sábado 16 2013

Dilma defende política de coalizão em posse de ministros


Política

De olho em 2014, presidente diz que os brasileiros entendem a importância da costura de uma ampla aliança de partidos

Laryssa Borges, de Brasília
Os novos ministros Moreira Franco, Antônio Andrade e Manoel Dias durante a cerimônia de posse, em Brasília
Os novos ministros Moreira Franco, Antônio Andrade e Manoel Dias durante a cerimônia de posse, em Brasília (Valter Campanato/ABr)
Depois de promover o primeiro capítulo da minirreforma ministerial e aplacar descontentes do PMDB e do PDT, a presidente Dilma Rousseff defendeu neste sábado a importância de uma política de coalizão e de o governante ter “clareza” em suas prioridades. De olho nas eleições presidenciais de 2014, Dilma deu posse aos novos ministros Antonio Andrade (Agricultura) e Wellington Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil), ambos filiados ao PMDB, aliado preferencial no pleito do próximo ano. E ainda tentou estancar a troca de farpas entre os pedetistas, nomeando Manoel Dias, braço direito do ex-ministro Carlos Lupi, no lugar de Brizola Neto no Ministério do Trabalho e Emprego.
“Temos que fortalecer as forças que sustentam o governo de coalizão. Muitas vezes algumas pessoas acreditam que a coalizão é, do ponto de vista político, algo incorreto”, disse ela, afirmando, em seguida, que o povo brasileiro agora entende a importância da costura de um ampla aliança de partidos. “Acho que o Brasil avançou muito nesse caminho da compreensão da coalizão”, declarou. Para a presidente, a falta de um governo de coalizão é responsável hoje, por exemplo, pelo processo de deterioração da governabilidade na Itália e de embates nos Estados Unidos envolvendo a questão fiscal.

A reforma ministerial iniciada por PMDB e PDT tem claro objetivo eleitoral. Com a indicação de Antonio Andrade, a presidente tenta minar a aproximação do PMDB mineiro com o senador tucano Aécio Neves, possível candidato nas eleições presidenciais de 2014, e garantir apoio para a provável candidatura do atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ao governo do estado. Com Moreira Franco, que já era ministro da inexpressiva Secretaria de Assuntos Estratégicos, e agora muda de pasta, Dilma pretende satisfazer o partido aliado com um ministério de maior expressão e com claros dividendos eleitorais. A Secretaria de Aviação Civil era desejada também pelo PSD, partido do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por ser a responsável por acompanhar o processo de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.

A troca de comando no Ministério do Trabalho entre os pedetistas Brizola Neto e Manoel Dias, por sua vez, tem o objetivo de tentar unificar a bancada do partido na Câmara dos Deputados, infiel contumaz em votações, apesar de oficialmente integrar a base aliada. Tenta também garantir apoio do partido ao projeto de reeleição em 2014, uam vez que a legenda já vinha sendo assediado por PSB e PSDB, que têm em Eduardo Campos e Aécio Neves seus prováveis candidatos ao Palácio do Planalto no próximo ano.

Citando o ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff não citou, na solenidade de posse dos novos ministros, o processo eleitoral, mas disse ter aprendido com seu padrinho político a importância de definir prioridades. “O exercício do governo é uma fonte de aprendizado e, como ministra do presidente Lula nesses dez anos e agora nos últimos dois anos como presidente da República, a gente aprende sobre o valor que é necessário para que se tenha firmeza nas decisões e para que se tenha clareza das prioridades”, declarou ela.

Com a reforma, Brizola Neto (Trabalho) e Mendes Ribeiro (Agricultura) retomam os mandatos como deputados federais, enquanto Wagner Bittencourt (Aviação Civil) volta à vice-presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Apesar do claro objetivo de redesenhar a engenharia política e fortalecer pontes para as eleições de 2014, a presidente ainda defendeu paradoxalmente na solenidade de posse que os ministérios sejam ocupados com base no profissionalismo e na meritocracia, e não apenas em interesses político-partidários.

Despedida – Ao se dirigir os ministros que deixam o cargo, Dilma Rousseff agradeceu o trabalho de Wagner Bittencourt, responsável por estruturar a ainda novata Secretaria de Aviação Civil e construir os pilares para que o setor de aviação seja prioritário na administração pública. Disse ter “orgulho” de Brizola Neto por ele ter atuado no governo e também na defesa de sua candidatura à presidência em 2010 e afirmou ao “amigo” Mendes Ribeiro Filho que conta com sua “grande lealdade política e pessoal”. O ministro chorou copiosamente após a presidente ainda pedir que ele tenha “força” para enfrentar as diversidades. “Resista às dificuldade porque nós, do Brasil, precisamos de você. Espero que você cuide de sua recuperação. Tem que cuidar da sua saúde e parar de andar de baixo para cima”, disse ela. Mendes Ribeiro luta contra um câncer no cérebro.

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