sábado 17 2015
A Indonésia só é clemente com o terror
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, negou o pedido de clemência feito por Dilma Rousseff, e o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, condenado naquele país por tráfico de drogas, deve ser fuzilado no domingo. Rodrigo Muxfeldt, outro brasileiro, deve ter o mesmo destino. O resultado da conversa diz um tanto dos governos do Brasil e da Indonésia.
Comecemos por este. Entre 2013 e 2014, pelo menos 300 terroristas — sim, terroristas deixaram a cadeia. Em 2002, o grupo Jemaah Islamiyah, ramo da Qaeda no Sudeste Asiático, matou 200 pessoas num atentado suicida praticado em Bali. O grupo explodiu duas vezes o hotel JW Marriott em Jacarta, em 2003 e 2009. Pelos menos 830 pessoas ligadas à ação terrorista deixaram a cadeia nos últimos dez anos.
Com mais de 250 milhões de habitantes, a Indonésia é o mais populoso país de maioria muçulmana do mundo (87%) e se transformou num dos focos do jihadismo. Qual é o ponto? O que isso tem a ver com Marco Acher e Rodrigo, que, de fato, praticaram tráfico de droga — o que pode, sim, ser punido com a morte no país?
A resposta é óbvia e vem na forma de uma pergunta: que país põe centenas de terroristas na rua e executa traficantes de drogas estrangeiros, não cedendo ao pedido de clemência de um outro chefe de Estado? Resposta: um país que é clemente com os terroristas.
Sim, isso diz bastante do regime indonésio, mas também fala do Brasil. O país, definitivamente, anda em baixa no mundo. Acabou aquela onda. A diplomacia brasileira é, para dizer pouco, melancólica. Há muito o país deveria ter conduzido negociações de bastidores para evitar esse desfecho. Eis aí.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
Não só não me arrependo das críticas ao papa como as reitero. Não entendi as críticas. Queriam o quê?
Apanhei pra caramba por causa das coisas que escrevi e disse sobre o papa Francisco. Não entendi a razão da indignação. Vejam na home o vídeo que gravei ontem. Afirmei ali que o Vaticano certamente viria a público para tentar consertar a burrada. E, como se pode constatar, foi exatamente o que aconteceu. Horas depois de a fala infeliz do papa ganhar o mundo, a Santa Sé teve de explicar o que o papa tentou dizer.
Caras e caros, sou católico, sim. Não tenho simpatia especial por esse papa — o “cardeal” Azevedo jamais teria votado nele —, mas isso nada tem a ver com a minha crítica. As palavras fazem sentido, e o papa acabou, na prática, vamos dizer, compreendendo os atos terroristas. Eu poderia até perdoar a ambiguidade em alguém com menos importância do que Francisco. Nele, nem pensar.
De resto, não está em debate se existe ou não a liberdade de ofender quem e o que quer que seja. Esse não é o debate. Até porque desconheço regime democrático que faça da ofensa um instrumento aceitável. É claro que não é. O busílis é saber se aquela reação é aceitável. Sim, eu sei, o papa afirmou que não se pode matar ninguém, mas deu um exemplo infeliz e ambíguo. Ora, ele não é um mero cronista de fatos do cotidiano. Aquele é o Trono de Pedro.
Não me arrependo do que disse e escrevi. Ao contrário: reitero as críticas que fiz, inclusive a outras ambiguidades do Sumo Pontífice. Francisco que pense antes de fazer declarações. Não fica bem o Vaticano ser obrigado a traduzir o que quis dizer a cada entrevista que concede.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
-
O trabalho ininterrupto gera diversas consequências físicas e psicológicas ao empregado. A exigência constante por produtividade faz com ...