quinta-feira 03 2015

Imprensa internacional: a derrocada do ministro 'mãos de tesoura'


'Financial Times' e 'The Economist' já especulam sobre a possibilidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixar o cargo

O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy e o personagem Edward-Mãos-de-Tesoura
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o personagem Edward Mãos de Tesoura(Evaristo Sa/AFP)
A imprensa internacional repercutiu nesta quinta-feira o enfraquecimento da figura do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na condução das contas públicas do país após o Planalto encaminhar ao Congresso o projeto do Orçamento de 2016 com previsão de déficit. Com o título "Brasil batalha para dar um jeito na crise fiscal", reportagem do jornal britânico Financial Times destaca que o ministro "tem pouco espaço de manobra" e que o mercado já especula a possibilidade de ele deixar a pasta.
"O ministro da Fazenda tem evitado grande parte da culpa por esses erros, mas isso não impediu a especulação renovada sobre se Levy vai ficar no cargo por muito mais tempo", diz o texto. O artigo ainda explica que o apelido "Edward Mãos de Tesoura", em referência ao filme dirigido por Tim Burton de 1990, se dá por sua vocação a cortar gastos públicos. Mas o seu trabalho de "policial malvado da economia", conforme definiu a reportagem, para o qual foi nomeado, tem sido dificultado pela "economia enfraquecida e uma crise política que destruiu a capacidade do governo de aprovar qualquer coisa no Congresso".
Em duas matérias datadas do dia 5 de setembro, quando sai a próxima edição impressa da revista, a britânica The Economist criticou fortemente o anúncio do Orçamento de 2016 com rombo de 30,5 bilhões de reais. "A maioria dos países recorre aos déficits. E quando ocorrem as recessões, soltar as cordas das contas públicas faz sentido para muitos deles. Mas o Brasil não é a maioria dos países. Sua economia está em apuros e a sua credibilidade fiscal está se desintegrando rapidamente", diz o primeiro parágrafo do texto intitulado de "Tudo em queda".
Em outra matéria da mesma edição, cujo título é "Tempos desesperados, movimentos desesperados", o ministro Levy é citado como a pessoa indicada para "fazer lobby pelo corte de gastos" e por ser uma figura "reconfortante para o mercado". Segundo o artigo, a presidente Dilma Rousseff enfraqueceu o ministro ao encaminhar o orçamento deficitário. No entanto, a revista atribui também a culpa pelas dificuldades econômicas do Brasil ao Congresso, que tem "podado a maioria das boas ideias de Levy".
A Economist também nota que Dilma não tem conseguido entregar bons resultados econômicos desde 2010 e que muitos atribuíam os problemas ao ex-ministro Guido Mantega. "Substituí-lo por Levy era supostamente para corrigir esse problema; essa perda de prestígio é um mau presságio".
(Da redação)

A visita de Sartre e Simone de Beauvoir a São Paulo


Há 55 anos os meios intelectuais do País celebravam a presença do casal de pensadores

02 de setembro de 2015 | 15h 20
Liz Batista
Sartre, Simone de Beauvoir
Sartre e Beauvoir são recebidos por estudantes simpatizantes da Revolução Cubana, em São Paulo, 3/9/1960/ Acervo
Há 55 anos o casal de intelectuais mais badalado do século 20 chegava a São Paulo. Os filósofos franceses Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir desembarcaram na capital paulistas em 2 de setembro de 1960, seguindo sua temporada de visitas aos meios acadêmicos e culturais brasileiros. O motivo inicial da visita foi a participação de Sartre no 1º Congresso de Crítica em Recife, o interesse do casal pelo País fez com que estendessem sua estadia. O Estado dedicou uma extensa cobertura à viagem do pensador existencialista e da renomada feminista. A família Mesquita proprietária do jornal chegou a hospedar o casal na sua fazenda em Louveira, no interior de São Paulo.
O Estado de S. Paulo - 03/9/1960 
A passagem de Sartre pela capital paulista foi um sucesso. O celebrado autor de A Náusea (1938) e Idade da Razão (1945) teve a agenda disputada por jornalistas em busca de entrevistas. Fossem suas impressões do Brasil, sua visão sobre o mundo, suas análises sobre a sociedade ou sua percepção sobre o homem do seu tempo, suas declarações e análises viravam notícia na edição do jornal do dia seguinte. Perfis e artigos dos escritores visitantes ocupavam as outras páginas. Por exemplo, na edição de 03 de setembro de 1960 do Suplemento Literário, o leitor doEstado pôde ler um perfil intimista e biográfico do filósofo, um retrato traçado pelas palavras de sua companheira Simone de Beauvoir.  
O Estado de S. Paulo - 08/9/1960 e 11/9/1960

