segunda-feira 16 2012

Nazista mais procurado viveu por 17 anos com tranquilidade(VEJA)


ungria

Laszlo Csatary levava uma vida normal em Budapeste, mesmo após descoberta sua verdadeira identidade e apesar de tantas informações transmitidas à justiça

Laszlo Csatary
Laszlo Csatary (Reprodução)
criminoso nazista ainda vivo mais procurado do mundo, o húngaro Laszlo Csatary, de 97 anos, viveu dias tranquilos em Budapeste durante 17 anos, mesmo após a descoberta de sua verdadeira identidade e apesar das informações transmitidas à justiça sobre o seu passado há mais de dez meses pelo Centro Simon Wiesenthal, com sede em Jerusalém. Csatary, acusado de cumplicidade na morte de 15.700 judeus durante a II Guerra Mundial, foi encontrado em Budapeste, conforme anunciou no domingo o diretor do Centro Wiesenthal, Efraim Zuroff.
Em um edifício moderno de um sofisticado bairro da capital húngara, há dois nomes em uma caixa de correio: "Csatary/Smith". Esses são os nomes de uma única pessoa, Laszlo Csatary, o chefe de polícia no gueto judeu da cidade eslovaca de Kosice (Kassa em húngaro, Kaschau em alemão) durante a II Guerra Mundial. Nesse gueto, cerca de 15.700 judeus foram assassinados ou deportados para o campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia, durante a ocupação pela Alemanha nazista.
De acordo com documentos dos arquivos do centro israelense, Laszlo Csatary tratou cruelmente os judeus do gueto. Espancava as mulheres e obrigava as pessoas a cavar trincheiras com as próprias mãos. Segundo seus vizinhos, que parecem ignorar o seu passado, Csatary possui um apartamento de dois quartos no quinto andar. "Eu cruzo de vez em quando com esse idoso senhor; ele tem vivido aqui há muito tempo", contou uma vizinha. "Ele não aparece nas reuniões de condomínio, mas sempre pagou suas despesas", indicou I. Vasarhelyi, um ex-síndico do edifício. O carro de Laszlo Csatary, um Ford Scorpio cinza escuro, está estacionado na garagem. 
Fuga - Antes de regressar a Budapeste, Csatary, que foi condenado à morte à revelia em 1948 na Tchecoslováquia, refugiou-se no Canadá, Montreal e Toronto, onde, sob uma falsa identidade, foi um negociante de arte. Em 1995, as autoridades canadenses descobriram a sua verdadeira identidade, mas deixaram que ele fugisse para a Hungria. Antes de sua fuga, admitiu aos investigadores canadenses sua participação na deportação de judeus, embora afirmasse que seu papel era "limitado". Em abril, o Centro Simon Wiesenthal, nome do famoso caçador de nazistas, um judeu austríaco que morreu em 2005, e cujas investigações em todo o mundo permitiram a descoberta de dezenas de criminosos nazistas, colocou Laszlo Csatary no topo da sua lista de criminosos de guerra nazistas mais procurados do mundo.
Alimentados por informações fornecidas pelo Centro, repórteres do jornal britânico The Sundescobriram o paradeiro do antigo chefe da polícia e conseguiram encontrá-lo. De acordo com o artigo publicado domingo, 15 de julho, no site do Sun, o criminoso de guerra nazista declarou aos repórteres: "Eu não fiz nada, saiam daqui", antes de bater a porta na cara deles. Desde então, Laszlo Csatary já não responde ao toque da campainha. Contatado pela AFP, o procurador-adjunto de Budapeste, Jeno Varga, limitou-se a declarar nesta segunda-feira que "examina as informações que nos foram transmitidas, incluindo pela imprensa". A França pediu que Budapeste conduza Csatary à justiça, porque "crimes nazistas são imprescritíveis".
Justiça - "Acreditamos que os criminosos nazistas, onde quer que estejam, devem responder pelos seus atos perante a justiça", acrescentou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero, durante uma coletiva de imprensa. "O procurador-geral de Budapeste disse que a justiça vai analisar os fatos. Cabe às autoridades húngaras tomar as medidas adequadas neste caso", acrescentou. "Esse homem está saudável e dirige seu próprio carro", disse por sua vez o americano Efraim Zuroff, que é autor do livro Caçador de nazistas.
Sobre a justiça húngara, ele se mostrou crítico: "Nada foi feito e estou muito frustrado. Com a idade de Csatary, a saúde pode deteriorar-se de um dia para o outro. Temos de agir rapidamente". Para Zuroff, a passagem do tempo não diminui sua culpa, e a velhice não pode fornecer proteção para os perpetradores do Holocausto. "Se ele é considerado o criminoso nazista mais procurado, é porque existem poucos até hoje ainda em fuga, todos com idade superior a 90 anos", disse Serge Klarsfeld, presidente da Associação de filho e filhas de judeus deportados da França.
"Não tenho certeza de que haverá ação legal com esse governo conservador" do primeiro-ministro Viktor Orban, acrescentou. Orban é alvo de críticas por causa de seguidos incidentes anti-semitas na Hungria nos últimos meses e uma frouxidão quanto ao envolvimento nesse assunto de muitos de seus parentes, incluindo o presidente do Parlamento, Laszlo Kover. Isso levou o Prêmio Nobel da Paz, Elie Wiesel, um sobrevivente do Holocausto, devolver uma condecoração ao governo em 19 de junho.

