sábado 13 2013

10 segredos para ser feliz



O que mães, profissionais e parceiras que alcançaram o equilíbrio entre seus vários papéis têm a ensinar
A felicidade, claro, não é uma aspiração apenas feminina. A miragem de um tempo perfeito e de uma vida perfeita faz sonhar e inquieta homens e mulheres. Mas, de alguma forma, e de maneira surpreendente, essa miragem parece mais inalcançável para o sexo feminino. 

Mesmo depois de beneficiadas, nas décadas passadas, por aquilo que o historiador Eric Hobsbawm chamou de a mais vigorosa transformação da história recente – aquela que as emancipou da servidão doméstica, permitindo que estudassem, trabalhassem e assumissem funções públicas antes reservadas aos homens –, as mulheres ainda sofrem com suas próprias dificuldades e contradições, tanto ou mais do que sofrem com as restrições impostas pela sociedade. 

“Toda mulher é uma rebelde, normalmente em revolta selvagem contra ela mesma”, escreveu, com infinito sarcasmo e muita perspicácia, o escritor irlandês Oscar Wilde. As mulheres do século XXI parecem de fato ser as juízas mais severas de si mesmas – em casa, no trabalho, nas relações com os homens e no trato dos filhos. O resultado disso é que a palavra culpa ocupa um espaço desproporcional em suas vidas e atrapalha ainda mais a busca da felicidade.

Na reportagem especial a seguir, ouvimos pesquisadores e profissionais de diversas áreas – dentro e fora do Brasil – para entender como as brasileiras de carne e osso, em sua enorme diversidade, podem ser mais felizes do que são. Os especialistas revelaram muitas coisas – como a relação surpreendente entre o poder das mulheres e a quantidade de sexo que elas praticam ou sobre o erro que o feminismo cometeu ao subordinar a maternidade à realização profissional. Mas nada se compara à experiência das próprias mulheres em organizar melhor suas vidas. Por isso fomos ouvi-las.

Para a empresária Aline Cardoso Barabinot, de 33 anos, o segredo que leva à sua forma particular e inestimável de felicidade é trabalhar muito, mesmo que isso signifique perder momentos preciosos ao lado das duas filhas. 

A dentista Patrícia Azevedo Dotto, de 40 anos, deixou sua profissão para ser mãe em tempo integral e se descobriu em seu melhor papel. A administradora de empresas Mônica Nascimbeni, de 32 anos, divide-se entre o trabalho como gerente de marketing numa multinacional e o papel de mãe e companheira. Mas não hesita em deixar tudo para trás, nem que seja por algumas poucas horas, para praticar corrida ou simplesmente ficar sozinha. 

A artista plástica Nuria Casadevall, de 48 anos, descobriu uma liberdade com que nunca tinha sonhado ao romper com as pressões sociais para ficar solteira – e muito bem acompanhada dos amigos e dos parceiros que partilhem seus valores de vida, dos quais ela não abre mão por ninguém. Para a publicitária Florencia Lear, de 23 anos, a felicidade está em deixar o namorado a cargo da cozinha. 

E até do tanque, se necessário. A atriz e modelo Sandra Garcia, de 27 anos, transformou as exigências de sua profissão em relação a seu corpo numa forma de valorização. Sabe que as horas diárias gastas na academia e as calorias economizadas ao se privar de uma sobremesa são formas de cuidar dela mesma numa vida corrida, em que divide as atenções entre o marido e a filha Manuela, de 6 meses.

Da conversa com essas mulheres – e das novas pesquisas –, extraímos as dez orientações que formam a espinha dorsal desta reportagem especial. Uma primeira conclusão, que atravessa a vida de todas elas e permeia o trabalho dos pesquisadores, é a necessidade de equilíbrio. 

Encontrar equilíbrio é o maior anseio das mulheres adultas. Numa pesquisa inédita realizada pela consultoria de comunicação Cappellano, de São Paulo, mais de 30% das mulheres consideraram o equilíbrio como a parte mais essencial de uma vida plena (leia os resultados no quadro abaixo). O amor, segundo colocado, aparece na preferência de 11%. O equilíbrio precede até mesmo o desejo pela felicidade, almejada por 3% das mulheres. Ele é visto como o caminho – ou o primeiro sintoma – da plenitude. “O que resume equilíbrio para mulher é ser capaz de lidar com os obstáculos impostos pelo cotidiano”, diz a psicóloga Ana Mercês Bock, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Para quem se sente longe do equilíbrio, a boa notícia é que atingi-lo não exige revoluções, apenas ajustes. As mulheres desta reportagem já erraram no balanço diário das doses de estresse e riso, de família e trabalho. Mas descobriram como acertar a mão. Cada uma é detentora de um pequeno segredo para facilitar o malabarismo do dia a dia, afrouxar o cabo de guerra e domar o caos doméstico. Os segredos das mulheres felizes, apresentados a seguir, podem servir também ao homem moderno, que nasceu a partir da transformação do papel feminino nas últimas décadas. “O perfil da nova mulher e do novo homem está sendo criado ao mesmo tempo”, afirma Ana, da PUC-SP. Para eles – e sobretudo para elas –, eis os segredos das mulheres que encontraram o equilíbrio.

