sábado 16 2013

Iniciar o buffet com alimentos saudáveis evita o junk food, diz estudo


Pessoas que investiram nas frutas eram 85% menos propensas a sair da dieta

POR MINHA VIDA - PUBLICADO EM 14/11/2013
Todos os dias, dezenas de frequentadores de restaurantes se servem em buffets e restaurantes self-service. Entretanto, muitas não param para pensar na ordem em que os alimentos aparecem nas bandejas e de que forma isso pode interferir em escolhas mais saudáveis. Pesquisadores da Cornell University (EUA) descobriram colocar alimentos saudáveis na frente de um buffet, como frutas e iogurte, pode incentivar as pessoas a escolhê-los, em vez de alimentos gordurosos e fritos. Os resultados foram publicados em outubro da revista PLOS One.

Os autores recrutaram 124 participantes, que foram divididos em dois grupos. Foi organizado um buffet de café da manhã com duas mesas separadas - uma incluía ovos, queijo, batatas e bacon, e a outra com pães de canela, granola de baixa gordura, iogurte desnatado e frutas. Cada grupo iniciou sua refeição em uma mesa diferente no buffet e os pesquisadores registraram os alimentos que foram selecionados.

Analisando os resultados, eles descobriram que os primeiros alimentos vistos eram os mais escolhidos - mais de 75% da amostragem pegou o primeiro ou os três primeiros alimentos que viram no buffet, sendo que esses alimentos compunham cerca de 66% da refeição. Servir os alimentos menos saudáveis levou primeiro grupo a comer 31% a mais do que o segundo, além de terem escolhido alimentos menos saudáveis, como ovos com queijo e bacon ou ovos com queijo e batatas fritas. Já o grupo que iniciou a refeição pelo buffet saudável era 85% menos propenso a comer alimentos menos saudáveis, optando só pelas frutas com granola ou o pão de canela.

Segundo os pesquisadores, está muito claro que o que acaba em nosso prato em um restaurante buffet é dramaticamente determinado pela ordem de apresentação dos alimentos. Reorganizar a mesa, começando pelo mais saudável e terminando no menos saudável, pode incentivar até o mais resistente a fazer uma refeição saudável, afirmam os cientistas.

Oito passos para almoçar no restaurante a quilo sem sair da dieta 
Quem trabalha fora de casa e não tem tempo ou disciplina para cozinhar e congelar refeições e não tem como fugir dos clássicos restaurantes a quilo, os self-services, o que, para muitos, é a grande razão do gradual ganho de peso. Mas, na verdade, esse tipo de restaurante pode oferecer vantagens para quem sabe o que escolher e para quem está de dieta. "É difícil termos tantas variedades de saladas e carnes em uma refeição caseira", aponta a nutricionista Karina Valentim, da PB Consultoria em Nutrição, em São Paulo. Assim, basta saber o que pegar para não extrapolar nas calorias e se manter firme na dieta. Confira, então, um guia de como comer bem em um desses restaurantes do tipo buffet:
Disposição no Self Service - Foto: Getty Images

Analise as opções

Antes de entrar na fila do self-service, analise as opções e monte uma combinação dos alimentos na sua cabeça. "Isso evita que você deixe passar algo que queria ou pegue algum alimento que não faz um bom casamento com as demais opções", explica a nutricionista Ana Paula Souza, da Clínica de Nutrição Santé e Consultoria, em Maringá. 

Obedeça a disposição dos alimentos

Os restaurantes a quilo costumam disponibilizar os alimentos começando pelas saladas e é seguindo este fluxo que os visitantes devem montar o prato. "Por estarmos com bastante fome nas refeições principais, já que poucos fazem lanches intermediários, o ideal é começar pelos alimentos menos calóricos, que são as saladas", aponta a nutricionista Karina. Começando pelos carboidratos ou proteínas, há maior risco de exagerar na seleção desses alimentos e, assim, consumir mais calorias.

Saiba dividir o prato

"Metade do prato deve ser reservado para legumes e verduras crus ou cozidos e com a maior variedade de cor possível", explica a nutricionista Karina. A outra metade deve ser dividida em duas partes: uma para alimentos fonte de carboidratos e outra para as opções com proteína. Entre os carboidratos, é comum encontrar arroz, grão de bico, batata e macarrão. Já as proteínas incluem carne, frango, peixe, ovo e soja.

Não caia na tentação de experimentar tudo

Embora comer bem seja comer de forma variada, isso não significa que você precisa pegar um pouquinho de tudo no por quilo para sair bem alimentado. "Fazendo isso há um risco maior de extrapolar nas calorias do que respeitando as divisões e elegendo apenas alguns alimentos para preencher cada divisão do prato", aponta a nutricionista Ana Paula. No caso dos legumes, escolha pelo menos quatro opções. Carboidratos e proteínas devem se restringir a duas variedades apenas.

Fique atento ao preparo

Cuidado para não cair nas pegadinhas do buffet. Couve flor no vapor, por exemplo, não é o mesmo que a couve flor à milanesa. Carne assada não é igual bife à parmegiana. Enquanto as opções mais elaboradas ganham calorias pelo processo de fritura e graças à adição de farinha, ovo e queijo no preparo, as mais simples são menos calóricas. Por isso, não basta preencher cada pedaço do prato com os alimentos certos. É necessário escolher o melhor preparo dentro das opções oferecidas. "Grelhados, assados e cozidos devem estar no topo da lista, enquanto que frituras e alimentos à milanesa ou à parmegiana devem ser evitados", aponta a nutricionista Ana Paula. Do contrário, seu prato será enriquecido com calorias e gorduras, o que irá favorecer o ganho de peso. 

Identifique as calorias disfarçadas

Mesmo seguindo todas as regras anteriores para montar um prato saudável no self-service, você ainda corre o risco de cair em mais uma armadilha: molhos e temperos. Eles parecem inofensivos, já que são apenas um complemento, mas podem camuflar muitas calorias. Segundo a nutricionista Ana Paula, os mais calóricos são os que contêm maionese, leite, creme de leite e queijo. "Alguns também são ricos em sódio que, em excesso, pode favorecer a retenção de líquido e a hipertensão", alerta. Por isso, prefira dar sabor à comida com alimentos naturais, como limão, alecrim e outras frutas e ervas. 

Peça água ou suco

"Vários estudos mostram que consumir líquidos nas principais refeições pode atrapalhar a digestão e a absorção dos nutrientes", afirma a nutricionista Karina. Isso acontece porque os líquidos aumentam o volume do estômago, fazendo com que ele leve mais tempo para esvaziar, o que pode causar mal estar. Pior ainda quando a bebida é gaseificada, pois o gás potencializa o efeito dilatador. Se for muito difícil comer sem beber nada, a profissional recomenda limitar a ingestão até 200 ml e escolher sucos naturais ou água para acompanhar o prato.