O meio acadêmico fervilhava com suas conferências e palestras. A presença do autor de  era tão bem vinda que não demorou para que surgisse um movimento para que que seu tempo no país se estendesse. O artigo de Miguel Urbano Rodrigues, publicado no Estado de 8 de setembrodaquele ano, intitulado “ Apelo à Juventude, a Sartre e à USP”, deu início à  uma campanha para que a Universidade de São Paulo convidasse o filósofo para ministrar, por algum tempo, cursos em sua cátedra .“O que Sartre estaria em condições de dizer à nossa juventude e de fazer por ela não poderá realizá-lo no decurso de uma visita breve. Independente do que se pense de sua obra e de suas tomadas de posição em face da conjuntura mundial, afigura-se-nos que ninguém no Brasil ousará negar os imensos benefícios que resultariam de sua presença  entre nós durante uns dois anos (...)”. A campanha chegou a recolher assinaturas de estudantes. Mas a proposta não foi adiante.

O casal de intelectuais franceses viaja pelo Brasil, em 1960/ Acervo
Além de São Paulo, o casal visitou Recife, Brasília e o Rio de Janeiro. Sempre ciceroneados por intelectuais e acadêmicos, os filósofos encontraram-se com personalidades como o escritor Jorge Amado, o ex-presidente, então professor de sociologia, Fernando Henrique Cardoso, sua esposa a antropóloga Ruth Cardoso, o filósofo Fausto Castilho e o crítico literário, Antonio Candido. Sartre e Beauvoir deixaram o País em 23 de outubro de 1960 e seguiram viagem para Cuba.
Fonte: Estadão

Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco - Leandro Karnal





Petistas se juntam à turma de Renan no Senado e aprovam proposta de reforma política que chega a ser criminosa! A tese absolve mensaleiros e pulhas do petrolão


