sábado 13 2012

A escalada autoritária da Doida da Casa Rosada



Na VEJA.com:
A criatividade do governo de Cristina Kirchner em encontrar táticas para fiscalizar e impedir a entrada e saída de recursos da Argentina chegou a um patamar assustador. Segundo resolução publicada nesta sexta-feira no Boletín Oficial (similar argentino do Diário Oficial do União), as agências de turismo terão de apresentar ao governo uma ficha detalhada de todos os argentinos que viajam ao exterior. As declarações deverão ser juramentadas em cartório antes de serem enviadas ao órgão de controle de fluxo de capitais argentino, a AFIP (Administración Federal de Ingresos Públicos).
De acordo com o jornal argentino Clarín, as agências deverão informar ao governo os detalhes da passagem, hotéis, duração da viagem e até mesmo o valor que cada turista gastará durante sua viagem. A medida vale para agências e operadoras turísticas que atuam na Argentina. Após o envio da declaração, a medida prevê que caberá à AFIP decidir se permitirá ou não a compra de dólares para pagar a viagem. 
A medida deverá entrar em vigor no dia 5 de novembro, segundo informação adiantada pelo jornal El Cronista. O objetivo do governo argentino é estancar a saída de dólares que tem ocorrido por meio do turismo – e que já soma 5,5 bilhões de dólares em 2012.
Os argentinos continuam sem poder comprar dólares livremente. Para comprar passagens, estadias em hotéis ou qualquer tipo de passeio em moeda estrangeira, é preciso autorização do Banco Central argentino.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

“Haddad está virando, a cada dia, um pouco mais de José Dirceu”



Por Gustavo Porto, no Estadão Online:
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou nesta sexta-feira, 12, que o ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é o fundador no País do “esquema pega-ladrão” e que seu adversário na corrida à Prefeitura, o petista Fernando Haddad, é companheiro e camarada do político condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no caso do mensalão. “José Dirceu quando atacado, ataca o outro. Esse é o esquema do pega-ladrão, que ele fundou no Brasil; ele bate carteira, sai correndo e grita: ”pega-ladrão, pega-ladrão””, disse Serra, antes de visita ao Catavento Cultural e Educacional, na região central da capital paulista.
“O Haddad apenas está seguindo as lições de Dirceu, de quem é companheiro e camarada e a quem defende e considera inocente”, atacou o tucano. “Haddad está virando a cada dia um pouco mais do José Dirceu”, afirmou o candidato do PSDB.
(…)
Serra criticou, porém, a atuação do adversário no Ministério da Educação (MEC) e citou as investigações no Tribunal de Contas da União (TCU) que apontam indícios de fraude em licitações no sistema de segurança do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O que aconteceu com o Enem na gestão do Haddad é uma das maiores calamidades na história da Educação do Brasil. Ele não conseguiu fazer durante três anos o Enem e, além de fracassar rotundamente, há agora licitações viciadas e que são investigadas pelo TCU”, disse.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Mensalão – Os petistas são tão fabulosos que conseguem mentir quando dizem “sim” e quando dizem “não” a uma mesma pergunta



Os petistas e seus satélites na academia estão numa incrível bateção de cabeça. E, por incrível que pareça, dizem coisas opostas sobre um mesmo fato, e as duas versões têm o ânimo da mentira.
Um desses subintelectuais engajados jura em entrevista que o mensalão não tem a menor importância nas eleições, que a população está preocupada com outra coisa e tal e que a coincidência atrapalha a democracia. Deveria mandar um e-mail para Ricardo Lewandowski. Foi a sua demora em concluir a revisão que provocou a coincidência. Lula é da mesma opinião. O povo quer saber, diz ele, se o Palmeiras cai ou não para a segunda divisão.
Essa postura negacionista busca minimizar a importância do julgamento, num esforço para a imprensa mudar a pauta. A cada vez que se fala em mensalão, afinal, um bom grupo de brasileiros se lembra da natureza do PT e dos petistas. Negar a evidência é a primeira e a mais conhecida forma de trapaça intelectual.
Já Gilberto Carvalho, o secretário-geral da Presidência, faz o contrário, mas com o mesmo intuito. Este considera que o mensalão atrapalhou, sim, o desempenho do PT nas urnas porque aderiu àquela corrente que, no fundo, considera o julgamento um golpe contra o partido. No mundo dessa gente, esse julgamento jamais teria acontecido. Também é uma trapaça porque procura dar àquilo que é normal na democracia — o Judiciário julgar!!! — o peso de um ato de exceção.
Vejam que coisa: os petistas conseguem mentir quando dizem “sim” e quando dizem “não” a uma mesma pergunta.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mensalao-os-petistas-sao-tao-fabulosos-que-conseguem-mentir-quando-dizem-sim-e-quando-dizem-nao-a-uma-mesma-pergunta/

Professor Luizinho, o chefe do Zé Linguiça, critica o tribunal que o absolveu! Ele tem razão em parte: eu o teria condenado!