Resista às sobremesas

Bolo, pudim, brigadeiro e mais uma enorme lista de opções de sobremesa costumam estar disponíveis nos restaurantes aquilo, mas é preciso ter disciplina e resistir a essas opções extremamente calóricas. Gelatinas, comuns nesses estabelecimentos também não são uma boa opção, pois, apesar de parecerem saudáveis e leves, contêm muito açúcar e corante. A melhor alternativa é apostar em frutas que, em casos como o abacaxi, até facilitam o processo de digestão. De acordo com a nutricionista Ana Paula, a sensação de que faltou algo doce após a refeição é típica de quem nunca pula a sobremesa, mas sentir-se satisfeito somente com o almoço também é algo que pode ser aprendido. 

Cinema pernambucano: para brasileiro e gringo ver

Cinema

Impulsionada por trabalhos autorais, aplaudidos em festivais dentro e fora do Brasil, produção do estado cresce e se torna alternativa a onda de comédias comerciais que domina o circuito atualmente

Árido Movie (2005)
Cena do filme 'Árido Movie' (2005), de Lírio Ferreira - Reprodução

Alguns anos após o nascimento do movimento musical mangue beat, que explodiu no início da década de 1990 em Recife, Pernambuco, outro cenário cultural começou a tomar forma na cidade, estimulado pelo ambiente criativo insuflado por bandas como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Com o ritmo do mangue na trilha sonora, o filme Baile Perfumado(1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, decretou o nascimento de um novo cinema pernambucano. Hoje, quase 20 anos depois, a produção pernambucana se consolidou em torno de filmes autorais feitos com olhar sensível e sem maneirismos, que exploram questões nacionais e universais, como a amizade, o desajuste existencial, a inadequação social e a solidão – fazendo uso da máxima seguida por Chico Science, de ser local para ser global.
“O cinema de Pernambuco é, acima de tudo, um cinema brasileiro que quer dialogar não só com o estado, mas com o país e com o mundo”, diz o produtor João Vieira Jr., um dos donos da REC, produtora de Recife responsável por títulos como Cinema, Aspirinas e Urubus (2003) eTatuagem (2013), em cartaz a partir deste final de semana no país, depois de se tornar o longa mais comentado do ano nos principais festivais do Brasil. Entre eles, o de Gramado, onde conquistou três prêmios: os de melhor filme, melhor ator para Irandhir Santos e melhor trilha sonora para o DJ Dolores, outro fruto do mangue beat. O diretor da produção, Hilton Lacerda, aliás, começou a carreira por trás das câmeras dirigindo vídeoclipes de bandas do movimento.

O diálogo com exterior tem dado certo também, e inclusive antes do diálogo interno. Sem esconder o DNA regional, presente no sotaque e na cultura local mostrada nos longas, as produções pernambucanas ultrapassaram as fronteiras para pousar com certo louvor em solo estrangeiro. Cinema, Aspirinas e Urubus, estreia do diretor Marcelo Gomes, foi ovacionado no Festival de Cannes 2005, onde ganhou o prêmio de Educação Nacional. “O longa foi selecionado pelo Ministério da Educação da França para ser exibido em escolas”, conta Vieira.

O Som ao Redor (2012), estreia do crítico Kleber Mendonça Filho na direção, tanto se saiu bem no Festival de Gramado como caiu nas graças da crítica estrangeira. Especialmente do jornalista A. O. Scottt, do jornal The New York Times, que colocou o filme entre os dez melhores do ano. Os elogios impulsionaram o longa, que em seguida foi eleito o melhor longa latino-americano pelo júri do Prêmio Cinema Tropical, realizado em Nova York, e escolhido pelo Ministério da Cultura como o candidato oficial do Brasil a uma vaga entre os indicados ao Oscar em 2014, na categoria de melhor filme estrangeiro.

José Ferraz Almeida Júnior, Um Brasileiro



José Ferraz Almeida Júnior
José Ferraz

Nascimento 8 de maio de 1850
Itu
Morte 13 de novembro de 1899 (49 anos)
Piracicaba
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Pintor, professor, gravurista brasileiro
Magnum opus O Derrubador Brasileiro; Caipira Picando Fumo; A Partida da Monção; Saudade; Descanso do modelo
Movimento estético Academicismo brasileiro; realismo

Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil

Justiça

Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil

Documento subscrito por 45 instituições foi entregue ao relator do Marco Civil na Câmara dos Deputados

Rafael Sbarai e Renata Honorato
Discussão e votação do PL 2729/2011 na Câmara dos Deputados
Marco Civil pode ser votado na Câmara nas próximas semanas (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)
Às vésperas da votação no Congresso do Marco Civil da internet, uma carta subscrita por 45 entidades das áreas de tecnologia e comércio foi entregue nesta quarta-feira ao deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto de lei que pretende disciplinar a web brasileira: o documento critica a proposta do governo de obrigar empresas de internet a manter data centers em território nacional. O documento, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, diz que a medida terá "efeitos colaterais", como redução de segurança relativa aos dados de usuários, elevação de custos de serviços, queda de competitividade de empresas e prejuízo aos consumidores.
"A segurança de dados não está relacionada com o local de armazenagem de dados, mas sim com a forma como são mantidos e protegidos", diz trecho do documento, assinado, entre outras, pela United States Council for International Business e Informational Technology Industry Council, que representam gigantes como Amazon, Apple, Google e Facebook.  Leia a íntegra do documento (PDF).
Especialistas concordam com esse ponto de vista, contrariando a tese do governo de que a localização dos data centers ajudaria no combate à espionagem. A proposta de obrigar, via Marco Civil, as empresas de internet a manter data centers no país ocorreu em julho, depois que surgiu a suspeita de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou autoridades e empresas brasileiras. Na lista dos espionados, estariam a Petrobras e a presidente Dilma Rousseff.
Os analistas estão de acordo ainda sobre os demais prejuízos da medida. Em entrevista ao site de VEJA, o diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, explicou que a presença forçada dos data centers afugentará empresas do país. "Os sites terão receio de oferecer serviços a usuários brasileiros com medo de, no futuro, ter que montar um data center local", afirmou. A hospedagem compulsória também pode provocar uma enxurrada de ordens judiciais exigindo acesso a informações pessoais, além da retirada de conteúdos do ar — com prejuízo óbvio à liberdade de expressão.
Caso não seja votado até a próxima terça-feira, o que é improvável, o Marco Civil trancará a pauta da Câmara dos Deputados. Na prática, isso impedirá que outros projetos na fila de votação sejam analisados pelo Plenário enquanto a matéria não for apreciada.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ainda não determinou quando o Marco entrará na pauta da Casa. Nos bastidores, ele diz que a votação só acontecerá quando houver consenso em relação à proposta. Molon, por sua vez, segue trabalhando na versão final do texto.

