Finanças
Em carta anual aos acionistas, megainvestidor menciona dois investimentos de longo prazo feitos há mais de duas décadas que geram lucros surpreendentes
Warren Buffett, presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway (Michael Buckner/Getty Images)
O megainvestidor Warren Buffett, quarto homem mais rico do mundo pelo ranking da revista Forbes, divulga anualmente uma carta aos investidores de sua empresa, a Berkshire Hathaway, centro de seu império de 58,5 bilhões de dólares — e que administra ativos de companhias como Coca-Cola, Procter & Gamble e Heinz. Na carta que será distribuída dentro de alguns dias, o magnata de Omaha escolheu dois exemplos de investimentos que fez há algumas décadas para aconselhar os acionistas da Berkshire. A revista Fortune teve acesso exclusivo ao texto e o publicou nesta segunda-feira.
Os casos citados por Buffett se referem a propriedades, uma em Nova York, outra no setor agrícola. Sua intenção é mostrar que o investimento de longo prazo que leva em conta o potencial de lucro de cada ativo compensa mais do que a especulação de curto prazo. A primeira propriedade é uma fazenda próxima de Omaha, sua cidade-natal, que foi comprada por 280.000 dólares em 1986. Ao projetar os ganhos com as colheitas de soja e milho, Buffett chegou à cifra de 10% ao ano. Ele sabia, diz a carta, que as quebras de safra ou a queda nos preços dos grãos poderiam ocorrer em alguns anos. Porém, em outros, as coisas iriam melhor. "Agora, 28 anos depois, a fazenda triplicou seus ganhos e vale cinco vezes mais que o valor que eu paguei. Eu ainda não sei nada sobre agricultura e recentemente fiz minha segunda visita ao local", conta.
Em 1993, logo após o estouro de uma bolha no mercado imobiliário corporativo nos Estados Unidos, Buffett investiu num edifício comercial adjacente à Universidade de Nova York. As perspectivas de ganhos no médio prazo eram ruins, pois contratos fechados com 20% dos inquilinos previam aluguéis abaixo do preço de mercado por um prazo de nove anos. Contudo, ao colocar as perspectivas de valorização e os ganhos com novos contratos após o vencimento dos antigos, o megainvestidor constatou que o retorno compensaria. O lucro anual, segundo Buffett, tem sido, nos últimos anos, o equivalente a 35% do valor investido no início da década de 1990. "Os ganhos da fazenda e do prédio provavelmente aumentarão nos próximos anos. Ainda que não sejam grandiosos, os dois investimentos serão sólidos e satisfatórios ao longo da minha vida, e, posteriormente, para meus filhos e netos", afirmou Buffett. Confira os cinco conselhos do magnata.
Reconheça suas limitações
Para Buffett, não é preciso ser nenhum especialista em finanças para ganhar dinheiro com investimentos. Contudo, o investidor precisa, sem dúvida, reconhecer suas limitações para conseguir traçar uma estratégia razoável. Não se vangloriar O que ele quer dizer é que, para os que não pertencem ao mundo das finanças, o segredo é investir no que é simples e seguro, deixando de lado as aventuras arriscadas. "Quando prometerem lucros rápidos, responda com um rápido 'não'!", aconselha.
Pense no longo prazo
O megainvestidor acredita que, se um investidor não consegue imaginar os ganhos futuros que uma ação — ou uma empresa — pode lhe proporcionar, é melhor não investir. Pensar na produtividade do ativo no longo prazo é um passo essencial na hora de tomar a decisão. "Não significa que todos devem ter a capacidade de avaliar os ganhos todas as possibilidades de investimento. Mas é preciso entender o que se está fazendo ao comprar uma ação", afirma.
Não especule
Se o foco do investidor é na oscilação do preço da ação, e não na valorização do ativo que está comprando, ele está especulando. A diferença entre ambos é simples. Quando se investe no curto prazo pensando no potencial de ganho de um papel, desconsidera-se os reais fundamentos de uma empresa — e são eles que que embasam uma aplicação de longo prazo. Buffett afirma não ter nada contra especular. Apenas aponta que um especulador não sabe mais como ganhar dinheiro com uma ação depois que ela atinge a oscilação que ele havia esperado. "A valorização de um papel num período anterior recente nunca pode ser razão para que ele seja comprado".
Não seja escravo do pregão
Segundo o magnata de Omaha, ficar 'vidrado' nos painéis das bolsas de valores acompanhando a valorização diária das ações é inútil. "Partidas são ganhas por jogadores que têm foco no campo como um todo — não pelos que têm os olhos grudados no placar", afirma. O foco, segundo Buffett, deve estar no que a empresa produz, não na oscilação do papel.
Previsões de mercado são perda de tempo
Para Buffett, ser pautado por previsões de mercado, ou de especialistas que dão opiniões em programas de TV, é pura perda de tempo. Ele acredita, inclusive, que é um hábito perigoso, que pode tirar a atenção do investidor do que realmente importa: as perspectivas da empresa na qual ele investe.
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