domingo 24 2013

Brizola Neto não comparece à cerimônia de transferência de cargo


Ministério do Trabalho

Atualizado

Ex-ministro deixou apenas uma carta para ser lida durante o evento, em que desejou ao sucessor que consiga trazer união ao partido

Marcela Mattos, de Brasília
Secretário-geral do PDT Manoel Dias
Novo ministro do Trabalho, Manoel Dias, do PDT: "parece que ele (Brizola Neto) está viajando" (Renato Araujo/Agência Brasil)
Demitido do comando do Ministério do Trabalho na última sexta-feira, o ex-ministro Brizola Neto(PDT-RJ) não compareceu à cerimônia de transmissão do cargo ao recém-empossado Manoel Dias (PDT-SC). Sem justificar a ausência, ele enviou uma carta a Dias, na qual fez um balanço dos dez últimos anos de governo, congratulou o correligionário e, por fim, deixou uma sugestão do que ele mesmo não soube cumprir: representar todo o partido.
Criticado por não ter conseguido unir o PDT ao longo do pouco mais de um ano de mandato, Brizola Neto desejou ao substituto que ele saiba representar a união. “Desejo ao novo ministro sucesso em sua gestão e, com base em sua história de luta pelo direto dos trabalhadores, saiba ser a argamassa que une as partes”. E continuou: “O verdadeiro vencedor não é aquele que derrota o adversário, mas aquele que o traz para suas as fileiras.” 
Na nota de despedida, lida pelo secretário-executivo do Trabalho, Marcelo Aguiar, Brizola Neto não fez um balanço de seu governo. No lugar, comentou os avanços alcançados a partir de 2003 e fez afagos ao governo petista. “Os resultados positivos observados nos últimos dez anos não podem ser entendidos sem fazer referência à Dilma, que além dos equilíbrios macroeconômicos, caracterizou-se por uma clara opção redistributiva baseada no aprofundamento de direitos”, disse. Ele exaltou o aumento do salário mínimo e a diminuição da taxa de desemprego da última década. 
Manoel Dias agradeceu o recado e reforçou que a ausência do ex-ministro não causa estranhamento. “Parece que ele está viajando e determinou que o secretário-executivo fizesse a transferência”, afirmou. O novo ministro voltou a afirmar que, apesar de não estar no governo em decorrência do apoio à candidatura de Dilma, a aliança poderá ser firmada caso o partido se sinta atendido e possa praticar as políticas que defende.
Lupi, o retorno – O novo ministro jurou fidelidade a Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho demitido por denúncias de corrupção e atual presidente do PDT. Para Dias, Lupi foi injustiçado. “Eu não posso deixar de ser fiel a ele. Eu não posso negar a minha amizade porque alguém acha que ele errou. Eu acho que o Lupi não errou e sofre uma injustiça muito grande, até porque não tem processo contra ele", disse.
Dias confirmou a nomeação de Paulo Roberto dos Santos Pinto, secretário-executivo à época em que surgiram as denúncias. O ministro garante que a motivação é unicamente a competência e o trabalho que o secretário tem a oferecer. “Eu tenho de ter segurança. Não posso fazer bobagem”, justificou.

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