Às vezes, é o caso de se ajoelhar diante de um clichê: quanto mais a gente reza, mais assombração aparece. O Senado acaba de tomar por 36 votos a 31 uma decisão asnal, não fosse a má-fé: aprovou o fim da doação de empresas privadas a campanhas. Vamos entender.
Na votação do Projeto de Lei 75, oriundo da Câmara, que trata da reforma política, o PT, esquerdistas menores e aliados de Renan Calheiros (PMDB-AL) — o neoconvertido — conseguiram aprovar uma emenda ao texto-base que, prestem atenção para o descalabro:
– proíbe a doação de empresas privadas a partidos e candidatos;
– permite a doação de indivíduos, SEM LIMITE.
Sim, caros leitores, vocês entenderam direito. A empresa não poderia fazer doação nenhuma. Mas o empresário poderia doar quanto quisesse.
Notas de esclarecimento, antes que continue: como o texto da Câmara — que permite a doação de empresas até um limite de R$ 20 milhões, respeitados 2% do faturamento bruto no ano anterior à eleição — foi modificado pelos Senado, os deputados terão de votá-lo de novo.
A questão está longe de ser resolvida. Lembro que, no dia 27 de maio, por 330 votos a 141, a Câmara aprovou uma PEC — Projeto de Emenda Constitucional — que permite, sim, que empresas façam doações a partidos, mas não a candidatos. Pessoas físicas podem doar a uns e a outros. Tal texto ainda não foi apreciado pelo Senado, onde precisa de 49 votos.
Entenderam o rolo? O projeto de lei modificado pelo Senado tende a ser recusado pela Câmara, e a PEC aprovada pela Câmara tende a ser rejeitada pelo Senado.
Sabem quem comandou a patuscada no Senado? Ora, PT e amigos de Renan! “Foi um grande passo para descriminalizar a política. Na minha opinião, estamos fazendo história hoje. Ano passado, os gastos de campanha chegaram a R$ 5 bilhões”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC), presidente da comissão especial da reforma política do Senado.
Viana atribuiu ainda toda a roubalheira ao financiamento privado de campanha, tese que absolve os criminosos petistas do mensalão e do petrolão. Não! Os que foram pegos nos dois escândalos são é safados mesmo. Também Marcos Vinicius Furtado Coêlho, presidente do Conselho Federal da OAB — a entidade recorreu ao STF contra o financiamento privado — comemorou. Mas comemorou o quê? Só se for a indústria de crimes eleitorais.
Absurdo!
Vamos ver as implicações caso aquela porcaria aprovada no Senado se torne lei:
- se uma empresa não pode fazer uma doação porque depois buscaria compensações, por que um empresário não poderia atuar da mesma maneira?;
- tomemos um exemplo: a JBS repassou a campanhas eleitorais, em2006, 2008, 2010 e 2014, a realmente fantástica soma de R$ 463,4 milhões. Há quem desconfie de tanta generosidade. Seria diferente se o dinheiro tivesse sido doado por Joesley Batista?;
- se o objetivo é a transparência, tudo fica muito pior. Ficará mais difícil ao eleitor identificar quem é quem. Se, hoje, conseguimos saber a origem de parte considerável do dinheiro, no modelo aprovado pelo Senado, ele se esconderia atrás de pessoas físicas;
- ora, a doação sem limites — esta, sim! — reforça as diferenças de intervenção no processo eleitoral entre pobres e ricos. Empresas são instituições coletivas, indivíduos não;
- caso a proposta do Senado prospere, empresas não poderão doar, certo? Muitos empresários não vão querer seu nome pessoal associado a doações milionárias. Sabem qual será a consequência? Aumento do caixa dois nas campanhas.
É asqueroso que os petistas do Senado e esquerdistas menores, associados à turma de Renan Calheiros — eita acordão!!! —, tenham aprovado essa barbaridade, que, adicionalmente, vai demandar ainda alguns bilhões dos cofres públicos para financiar as eleições.
Espero que o bom senso baixe no Senado e que se consigam os 42 votos para constitucionalizar a doação de empresas — o que não poderá ser modificado por lei ordinária. Se os 31 que votaram contra a proibição também forem favoráveis à constitucionalização, trata-se de ganhar mais 11 votos.
E espero, também, que a Câmara rejeite essa tolice aprovada no Senado. Tolice que, ademais, vem embalada pela malandragem. Afinal, proibir a doação de empresas, que são entes coletivos, e permitir que os muito ricos doem sem limites corresponde, desta vez, sim, a uma espécie de privatização do processo eleitoral.
Para finalizar, noto que a maior de todas as empresas no Brasil, que é máquina sindical a serviço da CUT e do PT, continuará livre para transgredir a lei e colocar seu aparato a serviço dos candidatos do partido, numa forma a um só tempo escancarada e escamoteada de doação eleitoral ilegal.
A proposta aprovada no Senado chega a ser criminosa. Ponto!
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/petistas-se-juntam-a-turma-de-renan-no-senado-e-aprovam-proposta-de-reforma-politica-que-chega-a-ser-criminosa-a-tese-absolve-mensaleiros-e-pulhas-do-petrolao/#.VeeyXRoTq2k.twitter

Senado proíbe empresas de doarem dinheiro em eleições


Senadores estabelecem que somente pessoas físicas poderão dar contribuição financeira a partidos e candidatos

