quarta-feira 16 2013

Roberto Carlos quer censurar mais uma publicação

Justiça

Advogados do cantor notificaram a historiadora Maíra Zimmermann pelo lançamento de 'Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude' que retrata a agitação cultural no Brasil nos anos 60

Uma das mais fortes ações de marketing do iTunes no Brasil será com Roberto Carlos
Uma das mais fortes ações de marketing do iTunes no Brasil será com Roberto Carlos (Philippe Lima/Agnews)
Roberto Carlos entrou na Justiça para barrar a circulação de mais um livro que, segundo seus advogados, revela detalhes de sua vida íntima. O título, no caso, é a tese de mestrado da historiadora Maíra Zimmermann, que lançou nesta semana Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude, derivado da tese de mestrado feita com subsídios da Fapesp sobre a moda, os diálogos, a família, a influência dos artistas no desenho da nova adolescência. Em seguida ao lançamento, a autora e a editora Estação das Letras e Cores receberam uma notificação que exige a retirada do livro do mercado, além do recolhimento em até dez dias dos exemplares já distribuídos. 
No documento, o advogado Marco Antonio Bezerra Campos, que representa o ídolo, alegou que a publicação relata a história da Jovem Guarda e, por isso, inclui passagens sobre a trajetória e a vida íntima do cantor. O autor de Esse Cara Sou Eu, em 2007, travou batalha na Justiça para tirar das prateleiras a biografia não-autorizada Roberto Carlos em Detalhes, lançada pelo historiador Paulo César de Araújo pela editora Planeta em 2006. Recentemente, Roberto Carlos fechou contrato com a editora Leya para publicar sua biografia autorizada que deve chegar às livrarias daqui cinco anos. O projeto inclui também filme sobre a vida do cantor. 
A obra da historiadora, por outro lado, não é uma biografia e nem cita detalhes da vida íntima de seus principais personagens abordados: Roberto, Erasmo e Wanderléa. O trio é retratado em caricatura que estampa a capa. "Meu foco é a construção da cultura nos anos de 1960. Falar da Jovem Guarda como movimento de transformação de costumes. Não há menção à vida íntima dos artistas", diz Maíra. 
Consultado, o advogado de Roberto, Marco Campos, argumentou que o problema foi a caricatura que ilustra a capa do livro e também o fato da autora não ter pedido autorização para publicar o estudo que cita Roberto. "Mas ele (Roberto Carlos) não pediu a retirada do livro. Não vamos pedir a retirada."
Os advogados de Maíra e da editora Estação das Letras e Cores responderam com uma contranotificação: "A autora da obra tem o direito constitucional de informar a sociedade brasileira acerca dos fatos relacionados ao movimento cultural Jovem Guarda." O longo documento termina com a decisão de não retirar os exemplares das lojas. "Não havendo qualquer sinal de violação aos direitos à imagem, à honra ou mesmo à privacidade do senhor Roberto Carlos, não há como se acolher os requerimentos formulados na notificação."
O caso reacende o debate sobre a legislação brasileira que rege a publicação de biografias não-autorizadas de pessoas públicas. No último dia 2, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou projeto que altera o artigo 20 do Código Civil e permite a divulgação de textos e imagens sem a autorização prévia do biografado e seus parentes. A proposta está em análise no Senado. 
(Com Estadão Conteúdo)

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