sexta-feira 08 2013

Prevenção da obesidade deve começar na escola

Crianças

Ações são eficazes e reduzem gastos futuros do governo com obesos, diz pesquisa

Educação alimentar: programas escolares que incentivam o consumo de alimentos saudáveis e a prática de exercícios físicos ajudam a prevenir obesidade e distúrbios alimentares
Educação alimentar: programas escolares que incentivam o consumo de alimentos saudáveis e a prática de exercícios físicos ajudam a prevenir obesidade e distúrbios alimentares (Thinkstock)
Ensinar alunos do ensino fundamental sobre a importância de comer alimentos saudáveis, fazer atividades físicas e passar menos horas em frente à TV pode significar uma economia considerável aos cofres públicos. De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, programas voltados à prevenção da obesidade e dos distúrbios alimentares entre jovens são mais econômicos do que o custo dos tratamentos para essas doenças.
A análise econômica, realizada por S. Bryn Austin, epidemiologista do Hospital da Criança de Boston, e por Li Yan Wang, economista da área de saúde, teve como base o programa Planet Health. Desenvolvido pela Escola de Saúde Pública de Harvard, o Planet Health é um projeto com o intuito de tornar professores capazes de guiar os alunos do ensino fundamental na escolha de alimentos mais saudáveis, no aumento das atividades físicas e em evitar o sedentarismo em frente à TV. Ele fornece ainda treinamento a esses professores, planos de aulas, materiais e o Fit Check, uma ferramenta de autoavaliação para os próprios alunos.
Pesquisa – Os pesquisadores utilizaram dados de um estudo randomizado em 10 escolas de Massachusetts, das quais cinco haviam adotado o Planet Health e as outras cinco não (grupo controle). Descobriu-se, então, que as meninas com sobrepeso nas escolas com Planet Health tinham duas vezes mais chances de voltarem aos seus pesos ideais. Elas apresentaram também metade dos riscos de uso de remédios para controle do peso. Os efeitos não foram estatisticamente significativos para os garotos. "Ficamos surpresos e encorajados ao ver o quão protetor o Planet Health foi para os transtornos alimentares em garotas”, diz Austin.
A bulimia é um dos principais problemas alimentares encontrados na juventude. O distúrbio costuma ter início com alguns comportamentos específicos, como uso de remédios para emagrecer ou purgativos. A doença pode colocar em risco a vida do pacientes e traz uma série de complicações médicas, tais como desidratação, desequilíbrio do organismo, distúrbios do ritmo cardíaco, erosão dentária e disfunção intestinal. “As desordens alimentares podem ser crônicas e caras de se tratar. Isso costuma ser um grande fardo financeiro sobre os indivíduos, seus familiares e sociedade”, diz Austin.
Economia – Austin e Wang estimaram que 3,4% das garotas no programa seriam prevenidas de desenvolver distúrbio alimentares com a idade de 13 anos e meio. Os pesquisadores se basearam em números do estudo original randomizado sobre o Planet Health: sete das 254 garotas no Planet Health (2,8%) desenvolveram desordens alimentares, frente a 14 das 226 meninas das escolas de controle (6,2%). Ancorados em conhecimentos atuais sobre a progressão dos transtornos alimentares, eles calcularam que um caso de bulimia seria prevenido na idade de 17 anos entre as 254 garotas.
Considerando os custos dos tratamentos usuais – que podem ser de dezenas de milhares de dólares –, Austin e Wang estimaram que uma média de 34.000 dólares seriam economizados ao se prevenir que apenas uma garota das cinco escolas do Planet Health desenvolvesse bulimia nervosa. Acrescentando à conta achados anteriores de Wang que estimaram uma economia de 27.042 dólares na prevenção da obesidade nas mesmas cinco escolas, o programa traria, assim, uma economia líquida de 14.238 dólares – já subtraídos o custo do programa nas escolas de 46.803 dólares.
“Como os distúrbios alimentares podem ser caros de se tratar, prevenir apenas um caso nas cinco escolas com o programa se traduziu em uma redução de custos médicos de 34.000 dólares”, diz Austin. “Mas se nós intensificarmos os custos para, digamos, 100 escolas do ensino fundamental em Massachusetts, a redução dos custos médicos pela prevenção da bulimia seria de mais de meio milhão de dólares. Se elevarmos isso a níveis nacionais, para digamos 1.000 escolas, o potencial de redução dos custos é considerável.”

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