Feira Livre
REYNALDO ROCHA
Na economia, era a “herança maldita” de FHC que durou 10 anos. Ao fim dos quais, a inflação voltou, a Petrobras quebrou, o BNDES tenta explicar o que fez com o dinheiro público, os dividendos são pagos ao governo antecipadamente em uma tentativa desesperada (o poço secou!) de apresentar saldos nas contas oficiais, os ministérios são 39, existem 508.000 cargos comissionados (sem concursos) nos municípios, mais de 1.000.000 nos governos federal e estaduais, um descontrole sobre o câmbio, uma desconfiança internacional consolidada, enfim, a herança não era lá tão “maldita”. Um cenário velho e bolorento.
Na Justiça, a culpa é dos advogados! Eles são mal formados, estudam em Universidades péssimas (que foram, segundo os mesmos que acusam, liberadas para funcionar POR ELES MESMOS!) e são TODOS desonestos. Esta é a versão oficial. Confundem o advogado medalhão – podem ser encontrados atuando na Ação Penal 470 – com os que exercem dia-a-dia o difícil ofício de ser mal pago, pouco reconhecido e até humilhado por uma estrutura ESTATAL que os trata como penduricalhos. Não são. São a essência do Direito. Todos são acusados pelo partido oficial. Exceto os que são do partido oficial. Estes viram ministros do STF.
Na Educação, a culpa é dos professores. Uns preguiçosos que só querem saber de ganhar fortunas (uns 900,00 reais por mês) ao invés de serem estoicos sacerdotes que deveriam até agradecer por ensinar. Mesmo morrendo de fome.
Ainda havia os empresários (só os pequenos e médios, visto que Eike Batista é um dos novos patrões de Lula e apoiado por Dilma). Estes seres inferiores que só querem saber do lucro. Empregam mais de 96% da força de trabalho do Brasil? Detalhe… Dão prejuízo? Não podem, visto que não dispõem de dinheiro público para continuar operando, como – infelizmente – se vê no BNDES e Petrobrás de hoje. Se derem prejuízo, quebram. Desaparecem.
Agora são os médicos. Quer dizer então que recusam um salário de R$ 10.000,00? Para fazer O QUÊ exatamente? Quantos médicos aceitariam R$ 50.000,00 para fazer de conta que exercem a profissão? Não seria uma prova de honradez não compactuar com o caos e não participar de uma farsa?
É disto que são acusados?
Qual a sensação que sente um profissional ao se deparar com um posto de saúde sem remédios, sem exames e sem a mínima estrutura? A mesma que sentiria um engenheiro ao tentar construir uma ponte – por dia – sem calculadora e nenhum equipamento? Ou a de um advogado que teria, em um julgamento, um prazo estipulado de 1 minuto para apresentar sua tese de defesa?
Sei que existem professores que ensinam (ensinam?) em escolas sem lousas, sem carteiras escolares e sem cadernos. Livros são um luxo inatingível. Sabemos o resultado. Somos um dos campeões da ignorância mundial. Da desigualdade de ensino e da ofensa ao direito de aprender.
É este o resultado que se espera dos médicos do Brasil? Na medicina o resultado não se mede pelo não-aprendizado (que é um crime!); mede-se pelo número de mortos. Este é o parâmetro. Estamos longe disto ou já ingressamos neste cenário de horror?
Durante a ditadura militar proibiu-se a divulgação de um surto de meningite em São Paulo, o que só fez a epidemia crescer.
Hoje, o lulopetismo pretende apresentar uma solução desonesta, transferindo a responsabilidade da própria criminosa incompetência para uma categoria profissional. A epidemia de meningite era – frente ao que assistimos hoje – um mal até menor.
O PT – principalmente Lula, o lobista amante de Rosemary – se notabilizou em dividir o Brasil de acordo com os próprios interesses.
Assistimos a divisão de “direitistas raivosos x esquerdistas angelicais”. Entre “nordestinos x sulistas”. De um lado, os ricos; de outro os pobres! Os que eram “companheiros” x os que eram “atrasados”.
Toda a divisão é – por definição – odiosa. Mas hoje, é real.
Não esperava esta última tentativa de separação. A divisão entre “médicos x pacientes”!
Se ela acontecer, o PT ganhou. Terá conseguido o desejado. Deixar tudo como está. E a partir daí passaremos a odiar aquelas pessoas que usam uniforme branco e trabalham em hospitais.
A Saúde estará salva? Os pacientes melhor atendidos? O sistema de saúde adquirindo alguma dignidade?
Óbvio que não!
Mas para o PT estes dados são irrelevantes?
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