Com adesão muito abaixo do esperado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), o protesto da noite de terça-feira no Rio teve, até as 19h40, o formato de uma manifestação legítima. Os sindicalistas demarcaram com precisão, neste horário, quando deveria começar a pancadaria. O aviso dado pelos carros de som de que o protesto estava “encerrado” coincidiu com estrondos ao redor da Cinelândia, enquanto professores batiam em retirada, como se pressentissem o perigo. Às 20h15 a situação era a baderna usual, com bombas de efeito moral lançadas pela Polícia Militar, coquetéis molotov e pedras jogados por manifestantes e correria generalizada.
A PM ficou concentrada nas vias ao redor da Cinelândia, mantendo distância dos manifestantes. A pancadaria começou quando um grupo liderado por mascarados começou a se deslocar em direção à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na Rua Primeiro de Março. Os manifestantes usaram os tapumes de madeira e metal, instalados para evitar depredações, como escudos para avançar contra os policiais. Em vários pontos do centro surgiram pequenos focos de incêndio. A fumaça do lixo queimado se misturava à das bombas de efeito moral lançadas pelos policiais. Logo o tumulto se espalhou por todo o entorno da Cinelândia, da Lapa e de vias em direção à Zona Sul.
Oficialmente, como já fez outras vezes, o Sepe diz não apoiar a violência e o vandalismo. Mas há uma semana o sindicato declarou “apoio incondicional” ao grupo Black Bloc – o que funcionou como uma carta branca para os manifestantes atuarem nos atos convocados pelos grevistas. O momento exato de “encerramento” pareceu um alerta para quem não estava a fim de participar do confronto – um “salve-se quem puder”. Não se pode dizer que os black blocs estavam “infiltrados” ou que se aproveitaram da manifestação. Ao longo da caminhada, os mascarados estavam lado a lado com os grevistas – ainda que, obviamente, grande parte deles não concorde com as práticas violentas.
O apoio dado aos black blocs pelo sindicato, por ser “incondicional”, obviamente endossa o incêndio de uma viatura da PM, na Glória; a destruição dos pontos de ônibus no Centro; as depredações pelo caminho e a destruição até das barreiras instaladas para proteger a Biblioteca Nacional, entre outros prédios depredados.
O Sepe, controlado pelo PSOL e pelo PSTU, tem empurrado os professores para uma situação perigosa. Já houve o aviso da prefeitura de que haverá corte de ponto dos faltosos – embora a decisão de descontar os dias parados nos salários dos grevistas tenha sido suspensa na noite desta terça-feira pelo ministro Luiz Fux.
A adesão à paralisação, segundo o município, não passa de 10% desde duas semanas atrás. Entre os grevistas, há aqueles em estágio probatório, ou seja, aprovados em concurso mas ainda sem estabilidade. São estes os primeiros notificados, por telegrama, para justificar a ausência. O comunicado é emitido para os que atingiram 30 faltas consecutivas. Para os profissionais com estabilidade, a demissão é um processo longo, que depende de um trâmite administrativo complexo. Mas para os profissionais em estágio probatório não é necessária sequer justificativa por parte do gestor público.
A primeira leva de comunicados seguiu por telegrama na segunda-feira, para 1 800 servidores efetivados e 2 700 em estágio probatório. Os notificados têm, agora, até quinta-feira para apresentar em suas unidades a justificativa por escrito para as ausências. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informa que um dos requisitos para a efetivação dos concursados é a assiduidade – ou seja, quem fez greve pode já estar demitido a essa altura. As próximas etapas, a partir do recebimento das justificativas, são o julgamento de cada caso pela comissão de avaliação de estágio e, no caso dos funcionários com estabilidade, um processo no âmbito da Secretaria de Administração.
No início da noite, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a decisão da prefeitura do Rio de cortar o ponto dos grevistas. O ministro decidiu também convocar uma audiência de conciliação para resolver a questão. Os manifestantes festejam a decisão, que deixa a prefeitura de mãos atadas diante de um sindicato que não parece disposto a negociar.
VIOLÊNCIA - O que é fato e o que virou notícia
O Jornal Nacional, repetindo o que eu já tinha ouvido na GloboNews, passa um informe do sindicato dos professores do Rio: o quebra-quebra...
