quarta-feira 06 2013
História de trás pra frente
José Villoso, o escritor mais popular da história de Antares, a pequena ilha do Caribe, morreu aos noventa e um anos. Era gordo, rico e famoso, mas amargurado. Dizem que suas últimas palavras foram: “Os críticos que rezem bastante para a morte ser o fim de tudo. Porque, se não for, eu juro que volto para pegar esses cabrones”.
Villoso tinha sido a ausência mais notada no enterro, dez anos antes, de seu ex-amigo Juanito Penafort, o maior nome das letras de Antares. Ignorado pelo grande público, que passava longe de compreender uma arte rigorosa em que o experimentalismo se punha a serviço da ampliação das fronteiras do literário, Penafort morreu magro e pobre. Era considerado um deus pelos críticos.
O popular Villoso e o cultuado Penafort nunca mais se falaram depois de travarem uma polêmica amarga nas páginas do principal jornal de Antares, chamado justamente Jornal de Antares. Aos cinquenta e muitos anos, eram ambos nomes sólidos em suas respectivas praias literárias. Villoso escreveu um artigo em que chamava Borges de “ceguinho pomposo”. Penafort replicou com violência, houve tréplica, contratréplica, deu no que deu.
Até o episódio da briga, Villoso e Penafort tinham sido o Gordo e o Magro da imprensa antarense. Repórteres e leitores adoravam o contraste cômico entre eles – literário, financeiro e corporal – e se enterneciam com o fato de, apesar disso, serem ambos tão fiéis a uma amizade que vinha da infância. “José Villoso é o maior escritor de Antares”, dizia Penafort. “Nada disso, o maior escritor de Antares é Juanito Penafort”, dizia Villoso. E se abraçavam rindo.
Pouca gente sabia que os primeiros livros escritos por ambos, ainda nos tempos da Faculdade Antarense de Direito, tinham permanecido inéditos. O de Villoso era um romance cubista de quinhentas páginas que narrava, numa multiplicidade de pontos de vista e idiomas – alguns deles inventados – o período de um minuto e meio transcorrido entre dois sinais vermelhos em certa esquina da capital. O de Penafort era uma novela policial ensopada de sangue e sexo.
Quando tinham quinze anos, José e Juanito ganharam permissão dos pais para acampar durante um fim de semana no parque nacional próximo à capital, famoso por suas cachoeiras. Lá toparam com uma cabana na mata e ajudaram sua moradora, uma velha decrépita, a recuperar três cabritos que tinham fugido de um cercadinho tosco. Agradecida, a mulher serviu café aguado com pamonha de milho roxo em sua choupana. Disse que era feiticeira e que cada um tinha direito a um desejo.
Muita televisão prejudica a fertilidade masculina, diz estudo
Sedentarismo
Pesquisadores da Universidade Harvard observaram que sedentarismo diminui a concentração de espermatozoides no sêmen do homem. Por outro lado, a atividade física pode reverter o prejuízo
Sedentarismo: Muitas horas no sofá em frente à televisão pode prejudicar a fertilidade dos homens, afirma pesquisa de Harvard (Thinkstock)
O sedentarismo é um dos grandes vilões da fertilidade masculina, segundo um novo estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, homens jovens e saudáveis que assistem televisão por mais de 20 horas semanais têm a metade da concentração de espermatozoides no sêmen do que aqueles que passam pouco tempo em frente ao aparelho. Por outro lado, a prática de atividade física parece promover uma vantagem nesse sentido: indivíduos que se exercitam durante 15 horas por semana chegam a apresentar uma contagem de esperma 73% maior do que aqueles que são pouco ativos.
Saiba mais
CONTAGEM DE ESPERMAA contagem de esperma de um homem é uma medida que calcula a quantidade de espermatozoide por mililitro de sêmen. Quando esse número é superior a 39 milhões, considera-se que o indivíduo é saudável; abaixo dos 15 milhões, que ele tem baixa contagem (oligospermia); e, menos do que 10 milhões, que é infértil. Pesquisas feitas com homens de outros países já vêm mostrando que essa contagem está em queda nos últimos anos — entre os franceses, por exemplo, a concentração de espermatozoides por mililitro de sêmen passou de 74 milhões para 50 milhões entre 1989 e 2005. Já na Espanha, se em 2001 a média da contagem de esperma de homens que habitam a região sudeste do país era de 72 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen, em 2011, esse número passou a ser de 52 milhões.
O novo trabalho, que foi publicado nesta segunda-feira no periódico British Journal of Sports Medicine, ajuda a entender os resultados de estudos recentes que vêm mostrando que a concentração de espermatozoides no sêmen dos homens de diversas regiões do mundo está diminuindo com o tempo — o que não significa que eles estão se tornando inférteis, mas sim que existe uma tendência para que isso ocorra um dia.
Para realizar o estudo, Audrey Jane Gaskins, pesquisadora do Departamento de Nutrição Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, reuniu uma equipe multidisciplinar. O time selecionou, entre 2009 e 2010, 189 homens de 18 a 22 anos, que foram questionados sobre a quantidade e a intensidade de atividade física que haviam praticado nos três meses anteriores, além do tempo que passavam em frente à televisão em um dia. Os participantes também relataram outros fatores que podem afetar a fertilidade, como problemas de saúde em geral, hábitos alimentares, tabagismo e níveis de stress, e tiveram recolhidas amostras de seu sêmen.