Sobre a obrigatoriedade de data centers no Brasil

Leia a seguir o texto que o governo enviou à Comissão do Marco Civil na Câmara
“Art. 10-A. O armazenamento dos dados de pessoas físicas ou jurídicas brasileiras por parte dos provedores de aplicações de Internet que exercem essa atividade de forma organizada, profissional e com finalidades econômicas no país deve ocorrer no território nacional, ressalvados os casos previstos na regulamentação.
§1º Incluem-se na hipótese do caput os registros de acesso a aplicações de Internet, assim como o conteúdo de comunicações em que pelo menos um dos partícipes esteja em território brasileiro. ”

As quedas de braço por trás do Marco Civil

Legislação

Há disputas ideológicas em torno do projeto de lei que vai disciplinar a rede. E há também embates comerciais pela exploração de um mercado bilionário

Renata Honorato
Quebra de braço
(Tatiana Popova/Getty Images)
De um lado, empresas de telecomunicações. Do outro, companhias de internet. Ora em uma posição, ora em outra, governo e especialistas. Há disputas ideológicas em torno do projeto do Marco Civil que vai a votação na Câmara dos Deputados com o objetivo de estabelecer as regras da rede brasileira. E há também, é claro, embates comerciais pela exploração de um mercado bilionário. Nessa briga, dois setores vivem em choque permanente: as teles e as empresas web. As primeiras são responsáveis pela infraestrutura por onde navegam os dados de telefonia (fixa e móvel) e banda larga. As empresas web oferecem serviços diversos, do buscador Google à rede social Facebook. À primeira vista, são atividades complementares. A prática vem mostrando, contudo, que os dois blocos competem mais a cada dia e isso se expressa no jogo de pressões e discursos sobre o Marco Civil no Congresso.
O setor de teles é um titã. Faturou 214 bilhões de reais no Brasil em 2012. Mas ele vem perdendo algum espaço — e muito dinheiro — para companhias de internet. O exemplo mais notório desse fenômeno é a ascensão dos serviços conhecidos como "voz sobre IP" (ou VoIP), que permitem a comunicação de voz e imagem pela rede. O mais famoso deles é o Skype. O resultado é a redução da conta do telefone do usuário e, por tabela, o enxugamento da receita das teles. Segundo estudo britânico da empresa MobileSquared, especializada no mercado móvel, as operadoras de telefonia de todo o mundo deixaram de faturar cerca de 36 bilhões de dólares em 2012 em decorrência da popularização do Skype e congêneres.
Uma das armas de contra-ataque das teles é oferecer novos produtos, alguns dos quais rivalizam diretamente com atrações das empresas web. "Para continuar faturando alto, as teles precisam enfrentar empresas web e de TI, como a IBM", diz Samuel Rodrigues, analista da IDC, consultoria especializada no setor de tecnologia. É o caso do Now, produto da Net, serviço de vídeo por demanda similar ao americano Netflix.
A reação das teles ao avanço das web inclui a posição contrária à instituição da neutralidade de rede, um dos principais pontos do Marco Civil. A neutralidade prevê que as teles, provedoras de conexão, devem tratar todos os dados que circulam na rede de forma igual, não cabendo distinção por tipo, origem ou destino de arquivo. Se a posição das teles prevalecer, essas empresas poderão impor uma cobrança proporcional ao uso da rede. Assim, usuários afeitos a games, vídeos e serviços de VoIP, que exigem a transmissão de grandes arquivos digitais, pagariam mais. Em caso de derrota da neutralidade, as teles poderiam ainda privilegiar os seus próprios serviços em detrimento dos oferecidos por empresas web. 

Outra ponto de disputa que emerge no Marco Civil é a publicidade na internet. É uma briga por um bolo que está crescendo. Neste ano, os anúncios devem injetar 6 bilhões de reais no mercado digital nacional, sendo que 80% desse montante provavelmente ficará nas mãos de alguns gigantes da web, como Google e Facebook, de acordo com estimativas da IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau), entidade que monitora a publicidade on-line.
As teles querem, é claro, um pedaço do bolo. Contudo, o texto do Marco Civil apresentado pelo relator do projeto, Alessando Molon (PT-RJ), impede que essas companhias entrem na fila do doce. O trecho do projeto de lei dedicado ao assunto veda às teles o direito de armazenar registros de navegação dos usuários — informações como data, horário e site acessado por um cliente. Sem essas informações, é impossível seguir os passos dos usuários pela rede e entender seus hábitos e preferências. Não há essa limitação para as empresas web, que podem fazer isso, desde que o usuário esteja logado a seu serviço. "Aprovar o Marco Civil como está seria oficializar o monopólio da propaganda na internet para redes sociais e buscadores", diz Alexander Castro, presidente do SindiTelebrasil, entidade que representa as operadoras de telefonia.
As teles podem ganhar uma batalha, contudo, se prevalecer a intenção do governo de obrigar, via Marco Civil, as empresas web a manter os dados dos usuários usuários brasileiros em data centers instalados em território nacional. Especialistas são contra. As empresas de internet também.
Os primeiros alegam que a ideia é inócua, pois não garante o que o governo aparentemente quer: coibir a violação de dados pessoais por empresas ou governos estrangeiros.
Google e Facebook vêm reafirmando seguidamente posição contra a obrigatoriedade da hospedagem nacional. "A emenda proposta ao Marco Civil, exigindo que as empresas de internet mantenham os dados de usuários brasileiros em data centers locais, arrisca limitar o acesso a serviços de empresas dos EUA e outros países", diz o gigante das buscas. O Facebook complementa: "O armazenamento de dados é um desafio enorme e essencialmente técnico. Uma exigência como essa que vem sendo debatida frustrará a inovação e criará barreiras desnecessárias para empresas nascentes."
Copatrocinadoras de medida, ao lado do governo, as teles alegam que os data centers nacionais podem gerar empregos por aqui. Pode ser verdade, mas não é toda a verdade. Segundo relatório do SindiTelebrasil, as empresas do setor investiram 25 bilhões de reais na construção de data centers em 2012. Agora esperam mais clientes. Se a lei der uma ajudinha, tornando compulsório o uso da infraestrutura instalada no Brasil, não há do que reclamar. Google e Facebook, entre outros, seriam muito bem-vindos.
Não surpreende o fato de a votação ter sido adiada diversas vezes na Câmara. Os próprios parlamentares se dividem sobre os temas controversos do Marco Civil. O PMDB, maior partido da base governista, é ao mesmo tempo contrário à neutralidade (posição defendida pelas telas) e aos data centers locais (tese das empresas web). O relator Molon está do lado das companhias de internet na questão da neutralidade, mas em lado oposto quando o assunto é hospedagem compulsória de dados. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, petista como a presidente Dilma Rousseff e o relator Molon, diverge de ambos no assunto neutralidade e pede alteração na redação do artigo que trata do tema. Google, Facebook e similares reclamam que Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, não ouve seus pleitos. As teles dizem o mesmo sobre Molon.
Enquanto o projeto de lei não segue para votação, representantes dos interessados circulam pela Câmara em busca de aliados. Em outubro, durante a redação final da matéria, Katie Harbath, diretora de políticas públicas do Facebook, circulou por Brasília ao lado de Bruno Magrani, gerente de relações governamentais da rede social, responsável por buscar a aproximação com os parlamentares. Katie, porém, garantiu que sua visita não tinha relação com a votação da "constituição da internet", como é conhecido o Marco Civil. "Minha visita está relacionada ao treinamento de políticos brasileiros", disse a executiva.

