeram fila diante do caixa, antes de recorrer aos smartphones para comprar bebidas e doces no café Waves. O caixa automático de bitcoins é o primeiro em seu estilo no mundo, segundo um de seus donos, Mitchel Demeter, um empreendedor local que começou a trocar bitcoins há alguns anos e, em 2013, inaugurou, com dois sócios, a Bitcoiniacs, uma casa de câmbio para esta moeda em Vancouver.
Demeter e os amigos dizem que viram na possibilidade de desenvolver os caixas eletrônicos uma oportunidade de negócios. "Ninguém tinha acesso a um caixa automático e todo mundo comprava e vendia em sites on-line", afirma o empreendedor. Os usuários têm um código, similar ao cartão bancário regular, para acessar sua conta na internet de bitcoins no caixa. Podem sacar o equivalente à moeda local com base em uma taxa de câmbio, que atualmente calcula um bitcoin por 200 dólares, ou depositar dinheiro em espécie. A transferência dos dólares é feita por meio do VirtEx, um sistema de transações monetárias na internet.
As pessoas podem usar os bitcoins com um smartphone, de maneira similar a que utilizariam um cartão de crédito, ou para comprar on-line. "É a moeda da internet, tão real como qualquer outra", explica Demeter. A volátil moeda ainda não foi regulamentada por nenhum governo no mundo e ganhou certa notoriedade por ter sido usada no tráfico de drogas. A Alemanha foi o primeiro país a declarar os bitcoins uma "moeda privada", um status que permite taxar transações. Em Vancouver, os bitcoins são aceitos por 15 estabelecimentos, de cafés a empresas de paisagismo. A moeda é cada vez mais comum em cidades como Berlim e São Francisco. Também é aceita por empresas de internet, como a plataforma de blogs Wordpress.
O empresário David Lowy usou o smartphone para transferir 0,01 bitcoin ao café Waves para pagar uma xícara de café, equivalente a 2 dólares canadenses. Um dos primeiros usuários do caixa foi Mike Yeung, estudante de negócios na Universidade Simon Fraser, onde ajudou a criar o clube universitário de bitcoin, uma das várias comunidades do tipo no mundo. "O objetivo do clube é educar as pessoas sobre o bitcoin para que possam introduzir a moeda em sua vida diária. Acredito que os bitcoins são o futuro, porque garantem máximo valor e eficiência", explicou Yeung. O estudante acredita que o bitcoin poderá ser usado para transferir dinheiro de forma econômica ao redor do mundo, como atualmente a internet permite a comunicação das pessoas entre locais distantes com aplicativos como o Skype.
(Com agência France-Presse
Mudança de regra de superávit pode sepultar (de vez) credibilidade do país
Contas públicas
Planalto tenta acordo com a base para aprovar, na quarta-feira, fim da regra que obriga União a arcar com o superávit de estados e municípios
Ana Clara Costa
Guido Mantega: mudança de regras de superávit deve ser aprovada nesta quarta (Ueslei Marcelino/Reuters)
O governo se movimentou de forma avassaladora nas últimas 48 horas para reunir apoio da base e viabilizar a votação do projeto de lei nº 01/13, que muda importante regra da política fiscal. Se aprovado, ele tira da União a obrigação de arcar com o superávit primário de estados e municípios caso ele não seja cumprido por estes entes da federação. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, se reuniu nesta terça-feira com a base e tentou viabilizar um acordo para que a matéria fosse votada ainda durante a noite. Contudo, a oposição conseguiu derrubar a votação, que deve ser postergada para quarta. “Vou trabalhar para derrubar o projeto na quarta-feira, também. Conseguimos apoio do PSDB e vamos até o fim contra isso”, afirmou ao site de VEJA o deputado federal Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara.
Superávit é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida. Em 2013, a meta de economia prevista é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – 110,9 bilhões de reais dos quais 38 bilhões correspondem ao superávit de estados e municípios. Com a proximidade do fim do ano e o iminente fechamento das contas, o governo se depara com uma dura realidade: não conseguirá cumprir a meta. Até setembro, o esforço fiscal feito pelo setor público consolidado é de 45 bilhões de reais. Isso significa que o governo central (formado pelo Banco Central, Previdência e Tesouro), estados, municípios e empresas estatais terão de economizar 66 bilhões até dezembro para conseguir cumprir a meta. O ministro Guido Mantega reconheceu que isso não vai acontecer. Daí a necessidade de mudar a regra do jogo durante a partida. "Eu sempre garanti que o governo central faria sua parte. Se os governos estaduais fizerem, nós alcançaremos. Se não, vai ser a diferença", afirmou Mantega, em coletiva no início do mês.
