quarta-feira 08 2014

OEA cobra do governo brasileiro solução para Pedrinhas

Maranhão

Governo federal tem até sexta-feira para responder ao ofício da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre selvageria na prisão do Maranhão

Felipe Frazão
Comoção marca velório da menina que morreu após ser queimada em ônibus. Centenas de pessoas estão levando os sentimentos à família da menina Ana Clara, que morreu na manhã desta segunda-feira (6), no Hospital Juvêncio Matos, em São Luís
Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas - Francisco Silva/Jornal Pequeno
Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas - Francisco Silva/Jornal Pequeno
Armas artesanais e celulares foram apreendidos durante revista da PM no Complexo Penitenciário de Pedrinhas
O governo federal tem até sexta-feira para responder à Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre as mortes em série e as barbáries ocorridas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. Segundo o representante brasileiro na entidade, Breno Costa, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à OEA, cobrou esclarecimentos do governo brasileiro: “A comissão quer uma solução para o problema, quer que as mortes parem”, disse Costa ao site de VEJA, nesta terça-feira.
Costa afirmou que a CIDH emitiu uma "medida cautelar" cobrando providências do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça e da Secretaria de Diretos Humanos da Presidência “até o fim da semana”. A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) antecipou nesta terça-feira o retorno de suas férias para amanhã – estava previsto para o dia 13.
O documento da CIDH exige que o governo brasileiro adote medidas para preservar a vida dos presos, reduza imediatamente a superlotação e investigue as mortes em Pedrinhas – são 62 assassinatos, que incluem decapitações e esquartejamentos.
A medida cautelar foi expedida após denúncia da ONG Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em outubro. A solicitação de que a OEA cobrasse providências do governo brasileiro foi aceita com base nos princípios de “gravidade, urgência e irreparabilidade” dos danos às vítimas.
Segundo Costa, a medida cautelar da CIDH “tem o efeito de fazer uma pressão moral para cobrar uma solução e uma resposta do governo”. Funciona como uma espécie de recomendação ao Estado brasileiro.
Prazo – O prazo para receber resposta das autoridades brasileiras – inicialmente de quinze dias – ainda pode ser prorrogado a pedido do governo federal. O ministro afirmou que, em países federativos, como o Brasil, o governo federal depende de informações que serão repassadas pelos Estados. Além disso, o recesso de fim de ano também atrapalhou o andamento. “Mas se as mortes continuarem vai ser mais difícil (postergar o prazo).”
Costa disse que mortes e violações no cárcere são uma “preocupação constante” da OEA e ocorrem em muitos países da América Latina, entre eles o México. Além de Pedrinhas, o Brasil tem outro caso recente, o do Presídio Central de Porto Alegre (RS), que motivou uma segunda medida cautelar da CIDH cobrando ação do poder Executivo. No caso gaúcho, a cadeia não tem condições mínimas de higiene e os detentos dominaram o controle das galerias de acesso às celas, também ocupadas por falta de espaço, de acordo com a representação.

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