Quadrilha já está reunida na Papuda, que passa a ser o núcleo mais poderoso do PT


Na VEJA.com:
As principais figuras do escândalo do mensalão estão reunidas e de volta à capital federal – desta vez, porém, sob custódia da Polícia Federal, que realizou neste sábado a transferência dos presos. Eles começaram a se entregar na sexta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal determinou a remoção de doze condenados ao Distrito Federal após a emissão dos mandados de prisão contra eles. O avião que levou o grupo a Brasília pousou às 17h47, depois de passar por São Paulo e Belo Horizonte. No total, nove mensaleiros estavam na aeronave, pertencente à Polícia Federal. Outros dois, Delúbio Soares e Jacinto Lamas, já aguardavam na própria capital, onde se apresentaram. Delúbio, ex-tesoureiro do PT, se entregou pela manhã. Em Brasília, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal definirá o destino do grupo, desfalcado de apenas um dos alvos dos mandados de prisão. Ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato está na Europa. Sua defesa prometia que ele se apresentaria à PF no Rio neste sábado, mas ele fugiu para a Itália.
O ex-tesoureiro petista era aguardado na superintendência da PF na capital, mas optou por se apresentar no prédio da direção-geral da corporação, escapando assim dos fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam. Ao ser removido para a superintendência, escondeu o rosto com um terno cinza. Delúbio foi condenado a oito anos e onze meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. O petista e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PR, foram os dois mensaleiros presos já em Brasília. No Rio, a PF esperava Pizzolato, mas só recebeu a notícia de que ele não se apresentaria porque já está fora do Brasil há pelo menos 45 dias. Sua saída do país foi clandestina. Fazendo uso de sua dupla cidadania, ele cruzou a fronteira por terra e em seguida embarcou para a Itália. Às 11h45 deste sábado, o delegado de plantão Marcelo Nogueira recebeu do advogado Marthius Lobato um telefonema confirmando que o réu não se entregaria. A defesa de Pizzolato garante que não sabia que seu cliente já tinha deixado o território nacional. Em nota, ele diz que a fuga foi motivada pela esperança de ter um julgamento “justo” no país europeu.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o deputado licenciado José Genoino já estavam detidos desde a noite de sexta. Eles dormiram na carceragem da PF em São Paulo e foram os primeiros a embarcar no voo organizado pela PF rumo a Brasília. O avião partiu da capital, buscou a dupla em São Paulo e seguiu rumo a Belo Horizonte por volta das 14h40. Às 15h20, a aeronave pousou na capital mineira, onde houve atraso no embarque dos outros sete presos – entre eles Marcos Valério -, que estavam na Superintendência da PF na capital mineira. Antes de seguir para o Aeroporto da Pampulha, o grupo foi levado, em uma van branca, ao Instituto Médico-Legal, onde foram submetidos a exames de corpo de delito. Lá, ao contrário do que ocorreu na porta da PF em São Paulo e em Brasília, foram recebidos por pessoas que comemoravam as prisões e pediam a devolução do dinheiro público. Militantes do PT, em pequeno número, manifestaram apoio aos presos no momento da apresentação deles na capital paulista e na capital federal.
Depois de um embarque mais demorado que o previsto, o avião decolou da Pampulha rumo à base aérea de Brasília às 16h48. Antes do pouso em Belo Horizonte, a chegada estava prevista para as 17 horas, mas a lentidão do transporte dos presos ao avião na escala mineira provocou o atraso. A lista dos primeiros detentos do mensalão inclui, além de Dirceu, Genoino e Marcos Valério, nomes como Kátia Rabello, Simone Vasconcellos, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, José Roberto Salgado e Romeu Queiroz. O primeiro a se entregar foi Genoino, que presidia o PT na época do estouro do escândalo. Ele se apresentou à sede da PF em São Paulo às 18h20. Na porta do prédio da PF, ergueu o braço com o punho cerrado, num gesto repetido duas horas depois pelo ex-ministro Dirceu. Em Brasília, Dirceu, Genoino e os demais condenados em regime semiaberto deverão ser levados para o Centro de Detenções Provisórias do DF. Normalmente, os presos que cumprem pena em regime semiaberto dormem em um galpão com beliches. Eles poderão levar apenas duas calças, um par de tênis, um sapatênis, uma sandália de borracha, uma blusa de frio, dois lençóis (claros), um cobertor (sem forro), duas camisas e duas bermudas, todas brancas. Eles poderão deixar o local para trabalhar ou estudar e deverão retornar para dormir na cadeia diariamente.
Posteriormente, os advogados dos condenados no semiaberto poderão solicitar transferências para unidades próximas de seus domicílios. No caso de Dirceu, sua pena inicial de sete anos e onze meses de prisão poderá subir para dez anos e dez meses caso o Supremo rejeite no ano que vem seu recurso contestando o crime de formação de quadrilha. Nesse caso, ele migrará para o regime fechado. Já os quatro réus condenados a regime fechado, como Marcos Valério e a banqueira Kátia Rabello, deverão começar a cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Os advogados desses réus negociam que eles fiquem em celas individuais. Cada cela tem pelo menos seis metros quadrados, sanitário, lavatório e cama de concreto com colchão. O complexo penitenciário tem 1 300 presos, cem acima da quantidade de vagas. Os advogados de alguns mensaleiros pretendiam usar a lotação das unidades prisionais onde as penas poderiam ser cumpridas no regime semiaberto como argumento para tentar fazer com que eles ficassem em casa. O Supremo, no entanto, deverá abrir vagas para todos, de forma a impedir que eles escapem de cumprir suas sentenças graças à superpopulação carcerária.
(Com reportagem de Gabriel Castro, de Brasília, Cecília Ritto, do Rio de Janeiro, e Talita Fernandes, de São Paulo)
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

UM POUCO DE HISTÓRIA – Em 2004, Diogo denuncia Pizzolato; em 2005, explode o mensalão; em 2007, petista perde processo que moveu contra colunista; em 2013, ex-diretor do BB foge do país

