Biologia
A beluga, chamada NOC, teria adquirido a habilidade depois de conviver por sete anos com pesquisadores. Foi a primeira vez que um mamífero marinho aprendeu a imitar a voz humana de forma espontânea
As baleias brancas também são conhecidas como belugas. Elas costumam viver nos mares gelados do ártico(Thinkstock)
Uma nova pesquisa publicada na revista Current Biology mostrou que alguns mamíferos marinhos são capazes de imitar a voz humana sem passar por nenhum tipo de treinamento. O estudo detalha o caso de uma baleia branca conhecida como NOC que, nos anos 80, aprendeu a imitar conversas entre duas pessoas, provavelmente por meio da convivência com seres humanos. "A vocalização da baleia normalmente soava como se duas pessoas estivessem conversando a certa distância", diz Sam Ridgway, presidente da Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Spontaneous human speech mimicry by a cetacean
Onde foi divulgada: revista Current Biology
Quem fez: Sam Ridgway, Donald Carder, Michelle Jeffries e Mark Todd
Instituição: Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos, nos Estados Unidos
Dados de amostragem: Uma baleia branca de nove anos chamada NOC
Resultado: Gravações dos barulhos emitidos pela baleia mostraram que eles se parecem com a conversa de seres humanos. Análises técnicas revelaram semelhanças com alguns padrões da fala humana, como amplitude e ritmo. Outros animais já demonstraram capacidade semelhante, mas NOC foi o primeiro mamífero marinho a exibir a habilidade espontaneamente.
Os pesquisadores descobriram a habilidade por acaso, em maio de 1984, quando a baleia tinha por volta de nove anos de idade. "Nós ouvimos essas conversas muitas vezes antes de identificarmos que a fonte era a baleia. Só fomos descobrir a verdade quando uma mergulhadora de nossa equipe confundiu os sons do animal com a voz de um humano que lhe dava ordens debaixo da água", diz Ridgeway. A baleia teria "dito" para a mergulhadora sair da água.
Assim que a baleia foi identificada como a fonte dos sons, os pesquisadores passaram a gravar o barulho, tanto no ar quanto debaixo da água. Embora não seja possível escutar nada que se pareça claramente com palavras, análises das gravações revelaram vários padrões semelhantes aos da fala humana, como o ritmo e a amplitude.
Assim que a baleia foi identificada como a fonte dos sons, os pesquisadores passaram a gravar o barulho, tanto no ar quanto debaixo da água. Embora não seja possível escutar nada que se pareça claramente com palavras, análises das gravações revelaram vários padrões semelhantes aos da fala humana, como o ritmo e a amplitude.
Segundo os pesquisadores, essa não é a primeira vez que um mamífero marinho imita a voz humana – golfinhos já haviam sido treinados a copiar algumas características da fala dos homens. Essa, no entanto, é a primeira vez que essa habilidade aparece espontaneamente, como se o animal tivesse realizado um aprendizado vocal sem nenhum tipo de intervenção. Os cientistas acreditam que isso se deve à relação próxima da baleia com os homens, com quem conviveu por sete anos antes passar a vocalizar.
Depois de quatro anos da descoberta, o comportamento diminuiu. "Quando a baleia envelheceu, deixamos de ouvir os sons parecidos com a fala, mas ela permaneceu bem barulhenta", afirma o pesquisador.
NOC morreu há cinco anos, ainda sob cuidados da Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos. A gravação de sua voz, no entanto, ainda pode trazer grandes descobertas para a ciência. "Esperamos que a publicação de nossas observações leve a novas descobertas sobre o aprendizado e a vocalização de mamíferos marinhos. Entender o modo como essas mentes únicas interagem com os outros animais, os humanos e o ambiente marinhos é um dos grandes desafios de nosso tempo", diz Ridgeway.
Depois de quatro anos da descoberta, o comportamento diminuiu. "Quando a baleia envelheceu, deixamos de ouvir os sons parecidos com a fala, mas ela permaneceu bem barulhenta", afirma o pesquisador.
NOC morreu há cinco anos, ainda sob cuidados da Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos. A gravação de sua voz, no entanto, ainda pode trazer grandes descobertas para a ciência. "Esperamos que a publicação de nossas observações leve a novas descobertas sobre o aprendizado e a vocalização de mamíferos marinhos. Entender o modo como essas mentes únicas interagem com os outros animais, os humanos e o ambiente marinhos é um dos grandes desafios de nosso tempo", diz Ridgeway.
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