Edição do dia 28/09/2012
28/09/2012 22h21 - Atualizado em 01/10/2012 19h43
Apesar de suas imensas muralhas, a Croácia se abre para o mundo. Mostrando sua natureza intocada, suas florestas cortadas por águas cristalinas e cidades que guardam o charme do Velho Continente.
Um pequeno país que impressiona pela diversidade. Cenários que mudam a cada olhar. Uma terra de mil ilhas. Cada uma com seu tesouro. Apesar de suas imensas muralhas, a Croácia se abre para o mundo. Mostrando sua natureza intocada, suas florestas cortadas por águas cristalinas e cidades que guardam o charme do Velho Continente.
É por esse lugar de paisagens tão variadas que o Globo Repórter vai viajar. Nesse pedaço da Europa Central, terra e água se unem para criar um país que encanta ao primeiro olhar.
Fios de água escorrem da montanha. Ora agressivos. Ora delicados. E deixam na floresta um rastro azul. Que também pode ser verde, dependendo para onde se olhe.
Nos meses de calor, multidões invadem o parque. Em áreas onde o acesso é mais fácil, o vai e vem dos turistas até lembra uma rua de comércio popular.O Parque Nacional dos Lagos Plitvice é o maior e mais antigo da Croácia. É também um patrimônio da humanidade que abriga uma das mais belas e mais bem preservadas florestas da Europa.
Para Ivica, quanto mais gente, melhor. Ele quer que todos saibam como é bonito o lugar onde nasceu.
Desde criança Ivica anda pelas trilhas como se estivesse brincando no jardim de casa. Ele explica que o parque é como uma gigantesca escada.
A água que desce da montanha forma 16 degraus, 16 lagos cristalinos.
Essa é a maior cachoeira da Croácia. São 78 metros de queda até a água voltar a seguir tranquilamente o seu curso.
“Vendo todo esse lago, essa cachoeira, o que dá vontade mesmo é de mergulhar e nadar, mas isso é proibido, ninguém pode fazer. A única coisa que é possível, porque a água é potável, é beber, e ela é muito geladinha, muito gostosa”, diz a repórter Isabela Assumpção.
Quilômetros de trilhas levam de um lago a outro. O Globo Repórter segue em direção ao maior deles, o Lago Kozjak.
A travessia é de uma suavidade impressionante, deliciosa. Primeiro, porque não há ondas, o lago é um espelho. Segundo, que fora o falatório dos turistas, não há nenhum ruído. O barco é elétrico, não há ruído de motores, isso pra não poluir a água.
O parque de Plitvice é um eterno mutante, que ganha cores diferentes com a luz, com os minerais na água. Plantas e rochas se misturam para mudar constantemente o desenho das cachoeiras.
É difícil imaginar que o murmúrio da água um dia foi abafado pelo som das bombas. A batalha pela independência da Croácia começou lá, numa madrugada de 1991.
O jovem policial que protegia o parque foi a primeira vítima da guerra. 350 mil pessoas fugiram da região.
Ivica retornou e recomeçou. Tem mulher, filhos e uma felicidade enorme por ter um país pra chamar de seu.
Um país que se transforma cada vez que avançamos alguns quilômetros. Na Croácia, há sempre uma surpresa pela frente. Parece que vamos enfrentar um dilúvio. Estamos a caminho da menor cidade do mundo.
O tempo um pouco estranho, uma hora sol, uma hora chuva. Chegamos na cidadezinha de Hum, na região da Istria, uma região muito linda, muito montanhosa. Hum era uma cidadela medieval, do século 12, e como tudo naquele tempo, a cidadela é fechada por uma porta.
O que aconteceu lá é fascinante. É como se a história tivesse parado. Há séculos quase nada muda por lá. O vilarejo construído quase todo em pedra, como o chão, que é muito difícil de andar. Tudo está preservado. A igreja fica trancada. Para conhecê-la é preciso pegar a chave na casa vizinha.
Parece um cenário, pronto para uma novela. E eis que surge um personagem de destaque.
Karlo Bozic tem 4 anos e é a única criança que vive em Hum. Mesmo debaixo de chuva, ele quer nos levar pra passear. E que delícia viver num lugar onde se pode correr assim. Livre.
Mas será que sendo o único, ele não é solitário? A mãe diz que o filho tem amigos no jardim da infância, que fica numa cidade próxima. E tem também o gato, Think.