1. DESCUBRA O QUE VOCÊ QUER

Para equilibrar as forças que nos dividem, primeiro é preciso reconhecê-las. “Não há como estabelecer prioridades e dosar tempo e dedicação se não temos clareza sobre os valores que estão em jogo e quem somos”, diz a psicóloga Lilian Frazão, da Universidade de São Paulo (USP). O processo pode ser longo e árduo – e doer quando a balança pender para o lado errado. Mas, com o passar do tempo, a dor leva à inevitável descoberta de quanto cada elemento da vida – a família, o trabalho e a individualidade – contribui para sua satisfação pessoal.

ALINE BARABINOT, 33 anos I Empresária
Prestou atenção em si para descobrir o
que mais a satisfazia. Entendeu que seria
mais feliz e uma mãe melhor se investisse
sem culpa na carreira
A empresária Aline Cardoso Barabinot teve a sorte de descobrir cedo que, para ela, o trabalho era tão ou mais importante do que qualquer aspecto da existência. Ela é casada há 12 anos com o francês Jean-Luc. 

É mãe de duas meninas – a mais velha tem 5 anos, a mais nova 2 meses – e se considera uma workaholic sem cura. Dirige uma consultoria de negócios internacionais, onde trabalha, em média, dez horas por dia. Mesmo em licença-maternidade, já se pegou lendo e-mails pelo celular enquanto amamentava. As viagens ao exterior são frequentes, quase uma a cada dois meses. 

Tanto que sua filha mais velha, Isabelle, está acostumada a falar com a mãe pelo Skype. Quando a menina ficou doente e Aline estava fora, algo que já aconteceu duas vezes, o coração de mãe apertou. Mas Aline lembrou que precisava confiar nas pessoas com quem deixara a filha: o marido e a babá. “Comecei a trabalhar cedo, aos 17 anos. Nunca consegui ficar longe do trabalho, até durante um intercâmbio na França”, afirma. A confirmação sobre a importância da carreira para ela veio quando a filha mais velha, Isabelle, nasceu. “Era um momento importante para mim, mas sentia que não sou só mãe”, afirma Aline. “A maternidade é uma parte do que sou, mas não a única. Ficaria infeliz se tivesse de abrir mão das minhas responsabilidades profissionais.”

A psicóloga americana Cheryl Buehler, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte, concluiu que mulheres de vida atribulada, como Aline, podem, sim, ser felizes. Ela acompanhou 1.300 mulheres durante dez anos e se surpreendeu com os resultados de seu estudo, publicado em dezembro no jornal da Associação Americana de Psicologia. As mulheres que trabalhavam fora e conciliavam a dura rotina de mãe e profissional se diziam mais felizes e tinham menos sintomas de depressão do que as mulheres que não trabalhavam. A explicação, segundo Cheryl, é que as executivas tinham mais recursos financeiros do que as donas de casa para contratar babás e empregadas. Mas a felicidade feminina vai além da possibilidade de contar com ajuda em casa, algo cada vez mais raro. Para sentir-se completa, Aline e outras mulheres precisam aceitar o segundo e, talvez, mais difícil mandamento da mulher plena.

2. COMBATA O SENTIMENTO DE CULPA

Foram décadas de luta por oportunidades iguais na educação e no mercado de trabalho. Não é justo que agora as mulheres se punam por não dedicar o tempo que deveriam ao trabalho aos filhos. Ou ao trabalho. Ou ao marido. Ou aos três. “A culpa é o sentimento mais forte da mulher contemporânea”, diz a economista Regina Madalozzo, estudiosa das relações de trabalho e gênero do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

Há dois componentes para explicar a culpa feminina. O primeiro vem da biologia, como resumiu a escritora americana Erica Jong numa de suas frases mais famosas: “Mostre uma mulher que não sinta culpa, e eu apontarei um homem”. As regiões do cérebro responsáveis por notar expressões faciais têm quatro vezes mais neurônios nelas do que neles. A cara de choro de um bebê ao ser deixado pela mãe na escola ou o olhar de reprovação do chefe por uma saída durante o expediente as afetam com mais intensidade. 