Ai, ai… Antes de fugir do pais pela rota normalmente usada por traficantes, Henrique Pizzolato exibia gravatas borboletas muito vistosas e era um homem poderoso, um quadro do PT no Banco do Brasil. E costumava apelar à Justiça, na qual ele não acredita, para tentar calar os críticos. Muito típico. Processou, por exemplo, Diogo Mainardi por causa de três colunas publicadas na VEJA. Sentiu-se difamado e pediu indenização. Perdeu em primeira instância. Recorreu. Perdeu de novo. O desembargador Renato Ricardo Barbosa foi muito eloquente. Transcrevo:“E quando se fala em liberdade de informação, a imprensa tem-se revelado o meio de comunicação social mais bem equipado e eficaz na divulgação da notícia. Ao jornalismo sério incumbe, na maior escala, a atividade de informação. No repórter, no sentido genérico do termo, mais que em qualquer outro, recai o compromisso de bem informar, correspondendo ao dever contraposto de liberdade individual de acesso à informação. De priscas eras, nascida antes mesmo da proteção à vida privada, a notícia encontra somente nesta última o seu limite; e assim mesmo, quando o fato não se revista de relevante interesse público. (…) É nesse sentido, sistematicamente interpretado, que o artigo 49 § 1º da Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa), prevê a exceptio veritatis, reputando-a inadmissível somente se a divulgação do fato imputado concerne à vida privada do indivíduo e assim mesmo se não foi motivada em razão de interesse público, excluindo a responsabilidade civil.”
Atenção, meus caros! O que vai acima aconteceu em meados de 2007. As colunas de Diogo que motivaram o processo são de 28 de julho de 2004, de 22 de junho de 2005 e de 6 de julho de 2005. A PRIMEIRA, PORTANTO, FOI PUBLICADA ANTES DE ROBERTO JEFFERSON BOTAR A BOCA NO TROMBONE E DENUNCIAR O MENSALÃO, O QUE SÓ ACONTECEU NO DIA 6 DE JUNHO DE 2005, em entrevista concedida à jornalista Renata Lo Prete, então na Folha. Seguem as três colunas. Na segunda, vocês lerão, escrita duas semanas depois da entrevista de Jefferson, Diogo prevê um futuro não muito bom para a reeleição de Lula. Não aconteceu daquele modo. É que ninguém antevia que as oposições, então, fariam a mais estúpida de todas as opções… Como é mesmo? “Deixar Lula sangrar no poder…” Deu no que deu.
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Coluna de 28 de julho de 2004 – Perde Brasil
O time de voleibol do Brasil acaba de conquistar a Liga Mundial. As finais foram em Roma. Os torcedores brasileiros ocupavam um setor inteiro das arquibancadas. Vestiam camiseta amarela, com a marca do Banco do Brasil. Usar dinheiro público para patrocinar o time de voleibol a gente engole. Usá-lo para patrocinar a torcida é demais. O departamento de marketing do Banco do Brasil irá gastar 9,5 milhões de reais para patrocinar a torcida brasileira nas Olimpíadas de Atenas. O mote da campanha é Brilha Brasil. O jeito é torcer contra nossos atletas. Perde, Brasil.
Além de patrocinar a torcida do time de voleibol, o Banco do Brasil está patrocinando a torcida pela reeleição de Lula. Dois dos maiores dirigentes do banco, Henrique Pizzolato e Ivan Guimarães, trabalharam na última campanha presidencial lulista, respectivamente como arrecadador de fundos e coordenador financeiro. Pizzolato foi premiado com o cargo de diretor de marketing do banco e é responsável pela campanha Brilha Brasil. Guimarães tornou-se presidente do Banco Popular do Brasil e é acusado de ter defendido o patrocínio de 5 milhões de reais aos cabos eleitorais petistas Zezé di Camargo e Luciano. O Banco do Brasil gastou 70.000 reais nos espetáculos em que a dupla sertaneja arrecadou fundos para a construção da nova sede do PT. Pizzolato e Guimarães são ligados à CUT, que tem contado com o patrocínio do Banco do Brasil em seus principais eventos, como a festa de vinte anos e o oitavo congresso nacional. Lula é a grande atração da TV CUT, programa semanal feito pelos mesmos publicitários que administram a conta de propaganda do Banco do Brasil. Uma conta que vale 142 milhões de reais anuais.
Quem cuidou do dinheiro de Lula na campanha eleitoral agora cuida de nosso dinheiro no Banco do Brasil. Quem cuidou de sua segurança agora cuida de nossa segurança. Um dos guarda-costas de Lula, Francisco Baltazar da Silva, foi nomeado superintendente da Polícia Federal de São Paulo. Atualmente, está sendo investigado pela compra de 134 600 dólares através do doleiro Toninho da Barcelona. Outro guarda-costas de Lula, Mauro Marcelo de Lima, ganhou a função de diretor-geral da Abin, nosso serviço de espionagem. Entre suas credenciais, há um curso de dublagem e uma ponta numa telenovela de 1982, Elas por Elas. Agente secreto com pendores artísticos é sempre uma temeridade. Em seu discurso de posse, algumas semanas atrás, Mauro Marcelo admitiu estar na “torcida por um bis” presidencial de Lula. O serviço de espionagem dos Estados Unidos, no passado, também torceu pela reeleição de um presidente. O resultado foi Watergate.
As campanhas pelo time de voleibol e pelo bis de Lula só perdem para a campanha pelo desarmamento. O sofisma é o seguinte: o cidadão corre mais riscos com uma arma na mão do que sem ela. O que se pretende demonstrar é que a responsabilidade pelo crime é nossa, não do poder público. Se os guarda-costas de Lula não sabem defender a população, então não podem impedi-la de tentar se defender por conta própria, mesmo que de maneira desastrada. Bem mais honesto do que desarmar o cidadão com falsos argumentos seria oferecer-lhe um curso de tiro e defesa pessoal. Todo mundo com uma arma no coldre e andando a cavalo. Perde, Brasil.
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Coluna de 22 de junho de 2005 – Eu sabia. Todo mundo sabia
Está a maior farra aqui em casa. Chegou a hora de tripudiar. De contar vantagem. De esfregar na cara. De soltar rojão. De me cobrir de glória. O depoimento de Roberto Jefferson na Comissão de Ética foi melhor do que Copa do Mundo. Foi meu hexacampeonato particular.