Petistas, está dado, não aprendem nada nem esquecem nada. A Folha deste sábado traz uma entrevista com Luiz Carlos da Silva, o “Professor Luizinho”, ex-líder do governo na Câmara, que recebeu R$ 20 mil do valerioduto. Era acusado de lavagem de dinheiro. Na defesa, o advogado do réu afirmou que seu cliente nem mesmo sabia do dinheiro e que o saque fora feito por um assessor seu, o Zé Linguiça.
Pois bem! O petista concede hoje uma entrevista à Folha. Para lavar a alma, diz, só falta uma coisa: a vitória de Fernando Haddad em São Paulo. Leiam alguns trechos, que comento:
(…)
O sr. está decepcionado com as condenações?No caso do Genoino, do Dirceu, do João Paulo Cunha. Para mim, de verdade, acho que teve mudança na jurisprudência para poder garantir que eles pudessem ser condenados. Comigo, a falta de provas possibilitou que eu tenha esse resultado. Genoino tem razão de estar abatido. Não é possível uma pessoa que teve sua vida em risco para garantir que o Brasil tivesse a democracia plena que está vivendo hoje ser cassado, condenado. Nesse processo de democracia, da forma como foi feito, com pressão da imprensa, da oposição, é uma violência. Respeito a decisão do Supremo, mas querer que eu concorde com ela? Não posso, com ela não vou concordar nunca. Temos processos anteriores em que pessoas foram inocentadas porque se adotou outro caminho.
Comento1: É um pensador! Notem que ele está decepcionado só com a condenação dos petistas — para os réus dos outros partidos, ele não dá bola. Como foram condenados por corrupção passiva, o “Professor Luizinho” queria passivos sem… ativos!
2: Então Genoino pôs a vida em risco em nome da democracia? É mesmo? Quer dizer que a guerrilha do Araguaia, comandada pelo PCdoB, queria democracia no país? Segundo o próprio partido, o objetivo era instaurar a ditadura comunista.
3: Luizinho quer uma democracia sem “pressão da imprensa e da oposição”. Luizinho quer, em suma, uma ditadura como a coreana ou a cubana, onde não há imprensa e oposição que pressionem.
4: O petista, como a gente vê, acha que o tribunal é ruim quando condena os companheiros e correto quando o absolve. É a cara do seu partido. Corolário: tribunal bom é que o que absolve os amigos e condena os inimigos.
A princípio, o julgamento parece não ter afetado o desempenho do PT nas urnas?O povo acompanhou esse processo diuturnamente, mas o povo percebeu que tinha coisas estranhas. Tem um pouco daquele sentimento semelhante daquela coisa, da mulher, da namorada, que possui um sexto sentido. O povo possui esse sexto sentido. Está percebendo: “Tá muito carregado isso aqui”.
Então a população deu um voto de confiança ao PT?O povo pensa: “Um partido que nos tira de situação de desencontro, que honra, que pode não ter feito tudo na intensidade que queria, mas que fez, que demonstrou que tentou fazer, que está fazendo”. No governo Lula, é inegável a revolução, do miserável que deixou de ser miserável, dos pobres que deixaram a ser pobres. O povo pensa: “Não é possível”. É o sexto sentido do povo, dá nisso.
A fala de Luizinho é uma glossolalia meio sem sentido, mas dá para entender aonde ele quer chegar: a população, satisfeita com o governo, estaria, na verdade, dando apoio aos mensaleiros em razão da gestão bem-sucedida (segundo ele) do PT. Ou por outra: um governo popular pode corromper e ser corrompido. O povo, como as mulheres, teria um sexto sentido… Bem pensado, faz uma avaliação depreciativa do povo e das mulheres. E foi adiante:
“Na oposição há uma elite rancorosa com o PT, que não aceita que o operário tenha conseguido fazer. Ou não tinham vontade ou competência. Ou é inveja mesmo. Para que minha alma possa ser lavada plenamente do ponto de vista pessoal, neste momento, é garantir os segundos turnos. A vitória, que isso aí ajuda a lavar nossa alma.”
O PT, está claro, tentará usar uma eventual vitória em São Paulo para voltar à sua tese original: o mensalão não existiu, e tudo não passou de uma tramoia da “oposição rancorosa”, aquela mesma que não pediu o impeachment de Lula, embora tivesse motivos para isso…. Impressionante! O membro de um partido que corrompeu e se deixou corromper ataca a oposição pela sem-vergonhice patrocinada e praticada por seus companheiros.
O chefe do Zé Linguiça é um verdadeiro açougueiro da história.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

O PT, o mensalão e a eleição em SP: Petistas agora sustentam que o povo também é corrupto



Escrevi na segunda-feira um afirmando que os petistas são tão fabulosos que conseguem mentir quando dizem “sim” e quando dizem “não” a uma mesma pergunta. A que me referia? À tal influência do “mensalão” nas eleições. Um sedizente intelectual, esbirro da legenda (embora se finja de independente), concedeu uma entrevista declarando a irrelevância do escândalo. Adotando o mesmo juízo de Lula, só que com linguagem mais sofisticada e hipócrita, assegurou que os eleitores estão preocupados com outros assuntos. No mesmo dia, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, sustentou o contrário: o julgamento do Supremo, segundo ele, prejudica, sim, o PT. Um disse “não” porque não quer o mensalão como uma marca do PT; o outro diz “sim” porque quer que outros acreditem na fantasia de que tudo não passa de uma tentativa de golpe contra o partido.
Muito bem! Divulgadas as primeiras pesquisas sobre o segundo turno em São Paulo, a turma do “sim” e a do “não” se uniram para sustentar uma terceira versão, ainda mais vigarista do que as outras duas. Como Fernando Haddad larga na frente tanto no Datafolha como no Ibope, asseguram que o mensalão interfere, sim, na disputa, MAS A FAVOR!!! Para os petistas, a eventual eleição de Fernando Haddad em São Paulo seria uma espécie de “resposta” dos eleitores ao Supremo Tribunal Federal, à “mídia” (que é como eles chamam a imprensa) e às oposições.
Não é do balacobaco? Quando Haddad estava numa situação apertada, Lula, por exemplo, dizia que o povão queria mesmo era saber se o Palmeiras passaria para a segunda divisão. Agora que aparece numa situação confortável, tanto ele como Zé Dirceu inverteram a lógica anterior: não só aquele mesmo povo estaria ligado no julgamento do mensalão como teria decidido fazer o que o STF não fez: absolver os mensaleiros. É asqueroso! E mentiroso também.
Este blog e o tempoVocê quer ver, leitor amigo, como é bom pensar com fundamento e princípio? Entre outras coisas, serve para que a gente não passe vergonha e possa responder por aquilo que escreveu — ou, então, o articulista tem de explicar por que mudou de ideia. Esta página tem milhares de leitores, em número, felizmente, crescente, porque, acho eu, o internauta encontra aqui coerência. Chegou a hora de LEMBRAR O publicado no dia 6 de setembro de 2006. Vale a pena reler um trecho (em azul):
Um novo refrão anda “nas cabeças, anda nas bocas”, poderia dizer o lulista Chico Buarque: a possível reeleição do presidente absolve os petistas de todos os seus crimes. As urnas fariam pelo PT o que o ditador soviético Josef Stalin fez por si mesmo: apagar a história. É um embuste. A vantagem do presidente se deve à economia, à inépcia e inapetência das oposições, às políticas assistencialistas, tornadas uma eficiente máquina eleitoral, e à ignorância, agora a serviço do tal “outro mundo possível”. O povo é, sim, um tipinho suspeito, mas não vota para livrar a cara dos marcolas da ideologia.
O voto do ignorante vale menos? Não. Mas também não vale mais. Nem muda a natureza das instituições. E não absolve ninguém, tarefa que continuará a ser da Justiça. A vacina contra o autoritarismo virótico de quem pretende cair nos braços do povo para ser absolvido de seus crimes está em Origens do Totalitarismo, da pensadora judia-alemã Hannah Arendt. Aprende-se ali que não devemos permitir que os inimigos da democracia cheguem ao poder, negando-nos, uma vez lá, em nome dos seus princípios, as liberdades que lhes facultamos em nome dos nossos.
A tese da absolvição serve ao propósito de pautar a imprensa com uma agenda virtuosa. O programa de governo do PT prevê, diga-se, o incentivo oficial à “mídia independente”. Em lulês, significa financiar, com o dinheiro dos desdentados, a sabujice disfarçada de jornalismo.
(…)
Volto a outubro de 2012Não sei se Haddad será eleito. Como é óbvio, torço para que não seja. Já expus os motivos aqui dezenas de vezes. Caso isso aconteça, no entanto, nem está provada a irrelevância do mensalão (e já digo por quê) nem está evidenciada, claro!, a suposta resposta do “povo” àqueles que, seguindo a Constituição e as leis, condenaram os criminosos petistas que promoveram o mensalão.
O que explica a derrota vexaminosa do PT em Recife e Belo Horizonte, por exemplo? Ou o fato de o PT ter disputado 17 capitais com cabeça de chapa e ter vencido no primeiro turno em apenas uma? Os motivos principais, sabem os sensatos, estão ligados à política regional, até porque o tema “mensalão” quase não foi mencionado naqueles confrontos. Se a eventual eleição de Haddad em São Paulo significar uma resposta do povo ao Supremo e às oposições, dever-se-á concluir, então, que a derrota do PT na capital de Pernambuco e na de Minas terá significado uma resposta aos mensaleiros? Ou será que os paulistanos teriam especial admiração por delinquentes políticos?
Um dia antes da eleição, escrevi um afirmando que as urnas iriam demonstrar o que, de resto, já se sabia: Lula não é Deus, e não basta ele mandar para o povo obedecer. Não foi obediente em Recife, em Belo Horizonte e em muitos outros lugares. Resistiu, é bom notar, mesmo na capital paulista. O desempenho de Haddad no primeiro turno não é algo de que o petismo deva se orgulhar, não é?
Mas influi ou não influi?Mas, afinal, o mensalão influi ou não no resultado das urnas? O Da tafolha tentou medir o impacto do escândalo no desempenho de Haddad em São Paulo. Concluiu que 10% dos paulistanos deixavam de votar no petista por causa disso. Para ser sincero, tendo a desconfiar enormemente dessas medições. Parece-me uma tentativa de quantificar o imponderável. Acho, no fim das contas, a pergunta errada.
INTERFERE NA ELEIÇÃO AQUILO QUE OS CONCORRENTES NUMA DISPUTA CONSEGUEM TORNAR TEMAS INFLUENTES, AQUILO QUE PASSA PELO PROCESSO DE POLITIZAÇÃO. Em 2006 e 2010, temerosas da popularidade de Lula, as oposições deixaram o mensalão de lado, além de terem ignorado outras mazelas do governo. Logo, não teve peso nenhum!
Eu estou entre aqueles que acreditam que a política é um bom lugar para fazer… política! Isso a que se chamou “mensalão” é mais do que uma simples união de larápios para roubar os cofres públicos. É um método de conquista do estado. É possível tornar isso compreensível ao eleitor não especialista? Não só acho que é como considero necessário fazê-lo. Mais ainda: trata-se de uma obrigação daqueles que se opõem ao PT. É claro que uma campanha não deve se estruturar apenas em torno desse tema. A biografia de homem público de Haddad, por exemplo, está para ser desvendada. Até agora, o eleitor só teve acesso à versão edulcorada pelo petismo. Falta submetê-la aos fatos. Suas escolhas à frente do Ministério da Educação têm de ser debatidas e esmiuçadas.
ConcluindoÉ o eleitor, soberano, quem decide se o mensalão interfere ou não no seu voto. Cumpre a quem enfrenta o PT oferecer a sua narrativa daqueles eventos. Qualquer que seja, no entanto, a decisão do eleitorado, uma coisa é certa: ele pode condenar ou absolver os políticos, no máximo, com o seu voto. Já o julgamento do STF, esse não há urna que mude. José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares são corruptores, e Fernando Haddad é expressão do partido que tentou, segundo vários ministros do STF, dar um golpe nas instituições.
É uma obrigação política e moral da oposição deixar isso claro.
E arremato: sustentar que a eventual vitória do PT significaria a absolvição dos mensaleiros corresponde a afirmar que o povo também é corrupto.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Participação dos pais vale mais que boa escola, diz estudo(veja)


