Visão
Eletrodos na retina enviam impulsos elétricos para as células nervosas dos olhos e devolvem parte da visão de paciente com doença degenerativa
Ilustração divulgada pelo Bionic Vision Australia (BVA) do protótipo de olho biônico (Bionics Institute/AFP)
Cientistas australianos anunciaram nesta quinta-feira a implantação bem-sucedida do primeiro protótipo de olho biônico, descrevendo a façanha como um enorme avanço para os deficientes visuais.
O Bionic Vision Australia (BVA), um consórcio financiado pelo governo, informou ter implantado o "protótipo preliminar" de um olho robótico em uma mulher com perda hereditária da visão provocada por retinite pigmentosa degenerativa.
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RETINITE PIGMENTOSA
A retinite pigmentosa é um tipo de degeneração da retina que leva à perda da visão. Pacientes afetados sentem, inicialmente, cegueira noturna seguida de redução do campo visual. Muitas pessoas com retinite pigmentosa não ficam cegas até os 50 anos e alguns permanecem com parte da visão a vida toda.
A retinite pigmentosa é um tipo de degeneração da retina que leva à perda da visão. Pacientes afetados sentem, inicialmente, cegueira noturna seguida de redução do campo visual. Muitas pessoas com retinite pigmentosa não ficam cegas até os 50 anos e alguns permanecem com parte da visão a vida toda.
Descrito como um "olho pré-biônico", o minúsculo aparelho com 24 eletrodos foi colocado sobre a retina de Dianne Ashworth e enviou impulsos elétricos para estimular as células nervosas de seus olhos.
Os cientistas ligaram o equipamento em seu laboratório no mês passado, depois que Ashworth se recuperou completamente da cirurgia, e ela descreveu a experiência como incrível.
"Eu não sabia o que esperar, mas de repente, eu consegui ver um pequeno clarão. Foi incrível", afirmou, em um comunicado. "A cada estímulo, surgia uma forma diferente diante dos meus olhos", acrescentou.
Processador de visão — Penny Allen, o cirurgião que implantou o dispositivo, o descreveu como "o primeiro do mundo". O dispositivo de Ashworth só funciona quando está conectado dentro do laboratório e o presidente do BVA, David Penington, disse que seria usado para explorar como as imagens são "construídas" pelo cérebro e pelo olho.
Dados do dispositivo alimentarão um "processador de visão" que permitirá aos médicos determinar exatamente o que Ashworth vê quando a retina dela for submetida a vários níveis de estímulo.
"A equipe procura consistência de formas, brilho, tamanho e localização de sinais luminosos para determinar como o cérebro interpreta esta informação", explicou Rob Shepherd, diretor do Instituto de Biônica, que também participou da pesquisa.
Visão ampla — Os cientistas agora trabalham para desenvolver um dispositivo de "visão ampla" com 98 eletrodos, que dará aos usuários a habilidade de perceber objetos grandes, como prédios e carros, e outro de "alta acuidade", ou seja, grande capacidade de perceber sombras e formas dos objetos, com 1.024 eletrodos.
Espera-se que os pacientes com o dispositivo de alta acuidade sejam capazes de reconhecer rostos e ler impressos grandes. Segundo o BVA, será adequado para pessoas com retinite pigmentosa e degeneração macular relacionada com a idade.
Penington explicou que os resultados iniciais de Ashworth "atenderam às nossas melhores expectativas, dando-nos a confiança de que, com desenvolvimentos futuros, possamos alcançar uma visão competente".
"O próximo grande passo será quando começarmos os implantes de dispositivos completos", afirmou.
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