quarta-feira 16 2013

Para editor de Chico Buarque, Procure Saber elegeu 'vilão errado'

Livros

Em texto publicado no blog da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz reafirma amizade com Chico e Caetano Veloso, outro publicado pela editora, mas rebate acusações de que escritores e editores são 'pilantras profissionais' e lembra que herdeiros de Garrincha só queriam dinheiro pela biografia do craque

Juliana Zambelo
Luiz Schwarcz, fundador e dono da Companhia das Letras,
Luiz Schwarcz, fundador e publisher da Companhia das Letras, (Gabriel Rinaldi)
Luiz Schwarcz, fundador e publisher da editora Companhia das Letras, entrou no debate sobre a publicação de biografias não autorizadas respondendo a declarações de Chico Buarque publicadas nesta quarta-feira, em artigo no jornal O Globo. Publicado no blog da editora, o texto assinado por Schwarcz se opõe à posição defendida por Chico de que seria justo o pagamento de indenização à família do jogador Garrincha pela publicação de sua biografia e afirma que o grupo Procure Saber, do qual o músico faz parte ao lado de outros medalhões da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Roberto Carlos, escolheu o "vilão errado" ao atacar escritores e editores, acusados de faturar "alto" com a vida dos outros.
"'Procure Saber' escolheu o vilão errado e ofendeu os profissionais do livro ao defender a permissão apenas da publicação gratuita dos livros pela internet, apresentando editores e escritores como argentários e pilantras profissionais", escreveu Schwarcz. No mesmo texto, ele relata os bastidores da disputa com os herdeiros do jogador Garrincha, apontando que o processo teve motivações puramente econômicas e que chegou ao fim após um “volumoso acordo”. “Com o pagamento realizado, nem a capa ou muito menos o conteúdo voltou a preocupar as herdeiras.”
O editor afirma ainda que a exigência de uma autorização do biografado ou de seus herdeiros faz deles censores e que os artistas deveriam se unir aos editores na luta pela “liberdade de expressão necessária" para a profissão e da “privacidade possível no mundo atual”.
A Companhia das Letras não foi a única citada nominalmente no artigo assinado por Chico Buarque nesta quarta-feira. No texto, o músico acusa o jornalista Paulo César de Araújo, autor da biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, de ter mentido sobre tê-lo entrevistado para a obra. A biografia, tirada de circulação em 2007 por exigência de Roberto Carlos, traz declarações de Chico Buarque. “Só que ele nunca me entrevistou”, escreveu o compositor.
Araújo afirmou, na tarde desta quarta-feira, que tem os arquivos em vídeo da entrevista. “Fiz a entrevista com o Chico em 30 de março de 1992”, diz o pesquisador. Segundo o biógrafo, a conversa aconteceu na casa do cantor, no bairro da Gávea, e durou cerca de quatro horas. O escritor acredita que Chico tenha esquecido a conversa, que aconteceu 14 anos antes da publicação do livro. No entanto, para provar que o encontro aconteceu, está convertendo seu arquivo, originalmente feito em VHS, para DVD e promete divulgá-lo em breve. 

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