Pesquisa

Pesquisa reafirma posição de que família tem papel decisivo no desempenho acadêmico dos filhos. Mas atenção: qualidade da escola também importa

As boas escolas ensinam, mas só quem pode educar para a vida são os pais
As boas escolas ensinam, mas só quem pode educar para a vida são os pais (Photoalto/Getty Images )
Um estudo divulgado nesta semana reforça o conceito de que o ambiente familiar é determinante no desempenho escolar de crianças e jovens. De acordo com a pesquisa, realizada pela Universidade da Carolina do Norte, estudantes que frequentam escolas fracas mas são acompanhados de perto pelos pais obtêm desempenho superior ao de crianças matriculadas em boas escolas cujos pais pouco conhecem suas atividades acadêmicas.
O estudo contou com a participação de 10.000 jovens de 18 anos. Os cientistas avaliaram primeiramente o papel das famílias: o quanto os pais confiavam em seus filhos, o grau de envolvimento deles nas atividades escolares, com que frequência checavam os deveres de casa do filho e se costumavam comparecer a eventos escolares. Em um segundo momento, as instituições de ensino foram avaliadas segundo a qualidade de seus professores, o conceito que os alunos têm da escola, a variedade de atividades esportivas e extracurriculares e a frequência com que são reportados casos de bullying e outros tipos de abuso. Posteriormente, os resultados foram cruzados com o desempenho escolar de cada um dos estudantes em matemática, leitura, ciência e história.
"Os resultados apontam que o ambiente familiar influencia mais no sucesso acadêmico do que o ambiente escolar", diz Toby Parcel, professora de sociologia e uma das autoras do estudo. "Não estamos sugerindo que a qualidade da escola seja totalmente desprezível, mas queremos alertar para a importância dos pais no processo educativo", diz Parcel.
Para os autores da pesquisa, os pais devem estar conscientes de que investir tempo e dinheiro em um escola de ponta pode não ser o suficiente para garantir o sucesso dos filhos. "Ao acompanhar o dever de casa ou ir às reuniões escolares, os pais mostram aos pequenos que a escola é importante para toda a família e precisa ser levada a sério", diz Parcel. 
O estudo foi publicado na edição mais recente do periódico Research and Social Stratification and Mobility e reafirma as evidências de que a família é fundamental no sucesso acadêmico de um indivíduo. Já está provado que pais leitores criam filhos leitores e quanto mais os responsáveis se envolvem com a escola, mais comprometida a criança é com seus afazeres acadêmicos. É sabido também que os pais não precisam dominar todo o conteúdo que é ensinado pela escola: ainda que não tenham frequentado os bancos escolares, eles podem estimular as crianças a se dedicarem aos deveres com afinco.
A pesquisa deixa claro, contudo, que uma boa escola também importa no processo de formação acadêmico das crianças. Mais do que isso: é fundamental.

