sexta-feira 29 2015
O método de Marin: pedidos de propina em guardanapos
Segundo empresários que negociaram contratos da CBF, ex-presidente não queria deixar nenhum rastro de suas transações ilegais
O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, adotava uma metodologia inusitada para solicitar as propinas investigadas pelo FBI e que o levaram à prisão em Zurique, na Suíça. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, três diferentes empresários que negociavam contratos com a CBF desde 2012 relataram que Marin sempre escrevia o quanto queria receber em sua conta privada em guardanapos de papel, para não deixar qualquer rastro do valor.
Segundo os empresários, que exigiram anonimato, era comum que guardanapos com valores extraoficiais viajassem de um lado a outro da mesa da CBF durante as negociações. De acordo com uma das fontes, o atual presidente, Marco Polo del Nero, também estava em algumas dessas reuniões. Em um dos guardanapos usados em um encontro na Europa, os interlocutores da CBF se surpreenderam com um valor acima de 1 milhão de reais pedido por Marin.
No indiciamento da Justiça americana contra Marin, são citadas conversas em que o cartola brasileiro trata abertamente das propinas em contratos da CBF com outro "co-conspirador" (como são chamados os personagens do crime, para preservar suas identidades). Marin segue preso em uma prisão em Zurique e não deve ter seu pedido de aguardar em liberdade aceito pelo governo suíço.
(Com Estadão Conteúdo)
Vídeo: diante de juiz, operador do petrolão cai no choro
Acusado de operar propinas para ex-diretor da Petrobras, empresário Mário Góes se lamenta e diz que está 'ficando cada vez mais fraco'
Acusado de ser o operador de propinas de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras indicado pelo PT, o empresário Mário Frederico Mendonça Góes, de 74 anos, chorou durante audiência da Operação Lava Jato na última terça-feira. Preso preventivamente, Góes seria interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, mas preferiu ficar em silêncio por orientação de seus advogados. Frente a frente com o juiz, ele embargou a voz e apelou: "Eu estou ficando fraco cada vez mais. Eu tenho problema, eu operei a coluna lombar. Eu tenho problema cervical. Para ficar sentar sentado é muito complicado, tenho que ficar deitado".
"Eu estava com a minha vida normal. Não estou reclamando de jeito nenhum das pessoas do sistema carcerário. Dentro da legalidade, sou tratado com dignidade. Mas é diferente, minhas comidas... Eu não consigo. Tenho colite, diverticulite, uma série de problemas digestivos. Isso vai me consumindo um pouco", disse Góes. Ele responde à ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro com Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
"O senhor pode tomar uma água se quiser", ofereceu o juiz Sérgio Moro.
"Eu vivia para minha família e meu trabalho. Não gosto nem de viajar muito, só viajo para perto", lamentou-se. "Para eu me defender fica cada dia mais difícil, porque são coisas muito técnicas que estamos tratando aqui. Eu tenho condições de ajudar a descobrir, ver, mostrar e esclarecer, mas me sinto cada vez menos capaz de fazer as coisas. Foram feitos exames e eu não sei o resultado, mas meu coração dispara à noite, sinto umas coisas estranhas."
A defesa de Góes tenta tirá-lo do Complexo Médico-Penal do Paraná e pleiteia que ele cumpra a prisão preventiva em regime domiciliar, no Rio de Janeiro, com uso de tornozeleira eletrônica com argumento de que o lobista tem saúde fragilizada. "O paciente tem quadro hipertensivo, colite, diverticulite, é diabético, sofre de uma série de problemas ortopédicos que recomendam acompanhamento constante, alimentação adequada, acompanhamento de natureza psiquiátrica."
"Eu trabalho há mais de 50 anos, minha companhia tem mais de 28 anos, tenho um trabalho sério realizado durante muitos anos. Infelizmente, não sou mais uma criança e entendo que tem acusações que tenho que me defender e no decorrer do processo tudo será esclarecido", afirmou Góes.
Moro, então, pediu informações sobre contas no exterior que seriam usadas para movimentar a propina, mas Góes se negou a dar falar. A existência do dinheiro fora do país, que poderia ser usado de maneira fraudulenta, foi uma das razões elencadas pelo magistrado para decretar a prisão de Góes, como foram de "prevenir a reiteração delitiva". "Tudo isso será muito bem esclarecido no decorrer do processo", limitou-se a dizer o réu.
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O trabalho ininterrupto gera diversas consequências físicas e psicológicas ao empregado. A exigência constante por produtividade faz com ...