Centenas participam de homenagem a judeus presos e deportados há 70 anos pela polícia francesa
Centenas participam de homenagem a judeus presos e deportados
Homenagem - Centenas de pessoas participaram nesta segunda-feira em Drancy, comuna ao norte de Paris, de uma cerimônia em homenagem aos 13.152 judeus presos e deportados há 70 anos pela polícia francesa, evento que ficou conhecido como "rafle du Vel d'Hiv". É a primeira manifestação em território francês, em memória ao acontecido. As homenagens terminam domingo com uma cerimônia com a participação do presidente francês, François Hollande, no local do antigo Velódromo de Inverno de Paris (Vel d'Hiv), onde milhares de judeus foram presos.

Em 16 e 17 de julho de 1942, 13.152 judeus foram detidos em Paris e seus subúrbios por 9.000 policiais e gendarmes franceses destacados para a operação, antes de serem deportados para campos de extermínio nazistas, incluindo Auschwitz. Do número total de deportados, apenas uma centena deles sobreviveram e nenhuma das 4.000 crianças entre 2 e 12 anos, detidas pela própria iniciativa da polícia francesa, sem a demanda nazista. 
Em Jerusalém, centenas de pessoas devem participar de uma cerimônia no Yad Vashem, memorial da Shoah (Holocausto), organizada pela Aloumin, a associação israelense de crianças escondidas na França durante a Shoah, e a delegação israelense da FDJF (Filhos e filhas de judeus deportados da França).

O embaixador francês em Israel, Christophe Bigot, depositou um buquê de flores sobre a inscrição "Drancy" no coração de Yad Vashem (Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto). A oração pelos mortos foi recitado pelo neto de um deportado. "Esses homens, essas mulheres, essas crianças acreditavam na França e foram abandonados pelo estado francês à barbárie nazista. Setenta anos depois, essa mancha em nossa história não foi apagada", afirmou o embaixador em seu discurso.
(Com agência France-Presse)

Governo estuda reduzir maior Floresta Nacional do Brasil(VEJA)


Geral

Projeto está no Instituto Chico Mendes, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente, e deve ser levado ao gabinete da presidente. Redução serviria para resolver disputa de terras no Pará