Sedentarismo - Na análise de Gaskins, as pessoas que se exercitavam mais do que 15 horas por dia foram incluídas no grupo dos participantes mais fisicamente ativos. Embora essa quantidade de exercícios tenha aumentado a concentração de espermatozoides no sêmen desses homens, ela não impactou a forma ou o volume do esperma. Além disso, muitas horas em frente à televisão neutraliza esse efeito positivo da atividade física. O sedentarismo parece ser o fator mais prejudicial ao homem nesse sentido, já que nem o tabagismo e nem o peso, por exemplo, eliminaram os benefícios dos exercícios.
Segundo os autores do estudo, a atividade física pode afetar a função reprodutiva "por meio de sua capacidade de regular a energia e o equilíbrio do organismo, influenciando no índice de massa corporal (IMC)", escreveram. "Os exercícios, exceto aqueles que são levados à exaustão, vêm se mostrando capazes de aumentar a expressão de enzimas antioxidantes no corpo. A atividade física regular, então, pode proteger as células germinais masculinas." Ainda de acordo com os pesquisadores, estudos futuros devem determinar que tipo de atividade física é benéfico à fertilidade masculina.
Por que os homens têm cada vez menos espermatozoides?
Qualidade de vida
Estudos mostram queda na qualidade do sêmen ao longo dos anos em todo o mundo, inclusive o Brasil. Stress, obesidade, poucas horas de sono e poluição do ar, entre outros fatores ligados à vida moderna, podem ser os culpados
Juliana Santos
Estudos de diversos países têm mostrado reduções na quantidade e qualidade dos espermatozoides (Thinkstock)
Nos últimos anos, estudos de diversos países chegaram a uma conclusão preocupante: a quantidade e a qualidade dos espermatozoides no sêmen dos homens estão diminuindo. Ainda não é possível afirmar se a fertilidade está sendo afetada por esse fenômeno, mas essa redução não deixa de ser alerta importante sobre a saúde masculina. O sêmen é considerado um "termômetro" da saúde do homem, de forma que a queda na sua qualidade, mesmo que não implique em dificuldades de reprodução, não é um bom sinal.
Um dos estudos mais relevantes, realizado com 26.609 homens na França e publicado em dezembro do ano passado no periódico Human Reproduction, mostrou uma redução de 32% na concentração dos espermatozoides em um período de 17 anos. A média para homens de 35 anos de idade caiu de 73,6 milhões por mililitro de sêmen para 49,9 milhões.
Na Espanha, um estudo comparou 273 amostras de sêmen de 2001 e 2002 com 215 amostras de 2010 e 2011 e observou uma redução na concentração de espermatozoides de 72 milhões por mililitro de sêmen para 52,1. A Finlândia mostrou um padrão parecido: um estudo com 858 homens mostrou que a concentração espermática, que em 1998 era de 67 milhões por mililitro de sêmen, caiu para 48 milhões em 2006.
Além da quantidade de espermatozoides por mililitro, denominada concentração espermática, outros fatores importantes para a qualidade do sêmen são a motilidade e a morfologia. A primeira se refere à capacidade de movimentação do espermatozoide: aqueles com mais chances de realizar a fecundação são os que "nadam" rápido e em linha reta. Já a morfologia se refere à forma do gameta, como o tamanho da cabeça em relação à cauda.
Um estudo realizado na Dinamarca e publicado no periódico British Medical Journal (BMJ), concluiu que apenas um quarto dos homens tinha qualidade espermática ideal, levando em consideração os fatores explicados acima. A pesquisa contou com a participação de 4.867 homens, com idade média de 19 anos, e mostrou também que um em cada quatro homens deve levar um tempo prolongado para conseguir engravidar a parceira e 15% apresentam alto risco de precisar de tratamento de fertilidade.
No Brasil, um estudo realizado por pesquisadores da clínica de reprodução assistida Fertilityanalisou 2.300 amostras de sêmen de homens com idade média de 35 anos, com um intervalo de 10 anos (743 amostras de 2000-2002 e 1536 de 2010-2012). Os resultados mostraram uma redução na concentração de espermatozoides por mililitro de 61,7 milhões para 26,7. A quantidade de espermatozoides morfologicamente normais caiu de 4,6% para 2,7%.
Edson Borges, especialista em reprodução humana e Diretor Cientifico da clínica Fertility, que coordenou o estudo, explica que os números brasileiros são menores do que os resultados dos outros países porque a pesquisa foi realizada com homens que procuraram a clínica para tratamento de fertilidade, o que significa que a probabilidade de que eles já apresentem uma quantidade menor de espermatozoides é maior. Ainda assim, a tendência de queda observada é semelhante a dos outros estudos.
A pesquisa, que será apresentada no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em julho de 2013, mostra também um aumento na azoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen. No período estudado, a quantidade de homens com esse quadro aumentou de 4,9% para 8,5%. Além disso, foi encontrado um aumento na quantidade de homens com alteração seminal grave (problemas na concentração, morfologia e mobilidade dos espermatozoides): de 15,7% para 30,3%.
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