terça-feira 16 2013

Uso de avião da FAB por autoridades cresce 39% no governo Dilma

Política

Solicitações de uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira somaram 1.664 no primeiro semestre deste ano, contra 1.471, em 2012, e 1.201, em 2011

Senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) (Dida Sampaio/AE e Beto Barata)
Apenas no primeiro semestre deste ano autoridades federais fizeram 1.664 solicitações de uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), um aumento de quase 39% em relação aos pedidos feitos no primeiro semestre do governo Dilma Rousseff, em 2011. Em média, nove autoridades decolaram por dia em jatinhos oficiais de janeiro a junho. Nesses seis meses, os aviões levaram chefes de 42 órgãos públicos federais e seu estafe. Os políticos fazem solicitações individuais, mas pode haver compartilhamento de voo, principalmente porque, frequentemente, as autoridades decolam para cumprir agendas oficiais combinadas a compromissos partidários ou privados.
A Aeronáutica, no entanto, diz que não divulgará a relação de caronas em cada viagem. A justificativa é que a lista de passageiros é descartada depois da chegada do avião ao destino. Sem os nomes dos acompanhantes, a fiscalização de eventuais abusos no embarque de pessoas não autorizadas, para fins privados, ficará prejudicada. Por norma de segurança, as identidades dos ocupantes de um jato têm de ser registradas antes da partida. Assim, se houver acidente, é possível identificar vítimas.
De janeiro a junho de 2013, a média diária de solicitações foi maior que no mesmo período em 2011 (6,6) e em 2012 (8). Em 2011, foram 1.201 solicitações no período. No ano passado, 1.471. Esses dados terão de ser enviados em 30 dias ao Senado, que aprovou pedido de explicações sobre o uso da frota da FAB a partir de 2010. 
Viagens irregulares - O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pagou 9 700 reais depois da revelação de que ele deu carona a parentes em viagem de Natal ao Rio de Janeiro, na qual assistiram à final da Copa das Confederações e fizeram passeios. Primo do deputado, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN), também voou à capital fluminense para ver o jogo e restituiu 2 545 reais aos cofres públicos. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi de Maceió a Trancoso (BA) para a festa de casamento do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), desembolsou 32 000 reais, depois de revelada a viagem. Os três são alvos de investigações preliminares do Ministério Público Federal, que apura se houve improbidade administrativa e se o cálculo das devoluções foi correto.
Campeão - No primeiro semestre deste ano, ninguém voou tanto quanto o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que decolou 110 vezes, na maioria dos casos a partir ou para São Paulo, onde tem residência permanente. Padilha é cotado para disputar o governo do Estado pelo PT. Ele explica, por meio de sua assessoria, que a agenda para pactuar políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país exige o uso de aeronaves. No ranking dos que mais voam pela FAB, figuram ainda os titulares do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (101), da Justiça, José Eduardo Cardozo (91), e do Esporte, Aldo Rebelo (81). Os ministros alegam cumprir as regras do decreto presidencial 4.244, que regulamenta o transporte pela FAB, e atribuem os voos recorrentes à extensa lista de atribuições em todo o país.
(Com Estadão Conteúdo)

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