Mensalão vira game, com Barbosa atirando em Dirceu(veja)


OP Games

Título para Facebook coloca ex-presidente Lula como "convidado especial"

Em jogo criado por jovens do Rio de Janeiro, Barbosa luta contra os acusados no mensalão
Em jogo criado por jovens do Rio de Janeiro, Barbosa luta contra os acusados no mensalão (Reprodução)
O processo do mensalão serviu de inspiração para jovens proprietários de uma empresa de games do Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira, os proprietários da PlayerUm colocaram no ar um jogo virtual em que o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, é o personagem principal. O game já teve mais de 5.000 jogadores cadastrados no Facebook e a meta dos criadores é superar a marca de 100.000 acessos.
"A gente está sempre ouvindo que jovem não liga para o mensalão, para a política. Fizemos esse jogo para mostrar que jovem tem sua voz e não está satisfeito com o que temos na política", disse Rubens Blajberj, um dos sócios da empresa PlayerUm.
O jogo, chamado de "A batalha do Mensalão" segue a lógica do clássico Space Invaders, game dos anos 1970 em que o jogador tinha de matar alienígenas invasores. Na versão, o jogador controla o relator atirando contra o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério. Dirceu e Genoino valem 50 pontos, enquanto Valério e Delúbio valem 10 pontos.
Existem ainda outros dois personagens no game. O ex-presidente Lula passa por cima da tela cercado por interrogações. "O Lula é um convidado especial, afinal, ele não sabe de nada", brinca Rubens. Quem conseguir acertar o ex-presidente ganha 1.000 pontos. O outro personagem é o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, que votou pela absolvição de Dirceu e Genoino. Sua função no jogo é atrapalhar Barbosa.
Confira o game aqui.
Reprodução
O ministro deve acertar os mensaleiros. Lula vale 1.000 pontos.
O ministro deve acertar os mensaleiros. Lula vale 1.000 pontos.
(Com Agência Estado)

"O ambiente digital está alterando nosso cérebro de forma inédita", diz neurologista britânica

Susan Greenfield, neurocientista da Universidade de Oxford
Susan Greenfield, neurocientista da Universidade de Oxford - Ivan Pacheco













Cérebro

Susan Greenfield, especialista em fisiologia cerebral, diz que estamos cada dia mais dependentes de redes sociais e videogames e prevê um futuro sombrio para os "nativos digitais", geração que passará a vida inteira online