O psicólogo Itziar Etxebarria, pesquisador da Universidade do País Basco, confirmou na prática a maior empatia feminina. Ele mediu a reação de 360 voluntários, entre homens e mulheres, a situações como esquecer o aniversário de alguém importante. No geral, elas se condoíam mais do que eles.

O segundo componente tem origens sociais. A pesquisa A batalha pelo talento feminino no Brasil, publicada neste ano pela organização internacional Center for Work-life Policy, que estuda o mercado de trabalho, rastreou as origens da culpa em 1.100 brasileiras com curso superior, que trabalham em multinacionais. Cerca de 60% se dizem culpadas por não dar mais atenção aos filhos; 44% sentem mais culpa por não cuidar dos pais idosos. Em torno de 40% admitiram pensar em frear a carreira ou desistir dela por causa das dificuldades para conciliar trabalho e família – e por sentir preconceito no ambiente de trabalho.

“Algumas mulheres desistem, acreditando que foi uma opção. Não foi”, afirma Regina, do Insper. “Muitas vezes, desistir da carreira é uma defesa feminina para o fato de que não são oferecidas opções para a mulher driblar os obstáculos da vida doméstica.” Uma pesquisa feita em 2010 pelo Fórum Econômico Mundial e conduzida em 20 países, entre eles o Brasil, elencou as barreiras para que as mulheres alcancem os melhores postos de trabalho. A ausência de políticas corporativas para equilibrar a vida pessoal e profissional das funcionárias e a falta de horários flexíveis foram campeões de queixas.

Conformar-se (ou apenas queixar-se) não é solução. “Reduzir os obstáculos à realização profissional feminina não depende apenas de uma mudança cultural, mas também da disposição da mulher para encarar as dificuldades”, diz a socióloga Natália Fontoura, coordenadora de Igualdade e Gênero do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Um bom começo é não se deixar abalar pelas próprias cobranças, ao entender que a origem da sensação de culpa é, em parte, externa. 

“Na história e na literatura, a mulher foi considerada culpada desde tempos imemoriais”, afirma a filósofa Márcia Tiburi. Na Bíblia, é ela quem provoca a expulsão de Adão do Paraíso, por dar ouvidos à serpente. Na mitologia grega, é quem abre a caixa de Pandora, liberando todos os males do mundo. “As mulheres de hoje herdam esse discurso histórico e se sentem obrigadas a provar que podem ser excelentes profissionais, mães, companheiras e, claro, ainda precisam ser lindas”, afirma Márcia. “Quem não consegue ser essa heroína se sente em dívida, como se não tivesse cumprido seu dever.”

3. APRENDA A ABRIR MÃO

Não há nada de errado em renunciar a algum aspecto da vida quando a escolha é consciente (e autônoma). Pelo contrário. “A mulher precisa entender que o equilíbrio pode implicar fechar alguns caminhos, perdas”, diz a psicanalista Walkiria Helena Grant, da USP. Não dá para ser “supermulher”, por mais que todas tentem e sofram com isso. O termo faz referência à figura do herói dos quadrinhos Super-Homem, mas foi usado em contexto sério pela escritora americana Marjorie Hansen Shaevitz. Em 1984, ela descreveu a síndrome da supermulher, no livro de mesmo nome. Fez sucesso ao criticar a ilusão de que a mulher deve sobressair tanto nos traços naturalmente femininos (como carinho ou beleza) quanto nas características atribuídas aos homens, como segurança e sucesso profissional.


PATRÍCIA DOTTO, 40 anos I Dentista
Ela aceitou abrir mão da profissão para
se sentir uma mãe completa para o filho
Khess, de 11 meses. Descobriu-se em
seu melhor papel
A dona de casa Patrícia Azevedo Dotto, de 40 anos, enfrentou sua síndrome de supermulher há dois, quando deixou seu trabalho como dentista e empresária para dedicar-se exclusivamente à família. Casada há dez anos, ela cuidou do enteado Klauss e agora se dedica ao filho Khess, de 11 meses. 

“As pessoas me questionavam por ter estudado tanto e ter deixado a profissão”, afirma. Ela diz ter sentido insegurança no primeiro momento, mas hoje afirma estar contente com sua escolha. “Entendi que precisava abrir mão de alguma coisa para me sentir realizada como mãe.”

