quarta-feira 22 2012

Testemunhas ficam caladas e CPI do Cachoeira fecha semana esvaziada


Congresso

Munidos de habeas corpus, presidente da Agência Goiana de Transportes e ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás ficaram em silêncio nesta quarta-feira

Tai Nalon
O deputado federal Paulo Teixeira, o senador Vital do Rêgo e o senador Pedro Taques durante a CPI do Cachoeira
O deputado federal Paulo Teixeira, o senador Vital do Rêgo e o senador Pedro Taques durante a CPI do Cachoeira(Geraldo Magela/Agência Senado )
Esvaziada, a CPI do Cachoeira fecha mais uma semana de trabalhos sem criar fatos novos que ajudem a elucidar o esquema gerenciado por Carlinhos Cachoeira e lança dúvidas sobre o depoimento do ex-diretor da Delta Fernando Cavendish, marcado para a semana que vem. Em uma sessão de pouco mais que 40 minutos e de baixo quórum, a comissão não conseguiu ouvir nesta quarta-feira os depoimentos do presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas, Jayme Eduardo Rincón, e do ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás Aredes Correia Pires. Munidos de habeas corpus, ambos ficaram em silêncio e foram dispensados em seguida.
 
O fracasso na estratégia de inquirir testemunhas lança dúvidas sobre o depoimento do ex-chefe da Delta. Da mesma forma que os depoentes desta quarta, Cavendish apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não falar aos congressistas na próxima terça-feira. Foi além: pediu para não comparecer ao Congresso. Sob a relatoria do ministro Cezar Peluso, o pedido ainda não foi votado.
 
Impaciência - O tom das conversas entre os integrantes da CPI é de impaciência com o presidente da comissão, Vital do Rego (PMDB-PB), e com o relator, Odair Cunha (PT-MG). Membros da oposição têm insistido para que a comissão peça a quebra de sigilo de supostas empresas fantasmas ligada à Delta. Deputados e senadores indicam que a movimentação financeira do laranjal pode chegar a R$ 400 milhões. É consenso entre eles que, com o silêncio das testemunhas, seja necessário apelar para outras formas de investigação.
 
A ala governista, no entanto, diz estar analisando os requerimentos para investigação do laranjal da Delta. O discurso recorrente é que aguardam o depoimento de Cavendish para lançar luz sobre as suspeitas que envolvem a empreiteira.
 
"O depoimento do Cavendish é o depoimento de uma testemunha como outra qualquer. Nós não podemos tratar o Cavendish diferente de Demóstenes (Torres), diferente de A, B ou C", disse Vital. "O que nós temos que entender é que temos um rito a cumprir e que usamos esse rito dentro daquilo que for decisão do colegiado." 
 
Aredes e Rincón - Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo, e sócio em empresa com ligação com o esquema de Cachoeira, foi acusado por Cunha de atuar para favorecer a Delta em licitações. Citando gravações telefônicas, disse que a organização criminosa conseguiu desclassificar de um edital de R$ 34 milhões.
 
Já Aredes, suspeito de agir para evitar grampos em ligações do bicheiro e de comparsas, foi criticado por ter tentado adiar seu comparecimento à CPI com atestados médicos e, depois de ter prometido colaborar com os parlamentares, ficado em silêncio.
 
A CPI volta a se reunir na próxima terça-feira.

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