Vista aérea da floresta amazônica
Vista aérea da floresta amazônica: natureza ameaçada (Alex Almeida/Folhapress)
No início de 2006, um decreto do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, a maior de um conjunto de unidades de conservação no sul do Pará que ajudaria a conter o avanço das motosserras na Amazônia. Pouco mais de seis anos depois, o governo de Dilma Rousseff estuda tirar um pedaço da Flona de até três vezes o tamanho da cidade de São Paulo para resolver uma disputa de terras na região.
A decisão tem tudo para se tornar histórica. Mais do que a terça parte da maior Floresta Nacional do País, de pouco mais de 1,3 milhão de hectares, está em jogo o destino da política de combate ao desmatamento na Amazônia. Ambientalistas certamente verão nela o início do desmanche das unidades de conservação, cujo ritmo de criação despencou desde o início do governo Dilma.
Grande parte das unidades de conservação criadas nos últimos anos não concluiu o processo de regularização das terras. Há bilhões de reais em indenizações a serem pagas. A reivindicação por terras no interior dessas áreas de proteção que implica em redução das unidades de conservação pode chegar a 1 milhão de hectares apenas no sul do Pará, segundo estimativas preliminares.
"Há situações a serem corrigidas", diz a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "Mas é preciso separar o joio do trigo, para ver quem tem direito à posse da terra e quem a ocupou ilegalmente, para especular e desmatar. Há muito interesse de grilagem na região."
O assunto está em estudo no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), subordinado ao ministério, e deve ser levado ao gabinete da presidente. Enquanto a decisão não sai, a Flona do Jamanxim abriga rebanhos e pastagens degradadas, além da produção de café, milho e arroz onde, por lei, a única atividade econômica deveria ser o uso sustentável de produtos da floresta.
Ameaças - Em maio deste ano, segundo dados mais recentes de desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Jamanxim perdeu 1 km² de floresta - o segundo maior abate de árvores detectado em unidades de conservação no mês. No final do governo Lula, houve duas Operações Boi Pirata dentro da Flona, na tentativa de conter o desmatamento ilegal na unidade. Nessas operações, os animais eram apreendidos pelo governo e depois leiloados.
"Temos uma produção diversificada", diz Nelci Rodrigues, uma das líderes do movimento para excluir áreas de produção da Flona. Paranaense, ela ocupa um terreno de 2,4 mil hectares, mas sustenta que apenas ocupações até 1,1 mil hectares devem ser reconhecidas, de acordo com o limite da lei de regularização fundiária na Amazônia.
Ocupantes da Jamanxim contam com um forte lobby no Congresso, ao qual aderiram parlamentares da base de apoio do governo. O deputado Zé Geraldo (PT-PA) passou de defensor da criação da Flona a advogado da redução da área. "Foi um remédio amargo, necessário na época, para conter a grilagem desenfreada e a frente de desmatamento", sustenta o deputado. Ele calcula que cerca 500 famílias deveriam ter suas posses reconhecidas. Ainda pelos seus cálculos, a área no interior da unidade cuja ocupação deveria ser reconhecida alcança 600 mil hectares - quase metade do território da Jamanxim.
Documento encaminhado à ministra Izabella Teixeira pela advogada dos ocupantes da Flona, Samanta Pineda, alega que as pessoas que reivindicam a posse da terra foram atraídas pelo próprio governo federal a ocupar a Amazônia, nos anos 1970. "A inauguração da BR-163 era a concretização da promessa de que a região realmente seria foco dos recursos para o desenvolvimento", afirma no texto.
Várias unidades de conservação no sul e oeste do Pará foram criadas para evitar a expansão do desmatamento após o asfaltamento da rodovia, que liga Cuiabá a Santarém.
(Com Agência Estado)

Quase humanos


Comportamento animal

Neurocientistas publicam manifesto afirmando que mamíferos, aves e até polvos têm consciência e esquentam debate sobre direitos dos animais

Marco Túlio Pires
Os seres humanos não são os únicos animais que têm consciência. A afirmação não é de ativistas radicais defensores dos direitos dos animais. Pelo contrário. Um grupo de neurocientistas — doutores de instituições de renome como Caltech, MIT e Instituto Max Planck — publicou um manifesto asseverando que o estudo da neurociência evoluiu de modo tal que não é mais possível excluir mamíferos, aves e até polvos do grupo de seres vivos que possuem consciência. O documento assinado no último sábado (7), em Cambridge, esquenta uma discussão que divide cientistas, filósofos e legisladores há séculos sobre a natureza da consciência e sua implicação na vida dos humanos e de outros animais.

Apresentado à Nasa nesta quinta-feira, o manifesto não traz novas descobertas da neurociência — é uma compilação das pesquisas da área. Representa, no entanto, um posicionamento inédito sobre a capacidade de outros seres perceberem sua própria existência e o mundo ao seu redor. Em entrevista ao site de VEJA, Philip Low, criador do iBrain, o aparelho que recentemente permitiu a leitura das ondas cerebrais do físico Stephen Hawking, e um dos articuladores do movimento, explica que nos últimos 16 anos a neurociência descobriu que as áreas do cérebro que distinguem seres humanos de outros animais não são as que produzem a consciência. "As estruturas cerebrais responsáveis pelos processos que geram a consciência nos humanos e outros animais são equivalentes", diz. "Concluímos então que esses animais também possuem consciência."