Jones Rossi

Para a neurocientista britânica Susan Greenfield, o admirável mundo novo da internet e das redes sociais não é tão admirável assim. Videogames e redes sociais estão, na visão dela, criando uma nova geração – a de "nativos digitais" – que vai passar a maior parte de sua vida online. E isso não é bom, segundo ela. "As crianças que estão crescendo agora nesse ambiente do ciberespaço, não vão aprender como olhar alguém nos olhos, não vão aprender a interpretar tons de voz ou a linguagem corporal", disse em entrevista ao site de VEJA, concedida em sua passagem pelo Brasil para falar na Conferência Fronteiras do Pensamento, em São Paulo e Porto Alegre. 
Susan, de 52 anos, autora de livros como The Private Life of the Brain (A Vida Privada do Cérebro, sem edição no Brasil), afirma que há um grande risco de as pessoas passarem a viver suas vidas exclusivamente em ambientes virtuais. "Um estudo americano, de 2010, mostrou que mais da metade dos adolescentes entre 13 e 17 anos gastava mais de 30 horas por semana na internet. São quatro ou cinco horas por dia não andando na praia, não dando um abraço em alguém, não sentindo o sol no rosto, não subindo em uma árvore, não fazendo todas as coisas que as crianças costumavam fazer."
Outra comparação feita pela neurocientista, que também é professora de Farmacologia na Universidade de Oxford, é entre as redes sociais e a indústria do cigarro. De acordo com ela, assim como as produtoras de tabaco negavam o poder viciante do cigarro, o mesmo ocorre hoje com as companhias que lucram com o uso das redes sociais e videogames. "É preciso admitir que existe um problema", diz ela, citando estudos que relacionam a utilização intensiva de redes sociais com a liberação de substâncias estimulantes no cérebro.
Apesar de enxergar com pessimismo um mundo em que estejamos conectados a maior parte do tempo, Susan diz que não adianta proibir crianças e adolescentes de usar videogames e redes sociais. "É preciso oferecer um mundo tridimensional mais interessante para eles." 
A  internet afeta o cérebro? Todos estão interessados em saber como as tecnologias digitais, especialmente a internet, afetam o cérebro. A primeira coisa a saber é que viver afeta o cérebro. O cérebro muda a todo instante de nossas vidas. Tudo que é feito durante o dia vai afetar o cérebro. A razão disso é que o cérebro humano se desenvolveu para se adaptar ao ambiente, não importando qual fosse esse ambiente. É interessante notar que agora o ambiente é muito diferente, de maneira sem precedentes. 
Como a imersão num ambiente virtual pode afetar o cérebro? Há várias perguntas diferentes a serem respondidas. Eu acho que há três grupos abrangentes. O primeiro é o impacto das redes sociais na identidade e nos relacionamentos. O segundo é o impacto dos videogames na atenção, agressividade e dependência. E o terceiro é sobre o impacto dos programas de busca no modo como diferenciamos informação de conhecimento, como aprendemos de verdade. É claro que há muitos estudos que ainda precisam ser feitos, mas certamente há cada vez mais evidências sobre aspectos positivos e negativos. Por exemplo, já foi demonstrado que jogar videogames pode ser similar a fazer um teste de QI. Pode ser que o aumento de QI visto em alguns testes aconteça graças à repetição de uma certa habilidade ao jogar videogames. Agora, só porque vemos um aumento de QI em quem joga videogames não quer dizer que haja um aumento de criatividade ou capacidade de escrita. Também se sabe, por alguns estudos, e por exames de imagem, que os videogames aumentam áreas do cérebro que liberam dopamina. Também sabemos que, em casos extremos, nos quais as pessoas gastam até 10 horas por dia na frente da tela, existe uma forte correlação com anormalidades em exames cerebrais. Como costumamos dizer, uma andorinha só não faz verão. Então é importante fazer mais estudos. Isto não é definitivo, em se tratando de ciência nada é definitivo, por isso é importante começar a fazer pesquisa básica porque, até agora, está claro que coisas boas e coisas ruins estão acontecendo de um modo que não haviam acontecido em gerações passadas.
Existe um limite de tempo seguro para navegar na internet? É claro que muitos pais já me perguntaram: 'com que frequência meus filhos devem usar a internet? Até quando é seguro?' O que acontece na Inglaterra, acho que aqui também, é que alguns pais falam para os filhos 'façam uma pausa a cada 10 minutos'. Mas eu não conheço ninguém que no meio do jogo pensa 'está na hora da minha pausa de 10 minutos'. Minha sugestão é agradar as crianças, em vez de dizer 'você só jogar por uma ou duas horas, ou você simplesmente não pode jogar.' Não seria melhor se a criança decidisse sozinha que não quer jogar? E por que eles fariam isso? Porque o que você vai oferecer a ele é muito mais excitante, muito mais agradável, muito mais interessante, do que esse jogo. É um desafio, mas o que temos que fazer é tentar pensar em maneiras, não tentar negar a tecnologia. Nós podemos, na nossa sociedade maravilhosa, com toda essa tecnologia, com todas as oportunidades que temos, dar aos nossos filhos um mundo tridimensional interessante para viver.
Há quem associe o aumento da incidência do transtorno de déficit de atenção e da hiperatividade (TDAH)  ao uso da internet pelas crianças. Essa ligação faz sentido?Está havendo um crescimento alarmante de TDAH. Sabemos que a prescrição de drogas como ritalina, usadas para TDAH, triplicaram, quadruplicaram nos últimos 10 anos. É claro que isso é muito. A condição pode estar sendo mais diagnosticada ou pode ser que os médicos estejam prescrevendo mais os remédios. Há, porém, outro fator importante: a causa pode ser as tecnologias digitais. 
Por que culpar a internet e não a TV, por exemplo? Algumas pessoas dizem que a TV é a mesma coisa que a internet. Mas já se mostrou que não é o caso. Há uma grande diferença para o que fazemos na internet, que é altamente interativa e também tende a ser mais estimulante. Nós também sabemos que, quando se joga videogame, uma substância química no cérebro relacionada com o estímulo, chamada dopamina , é liberada. O que é interessante é que, quando se toma ritalina, a dopamina também é liberada. Então, agora as pessoas estão pensando que talvez as crianças estejam viciadas em videogames. E estão medicando essas crianças porque elas teriam TDAH, e estão fazendo, embora não façam ideia, com que haja mais dopamina no cérebro. Então certamente há uma ligação entre TDAH e videogames, mas precisamos entender mais sobre os mecanismos cerebrais para entender como isso funciona.
Como a senhora acha que a geração atual será no futuro? É interessante pensar no caráter, nas aptidões da próxima geração, os cidadãos da metade do século 21. Eu acho que haverá coisas boas e coisas ruins. Imagino quetalvez eles tenham um QI maior e uma boa memória. Acho também que eles correrão menos riscos que nossa geração – isso pode ser tanto bom quanto ruim. Por um lado, ninguém quer pessoas que nunca se arriscam, que são excessivamente precavidas, mas, por outro lado, também não queremos pessoas inconsequentes. Infelizmente, também acho que essa geração terá um senso de identidade mais frágil, menos empatia, menos concentração, e podem ser mais dependentes ao viver o "aqui e agora" em vez de ter um passado, presente e futuro. Talvez eles fiquem mais presos ao presente. 
Por que o senso de identidade seria menor? Até recentemente, em muitas partes do mundo, os seres humanos tinham preocupações mais imediatas, como sobreviver, se manter aquecido, não ter dor, não viver com medo e ter onde se abrigar. Essas questões eram as mais importantes quando se era um adulto. Mas agora a tecnologia, em sociedades mais privilegiadas, como o Brasil e a Grã-Bretanha, está permitindo que a população, pela primeira vez na história, viva muito mais e tenha uma vida saudável. Uma criança tem, agora, uma em três chances de viver mais de 100 anos. Então o que fazer com esse tempo? Essa é uma pergunta que não se fazia no passado porque as pessoas morriam de doenças ou estavam preocupadas com outras coisas. Mas agora é factível presumir que as pessoas não saberão o que fazer com a segunda metade de suas vidas, após seus filhos estarem criados. Se elas estiverem saudáveis, em forma, mentalmente ágeis, não poderão simplesmente jogar golfe todo dia, ou sudoku. Acho que uma das grandes questões para eles será fazer perguntas que tradicionalmente apenas adolescentes fazem: "Quem sou eu? Qual é o sentido da vida? Para onde estou indo? Qual o propósito disso tudo?" Na minha opinião, isto pode ajudar a explicar por que, de uma maneira engraçada, Facebook e Twitter são tão populares. 
Por quê? As pessoas têm um senso integral de identidade. De repente elas se sentem importante porque gente ao redor do mundo está se comunicando com elas, comentando o que elas disseram. Então, este tipo de pessoa, que no passado vivia em uma comunidade local, e tinha uma identidade dentro daquela cultura, dentro daquele país, agora tem uma presença global, mas que é construída externamente. Não é real. É como em uma ocasião na qual estava em um café da manhã com Nick Clegg (vice-primeiro-ministro da Grã-Bretanha) e tinha uma mulher perto de mim tão ocupada contando a todo mundo que ela estava tendo uma café da manhã com Nick Clegg que nem conseguiu prestar atenção ao que ele estava dizendo. Ela só ficava tuítando o tempo todo: "café da manhã com Nick Clegg". Eu vi um filme com duas meninas conversando dentro de um carro e uma pergunta para a outra: "Como você se sente dentro deste carro?" Ela não responde "estou triste" ou feliz ou animada, nada disso. Ela diz: "o carro é digno de um post no Facebook." 
Por que isso é preocupante? A partir disso eu infiro que as pessoas estão construindo uma identidade no ciberespaço que em boa parte é formada pela visão das outras pessoas. Existe um site chamado KLOUT. Se você entrar nesse site, ele te diz o quão importante você é, te dá um número chamado Klout Score. Klout, em inglês, significa importante. As pessoas pagam para ver qual é a sua pontuação e para aumentá-la. Eu acho interessante essa tendência de que mesmo que você sinta-se muito importante, muito conectada, você se sente insegura, tenha baixa autoestima, sinta-se constantemente inadequada. Existe um livro muito bom escrito por Sherry Turkle chamado Alone Together - Why We Expect More From Technology and Less From Each Other (algo como "Juntos sozinhos - Por que esperamos mais da tecnologia e menos de cada um de nós", lançado em janeiro, ainda sem editora no Brasil). Ela disse: "bizarramente, quanto mais conectado você está, mais você está isolado." 
Hoje, entretanto, a maior parte das pessoas continua levando suas vidas normalmente, fora do ciberespaço, e apenas uma pequena parte dentro dele. Isso se inverterá no futuro? A maioria das pessoas dirá que, se tirarmos um instantâneo da sociedade hoje, um monte de pessoas está vivendo normalmente e feliz em três dimensões. Elas têm amizades saudáveis e gostam de estar no Facebook e no Twitter. Com certeza, é apenas uma minoria de pessoas que gastam até 10 horas por dia em frente do computador. Porém eu acho esse tipo de argumento problemático porque é solipsista — você está argumentando a partir do seu ponto de vista. Já falei várias vezes com jornalistas, que geralmente são de meia-idade e de classe média, e dizem que usam isso e aquilo e é fantástico. Às vezes sou criticada porque não estou no Facebook, não estou no Twitter, e mesmo assim estou comentando a respeito. Eu respondo que, mesmo se eu estivesse me divertindo muito no Facebook, isso não quer dizer que todos sejam como eu ou que vão usar do mesmo modo que eu uso, ou que vão ter o mesmo tipo de amizades que eu tenho.  
O uso então é exagerado? Eu acho que precisamos olhar para as estatísticas em vez de apenas levar em conta as impressões pessoais ou os meios de comunicação. De acordo com as estatísticas, os chamados nativos digitais, gente que nasceu após 1990, apresentam níveis de uso alarmantes. Por exemplo, um estudo americano, de 2010, mostrou que mais da metade dos adolescentes entre 13 e 17 anos estavam gastando mais de 30 horas por semana na internet. O que me chama atenção não são as 30 horas, mas o que vai além disso. Isso significa que pelo menos quatro ou cinco horas por dia em frente ao computador. O problema com isso é que, não importando o quão fantásticas ou benéficas sejam as redes sociais — vamos dizer que sejam 100% maravilhosas — ainda são quatro ou cinco horas por dia não andando na praia, não dando um abraço em alguém, não sentindo o sol no rosto, não subindo em uma árvore, não fazendo todas as coisas que as crianças costumavam fazer. Acho que devemos prestar atenção a essa questão. Acho também que podemos comparar o que acontece hoje com o momento do anos 50 quando as pessoas começaram a mostrar uma relação entre o câncer e o cigarro. A indústria do tabaco foi hostil a essa descoberta, tentou negar e insistir que fumar não era viciante. E se você tem um grupo de pessoas se divertindo e outro grupo fazendo dinheiro com isso, esse é um círculo perfeito. A primeira coisa a fazer quando pensamos na relação entre os jovens e a internet é reconhecer que talvez aí exista um problema.
Não se trata de excesso de zelo? Existem outras questões também. Há uma grande diferença entre os chamados "imigrantes digitais", pessoas como eu e possivelmente pessoas como as que estão lendo essa entrevista e que tiveram uma educação convencional, cresceram lendo livros, tendo relações apropriadas, em três dimensões, e as crianças que estão crescendo agora, recebendo um comando evolucionário para se adaptar ao meio ambiente. Se esse ambiente é incessantemente o ciberespaço, elas não vão aprender como olhar alguém nos olhos, elas não vão aprender a interpretar tons de voz ou a linguagem corporal. Elas não vão aprender como é quando se toca alguém, se tem um contato físico. O que significa que, se alguém ficar cara a cara com alguém no mundo real será mais desagradável, mais agressivo, então as pessoas vão preferir se comunicar por meio das telas. Já é o caso da Grã-Bretanha, não sei como é aqui no Brasil. Escritórios se tornaram locais bastante silenciosos, porque, em vez de conversarem entre si, as pessoas preferem enviar mensagens. Outro problema que, acho eu, mostra uma tendência, é um fantástico aplicativo — é fantástico que as pessoas paguem por isso. São dois, na verdade. Um deles se chama Self Control (Auto controle). O outro se chama Freedom (Liberdade). Você paga para que eles não o deixem usar a internet obsessivamente. Eles desligam seu computador a cada 50 minutos ou a cada hora. Por que as pessoas deveriam pagar por algo que elas mesmas poderiam fazer facilmente, a menos que estejam obcecadas ou tenham se tornado dependentes? Eu posso chegar para você e dizer que tenho uma maneira brilhante de ganhar dinheiro: você me paga para eu desligar seu computador para você. Você vai me dizer que estou louca.