Lula reagiu ao ataque de Roberto Jefferson afirmando que não aceitaria “vender a alma pela reeleição”. Foi mais uma tentativa de engabelar o eleitorado. Seu governo não foi acusado de vender a alma aos parlamentares. Pelo contrário: foi acusado de comprar.
Agora a reeleição morreu. Não é tão surpreendente assim. Em outubro de 2004, numa coluna intitulada “O partido do topa-tudo”, apostei que Lula não seria reeleito, com o argumento de que “os eleitores estão nauseados com o PT. Ele será sempre identificado como o partido que compra o apoio de outros partidos com malas cheias de dinheiro. Que recebe doações de empresários acusados de corrupção. Que se alia desavergonhadamente a políticos que sempre combateu. Que dá carta branca a seu tesoureiro em reuniões ministeriais. Que protege os amigos do presidente”.
Eu não sou jornalista. Não tenho fonte no Congresso Nacional. Não conheço Roberto Jefferson. Não grampeio o telefone de José Dirceu. Só reuni a informação que estava escancarada na imprensa. Roberto Jefferson diz que todo mundo sabia do esquema de propina do PT. Ele tem razão. Eu sabia. O leitor sabia. Todo mundo sabia. Antes de Roberto Jefferson, um ilustre deputado já tinha dito que “Waldomiro Diniz era um dos caixas do José Dirceu”. Antes de Roberto Jefferson, um nobre senador já tinha chamado Marcelo Sereno de “PC Farias do PT”. Claro que, cedo ou tarde, o esquema seria revelado.
O plano para a reeleição de Lula sempre foi muito suspeito. Quando ele nomeou seu guarda-costas, Mauro Marcelo de Lima, para a diretoria da Abin, eu comentei: “Mauro Marcelo admitiu estar na torcida por um bis de Lula. O serviço de informação dos Estados Unidos, no passado, torceu pela reeleição de um presidente. O resultado foi Watergate”. Quando Lula indicou o arrecadador de fundos de sua campanha eleitoral, Henrique Pizzolato, para a diretoria de marketing do Banco do Brasil, eu também estranhei. Acusei Pizzolato de usar a verba de propaganda do Banco do Brasil para patrocinar a reeleição de Lula, através da TV CUT, da torcida do time de voleibol nas Olimpíadas e do curta-metragem ufanista de Jorge Furtado. Roberto Jefferson disse que a Abin e as agências de propaganda do Banco do Brasil estão envolvidas com o esquema de corrupção do PT. Sugiro que Lima e Pizzolato sejam ouvidos pela CPI.
Lula temia se transformar num Lech Walesa. Se a acusação de Roberto Jefferson for comprovada, é o que irá acontecer. Roberto Jefferson garantiu que Lula não sabia o que os petistas faziam por baixo do pano. Eu sabia. O leitor sabia. Todo mundo sabia. O único que não sabia era seu maior beneficiário: Lula.
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Coluna de 6 de julho de 2005 – Um país detestável
Michel Houellebecq, em Partículas Elementares, definiu o Brasil como uma porcaria de país, “povoado de brutos fanáticos por futebol e por corridas de automóvel. A violência, a corrupção e a miséria estavam no apogeu. Se havia um país detestável, era justamente, e especificamente, o Brasil”. Partículas Elementares é de 1998. Ou seja, foi publicado antes das comemorações do “Ano do Brasil na França”. Imagino que agora, tendo tido a oportunidade de conhecer melhor nossos músicos, cineastas, escritores, artistas plásticos e políticos, todos os franceses compartilhem a opinião de Houellebecq a respeito do país. Se eu fosse o ministro das Relações Exteriores, ou o ministro da Cultura, ou o diretor da Cacex, evitaria exibir o Brasil lá fora. Nossa única chance é que o resto do mundo continue a nos ignorar. Quanto menos contato os estrangeiros tiverem conosco, melhor. Uma iniciativa como o “Ano do Brasil na França” produz danos irreparáveis à nossa imagem. Os franceses levarão meio século para esquecer o que viram.
A comunidade muçulmana na França processou Houellebecq porque ele declarou numa entrevista que o islamismo era “uma religião estúpida”. Os brasileiros não podem fazer o mesmo. Houellebecq tem razão sobre o Brasil. A gente é uma porcaria. A gente é fanático por esporte. A gente é corrupto. Um fato não exclui o outro. Pelo contrário: há uma relação direta entre fanatismo esportivo e corrupção. A investigação sobre a roubalheira petista já revelou que a propaganda estatal era usada para a lavagem de dinheiro. Agora falta descobrir se o patrocínio de eventos esportivos tinha a mesma finalidade. Eu persigo o diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Sou seu professor Moriarty. Cheguei a recomendar sua convocação à CPI. Tenho certeza de que ele pode explicar direitinho como funciona o esquema de distribuição de verbas promocionais das empresas públicas. Pizzolato está por dentro de tudo. Além de arrecadar fundos para as campanhas eleitorais de Lula, ele comanda o investimento em publicidade do Banco do Brasil e decide o patrocínio da estatal a eventos esportivos. É o nosso homem.
Um dos eventos esportivos patrocinados por Pizzolato foi um torneio hípico realizado pelo publicitário Marcos Valério. O maior quinhão do Banco do Brasil, porém, é destinado ao vôlei e ao tênis. O Banco do Brasil, quase sempre em sociedade com a Koch Tavares, financia praticamente sozinho todo o tênis nacional. Patrocina Gustavo Kuerten, o Brasil Open, o Ourocard Challenger, o circuito juvenil, o Masters e o Aberto de São Paulo, através de sua subsidiária Cobra Tecnologia. Nos dois primeiros anos do governo Lula, a Cobra foi comandada por Graciano Santos Neto. Ele é uma das figuras mais comentadas do petismo. Era diretor da Gtech na época em que Waldomiro Diniz negociava em favor da empresa. Na Cobra, foi acusado de beneficiar empresas privadas com o repasse de contratos sem licitação. Graciano é tenista amador. Em 2004, jogou uma partida preliminar da final do Aberto de São Paulo, torneio patrocinado pela própria Cobra. Ao término da partida, concedeu-se inclusive um troféu. Como diria Houellebecq, é detestável que Graciano tenha se aproveitado do dinheiro público para se exibir num torneio de tênis. E é ainda mais detestável, “especificamente detestável”, que ninguém tenha pensado em expulsá-lo da quadra a raquetadas.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Marieta Severo, Uma das Mais Importantes Atrizes Brasileiras