No início do século passado, as mulheres já eram criticadas por ficar em casa, enquanto os homens morriam na guerra. As donas de casa viraram “ameaças à sociedade”, mas não se ofereciam muitas alternativas a esse papel doméstico. Um dos livros que ajudaram a reforçar o preconceito foi o best-seller Generation of vipers (Geração de víboras), do escritor Philip Wylie. As víboras em questão eram as mães amorosas, tidas como responsáveis por mimar os filhos e torná-los fracos. Não era uma crítica feminina, mas sim uma manifestação antifeminina. As feministas do fim da década de 1960 também não perdoavam a escolha pelo papel de mãe em tempo integral. Acusavam essas mulheres de desperdiçar educação. Hoje, a ditadura da mulher profissional começou a esmorecer. 

“Depreciar a mulher que quer ser mãe é uma distorção”, afirma a intelectual americana Camille Paglia (leia a entrevista completa). “O feminismo deveria encorajar escolhas e ser aberto a decisões individuais.” Isso nos leva a outro mandamento importante:

4. NÃO CEDA ÀS PRESSÕES

Todo mundo tem uma opinião sobre o que as mulheres deveriam fazer com suas vidas. Das feministas que lutam pela igualdade de oportunidades aos conservadores, que defendem a combinação “casamento & filhos”. É duro resistir a essas pressões. Elas tendem a moldar de forma inconsciente as expectativas das mulheres. No passado, as mais estudadas, que ingressavam no mercado de trabalho, ficavam sem casamento. Os homens recusavam atitudes assertivas e independentes. Alguns manuais pós-guerra recomendavam às moças que se fizessem de bobas. Hoje, as demandas são mais variadas e sutis, mas existem.

Nos Estados Unidos, um estudo a ser publicado nas próximas edições do Journal of Family Issues comparou o que os homens desejavam de uma mulher em 1939 e mais recentemente, em 2008. O trabalho revelou que, em 1939, eles preferiam uma boa cozinheira (8º lugar hoje) virgem (10º lugar hoje). Continuam no alto da lista coisas como “ser uma pessoa com quem se pode contar” (era 1º e virou 2º), “estabilidade emocional e maturidade” (foi de 2º para 3º) e “temperamento agradável” (de 3º para 5º). Escolaridade e inteligência estavam em 11º lugar em 1939, saltaram para 4º lugar em 2008. 

Agora, o que os homens acham mais importante na hora de escolher uma mulher é “atração mútua e amor”. Antes, isso vinha em 4º lugar. Claramente, as coisas estão mudando, mas nem sempre na direção de valorizar o conteúdo das mulheres. A beleza, que no passado era o 14º item da lista masculina, agora está em 8º lugar – e subindo!

NURIA CASADEVALL, 48 anos I Artista plástica
Resistiu às pressões da sociedade que
sugeriam que ela tinha de casar e ter filhos.
Solteira, é feliz ao aproveitar a vida sem limites
A artista plástica Nuria Casadevall, de 48 anos, comprou a briga contra as pressões sociais. Especificamente, contra a ideia de que mulher tem de casar e ter filhos. 

Solteira convicta, Nuria é presidente de um portal na internet. Diz que nunca sentiu que seria realizada como mãe. Ela aprendeu que seus valores – como o apreço pelo desenvolvimento intelectual e pela liberdade – não podem ser violentados para atender a preconceitos sobre a felicidade feminina. “Estou sozinha porque quero”, diz. 

“Procuro um homem que tenha afinidades comigo, caso contrário não há razões para me casar.” O preconceito ainda existe. “As pessoas pensam que mulher solteira é uma rejeitada. Ou homossexual”, diz Nuria. 

“Mas você vai se importar com o que as pessoas falam de você? Prezo muito a liberdade de fazer o que quiser quando bem entender.” Hoje, Nuria está mais preocupada em cuidar de si mesma. Faz parte de um grupo que pedala à noite pela cidade de São Paulo, parou de fumar, vai à academia três vezes por semana e viaja sempre que pode. Segundo um estudo divulgado em 2010 pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento, em países como Reino Unido, Áustria e Holanda, cerca de um quinto das mulheres na faixa dos 40 anos não tem filhos. No Brasil, 40% das mulheres com mais de 15 anos são solteiras e 34%
ainda não tiveram filhos.