Exposição a telas prejudica o desenvolvimento de crianças


Comportamento

De acordo com pediatra, crianças brasileiras até doze anos de idade passam entre 3,5 e 4,5 horas diárias em frente à televisão e a dispositivos digitais

Televisão e aparelhos digitais
Televisão e aparelhos digitais: Dos três aos doze anos, as crianças devem passar apenas uma hora diária em frente a telas (Thinkstock)
Um artigo publicado nesta segunda-feira no periódico britânico Archives of Disease in Childhoodindica a necessidade de restringir o tempo de exposição de crianças e adolescentes a aparelhos com telas, como televisões, computadores, videogames, tablets e até smartphones. O pesquisador Aric Sigman, autor do estudo, alerta para o fato de que, além de estarem passando cada vez mais tempo em frente a telas, as crianças são expostas a esse tipo de tecnologia cada vez mais cedo, aumentando o risco de problemas como o déficit de atenção.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Time for a view on screen time

Onde foi divulgada: periódico Archives of Disease in Childhood

Quem fez: Aric Sigman

Resultado: Analisando diversas pesquisas sobre exposição a televisão, computador, videogame, tablet e smartphone, ou seja, dispositivos com telas, Sigman concluiu que crianças e adolescentes estão passando cada vez mais tempo em frente a tais dispositivos e começam cada vez mais novos a entrar em contato com as telas. Esse processo acarreta diversos problemas de saúde e pode causar impactos negativos na cognição e habilidade psicossocial do indivíduo. A quantidade de horas de exposição a telas recomendada é, dos três aos doze anos, até uma hora diária. Até quinze anos, uma hora e meia e, acima dos dezesseis, duas horas.
No Brasil, os pediatras não recomendam a exposição de crianças a telas antes dos seis meses de vida. Já nos Estados Unidos, a recomendação é evitar a exposição antes de dois anos de idade. Sigman relata que, aos sete anos de idade, uma criança nascida hoje na Europa terá passado um tempo correspondente a um ano, 24 horas por dia, olhando para telas. Aos dezoito anos, já serão de três anos inteiros.  De acordo com Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital São Luiz, as crianças brasileiras de zero a doze anos passam, em média, entre 3,5 e 4,5 horas diárias em frente a uma tela, levando em consideração os diversos dispositivos mencionados.
Déficit de atenção — O artigo, que reúne resultados de diversos estudos sobre o assunto, mostra que o tempo passado em frente às telas traz riscos à saúde que vão além dos perigos do comportamento sedentário. "Um tempo de exposição prolongado eleva os riscos à saúde independentemente do nível de exercícios moderados a intensos que a pessoa realiza diariamente", afirma Sigman na pesquisa.






