Operação Miquéias
Carros de luxo e uma lancha foram apreendidos com os detidos; esquema teria desviado 300 milhões de reais em um ano e meio
Polícia Federal apreende iate durante Operação Miquéias, contra criminosos que desviaram R$300 milhões de previdências municipais em 15 cidades do Brasil (Divulgação/PF)
A Polícia Federal (PF) prendeu, até o momento, dezessete pessoas envolvidas com desvio de recursos de entidades previdenciárias públicas e lavagem de dinheiro dentro da Operação Miquéias, deflagrada na manhã desta quinta-feira. Segundo o balanço parcial divulgado pela PF, também foram apreendidos quinze carros – entre eles uma Ferrari e um Lamborghini –, uma moto e uma lancha. Quatorze pessoas foram presas no Distrito Federal, duas no Rio de Janeiro, e uma em Goiás. Dez mandados de prisão preventiva ou temporária ainda restam ser cumpridos.
Os detidos devem responder por crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Esquema –A operação tem o objetivo de desarticular duas organizações criminosas: uma de lavagem de dinheiro e outra de má gestão de recursos em entidades previdenciárias de quinze prefeituras no país. São elas: Manaus, Ponta Porã (MS),
Porto Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas de Goiás (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus das Selvas (MA) e Santa Luzia (MA).
Iniciada há dezoito meses, a investigação concluiu que prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social eram aliciados por lobistas para aplicarem verbas em fundos de investimento administrados pela própria quadrilha. Esses fundos eram constituídos por papeis podres de empresas à beira da falência. Os servidores públicos recebiam uma renumeração sobre o valor investido nos títulos pouco atrativos. Daí configurava-se o golpe de desvio de dinheiro público.
A PF também descobriu que os criminosos usavam contas bancárias de empresas de fachada, abertas em nome de laranjas, para lavar os recursos obtidos. Os valores circulavam pelas contas até serem sacados em espécie. No período de dezoito meses, os investigadores concluíram que a quadrilha movimentou 300 milhões de reais. Dessa quantia, 50 milhões vinham dos cofres das previdências municipais, segundo informações da Agência Brasil.
As falsas empresas eram constantemente trocadas para não chamar a atenção da fiscalização. Ao todo, foram utilizadas mais de sessenta empresas de fachada e laranjas para realizarem a lavagem de dinheiro. A quadrilha também contava com a “proteção” de policiais civis do Distrito Federal.
Trezentos policiais participaram da operação, que teve apoio do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários. No total, a PF cumpre 102 mandados judiciais no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
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