5. VALORIZE-SE

Cuidar de si mesma não é mais uma questão de se adequar a padrões estéticos (leia a reportagem sobre as mudanças nos padrões de beleza). É uma forma de proteger nosso bem mais precioso, o corpo. “Hoje, o conceito de beleza está atrelado à saúde”, diz a psicanalista Joana Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza, da PUC-Rio. 

Uma vida saudável se traduz no bem-estar mental e social. Os cuidados com o corpo da atriz e modelo Sandra Garcia, de 27 anos, cujas fotos ilustram esta reportagem, são exigências da profissão. Mas ela conseguiu transformá-los em ponto de equilíbrio, em meio a seu cotidiano atribulado. Casada há três anos, concilia os cuidados com a filha Manuela, de 6 meses, com a rotina de trabalhos e testes diários, muitos em horários pouco convencionais. “Faço questão de tirar um tempo para mim e de me cuidar”, diz Sandra. 

A questão não é ficar bonita. É sentir-se bem. Seus hábitos incluem ginástica todos os dias, sessões de drenagem linfática duas vezes por semana e passeios de bicicleta com o marido aos fins de semana – uma forma de temperar com diversão os cuidados com a saúde. “Para estar bem com minha família e com os outros, preciso estar de bem comigo”, diz Sandra. Para conseguir o tempo necessário para cuidar-se, há uma exigência:

6. SEJA EGOÍSTA

Não é preciso ser egoísta no sentido mesquinho da palavra, mas é importante lembrar que você tem direito a algumas horas de seu dia só para você. Sentiu culpa? (Se a resposta for sim, releia o segundo mandamento e coloque a culpa de lado.) 

MÔNICA NASCIMBENI, 32 anos I AdministradoraConcilia marido, enteado, filha e cachorro com o
trabalho de executiva em uma multinacional. Mas
sabe que precisa ter momentos só seus. Corre
para desestressar
A administradora de empresas Mônica Nascimbeni, de 32 anos, já foi uma workaholic e comandante estressada de uma casa com marido, uma filha bebê, um enteado pré-adolescente e um cachorro. 

Ela percebeu que precisava se lembrar dela mesma quando pequenos imprevistos cotidianos começaram a tirá-la do sério – um sinal inequívoco de estresse. Hoje, sua rotina continua longe de ser tranquila. Mônica deixa diariamente a filha de 1 ano com a avó para encarar um expediente de dez horas numa multinacional. 

Mas conseguiu encontrar brechas para, simplesmente, pensar em si mesma. Às terças-feiras e quintas-feiras, participa de um grupo de corrida com percursos de uma hora e meia. “As mulheres não sabem dizer não e, por isso, costumam se anular”, diz Christian Barbosa, presidente da consultoria de produtividade Tríade. “Elas precisam urgentemente encontrar brechas para elas mesmas no dia a dia para se equilibrar.” Na receita de bem-estar de Mônica e de qualquer mulher também não pode falar sexo. Por isso:

7. MARQUE HORA PARA FAZER SEXO, SE FOR PRECISO

As mulheres costumam se esquecer desse ingrediente à medida que suas responsabilidades aumentam – um dado preocupante numa sociedade em que a influência feminina cresce. Um estudo divulgado em outubro na publicação científica Journal of Sex Research mostrou que, quanto maior a influência das mulheres nas decisões familiares, menor é a frequência com que elas fazem sexo. A pesquisa foi feita em países africanos por cientistas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos. Os pesquisadores preferem não arriscar explicações sobre a relação entre poder, sexualidade e as famosas dores de cabeça. Simplesmente anunciaram que farão mais estudos para responder à questão.

No dia a dia, as mulheres sabem intuitivamente a resposta procurada pela ciência: conforme elas ganham poder de decisão e responsabilidades, o desgaste físico e emocional também é maior. Maior inclusive que nos homens. Elas sentem necessidade de abraçar todas as tarefas (culpa, lembra?), enquanto os homens se dão por satisfeitos em fazer bem uma coisa só. 

Manter a libido sob pressão permanente é mais difícil. A ginecologista Carolina Ambrogini, da Universidade Federal de São Paulo, coordenadora do Projeto Afrodite, que estuda sexualidade feminina, afirma que marcar hora para fazer sexo é (por incrível que pareça) uma boa medida. Ela garante que o compromisso com o prazer e o bem-estar não vai virar outro compromisso chato do cotidiano. “Tem de colocar na agenda”, diz Carolina. 