Marieta, que foi casada com o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda -com quem tem três filhas- por trinta anos, em uma entrevista, ela falou sobre a boa relação que tem com o ex-marido até hoje. “O casamento da minha vida foi esse, com o Chico. Eu não tenho mais necessidade de morar junto, de acordar todo dia ao lado de alguém. Eu tenho uma vida muito intensa, uma família que é muito presente, eu gosto dos meus domingos aqui na minha casa, com as minhas filhas, os netos e o Chico", contou.

STF deverá abrir celas e frustrar manobra de mensaleiros

Justiça

Advogados dos condenados no mensalão pretendem alegar falta de vagas no regime semiaberto para pedir que os presos cumpram as punições em casa

Marcos Valério, condenado no esquema do Mensalão, embarca no avião da Polícia Federal no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), com destino a Brasília, neste sábado (16)
Marcos Valério, condenado no esquema do Mensalão, embarca no avião da Polícia Federal no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), com destino a Brasília, neste sábado (16) - Alex De Jesus/ O Tempo/Estadão Conteúdo

A estratégia de advogados dos condenados no mensalão de alegar falta de vagas no regime semiaberto para cumprir as punições em casa deve ser frustrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção de ministros da Corte é de abrir vagas para os réus nesses estabelecimentos penais, mesmo se nas unidades da federação onde moram exista uma superpopulação carcerária.
O Supremo expediu doze mandados de prisão contra condenados na ação penal. Desses, seis são para cumprimento da pena em regime semiaberto, quando os réus, com autorização da Justiça, podem sair do presídio durante o dia, mas tem de voltar para dormir na cadeia. No grupo, estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, que já começam a cumprir pena por corrupção ativa.
Ao menos no Distrito Federal, para onde os presos estão sendo trazidos, o subsecretário do Sistema Penitenciário da capital do país, João Feitosa, admitiu que há superlotação carcerária nos presídios de regime fechado e semiaberto. O subsecretário, contudo, disse que há celas reservadas para os condenados no mensalão. "Não existe essa possibilidade (de progressão de regime)", afirmou. "Estamos preparados para recebê-los", completou.
Se ficar na capital, o operador do mensalão, Marcos Valério, ficará numa cela individual na Papuda, presídio de regime fechado, na mesma ala onde está o deputado Natan Donadon (sem partido-RO). Se passar pela mesma situação, Dirceu, Genoino e Delúbio vão dividir celas coletivas, mas separados dos demais detentos.
A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, onde vivem diversos condenados, informa dispor de celas em dois presídios para abrigar condenados em regime semiaberto.
(com Estadão Conteúdo)

Quadrilha se reencontra na capital. Agora, atrás das grades

Justiça

Nove presos foram transferidos de São Paulo e Belo Horizonte. Outros dois já esperavam na PF em Brasília. Faltou Pizzolato, que fugiu para a Itália. Só não houve reunião de todos porque grupo que viajou de avião foi direto à Papuda

Aeronave em Congonhas na transferência dos condenados do Mensalão
Aeronave em Congonhas na transferência dos condenados do Mensalão - Moacyr Lopes Junior/Folhapress

O avião da PF partiu da capital federal, buscou a dupla Dirceu e Genoino em São Paulo e seguiu rumo a Belo Horizonte, onde embarcaram outros sete presos. No IML, pessoas comemoravam a detenção do grupo - mas pedia a devolução do dinheiro desviado
As principais figuras do escândalo do mensalão estão reunidas e de volta à capital federal - desta vez, porém, sob custódia da Polícia Federal, que realizou neste sábado a transferência dos presos. Eles começaram a se entregar na sexta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal determinou a remoção de doze condenados ao Distrito Federal após a emissão dos mandados de prisão contra eles. O avião que levou o grupo a Brasília pousou às 17h47, depois de passar por São Paulo e Belo Horizonte. No total, nove mensaleiros estavam na aeronave, pertencente à Polícia Federal. Foram colocados numa van que seguiu direto para o complexo penitenciário da Papuda (a expectativa inicial era de que eles seriam levados à PF). Outros dois, Delúbio Soares e Jacinto Lamas, já estavam na própria capital, onde se apresentaram. Delúbio, ex-tesoureiro do PT, se entregou pela manhã. Em Brasília, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal definirá o destino do grupo, desfalcado de apenas um dos alvos dos mandados de prisão. Ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato está na Europa. Sua defesa prometia que ele se apresentaria à PF no Rio neste sábado, mas ele fugiu para a Itália.
O ex-tesoureiro petista era aguardado na superintendência da PF na capital, mas optou por se apresentar no prédio da direção-geral da corporação, escapando assim dos fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam. Ao ser removido para a superintendência, escondeu o rosto com um terno cinza. Delúbio foi condenado a oito anos e onze meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. O petista e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PR, foram os dois mensaleiros presos já em Brasília. No Rio, a PF esperava Pizzolato, mas só recebeu a notícia de que ele não se apresentaria porque já está fora do Brasil há pelo menos 45 dias. Sua saída do país foi clandestina. Fazendo uso de sua dupla cidadania, ele cruzou a fronteira por terra e em seguida embarcou para a Itália. Às 11h45 deste sábado, o delegado de plantão Marcelo Nogueira recebeu do advogado Marthius Lobato um telefonema confirmando que o réu não se entregaria. A defesa de Pizzolato garante que não sabia que seu cliente já tinha deixado o território nacional. Em nota, ele diz que a fuga foi motivada pela esperança de ter um julgamento "justo" no país europeu.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o deputado licenciado José Genoino já estavam detidos desde a noite de sexta. Eles dormiram na carceragem da PF em São Paulo e foram os primeiros a embarcar no voo organizado pela PF rumo a Brasília. O avião partiu da capital, buscou a dupla em São Paulo e seguiu rumo a Belo Horizonte por volta das 14h40. Às 15h20, a aeronave pousou na capital mineira, onde houve atraso no embarque dos outros sete presos - entre eles Marcos Valério -, que estavam na Superintendência da PF na capital mineira. Antes de seguir para o Aeroporto da Pampulha, o grupo foi levado, em uma van branca, ao Instituto Médico-Legal, onde foram submetidos a exames de corpo de delito. Lá, ao contrário do que ocorreu na porta da PF em São Paulo e em Brasília, foram recebidos por pessoas que comemoravam as prisões e pediam a devolução do dinheiro público. Militantes do PT, em pequeno número, manifestaram apoio aos presos no momento da apresentação deles na capital paulista e na capital federal.
Depois de um embarque mais demorado que o previsto, o avião decolou da Pampulha rumo à base aérea de Brasília às 16h48. Antes do pouso em Belo Horizonte, a chegada estava prevista para as 17 horas, mas a lentidão do transporte dos presos ao avião na escala mineira provocou o atraso. A lista dos primeiros detentos do mensalão inclui, além de Dirceu, Genoino e Marcos Valério, nomes como Kátia Rabello, Simone Vasconcellos, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, José Roberto Salgado e Romeu Queiroz. O primeiro a se entregar foi Genoino, que presidia  o PT na época do estouro do escândalo. Ele se apresentou à sede da PF em São Paulo às 18h20. Na porta do prédio da PF, ergueu o braço com o punho cerrado, num gesto repetido duas horas depois pelo ex-ministro Dirceu. Em Brasília, Dirceu, Genoino e os demais condenados em regime semiaberto deverão ser levados para o Centro de Detenções Provisórias do DF. Normalmente, os presos que cumprem pena em regime semiaberto dormem em um galpão com beliches. Eles poderão levar apenas duas calças, um par de tênis, um sapatênis, uma sandália de borracha, uma blusa de frio, dois lençóis (claros), um cobertor (sem forro), duas camisas e duas bermudas, todas brancas. Eles poderão deixar o local para trabalhar ou estudar e deverão retornar para dormir na cadeia diariamente.
Posteriormente, os advogados dos condenados no semiaberto poderão solicitar transferências para unidades próximas de seus domicílios. No caso de Dirceu, sua pena inicial de sete anos e onze meses de prisão poderá subir para dez anos e dez meses caso o Supremo rejeite no ano que vem seu recurso contestando o crime de formação de quadrilha. Nesse caso, ele migrará para o regime fechado. Já os quatro réus condenados a regime fechado, como Marcos Valério e a banqueira Kátia Rabello, deverão começar a cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Os advogados desses réus negociam que eles fiquem em celas individuais. Cada cela tem pelo menos seis metros quadrados, sanitário, lavatório e cama de concreto com colchão. O complexo penitenciário tem 1 300 presos, cem acima da quantidade de vagas. Os advogados de alguns mensaleiros pretendiam usar a lotação das unidades prisionais onde as penas poderiam ser cumpridas no regime semiaberto como argumento para tentar fazer com que eles ficassem em casa. O Supremo, no entanto, deverá abrir vagas para todos, de forma a impedir que eles escapem de cumprir suas sentenças graças à superpopulação carcerária. 
(Com reportagem de Gabriel Castro, de Brasília, Cecília Ritto, do Rio de Janeiro, e Talita Fernandes, de São Paulo)