Outras pesquisas citadas por Sigman ligam a exposição a transtornos de atenção. "Um estudo com 2.623 crianças mostrou que aquelas que assistiram à elevisão de zero a três anos tinham um aumento significativo no risco de desenvolver distúrbios de atenção aos sete anos de idade. Para cada hora diária assistindo à televisão, houve um aumento de 9% nos diagnósticos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)", diz o pesquisador.
"O brilho da tela pode prejudicar o desenvolvimento do bebê, causando transtornos oftalmológicos. O estímulo excessivo causado pelo brilho também pode causar maior irritabilidade e até transtornos do sono nas crianças”, afirma Marcelo Reibscheid.
Recomendações — Diante desses dados, Sigman aconselha que os pais imponham regras aos filhos, limitando o tempo que assistem à televisão e utilizam tecnologias digitais como computadores e videogames portáteis. A recomendação é, dos três aos doze anos, uma hora diária de exposição no máximo. Até quinze anos, uma hora e meia e, acima dos dezesseis, duas horas.
Ele também desaconselha a presença de telas no quarto das crianças e recomenda que informações sobre o assunto sejam incluídas nos materiais informativos oferecidos nas maternidades como uma forma de conscientizar os pais e incentivá-los a tomar atitudes que reduzam o tempo de exposição das crianças a telas. "Outro fator importante é dar o exemplo. O tempo que as crianças e seus pais passam em frente às telas está intimamente relacionado: crianças que vivem em casas em que há intenso hábito de assistir à televisão são mais propensas ao mesmo hábito em quantidade excessiva", diz Sigman.
Para Reibscheid, é importante incentivar as crianças a desenvolverem outros tipos de atividade, como a leitura e as brincadeiras longe das telas. "Os dispositivos acabam virando uma espécie de babá eletrônica para as crianças. É importante que os pais tenham mais tempo com elas e estimulem a prática de atividades físicas e a interação com outros adultos e crianças. Ninguém está dizendo que é proibido ver televisão ou ficar no computador, mas os pais precisam ter o controle e restringir as horas diárias de exposição", alerta o pediatra.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/exposicao-a-telas-prejudica-o-desenvolvimento-de-criancas

40% das crianças obesas abandonam tratamento


São Paulo

Levantamento mostra ainda que jovens não apresentam melhoras nos fatores de risco associados ao excesso de peso

Obesidade: 40% das crianças obesas atendidas por ambulatório em SP não dão continuidade ao tratamento
Obesidade: 40% das crianças obesas atendidas por ambulatório em SP não dão continuidade ao tratamento (Thinkstock)
Cerca de 40% das crianças e adolescentes obesos que são submetidos a um tratamento contra a obesidade abandonam o procedimento antes de sua conclusão. Essa é a conclusão de um levantamento feito no Ambulatório de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. A pesquisa também indicou que 60% desses jovens não conseguem reduzir os fatores de risco associados ao excesso de peso, como colesterol alto e níveis elevados de açúcar e gordura no sangue.
O levantamento levou em consideração dados de 51 crianças ee adolescentes que já haviam sido atendidos no ambulatório. Desses pacientes, 20 interromperam o tratamento de redução de peso e de riscos à saúde associados à obesidade. O alto percentual de desistências se reflete nos resultados do tratamento: 40% de todos os jovens atendidos apresentaram melhoras de saúde, enquanto 40% mantiveram os fatores de risco relacionados ao sobrepeso e os 20% restantes chegaram a ter um agravamento desses problemas.
Devido ao aumento do atendimento a crianças que sofrem com a obesidade, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia inaugurou, há um mês, um ambulatório específico para o tratamento da a obesidade infantil. O acompanhamento inclui educação nutricional e orientações de mudança de estilo de vida e de hábitos alimentares.
Obesidade infantil — Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 170 milhões de jovens até 18 anos em todo o mundo são obesos ou têm sobrepeso. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que, em 2009, 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas entre 5 e 9 anos de idade eram obesos. Esse índice, entre adultos, foi de 15,9% para homens e 19,6% para mulheres.

Filho de Tom Cruise posta foto “fofa” com o pai no Instagram


Gente

Na imagem, Conor e Isabella, filhos de Cruise com Nicole Kidman, aparecem ainda crianças

Conor, Isabella e o pai, Tom Cruise
Conor, Isabella e o pai, Tom Cruise ((Reprodução Instagram))
O filho adotivo de Tom Cruise, Conor, postou uma foto em que aparece com o pai e a irmã, Isabella, quando ainda eram crianças. No texto da foto, Conor colocou a hashtag “#LoveMyFamily”, ou seja, “#AmoMinhaFamília”. Os fãs se derreteram com a imagem, elogiando o post nos comentários.
Os filhos são fruto do casamento de Cruise com Nicole Kidman, que durou dez anos. Desde a separação do casal, em 2000, Cruise mantém a guarda de Conor e Isabella, que se afastaram da mãe, influenciados pela Cientologia, seita de que o ator faz parte.
Tom Cruise passou pelo segundo divórcio em agosto, com a também atriz Katie Holmes. Durante a primeira entrevista após o rompimento, Katie disse que tenta ser uma mãe “normal” para a filha do casal, Suri.  

Estudo revela mecanismo necessário para manter ereção


Saúde masculina

Até hoje, só era conhecida a forma como a ereção ocorria, e não o que levava à sua manutenção

Homem: Desvendado mecanismo que permite que o homem mantenha uma ereção
Homem: Desvendado mecanismo que permite que o homem mantenha uma ereção (Thinkstock)
Um estudo desenvolvido na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desvendou os processos químicos que levam um homem a manter uma ereção — até agora, só eram conhecidos os fatores que faziam com que o pênis ficasse ereto, mas não os necessários para mantê-lo dessa forma. Para os autores da pesquisa, publicada nesta semana no periódicoProceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), a descoberta abre portas para novas terapias capazes de ajudar pacientes que sofrem de disfunção erétil.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Cyclic AMP Dependent Phosphorylation of Neuronal Nitric Oxide Synthase Mediates Penile Erection

Onde foi divulgada: Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)

Quem fez: K. Joseph Hurta, Sena F. Sezenb, Gwen F. Lagodab, Biljana Musickib, Gerald A. Rameauc, Solomon H. Snyderd e Arthur L. Burnettb

Instituição: Universidade Johns Hopkins

Resultado: Depois de liberar com estímulos físicos e do cérebro, ondas de óxido nítrico, o sistema nervoso cria uma cascata de substâncias químicas que são geradas com a ereção, fazendo com que a liberação do neurotransmissor continue por mais tempo.
De acordo com os pesquisadores, a liberação de óxido nítrico, um neurotransmissor produzido no tecido nervoso, provoca a ereção pois relaxa os músculos, permitindo que o sangue chegue ao pênis. "No entanto, nos sabíamos que esse era apenas um estímulo inicial. Por isso, queríamos descobrir o que permite que a ereção se mantenha", afirma o coordenador do estudo, Arthur Burnett.
Ao estudarem camundongos, Burnett e sua equipe descobriram que o sistema nervoso, depois de liberar com estímulos físicos e do cérebro ondas de óxido nítrico, produz uma cascata de substâncias químicas que são geradas com a ereção, fazendo com que a liberação do neurotransmissor continue por mais tempo, dentro de um modelo cíclico. 
Embora o estudo tenha sido feito com animais, Burnett afirma que a biologia básica da ereção é a mesma entre roedores e seres humanos. "Agora, vinte anos depois de descobrirmos a importância do óxido nítrico na ereção, sabemos que esse neurotransmissor inicia um sistema cíclico, que continua a produzir ondas do neurotransmissor", diz o pesquisador.

"Foi uma viagem de vinte anos para completar a nossa compreensão desse processo. Agora, pode ser possível desenvolver terapias para melhorar ou facilitar o processo”, diz Solomon Snyder, que participou da pesquisa. 