A única recomendação é que o sexo programado não vire o único tipo de sexo da relação. Ele é apenas um lembrete prático de que a satisfação sexual é ingrediente básico de uma vida plena. A mesma regra vale para as saídas com os amigos, os jantares a dois, as idas ao cinema e ao teatro.

8. MANTENHA A VIDA SOCIAL ATIVA

A cada duas semanas, Mônica e o marido deixam as crianças com babás ou alguém da família para pegar um cinema ou jantar. Uma regra semelhante é seguida pela publicitária Florencia Lear, de 23 anos, e pelo namorado, o também publicitário Luiz Felipe Villas, de 30. Os dois moram juntos há um ano, depois de quatro de namoro. 

Estabeleceram que, ao menos uma vez por semana, o destino deles depois do trabalho não é o apartamento do casal. Juntos ou separados, eles rumam para encontros com amigos. Os passeios não precisam ser a cada duas semanas, como os de Mônica, ou semanais, como os de Florencia. Não há receita. Eles querem evitar que o lazer se transforme em outro compromisso. “É preciso dar espaço à espontaneidade, senão até a diversão vira obrigação”, diz Barbosa, da consultoria Tríade.

9. MANDE O MARIDO PARA A COZINHA

Dividir as tarefas domésticas é a melhor medida para combater uma das maiores fontes de insatisfação feminina: o acúmulo das responsabilidades. Aqui, o recado é para os homens. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center, um instituto americano de opinião pública, 62% das pessoas casadas acreditam que dividir as tarefas domésticas é o terceiro elemento mais importante para a felicidade no casamento, atrás apenas de confiança e sexo. 

A relevância tem explicação lógica. “De forma geral, a mulher e o homem trabalham, mas ele descansa quando chega em casa, enquanto ela começa outro expediente”, afirma a psicóloga Leila Tardivo, da USP. “Essa sobrecarga traz sentimentos de insatisfação e frustração.” 

No Brasil, segundo um estudo do Instituto de Política Econômica Aplicada, homens e mulheres ainda não dividem as tarefas como deveriam. Um estudo do ano passado mostrou que as mulheres dedicam 25,4 horas semanais ao lar, enquanto os homens 10,1.

Florencia, a jovem publicitária, é novata na rotina a dois. Mas conseguiu o que muitas brasileiras julgam impossível: incluiu o namorado no cronograma de afazeres domésticos. “O Luiz já havia morado sozinho. Ele sabe o trabalho que dá cuidar de uma casa”, diz. Enquanto ela arruma a cama do casal, ele prepara o café da manhã. Quatro vezes por semana é ele quem pilota o fogão (quem chega antes do trabalho compra os ingredientes para o jantar). 

FLORENCIA LEAR, 23 anos I PublicitáriaHá um ano morando com o namorado,
percebeu que a vida ficava melhor se ele
ajudasse nas tarefas domésticas. Agora, ele
é o encarregado do fogão
Ele tira o lixo diariamente. Ela lava a louça e mantém cada coisa em seu lugar para o apartamento não virar uma bagunça. A limpeza pesada fica a cargo de uma faxineira, contratada duas vezes por semana. A ajuda de Luiz Villas não só alivia possíveis tensões, como permite que Florencia tenha tempo para si. Quatro vezes por semana, pelas manhãs, ela faz aulas de ioga para cuidar do corpo e relaxar.

10. TENTE VIVER COM MAIS LEVEZA

É essencial diminuir as cobranças, (consigo mesma e com os outros) e superar o estereótipo da supermulher. “A perfeição não existe”, afirma Leila, a psicóloga da USP. “Administrar nossas falhas não significa se acomodar na incompetência.” Um jeito de diminuir a ansiedade de abraçar o mundo é aproveitar o momento presente, cada um deles. 

Pela simples razão de que o futuro é essencialmente incontrolável. Planejar, prever e antecipar são verbos conjugáveis até certo limite. Depois disso, é preciso relaxar e desfrutar a vida como ela se apresenta. “As mulheres costumam idealizar o futuro e, por isso, ficam ansiosas com a vida que vem pela frente”, diz Artur Scarpato, psicólogo da PUC-SP. 

Combater essa ansiedade – assim como a culpa – é um dos segredos das mulheres felizes.

Manifesto Tpm



Somos livres quando nos libertamos da "liberdade" imposta por nossas escolhas de sempre querer mais...

Somos livres mesmo?

Você é livre para escolher. Mesmo?