01:00 - Rio de Janeiro - Os protestos na capital fluminense terminam com ao menos 150 detidos, entre eles os manifestantes que ocupavam as escadarias da Câmara de Vereadores gritando palavras de ordem após os confrontos desta noite. O número oficial de pessoas levadas a delegacias, porém, não foi divulgado pela PM do Rio.
23:10 - Rio de Janeiro - A polícia começou a retirar os manifestantes que estavam na escadaria da Câmara Municipal. Após serem revistados, eles são conduzidos de ônibus para a 17ª DP, em São Cristóvão, para onde os detidos estão sendo levados. Até o momento, o balanço parcial da polícia indica ao menos 45 detidos nos protestos desta terça-feira no Rio.
22:00 - Rio de Janeiro - A situação começa a ser controlada no Centro do Rio. Parte dos vândalos mascarados parece ter se dispersado, enquanto outros manifestantes voltam a se concentrar na escadaria da Câmara Municipal, gritando palavras de ordem.
21:45 – Belo Horizonte - Um grupo de mascarados depredou um ônibus com chutes e socos no fim da manifestação organizada nesta terça-feira, no Centro da capital mineira, como parte das celebrações do Dia do Professor. Um rapaz de 18 anos, identificado como Rayner Gonçalves, foi preso. Cerca de cem manifestantes, segundo a Polícia Militar, participaram do ato, que ocorreu de forma pacífica na maior parte do tempo. Dezenas de integrantes da tropa de choque e do Batalhão de Trânsito da PM, além de homens da Guarda Municipal, acompanhavam a ato. Os manifestantes fecharam o trânsito nas avenidas Afonso Pena e Amazonas, duas das principais da capital, e fizeram passeata até a sede da prefeitura. Mais de 1.200 pessoas confirmaram presença no protesto nas redes sociais, mas nem 10% compareceram. (Com Estadão Conteúdo)
21h35 - Rio de Janeiro - A Cinelândia foi transformada em praça de guerra. Os mascarados que insistem no confronto com a Polícia Militar se dispersam e voltam a se agrupar logo em seguida. Os agentes jogam bombas de gás lacrimogêneo, enquanto os manifestantes revidam com coquetéis molotov, pedras e outros objetos. Ainda há muito correria e fumaça pela região central da cidade. O Consulado dos Estados Unidos teve vidros quebrados e agências bancárias foram destruídas. Até agora, 16 pessoas foram detidas e levadas à 17ª DP (São Cristóvão). Entre as acusações estão desacato e saques.
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21:20 - Rio de Janeiro - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu em caráter liminar o corte de ponto dos professores da rede municipal e estadual do Rio, em greve desde o dia 8 de agosto. Ele convocou, também, uma audiência de conciliação entre representantes dos educadores e dos governos para o dia 22, no STF.
Greve no Rio - Luiz Fux concede liminar que suspende corte de salário de grevistas. Entra, assim, no cordão dos insensatos, que cada vez aumenta mais
O ministro Luiz Fux, do STF, acaba de conceder uma liminar que suspende o corte de ponto dos grevistas do Rio. Fux convocou ainda uma aud...
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21:08 - Rio de Janeiro - Jovens são revistados pela Polícia Militar por todo o Centro do Rio. Na escadaria da Câmara de Vereadores, nova confusão após a detenção de mais um manifestante. Ele estava sem máscara. Um grupo cercou os agentes que tentavam levar o garoto, que parece ser menor de idade. "Covardes", gritavam. Ainda não foi divulgado o balanço de detidos.
21:03 – São Paulo – Segundo a PM, 56 pessoas foram detidas durante a manifestação e encaminhadas para o 89ª DP, no Portal do Morumbi, na Zona Sul. Três policiais foram feridos e passam bem.
20:53 - Rio de Janeiro - Manifestantes incendeiam uma viatura da Polícia Militar no Centro da cidade, e as chamas rapidamente ganham grandes proporções. Os bombeiros correm para o local para controlar o fogo, enquanto a PM também tenta se aproximar em grandes grupos. Mascarados correm, mas não deixam de jogar objetos e coquetéis molotov contra os agentes, e criar novos focos de incêndio. O confronto se espalha agora para bairros vizinhos, como o da Glória e a Lapa.