Delúbio Soares se entrega à PF em Brasília; Pizzolato foge

Justiça

Ex-tesoureiro do PT se apresentou na direção-geral da corporação na manhã deste sábado. Dirceu, Genoino e demais mensaleiros presos estão a caminho da capital federal. Já ex-diretor do BB fugiu - e pegou a PF do Rio de surpresa

Gabriel Castro, de Brasília**
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se entregou à Polícia Federal na manhã desta sábado, em Brasília. A informação foi confirmada por seu advogado, Celso Vilardi. Delúbio era aguardado na superintendência da PF na capital federal, mas optou por se apresentar no prédio da direção-geral da corporação, escapando assim dos fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam. Ao ser removido para a superintendência, escondeu o rosto com um terno cinza. Os advogados do réu, condenado a 8 anos e 11 meses, haviam acordado com a PF que ele se entregaria entre 10 e 11 horas neste sábado. Já o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, cuja defesa também prometia que se entregaria neste sábado, fugiu para a Itália. Há pelo menos 45 dias ele deixou clandestinamente o Brasil para se esconder no país europeu, fazendo uso de sua dupla cidadania. Às 11h45, o delegado de plantão Marcelo Nogueira recebeu do advogado Marthius Lobato um telefonema confirmando que o réu não se entregaria.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e deputado licenciado José Genoino, que passaram a noite na carceragem da PF em São Paulo, estão sendo transferidos neste sábado para Brasília. O voo que levará a dupla de mensaleiros à capital federal saiu à tarde tarde do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, fazendo escala em Belo Horizonte por volta das 15h20. Viajando em um jato da própria Polícia Federal, eles farão a segunda etapa da viagem acompanhados dos condenados que estavam na Superintendência da PF na capital mineira. A remoção dos presos para a capital federal foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a emissão dos mandados de prisão contra doze condenados no processo do mensalão. Em Brasília, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal definirá o destino dos réus. A chegada está prevista para as 17 horas. 
Dos doze mensaleiros cujas prisões foram decretadas pela Justiça, onze se entregaram à Polícia Federal em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. A lista dos primeiros detentos do mensalão inclui o ex-ministro José Dirceu, o operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, e o ex-presidente do PT José Genoino. Além dos três, outros sete condenados já estão na carceragem da polícia: Kátia Rabello, Simone Vasconcellos, Jacinto Lamas, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, José Roberto Salgado e Romeu Queiroz. Neste sábado, foi a vez do ex-tesoureiro Delúbio Soares.
O primeiro mensaleiro a se entregar foi o deputado licenciado José Genoino (SP), que presidia o PT na época do estouro do escândalo. Ele se apresentou à sede da PF em São Paulo às 18h20. Na porta do prédio da PF, ergueu o braço com o punho cerrado, num gesto repetido duas horas depois pelo ex-ministro José Dirceu. Os dois passarão a noite no local e só deverão ser transferidos para Brasília no domingo, quando se apresentarão ao juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, que definirá os locais onde cada um cumprirá sua pena.
Em Brasília, Dirceu, Genoino e os demais condenados em semiaberto deverão ser levados para o Centro de Detenções Provisórias do DF. Normalmente, os presos que cumprem pena em regime semiaberto dormem em um galpão com beliches. Eles poderão levar apenas duas calças, um tênis, um sapatênis, uma sandália de borracha, uma blusa de frio, dois lençóis (claros), um cobertor (sem forro), duas camisas e duas bermudas – todas brancas. Eles poderão deixar o local para trabalhar ou estudar e deverão retornar para dormir na cadeia diariamente.
Posteriormente, os advogados dos condenados no semiaberto poderão solicitar transferências para unidades próximas de seus domicílios. No caso de Dirceu, sua pena inicial de sete anos e onze meses de prisão poderá subir para dez anos e dez meses caso o Supremo rejeite no ano que vem seu recurso contestando o crime de formação de quadrilha. Nesse caso, ele migrará para o regime fechado.
Já os quatro réus condenados a regime fechado, como Marcos Valério e a banqueira Kátia Rabello, deverão começar a cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Os advogados desses réus negociam que eles fiquem em celas individuais. Cada cela tem pelo menos seis metros quadrados, sanitário, lavatório e cama de concreto com colchão. O complexo penitenciário tem 1 300 presos, cem acima da quantidade de vagas.
**Com reportagem de Cecília Ritto, do Rio de Janeiro, e Talita Fernandes, de São Paulo

Delúbio Soares se entrega em Brasília e fala em 'julgamento de exceção'

 Por João Domingos, estadao.com.br
Ex-tesoureiro do PT anunciou pelo Twitter que estava se apresentando



Delúbio Soares se entrega em Brasília e fala em 'julgamento de exceção'
"AE"
BRASÍLIA - O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se entregou por volta das 11h25 na sede da Polícia Federal, em Brasília, a cerca de 8 quilômetros da superintendência, onde era esperado desde o início da manhã. Pelo microblog Twitter, o próprio Delúbio anunciou que estava se entregando. "Apresentando (sic) às autoridades em Brasília para o cumprimento da pena que me foi imposta em julgamento de exceção. Viva o PT! Viva o Brasil!", escreveu o ex-tesoureiro, o décimo primeiro dos sentenciados a se entregar. Ao dizer "Viva o PT! Viva o Brasil", ele procurou dar conotação política à sua condenação, num ensaio mostrado tanto pelo ex-ministro José Dirceu quanto pelo deputado José Genoino, ao se entregarem na sexta-feira.

Delúbio foi condenado a 8 anos e 11 meses de prisão pelo STF pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Ele começará a cumprir a pena em regime semiaberto, porque pediu a revisão da condenação por formação de quadrilha. Se a revisão for aceita pelo STF, a pena seria reduzida para 6 anos e 8 meses.
O Supremo Tribunal Federal (STF) expediu nessa sexta-feira mandados de prisão contra 12 condenados no processo do mensalão. Logo após a expedição ser encaminhada à Polícia Federal por ordem do presidente do STF, Joaquim Barbosa, dez dos condenados se entregaram espontaneamente ainda na sexta: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o operador do mensalão, empresário Marcos Valério, a ex-diretora da SMP&B Simone Vasconcelos, o publicitário Cristiano Paz, a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo, o ex-deputado federal pelo PTB-MG Romeu Queiroz, o ex-sócio de Marcos Valério Ramon Hollerbach, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas e o ex-vice presidente do Banco Rural José Roberto Salgado.