Governos vêm usando uma mistura de neurociência, psicologia e marketing para influenciar o cidadão sem que ele perceba, em áreas como saúde e transporte. Daí nascem políticas eficientes – e protestos de todos os lados

A despeito da fama da pontualidade britânica, na hora de declarar o Imposto de Renda, há ingleses, como brasileiros, que deixam a tarefa para depois. Parte deles já declarou em janeiro, parte tem até outubro. Nos dois grupos sempre há gente atrasada. Desde 2011, o contribuinte britânico mais distraído recebe, do governo, um empurrãozinho sutil. Uma carta informa quando o cidadão passa a fazer parte da minoria que ainda não pagou o Imposto. Não há ameaça de multa nem de qualquer outra punição. Apenas o lembrete. Com essa única ação adotada pelo governo, a parcela de declarações atrasadas caiu 15%. Isso representa uma antecipação de receita de centenas de milhões de libras para a Receita e Alfândegas de Sua Majestade, o equivalente britânico da Receita Federal. Trata-se de mais uma vitória para a “equipe do empurrãozinho”, ou, na sonoridade bem mais impactante do idioma original, Nudge Unit. Esse departamento do governo britânico vem propondo algumas das políticas públicas mais elegantes e inteligentes do mundo. São também as propostas mais polêmicas, em se tratando de governos democráticos tentando influenciar seus cidadãos. A novidade deveria estar no radar de todo administrador público pensante – inclusive no Brasil.

A Nudge Unit começou a funcionar em 2010, meses depois que o atual primeiro-ministro, David Cameron, assumiu o cargo. A proposta era adaptar políticas públicas em diversas áreas, para que elas induzissem o cidadão a fazer o melhor para ele mesmo e para a coletividade – pagar impostos em dia, usar transporte público em vez de carro, economizar energia, fumar menos, alimentar-se melhor, poupar para a velhice. Algumas opções parecem obviamente melhores que outras. Não fumar é melhor que fumar, tanto para a saúde do indivíduo como para o sistema público de saúde. Mas todas essas questões testam os limites entre liberdade individual, bem individual e bem coletivo. Por isso, a estratégia do governo britânico vem sendo objeto tanto de admiração como de críticas, tanto dos defensores da primazia da liberdade individual como dos que advogam pelo bem coletivo. Antes de enfrentar as críticas teóricas, a estratégia teve de passar pelo duro teste das ruas e das planilhas de gastos.

A equipe recém-criada no Reino Unido não poderia usar nenhuma das ferramentas tradicionais dos governos, como fiscalização, multas, punições, criação de novas leis ou contratação de mais funcionários públicos. Deveria se aproveitar somente de conhecimentos de psicologia, neurociência e marketing (como a carta enviada aos contribuintes). Os cidadãos deveriam ser induzidos, nunca obrigados, a fazer certas escolhas, graças a tendências gerais dos seres humanos, como seguir a manada, aderir a normas sociais, adotar a opção mais fácil e evitar caminhos trabalhosos. O grupo tinha inicialmente sete funcionários. Eles receberam um ano e meio para provar que poderiam ganhar ou economizar para os cofres públicos ao menos 5,2 milhões de libras por ano.
Em 2012, Cameron considerou-se convencido. A Nudge Unit virou um departamento do governo britânico. Seu nome oficial é Equipe de Sacadas Comportamentais, ou, no original (a língua inglesa realmente trata melhor essa nomenclatura exótica), Behavioural Insights Team. “Na formulação de políticas públicas, podem-se usar informação, legislação, coerção branda, várias ferramentas. Conseguimos bons resultados apenas tornando as coisas mais fáceis para o cidadão ou lembrando o que é preciso fazer”, diz o diretor do departamento, David Halpern, doutor em filosofia pela Universidade de Cambridge e assessor de Cameron desde 2001. “Podemos conseguir melhoras de resultados de 5%, 10%, 15%, sem aumentar os custos do governo. No caso dos impostos, apenas mudamos uma linha na correspondência aos contribuintes.”

No momento, Halpern e seus colegas estudam como estimular empresas grandes, com dinheiro em caixa e sem vontade de gastar, a emprestar para pequenas empresas sedentas de capital. A equipe já conseguiu que os britânicos se tornassem mais pontuais no pagamento de multas, apenas enviando mensagens de texto com lembretes para os celulares dos devedores. Há também fracassos. No Estado americano da Califórnia, o governo local tentou induzir as famílias a economizar energia, mostrando que elas gastavam mais que os vizinhos. O efeito foi contrário. Os cidadãos que não se identificam com a causa ambientalista passaram a gastar mais ainda (leia no quadro abaixo exemplos de políticas nudge em ação). Funcionem ou não as táticas aplicadas, os desafios, por vezes, parecem complexos demais para um departamento que usa como ferramenta o ralo conhecimento atual sobre o funcionamento da mente humana.