O que é consciência?

PARA A FILOSOFIA
Filosoficamente, é o entendimento que uma criatura tem sobre si e seu lugar na natureza. Alguns atributos definem a consciência, como ser senciente, ou seja, sentir o mundo à sua volta e reagir a ele; estar alerta ou acordado ou ter consciência sobre si mesmo (o que, para a filosofia já basta para incluir alguns animais “não-linguísticos” entre os seres com consciência).Fonte: Enciclopédia de Filosofia de Stanford
PARA A CIÊNCIA
A ciência considera como consciência as percepções sobre o mundo e as sensações corporais, junto com os pensamentos, memórias, ações e emoções. Ou seja, tudo o que escapa aos processos cerebrais automáticos e chega à nossa atenção. O conteúdo da consciência geralmente é estudado usando exames de imagens cerebrais para comparar quais estímulos chegam à nossa atenção e quais não. Como resumiu o neurocientista Bernard Baars, em 1987, o cérebro é como um teatro no qual a maioria dos eventos neurais são inconscientes, portanto acontecem “nos bastidores”, enquanto alguns poucos entram no processo consciente, ou seja, chegam ao “palco”.
Estudos recentes, como os da pesquisadora Diana Reiss (uma das cientistas que assinaram o manifesto), da Hunter College, nos Estados Unidos, mostram que golfinhos e elefantes também são capazes de se reconhecer no espelho. Essa capacidade é importante para definir se um ser está consciente. O mesmo vale para chimpanzés e pássaros. Outros tipos de comportamento foram analisados pelos neurocientistas. "Quando seu cachorro está sentindo dor ou feliz em vê-lo, há evidências de que no cérebro deles há estruturas semelhantes às que são ativadas quando exibimos medo e dor e prazer", diz Low.

Personalidade animal - Dizer que os animais têm consciência pode trazer várias implicações para a sociedade e o modo como os animais são tratados. Steven Wise, advogado e especialista americano em direito dos animais, diz que o manifesto chega em boa hora. "O papel dos advogados e legisladores é transformar conclusões científicas como essa em legislação que ajudará a organizar a sociedade", diz em entrevista ao site de VEJA. Wise é líder do Projeto dos Direitos de Animais não Humanos. O advogado coordena um grupo de 70 profissionais que organizam informações, casos e jurisprudência para entrar com o primeiro processo em favor de que alguns animais — como grandes primatas, papagaios africanos e golfinhos — tenham seu status equiparado ao dos humanos.

O manifesto de Cambridge dá mais munição ao grupo de Wise para vencer o caso. "Queremos que esses animais recebam direitos fundamentais, que a justiça as enxergue como pessoas, no sentido legal." Isso, de acordo com o advogado, quer dizer que esses animais teriam direito à integridade física e à liberdade, por exemplo. "Temos que parar de pensar que esses animais existem para servir aos seres humanos", defende Wise. "Eles têm um valor intrínseco, independente de como os avaliamos."

Questão moral - O manifesto não decreta o fim dos zoológicos ou das churrascarias, muito menos das pesquisas médicas com animais. Contudo, já foi suficiente para provocar reflexão e mudança de comportamento em cientistas, como o próprio Low. "Estou considerando me tornar vegetariano", diz. "Temos agora que apelar para nossa engenhosidade, para desenvolver tecnologias que nos permitam criar uma sociedade cada vez menos dependente dos animais." Low se refere principalmente à pesquisa médica. Para estudar a vida, a ciência ainda precisa tirar muitas. De acordo com o neurocientista, o mundo gasta 20 bilhões por ano para matar 100 milhões de vertebrados. Das moléculas medicinais produzidas por esse amontoado de dinheiro e mortes, apenas 6% chega a ser testada em seres humanos. "É uma péssima contabilidade", diz Low.