Pergunto se ele gostaria de morar em outro lugar. Karlo nem hesita: diz que gosta de lá e que tudo está ótimo.
Antes de me despedir, pergunto à professora Marijana Bozic quantas casas existem em Hum? Ela faz a contagem: 18 casas e, oficialmente, apenas 23 moradores. É tudo muito pequeno. Em poucos minutos dá para caminhar do começo ao fim da cidade.
Para David, a vida também segue sossegada. O cozinheiro de 25 anos é o prefeito de Hum.
Perguntamos qual é sua experiência política. Nenhuma, ele responde. A prefeitura não tem prédio, nem verba, nem projetos. Quem realmente administra são as autoridades da cidade vizinha.
Na verdade, David não é o prefeito de fato. Ele repete apenas uma tradição que vem também dos tempos medievais, da escolha de um cidadão honesto, digno, pra cuidar dos eventos, das festas da cidade. E é uma eleição extremamente peculiar, diferente de todas que a gente conhece.
“Como é que acontece, como é que você foi eleito?”perguntou a repórter Isabela Assumpção.
“Foi simples. Os homens da cidade escolheram dois candidatos e os eleitores votaram fazendo cortes em um pedaço de madeira”, conta David.
Ele venceu por um voto. ‘É o suficiente’, David diz.
E assim, pacata e simples, segue a vida na menor cidade do mundo.
Simpáticos, inteligentes, brincalhões. De cãezinhos pintados a celebridades do cinema, foi um pulo. E os dálmatas adoram dar pulos. Mas de onde eles vieram? Os croatas juram que foi de lá.
A criadora de cães Ivana Balkal vive em uma casa, em Zagreb, e cria dálmatas há mais de 20 anos.
Ela confirma que a raça surgiu na região da Dalmácia. Diz que há famílias na Inglaterra e Escandinávia. Mas que a linhagem da Croácia é melhor.
Oggy parece gostar da conversa. E dá-lhe carinhos. Para a dona, à visita e até para a câmera.
Mas a bagunça sempre pode piorar. Que tal um bando de filhotes? Com o vigor típico dos 6 meses de idade, não há obstáculo, não há jardim, não há autoridade capaz de deter essa turma.
E quando acho que já vi tudo, aparece Isabela, xará da repórter. Isabela é a mais branquinha, a mais levada, um furacão. Ivana fica esfalfada, tentando conter as crianças.
Tanto trabalho tem recompensa. A criadora mostra orgulhosa a coleção de troféus e medalhas que os cachorros abocanharam em concursos.
Cada filhote custa hoje na Europa 1,5 mil euros, mas não é isso que importa. Ivana confessa que não pode mais viver sem eles. Os dálmatas, para ela, são uma verdadeira paixão.
Mas, para nossa equipe, é hora de seguir viagem, mais uma vez. Nosso destino agora é Zadar. Vamos assistir a um espetáculo de som e luz que só acontece na Croácia.
A espuma que desmancha na areia, o azul profundo e infinito. Qual é o poeta que não cantou as belezas do mar?
Mas, em Zadar, ouvimos pela primeira vez o mar tocar a sua própria música. Uma composição mágica, escrita a quatro mãos pela água e pelo vento.
O gigantesco órgão ao ar livre toca sem parar a canção do Mar Adriático. É um concerto da natureza que não tem fim.
Ideia do arquiteto Nikola Basic, que se inspirou nos tradicionais órgãos das igrejas. O princípio é o mesmo: o som produzido pela passagem do ar.
Por baixo de longos degraus de mármore, um conjunto de tubos emite notas diferentes, dependendo da força das ondas. É por essas pequenas aberturas que ouvimos a música do mar.
Nikola diz que queria fazer um lugar onde as pessoas pudessem entrar realmente em contato com a natureza. E conseguiu.
Os sons aleatórios embalam romances e acompanham os brindes dos visitantes do final da tarde.
No mesmo espaço, outra obra celebra a união com a natureza: a saudação ao sol. As placas de vidro dentro desse imenso círculo armazenam energia solar durante o dia.
E quando anoitece, a força do sol se une à musica do mar. Um espetáculo da natureza. E da imaginação do homem.
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/09/croacia-impressiona-pelos-cenarios-que-mudam-cada-olhar.html
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/09/croacia-impressiona-pelos-cenarios-que-mudam-cada-olhar.html
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