Plenário do Senado durante sessão deliberativa ordinária - 25/08/2015
Plenário do Senado (Moreira Mariz/Ag. Senado)
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira o projeto que altera a lei eleitoral e veta a doação de dinheiro por empresas a candidatos e partidos políticos. Atualmente, as empresas podem doar para os dois caixas abertos pelas campanhas eleitorais, um de cada candidato e outro dos diretórios dos partidos.
Os senadores aprovaram uma emenda ao texto-base, apresentada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da Comissão da Reforma Política. O texto acaba com a possibilidade de as empresas doarem dinheiro e recursos, mas libera as contribuições feitas por pessoas físicas, tendo como limite o total de rendimentos auferido pelo doador durante o ano anterior à eleição. A emenda foi aprovada com 36 votos a favor e 31 contra.
A emenda altera o texto da Câmara dos Deputados, que permitia às empresas realizarem doações apenas aos partidos (não aos candidatos), tendo como limites 2% da receita do ano anterior ou no máximo de 20 milhões de reais.
A redação do texto final será votada no Senado apenas na sessão desta quinta-feira. Por causa da modificação, o projeto deverá voltar para nova votação na Câmara.
O PLC 75/2015 altera três leis, entre elas o Código Eleitoral. O texto dos senadores também altera regras de distribuição de recursos do Fundo Partidário. Eles ainda votam nesta noite outras alterações ao projeto de lei.
Jucá disse que o texto é fruto de ampla discussão com os demais senadores assim como de colaborações do Tribunal Superior Eleitoral e de negociação com os deputados. O senador disse que já está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado a proposta de emenda à Constituição (PEC) 113/2015, que foi aprovada pelos deputados e acaba com a possibilidade de reeleição de presidente, governador e prefeito.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), defendeu a doação de empresas ao afirmar que o sistema de financiamento não tolhe a liberdade dos políticos. "Eu já recebi doações de pessoas jurídicas, estão na minha prestação de contas. Nem por isso o meu mandato é meio mandato, é limitado, é vinculado, é tolhido", disse o tucano. O petista Jorge Viana (AC), que também havia apresentado emenda contra as doações por empresas, considerou a votação "histórica" e afirmou que ela pode inspirar o Supremo Tribunal Federal a retomar o tema, que está parado desde que o ministro Gilmar Mendes pediu vista, no ano passado.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) criticou a proibição afirmando que ela estimula doação ilegal. "Se nós proibirmos as doações de empresas, elas continuarão existindo por baixo do pano, e nós contribuiremos para criminalizar ainda mais a atividade política no nosso país", disse.
Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, disse que apoia a emenda. "Parabéns ao Senado da República por exteriorizar o sentimento da nação brasileira. A relação imprópria entre empresas, candidatos e partidos está no germe da corrupção eleitoral e administrativa. A ampla maioria da população quer uma nova forma de fazer política, com redução de gastos de campanhas. Não quer mais campanhas milionárias, Hollywoodianas", declarou.
Mudança de partido - O plenário do Senado também aprovou uma janela permanente para troca de partidos. A emenda concede prazo de 30 dias para que os parlamentares formalizem a troca de partido. A janela será aberta um mês antes do fim do período de filiação partidária, ou 13 meses antes das eleições.
Pelas regras atuais, os parlamentares só podem mudar de partido sem correr risco de perder o mandato se forem para uma legenda recém criada - exceto no caso de eleições majoritárias, como senadores e prefeitos. O objetivo da emenda aprovada no PLC 75 é evitar que sejam criados partidos políticos apenas para abrigar parlamentares insatisfeitos com seus atuais partidos.
Também foi aprovada outra emenda que impõe uma barreira para participação de candidatos em debates promovidos no período eleitoral. O texto prevê que, a partir de 2020, passe a ser obrigatório o convite apenas para candidatos de partidos com pelo menos nove deputados na Câmara.
O plenário aprovou ainda a restrição ao uso de carros de som nas campanhas eleitorais.