"Conseguimos bons resultados apenas facilitando

as coisas para o cidadão ou lembrando o que é
preciso fazer" David Halpern, filósofo e diretor do

departamento de “sacadas” do governo britânico

O departamento britânico, hoje com 13 pessoas, inclui psicólogos, cientistas sociais e economistas. Lembra o fictício Serviço Secreto da Polícia, criado pelo escritor britânico G.K. Chesterton, na obra O homem que era quinta-feira. Na distopia de Chesterton, poetas e filósofos compunham essa força policial, criada para combater, no terreno das ideias, os anarquistas e os pessimistas da aurora do século XX.

Halpern traz, para embasar suas propostas, influências intelectuais tão diversas quanto Robert Cialdini, guru de negociação e professor de marketing na Universidade do Arizona, e Daniel Kahneman, psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2002. Uma influência direta vem atualmente do economista americano Richard Thaler, coautor do livro Nudge: o empurrão para a escolha certa (Editora Campus/Elsevier). Thaler expôs na obra os princípios nudge de maneira elegante e, hoje, é consultor do governo britânico. O coautor do livro, o jurista Cass Sunstein, foi por um período consultor do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Thaler e Sunstein definiram esse princípio inovador como “paternalismo libertário” – paternalista, por tornar evidentemente fácil a opção mais benéfica. Libertário, por garantir ao indivíduo a liberdade de seguir todas as outras opções. A tese foi aclamada, mas também atraiu antipatias tanto dos paternalistas como dos libertários.

Pelo lado dos paternalistas, uma das críticas mais ferozes e bem preparadas vem da americana Sarah Conly, especialista em ética e doutora em filosofia pela Universidade Cornell. Ela acredita que várias situações justificam que o governo atue com mão pesada, por meio de obrigações ou proibições. A epidemia de obesidade e o difundido vício em tabaco são, para ela, duas dessas situações. “O governo dispõe do tempo e dos recursos necessários para descobrir o que não devemos fazer”, diz Sarah. “Defendo tornar os cigarros ilegais e limitar o tamanho das porções em redes de lanchonetes, a fim de combater a obesidade.” Sarah lançou, em 2012, o livro Against autonomy: justifying coercive paternalism (Contra a autonomia: justificando o paternalismo coercivo, ainda sem versão em português). Sarah elogia a proibição, no Brasil, de cigarros com sabor mentolado, baixada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela propõe que os governos se disponham a fazer mais restrições e a enfrentar o inevitável surgimento de mercados paralelos, como o de drogas ilícitas. “O surgimento de um mercado paralelo de qualquer produto não pode ser parâmetro para conduzir política pública”, diz Agenor Álvares, diretor da Anvisa. “Nosso dever é dar a orientação para uma vida mais saudável.” Halpern rebate opiniões como a de Sarah. Ele acredita que os governos devem enfrentar um problema da forma mais libertária possível, a fim de preservar as opções para o cidadão. Caso o problema seja grave e persista, podem ser consideradas políticas progressivamente mais coercivas.

Pelo lado dos libertários, o maior temor é de um governo insidioso. A difusão da filosofia nudge poderia levar os governantes a esconder suas intenções atrás de movimentos sutis e táticas de marketing, em vez de informar claramente suas intenções e tentar convencer o cidadão. Por essa lógica, ao definir a melhor opção para o indivíduo e colocá-la em evidência, o governo já avançaria sobre as liberdades fundamentais. O comentarista político americano Glenn Beck classificou Sunstein, um dos autores do livro Nudge e ex-assessor de Obama, como “o homem mais perigoso da América”. Halpern e outros defensores do princípio nudge têm uma resposta: para eles, não existe cardápio de opções neutro. Sempre que um indivíduo se vir diante de um cardápio, haverá forças empurrando-o para uma escolha ou outra. Pode ser a do topo da lista, pode ser a mais fácil ou a mais barata. Então, por que não destacar logo a mais benéfica? 

País da corrupção




Quando você perceber que, para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada;

quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; 

quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; 

que as leis não nos protegem deles mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; 

quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada 
Ayn Rand

Inesquecível Eddie - Pearl Jam - Lollapalooza 2013 - COMPLETO (HD)

Um Super Dia Com Eddie... Inesquecível!!

The Doors - Touch Me (Live)