Contudo, a pesquisa com animais ainda é necessária. O endocrinologista americano Michael Conn, autor do livro The Animal Research War, sem edição no Brasil, argumenta que se trata de uma escolha priorizar a espécie humana. "Conceitos como os de consentimento e autonomia só fazem sentido dentro de um código moral que diz respeito aos homens, e não aos animais", disse em entrevista ao site de VEJA. "Nossa obrigação com os animais é fazer com que eles sejam devidamente cuidados, não sofram nem sintam dor — e não tratá-los como se fossem humanos, o que seria uma ficção", argumenta. "Se pudéssemos utilizar apenas um computador para fazer pesquisas médicas seria ótimo. Mas a verdade é que não é possível ainda."

A inteligência dos polvos



O vídeo mostra diversas situações em que o polvo consegue resolver problemas. Desde a captura de presas em diferentes tipos de recipientes até escapar de locais extremamente difíceis. As situações mostram que o animal é capaz de formular soluções para problemas específicos, o que denota, na opinião dos neurocientistas, um estado de consciência inteligente.

O corvo que faz ferramentas



Uma das condições para diferenciar seres humanos de outros animais é a capacidade de produzir ferramentas. Vários animais já demonstraram essa capacidade, como ursos e corvos. No vídeo, o animal entorta um pedaço de arame para formar um gancho. A ferramenta é utilizada para retirar o alimento de dentro do frasco. 

Consciência dos elefantes



Ao avistar o filhote preso na enorme poça d'água, a mamãe elefante tenta resgatá-lo. Em seguida, outro elefante vem ajudar mãe e filho. A situação demonstra que os elefantes têm capacidade de perceber a necessidade de outros, uma das qualidade levadas em consideração na hora de definir se um ser possui consciência ou não.

Os ratos também dão risadas



Pesquisadores descobriram que os ratos também sentem cócegas, assim como os seres humanos. Ao passar os dedos ao longo do corpo dos animais, os cientistas descobriram que eles emitem um som inaudível aos seres humanos (a frequência é alta demais). A análise do áudio, contudo, revelou que os ratinhos morrem de rir. Isso só ocorreria, defendem os pesquisadores, se o animal tivesse algum tipo de consciência. "Não é possível rir inconsciente", argumentam.

França testa tratamento preventivo contra o HIV


Aids

Medicamento é prescrito para antes e depois de relações homossexuais

Modelo tridimensional do vírus da aids
Modelo tridimensional do vírus da aids: França fará testes de tratamento para prevenção da aids (Centro Nacional de Biotecnología (CSIC) / Comunicación CSIC)
Cientistas franceses estão experimentando um medicamento para prevenir a contaminação pelo vírus da aids em homens homossexuais, anunciou nesta quarta-feira, em Paris, o coordenador do estudo, Jean-Michel Molina. O teste, iniciado pela Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids (ANRS), reúne 300 voluntários soronegativos.

Saiba mais

ANTIRRETROVIRAL
São os medicamentos utilizados no tratamento de pessoas com aids. Mas nem todas as pessoas infectadas pelo vírus HIV recebem o tratamento. Ele é introduzido quando há uma quantidade determinada de vírus e de células de defesa no sangue do paciente. Eles inibem a reprodução do vírus, diminuem a carga viral, mas não são capazes de curar o paciente infectado pelo HIV.
SORONEGATIVOS
São pessoas não infectadas pelo vírus HIV.
PLACEBO
Substância neutra, sem produtos farmacológicos, utilizada em pesquisas e que não provoca efeitos no organismo.
Metade receberá um placebo e outra metade um antirretroviral oral comumente utilizado no tratamento de pessoas com aids, o Truvada, que combina dois produtos (Tenofovir + FTC).

Os voluntários terão de ingerir dois comprimidos antes do período de atividade sexual (logo antes do fim de semana, por exemplo), dois comprimidos durante o período, e um comprimido depois.

Os voluntários, porém, não deverão deixar de lado outros métodos de prevenção. Todos terão acesso a preservativos e farão exames frequentes para detectar infecções sexualmente transmissíveis.

Se essa etapa for bem sucedida, uma segunda fase será iniciada, com 1.900 participantes (incluindo os 300 pioneiros).