"Pais solteiros" de espécie de aracnídeo vivem mais


Biologia

Opiliões que cuidam sozinhos dos ovos da espécie enfrentam dificuldades para se alimentar. Mesmo assim, vivem mais e têm vantagens na hora de acasalar

Guilherme Rosa
macho
Na espécie Iporangaia pustulosa, são os os machos que costumam cuidas dos ovos (Gustavo Requena/Divulgação)
Os opiliões são aracnídeos muito parecidos com as aranhas, mas com algumas diferenças fundamentais. De pernas excepcionalmente longas, eles não possuem nenhum tipo de veneno e não são capazes de produzir teias. Além disso, têm um comportamento extremamente raro na natureza, e inexistente entra as aranhas: os machos dos opiliões costumam tomar conta dos ovos de suas crias sozinhos, sem a ajuda das fêmeas.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Paternal Care Decreases Foraging Activity and Body Condition, but Does Not Impose Survival Costs to Caring Males in a Neotropical Arachnid

Onde foi divulgada: revista PLOS ONE

Quem fez: Gustavo S. Requena, Bruno A. Buzatto, Eduardo G. Martins, Glauco Machado

Instituição: Instituto de Biociências, USP

Dados de amostragem: 501 opiliões machos e 349 fêmeas, encontrados no Parque Estadual Intervales, no sul do estado de São Paulo

Resultado: A pesquisa mostrou que os machos que cuidam dos ovos não conseguem se alimentar tão bem quanto os outros e apresentam pior estado físico. Mesmo assim, eles vivem mais, pois não são devorados por predadores
Por sua raridade, esse comportamento de "pai solteiro" chama a atenção de inúmeros cientistas, que procuram por sua vantagem evolutiva. Agora, um estudo publicado por um biólogo brasileiro na revista PLOS ONEmostrou que, apesar de algumas desvantagens no curto prazo, o cuidado paterno exclusivo faz com que esses machos vivam mais e levem vantagem na hora do acasalamento. A pesquisa foi realizada com a espécieIporangaia pustulosa e foi publicada pelo pesquisador Gustavo Requena como parte de seu doutorado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Nessa espécie, as fêmeas costumam pôr seus ovos na superfície de uma folha e ir embora – o cuidado fica a cargo dos machos. Os ovos demoram cerca de um mês para eclodir. No entanto, o opilião macho pode receber a visita de uma outra fêmea nesse período, acasalar com ela, e receber mais uma leva de ovos para cuidar. "Assim, ele pode passar até cinco meses cuidando das crias", disse Gustavo Requena ao site de VEJA. 






Esse comportamento traz uma vantagem já conhecida para a sobrevivência da espécie: os pais protegem os filhos da ação de predadores. Em uma pesquisa anterior, Gustavo Requena removeu os machos de perto de seus ovos e percebeu que, em pouco tempo, eles foram completamente devorados. "Já sabíamos que a presença paterna ajudava na sobrevivência dos filhos. O que quisemos ver agora era se o comportamento trazia vantagens ou desvantagens para os pais", diz Gustavo.
Tempo de vida - Os pesquisadores seguiram as aranhas por um ano para observar como o cuidado paterno exclusivo afetou suas chances de sobrevivência. A primeira evidência: o comportamento trazia uma grande desvantagem física para esses machos, que se viam impossibilitados de procurar por comida. "Essa espécie costuma se alimentar da carcaça de outros animais. Quanto mais tempo os machos cuidavam dos ovos, menos eles comiam e iam ficando cada vez mais fracos", diz Gustavo.
Gustavo Requena/Divulgação
procriação
O fato de ter um macho para cuidar dos ovos ajuda a atrair as fêmeas para a procriação
No entanto, essa desvantagem não teve grande impacto no tempo de vida do animal. Os pesquisadores perceberam que, apesar de mais fracos, eles viviam mais do que os outros machos e as fêmeas. Isso acontecia porque os principais predadores dessa espécie de opilião são aranhas, que não precisam caçar suas presas, mas podem simplesmente esperar até que elas caiam em sua teia. Consequentemente, os machos que permanecem meses parados cuidando de seus filhos acabam vivendo mais.
Segundo o pesquisador, outra grande vantagem que esses machos tinham era na hora do acasalamento. Como estava disposto a cuidar dos filhos por um longo período, o pai solteiro era considerado uma espécie de bom-partido pelas fêmeas em busca de parceiros. "Um macho com esse comportamento mostra para a fêmea que está disposto a proteger seus ovos", afirma Gustavo Requena. O pesquisador conclui que, ao combinar uma maior taxa de sobrevivência e de acasalamento, a adoção esse comportamento passa a ser vantajoso para os opiliões.



"Esses machos podem acasalar com 10 a 15 fêmeas e cuidar dos ovos de todas"

Gustavo Requena
Biólogo do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

O que são os opiliões? Eles são aracnídeos, parentes das aranhas. Normalmente, o público não consegue ver muita diferença entre eles, mas os opiliões não tem teia e não produzem nenhum tipo de veneno – eles não apresentam perigo. A espécie que estudamos é aIporangaia pustulosa, que vive em uma reserva de Mata Atlântica aqui em São Paulo. O cuidado paterno exclusivo costuma aparecer com bastante frequência entre os opiliões.
E como é esse comportamento? Em algumas espécies de opilião, os machos carregam os ovos em sua perna e os levam consigo para onde vão. Na espécie que estudei, as fêmeas colocam seus ovos em uma folha e vão embora, deixando o cuidado para os pais. São eles quem vão proteger os ovos contra qualquer tipo de predador.
Esse comportamento pode trazer alguma desvantagem? Enquanto estão parados em cima dos ovos, esses machos têm muito menos acesso a comida. Ao comparar esses machos com aqueles que não assumem esse comportamento, vimos que eles ficam muito mais fracos. Quanto mais tempo passam perto dos ovos, piores ficam suas condições físicas.
E, mesmo assim, eles vivem mais? Isso mesmo. A principal fonte de mortalidade desses bichos é por conta da predação. O principal predador dessa espécie são aranhas que adotam a estratégia de “senta e espera”. Elas constroem suas teias e ficam paradas esperando pela comida. Por isso, elas só vão comer os opiliões que se deslocam pelo mato, o que não é o caso daqueles cuidando de seus ovos.
Como esse comportamento afeta o acasalamento? Esses machos cuidam dos ovos de várias fêmeas diferentes, então nada impede que eles copulem enquanto isso. Eles podem acasalar com 10 a 15 fêmeas e cuidar dos ovos de todas. Na verdade, um pai que cuida dos ovos se torna mais atrativo para as fêmeas. Ele mostra que poderia também cuidar dos ovos dela. Só que, para isso, ele cobra um preço, que é a cópula.


http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/entre-aracnideos-os-%E2%80%9Cpais-solteiros%E2%80%9D-vivem-mais