Questão de imagem - Ao tentar derrubar tal obrigação, a estratégia do Planalto é manter o superávit do governo central (que não inclui estatais, estados e municípios), e esquivar-se da obrigação de bancar o superávit que os governos locais não conseguirem cumprir. No fim das contas, trata-se de uma questão de quem responsabilizar: sem a regra, a culpa do não cumprimento recai sobre estados e municípios. Se a regra se mantém, o culpado do fracasso é do governo. Assim, de uma forma ou de outra, está claro que a meta não será cumprida. Para o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, a tentativa de mudança ocorre no pior momento. “Eles vão tentar aprovar isso na hora errada, quando a credibilidade está em xeque. Fica parecendo que o governo esqueceu-se que tinha de arcar com estados e municípios e, do dia para a noite, se lembrou”, afirma.
Velloso explica que a dificuldade que os estados e municípios encontram para cumprir a meta é causada, justamente, pelo governo. “Eles autorizaram que novas dívidas fossem contraídas por cidades e governos estaduais, sem pensar que isso impactaria no resultado fiscal de todos eles. Agora, depois de viabilizar o endividamento, muda as regras do jogo. A União sabia todo esse tempo qual era capacidade de estados e municípios de cumprir a meta”, afirma o economista.
Culpa da Europa - O dispositivo que atribui ao governo a obrigação de arcar com a parcela do superávit que não for cumprida por outros entes da federação foi criado pela própria presidente Dilma, num lapso de rigor fiscal, logo no início de seu governo. Contudo, segundo o texto do projeto de lei, assinado pela ministra do Planejamento Miriam Belchior, tal regra foi proposta “levando em conta um cenário macroeconômico em que não havia ainda a necessidade de ampliar investimentos do governo federal e promover uma política de desonerações tributárias abrangente”. Logo, a ministra informa que o cenário se inverteu devido à crise da Europa e dos Estados Unidos (jamais o culpado é um fator interno), fazendo com que a necessidade de investimento se ampliasse para estimular a economia, “sem comprometer os resultados fiscais e, particularmente, a continuidade da redução da trajetória dívida líquida/PIB”.
Quase lá - A chance de a mudança de regras ser derrubada pela oposição é pequena, já que um acordo foi costurado entre o governo e a base. A presidente Dilma fez, pessoalmente, um apelo a deputados e senadores em favor do projeto de lei. Eduardo Braga, líder do PMDB na Câmara, disse que o partido, que tem a maior bancada, não vai se opor. O senador Lobão Filho (PMDB-MA) também defendeu a aprovação da proposta. “A questão do aval do governo é de uma época passada. Hoje, cada município e cada estado tem que ser responsável pelo seu empréstimo. Não pode colocar o governo federal para pagar a diferença de quem não puder pagar”, afirmou à agência Senado.
A mudança, contudo, entrará para o leque de fatores de deterioração fiscal que as agências de classificação de risco deverão analisar para decidir pelo rebaixamento (ou não) da nota do Brasil. A contabilidade criativa e os repasses do Tesouro a bancos públicos foram os principais alvos de crítica das agências, quando rebaixaram a perspectiva do Brasil para o patamar negativo. Agora, como não há mais espaço fiscal para ‘inovações’ contábeis, a mudança de regras surge como alternativa solitária. Para tentar atenuar os efeitos da provável nova regra, a presidente Dilma firmou, nesta terça, um pacto fiscal com a base para que nenhum projeto que onerasse o governo ou reduzisse arrecadação fosse aprovado até o fim do ano. A presidente usou até mesmo o Twitter para avisar sobre a ‘boa nova’. "Firmamos um pacto pela responsabilidade fiscal no qual todos os líderes dos partidos se comprometeram a não apoiar projetos que impliquem aumento de gastos ou redução de receitas", escreveu. Resta saber quem se convencerá.
-
O trabalho ininterrupto gera diversas consequências físicas e psicológicas ao empregado. A exigência constante por produtividade faz com ...