Desde 1994, os tratamentos antirretrovirais (ARV) permitem, por exemplo, limitar a contaminação de mãe para filho durante a gravidez e o parto. Esses medicamentos são também utilizados como tratamento de urgência após uma relação não protegida que apresenta riscos.
Eficácia - Um outro estudo sobre a eficácia de medicamento a ser tomado antes e depois das relações sexuais, por homens homossexuais soronegativos, foi realizado na América do Sul e na Tailândia. No Brasil, uma primeira fase dos estudos envolvendo o Truvada mostrou eficácia de 44%.
"O medicamento permite que o vírus entre no organismo do paciente, mas inibe a ação da uma enzima fundamental para o HIV se multiplicar. No estudo, avaliamos que a medicação é segura, e os principais efeitos colaterais são as náuseas e a ausência do ganho normal de peso", explica Vivian Avelino da Silva, médica infectologista e pesquisadora do Hospital das Clínicas. 
Segundo ela, a dificuldade nesse tipo de tratamento está no uso correto da medicação.
(Com agência France-Presse)

EUA aprovam Truvada, 1ª pílula de prevenção ao vírus da aids(VEJA)


HIV

Medicamento Truvada
Truvada: medicamento poderá ajudar pessoas com alto risco de contrair o vírus HIV a evitar a doença (Divulgação)
O FDA, órgão do governo americano que controla drogas e alimentos, anunciou nesta segunda-feira a aprovação do Truvada, fabricado pelo laboratório Gilead Sciences, como primeira pílula para ajudar a prevenir o HIV em alguns grupos de risco. A posição definitiva veio dois meses após o órgão ter se mostrado favorável a um estudo que indicou que o medicamento pode reduzir de 44% a 73% o risco de contração do HIV em homens homossexuais. Na mesma semana, um comitê do FDA se reuniu e os especialistas se posicionaram a favor do uso do Truvada para esses fins.

Saiba mais

TRUVADA
O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas, mais antigas, usadas no combate ao HIV: Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances de a aids se desenvolver.

A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e pelo uso de preservativo.

O remédio já está no mercado para tratar a doença. A aprovação do FDA permite que a empresa Gilead Sciences, fabricante da medicação, venda a droga formalmente nas condições estabelecidas pelo órgão.
O Truvada é encontrado no mercado americano desde 2004 como tratamento para pessoas infectadas com HIV. O medicamento é usado em combinação com outros remédios antirretrovirais. Agora, com a aprovação do FDA, a droga passa a ser recomendada também para pessoas não infectadas que apresentam alto risco de serem contaminadas pelo vírus HIV. 
"O Truvada é para ser utilizado na profilaxia prévia à exposição, em combinação com práticas de sexo seguro, para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco. O Truvada é o primeiro remédio aprovado com esta indicação", afirmou o FDA. Como os estudos mais conclusivos até o momento dizem respeito apenas a homens que fazem sexo com homens, a droga deverá ser indicada apenas para esse grupo. "As demais pesquisas, como a com profissionais do sexo ou com casais discordantes (em que um parceiro tem o vírus e outro não), por exemplo, ainda não foram conclusivas", diz Ricardo Shobbie Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Brasil — Em maio, logo após o primeiro sinal verde do FDA em relação ao uso do Truvada para a prevenção do HIV, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou o medicamento no Brasil. A droga, no entanto, não passou a ser utilizada automaticamente no país. De acordo com o Ministério da Saúde, a inclusão do medicamento no coquetel distribuído no país foi analisada há dois anos e não foi encontrada a necessidade na troca das drogas. Segundo Diaz, o Truvada é uma alternativa mais cara para o coquetel que já é distribuído pelo Ministério da Saúde. "Ele encarece o tratamento sem necessidade, já usamos medicamentos similares e mais baratos", diz. Mas, como a droga é devidamente registrada no país, ela pode ser receitada e comercializada.
A nova indicação para o Truvada foi rejeitada por grupos de prevenção contra a aids, como a Aids Healthcare Foundation, dos Estados Unidos. De acordo com a organização, o uso contínuo do medicamento pode induzir a uma falsa sensação de segurança. Isso levaria, por fim, a um menor uso de métodos preventivos mais eficazes, como a camisinha.