terça-feira 17 2012

Estados Unidos aprovam primeiro teste de HIV caseiro(VEJA)


AIDS

Aparelho analisa a saliva do indivíduo, e resultado é dado após 20 a 40 minutos

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O teste já está disponível para os médicos, mas agora poderá ser usado pelos próprios pacientes (Divulgação)
O governo dos Estados Unidos aprovou o uso do OraQuick In-Home HIV Test, o primeiro teste de HIV que pode ser feito na casa do próprio paciente e sem a necessidade prescrição médica. Por meio de um exame da saliva, é possível detectar a presença de anticorpos do vírus da imunodeficiência humana do tipo 1 (HIV-1) e do tipo 2 (HIV-2), vírus responsáveis pela AIDS.

Opinião do especialista

Caio RosenthalMédico infectologista do hospital Emílio Ribas

"Acho perigoso o paciente fazer o teste em casa. É preciso uma estrutura de apoio para isso. E se a pessoa fizer o teste e der resultado positivo, ou tiver um problema de interpretação no resultado? A população não está preparada para enfrentar isso sozinha, é necessário apoio de uma equipe médica e profissional.
"Quando o paciente vai num centro de referência e quer fazer o exame, ele tem um amparo, não só do médico, mas de psicólogos e assistentes sociais. Existe uma equipe multiprofissional presente, que vai ajuda-lo a digerir o resultado. O atendimento para AIDS no nosso país é bem estruturado. Mas não temos condição de dar esse atendimento em casa. O SUS não vai dar conta, e nem acho que ele deva tentar.
"Esse teste da saliva procura por anticorpos, que não aparecem antes de 3 meses da contaminação. O indivíduo não pode ter um comportamento de risco, ir à farmácia e fazer o teste. Sendo um teste caseiro, o paciente também pode interpretar o resultado de modo errado. Acho que não existem chances de ele ser aprovado pela Anvisa para uso no Brasil. Eu mesmo defendo que ele não seja aprovado."
O teste foi desenvolvido para permitir que os indivíduos coletem as próprias amostras de saliva ao 'limpar' a mucosa bucal com uma espécie de cotonete. Entre 20 e 40 minutos depois de colocar essa amostra em um frasco fornecido pela companhia, o paciente já pode obter seu resultado. O mesmo aparelho já estava disponível para uso em consultórios médicos, mas agora poderá ser usado pelos pacientes em seus domicílios.

Um resultado positivo não significa que o indivíduo está definitivamente infectado com o HIV, mas que um teste adicional deve ser feito por médicos, a fim de confirmar os resultados. Do mesmo modo, um resultado negativo não significa que o indivíduo está definitivamente não infectado com o HIV, principalmente se a exposição ao vírus ocorreu nos últimos três meses.

Segundo o Food and Drug Administration(FDA), órgão responsável por regular os alimentos e medicamentos usados nos Estados Unidos, o teste é importante porque cerca de um em cada cinco infectados com a doença não tem a menor ideia que está infectado. "Conhecer o seu diagnóstico é um importante fator para prevenir a propagação do HIV", diz Karen Midthun, diretora do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica do FDA. "A disponibilidade desse teste caseiro fornece outra opção para os indivíduos, que devem procurar ajuda médica se necessário."

Precisão — Estudos clínicos mostraram que o teste é capaz de detectar o vírus em 92% dos casos de infecção. Isso significa que haverá um falso negativo a cada 12 testes feitos em indivíduos infectados. Os mesmo estudos mostraram que ele é eficaz em 99,98% dos casos de usuários sem o vírus. O que significa que haverá um falso positivo a cada 5.000 testes em indivíduos sem a infecção.
Segundo Caio Rosenthal, infectologista do Hospital Emílio Ribas, o teste é pouco preciso. "Um teste considerado bom é o que acerta mais de 99% dos casos. Ao dar um falso negativo, pode passar uma falsa sensação de segurança. Pode ser um tiro pela culatra", afirma. 

Relatório da OMS indica aumento da resistência aos remédios contra HIV


Aids

No entanto, especialistas afirmam que ritmo do desenvolvimento dessa resistência está em queda

Vírus HIV infectam glóbulos vermelhos: mesmo indetectável no sangue, vírus pode ser transmitido pelo sêmen
Vírus HIV: número de pessoas no mundo que apresentam resistência aos antirretrovirais aumenta (Thinkstock)
Às vésperas da Conferência Internacional sobre a Aids, que acontecerá entre os dias 22 e 27 de julho em Washington, nos Estados Unidos, as autoridades médicas publicaram um relatório nesta terça-feira que evidencia um aumento do número de pessoas infectadas com o vírus HIV que criaram resistência aos remédios. "Nos 72 países onde a enquete foi feita, os médicos detectaram que 6,8% dos pacientes criaram resistência aos remédios", afirmou Gottfried Hirnschall, diretor do Departamento de HIV/Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Saiba mais

ANTIRRETROVIRAIS
Esse grupo de medicamentos surgiu na década de 1980 e atua no organismo impedindo a multiplicação do vírus. Eles não matam o HIV, mas ajudam a evitar que ele se reproduza e enfraqueça o sistema imunológico da pessoa infectada. Por isso, seu uso é fundamental para prolongar o tempo e a qualidade de vida do portador de Aids. Desde 1996 o Brasil distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 19 medicamentos, divididos em cinco classes diferentes. Para combater o HIV é necessário utilizar pelo menos três antirretrovirais combinados, sendo dois medicamentos de classes diferentes.
Atualmente, mais de 6,6 milhões de pessoas nos países subdesenvolvidos recebem tratamento antirretroviral e, segundo Hirnschall, a meta é atingir 15 milhões de pessoas até 2015. "Embora esteja aumentando, a resistência aos remédios não ocorreu nos níveis que alguns analistas esperavam como consequência da rápida intensificação do tratamento antirretroviral", afirma o diretor. Segundo Hirnschall, o ritmo de desenvolvimento da resistência está diminuindo com o uso de diferentes remédios.
Nos países mais ricos, como Austrália, Japão, Estados Unidos e os países da Europa, porém, os dados indicam que entre 10% e 17% das pessoas em tratamento estão infectadas com um vírus resistente, pelo menos, a um remédio antirretroviral. A diferença das taxas de resistência entre países ricos e os subdesenvolvidos pode ser resultado do emprego inicial de um só remédio nos países industrializados, em contraste com a introdução de múltiplos remédios no resto do mundo.
Além de revisar os dados sobre a resistência aos remédios entre os infectados pelo HIV entre 2003 e 2010, o relatório assinala que "se a resistência for detectada a tempo, e os pacientes receberem tratamentos variados, as combinações provavelmente serão eficazes para a maioria dos pacientes". Neste sentido, a OMS enfatizou a importância de um acompanhamento capaz de determinar quando os remédios estão deixando de ser eficazes.
Medicamento -  De acordo com Gottfried Hirnschall, embora ainda existam pessoas com resistência aos antirretrovirais, esses medicamentos, e sua administração adequada, deverão ser a chave para o fim das novas infecções pelo vírus HIV. Segundo o diretor da OMS, além de tratarem pacientes com aids, essas drogas reduzem o risco de transmissão da doença e podem evitar que indivíduos saudáveis sejam infectados através de relações sexuais com parceiros com HIV.
O especialista lembra que, atualmente, há 26 antirretrovirais disponíveis, e que esses medicamentos salvaram cerca de 700.000 vidas em todo o mundo só em 2010 — número considerado ‘extraordinário’, de acordo com Hirnschall.

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