quinta-feira 11 2013

A FABTur agora transporta de graça até sócio de filho de ministro


Glauber Gentil e Garibaldi Alves
ATUALIZADO ÀS 10:20
Por ter conseguido ampliar a fortuna juntada pelo pai, Glauber Gentil, hoje com 35 anos, é um empresário muito conhecido no Rio Grande do Norte. Com a importação de franquias nascidas no sul do país, como a grife de perfumes e cosméticos O Boticário e a rede de lanchonetes Habib’s, ganhou bastante dinheiro. Lucrou menos com a BRJM Seguros, que fundou em sociedade com Bruno Alves. Em compensação, ganhou a amizade do filho do ministro Garibaldi Alves, ganhou a simpatia do poderoso clã potiguar e acaba de ganhar o tipo de notoriedade nacional só proporcionado por aterrissagens nas páginas dos grandes jornais.
Glauber pousou no noticiário político-policial a bordo do avião da Força Aérea Brasileira requisitado por Garibaldi Alves para encurtar a viagem entre Fortaleza e Brasília. Valendo-se das prerrogativas do cargo, o ministro da Previdência ordenou ao piloto que fizesse uma escala no Rio. Mais precisamente no Maracanã, palco da final da Copa das Confederações. Domingo é dia de descanso até para incansáveis servidores da pátria. “Me senti no direito de o avião me deixar onde eu quisesse ficar”, explicou Garibaldi. Ele também acha que pode dar carona a quem quiser. A um sócio do filho, por exemplo.
O premiado com a carona jura que foi coisa do destino. No dia 29 de junho, um sábado, ele estava no aeroporto da capital cearense, onde fechara alguns negócios, quando resolveu ligar para o sócio. “Temos um contato diário por causa da empresa”, confirmou Bruno Alves nesta sexta-feira. “Ele já tinha passagem aérea para o Rio, só que era para mais tarde”. Ao saber que o jatinho do ministro roncava por perto, quis saber se havia lugar para mais um. “O Glauber me pediu que intermediasse a carona”, contou o filho de Garibaldi. “Temos uma relação de amizade”.
Além de amigos tão solidários, Glauber tem sorte de sobra. Garantida a ida padrão Fifa, faltava cuidar da volta. Como o ministro seguiria para Brasília, ele já se conformara com a volta num avião de carreira quando soube que o destino continuava conspirando a seu favor. Na segunda-feira, outro jato da FAB a serviço de outro Alves (Henrique, primo de Garibaldi) voaria para Natal levando um filho do presidente da Câmara, a noiva e cinco parentes da noiva. Sete agregados.
Viraram oito com a anexação de Glauber Gentil, que se tornou o primeiro civil a testar, no curto período de três dias, a eficácia da tripulação e a qualidade do serviço de dois  diferentes jatos da FABTur. É a mais recente das afrontas que começaram com a utilização da frota por pais-da-pátria que levam vida de rico torrando o dinheiro de quem paga imposto.
A freguesia foi expandida com a liberação do portão de embarque para mulheres e filhos. Depois subiram a bordo as amantes. Agora viajam de graça até parente de noiva e sócio de filho. Antes que coloque em risco as empresas aéreas privadas, os brasileiros indignados precisam voltar às ruas e liquidar no grito a farra obscena da FABTur.

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