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20:45 - Rio de Janeiro - Corpo de Bombeiros chega à Cinelândia para apagar os focos de incêndio espalhados pelos manifestantes - inclusive dentro de uma agência bancária. A fumaça das chamas se mistura à das bombas de gás lacrimogêneo jogado pelos policiais militares e de fabricação caseira atiradas pelos mascarados. Os black blocs que começam a se dispersar seguem para a Lapa, onde bares começam a fechar as portas, e para o Aterro do Flamengo.
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20:36 – São Paulo – Um ônibus teve os vidros totalmente quebrados pelos manifestantes em São Paulo. Outros quatro veículos da Via Quatro, consórcio que administra a linha-4 Amarela do Metrô paulistano, também teve os vidros destruídos. A estação Butantã do metrô teve as paredes pichadas . A manifestação se dissipou.
20:30 - Rio de Janeiro - Falta luz em parte da Cinelândia, Centro do Rio. Ainda não se sabe se o corte foi proposital ou se ocorreu algum incidente em função do confronto entre policiais e manifestantes, que trocam bombas nas ruas da região. Há focos de incêndio provocados pelos manifestantes e a PM avança para conter os vândalos. Uma pessoa foi detida e houve tumulto em torno no veículo da PM para onde ela foi levada.
20:15 – Rio de Janeiro – Policiais entram em confronto com black blocs. O grupo que se concentrava na Câmara de Vereadores decidiu seguir em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – que tem sido palco das piores cenas de vandalismo na cidade. Os PMs, que até então estavam concentrados nas ruas laterais à Cinelândia, reagiram para impedir o avanço dos mascarados. Houve troca de bombas – de gás lacrimogêneo por parte da polícia e de fabricação caseira do lado dos manifestantes. Os black blocs carregavam ainda tapumes de metal e madeira retirados da fachada de prédios. A correria é generalizada.
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20:10 – Rio de Janeiro – Camelôs já veem os constantes protestos no Centro do Rio como uma oportunidade. Na Rua Evaristo da Veiga, lateral da Câmara de Vereadores onde estão concentrados os black blocs, há barracas de pipoca, milho verde, churrasco e isopores com cerveja. Os professores mais velhos já deixaram o local, que agora reúne os mais jovens ao lado dos mascarados. Cordões de isolamento da Polícia Militar protegem o Quartel General e impedem que os manifestantes voltem para a Avenida Rio Branco.
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19:50 - São Paulo - Após o confronto com a polícia, os mascarados tentaram se esconder no estacionamento da loja Tok & Stok, na Marginal do Pinheiros. A PM interrompeu o tráfego na via, cercou a loja e deteve dez pessoas.
19:40 – Rio de Janeiro – Pelo carro de som que acompanhou toda a manifestação, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) anuncia o fim do ato. O locutor agradece a presença de todos e afirma que os grevistas não vão ceder até terem suas reivindicações atendidas. “Vamos buscar o impossível”, afirmou, ao microfone. Parte do grupo começa a se dispersar. Os mais jovens continuam nas escadarias da Câmara e da Biblioteca Nacional. Separados da multidão, os black blocs correm para a lateral do prédio do Legislativo municipal. Há barulho de bombas e correria, mas ainda não foi registrado nenhum ato de vandalismo ou depredação.
19:37 – Rio de Janeiro – Termina a passeata dos professores no Rio. Todos os manifestantes chegaram ao destino final programado para o ato, na Cinelândia, Centro da cidade. A Polícia Militar aumentou sua estimativa de público de 5.000 para 7.000 pessoas, mas o sindicato fala em 10.000. O ato ganhou apoio de algumas pessoas que trabalham ao longo da Avenida Rio Branco e se juntaram ao movimento. Em frente à Câmara de Vereadores, houve discussão entre black blocs. Uma parte deles queria seguir até o Quartel General da Polícia Militar, mas venceu o grupo que optou por permanecer na escadaria do prédio. A segurança está reforçada em toda a região.
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