Manifestações
Organizadores preveem que petistas tentarão desviar motivo das manifestações para atos de hostilidade contra o governador Geraldo Alckmin
Jean-Philip Struck
Nesta quarta-feira, a capital paulista terá dois protestos que tem como alvo as denúncias de cartel nas licitações do transporte público de São Paulo. Obedecendo a uma convocação do presidente do partido, Rui Falcão, petistas tentarão levar sua disputa partidária para as ruas e transformar as manifestações em atos contra o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB).
Nos protestos de junho, quando Falcão havia feito uma convocação semelhante, dezenas de petistas tentaram se misturar em uma manifestação em São Paulo e acabaram sendo hostilizados por outros manifestantes.
O principal protesto está marcado para as 15h no Vale do Anhangabaú, região central da cidade. A convocação foi feita pelo Sindicato dos Metroviários, entidade que tem vários dirigentes ligados ao PSTU, e conta com o apoio do Movimento Passe Livre (MPL), o principal organizador dos protestos que ocorreram na cidade em junho e que sempre se declarou apartidário. Também devem compor o grupo entidades sindicais e partidos de extrema-esquerda.
De acordo com o diretor de comunicação do Sindicato dos Metroviários, Ciro Moraes, a ideia dos organizadores não é convocar um “Fora Alckmin”, mas denunciar as suspeitas de corrupção na área do transporte e exigir mudanças no setor. “A nossa organização é pelo combate ao cartel e pelo respeito ao usuário. Não vamos fulanizar uma mera disputa eleitoral que existe entre partidos. Queremos a apuração do caso e a prisão dos envolvidos”, disse.
Petistas – Apesar da proposta, o diretor afirma que parte do protesto deve acabar sendo desviado por petistas e por filiados da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é ligada ao partido. “Vai vir o pessoal da CUT e do PT. Vão tentar se incorporar. Obviamente eles têm seus interesses, pretensões eleitorais”, disse Moraes. Até o final da tarde de terça-feira, cerca de 7 000 pessoas haviam confirmado presença no protesto na página do evento no Facebook.
O MPL afirmou que não pretende engrossar o coro contra o governador, mas que vai cobrar por melhorias no transporte público. “Casos como esse [do cartel] mostram que o interesse principal dos governos não é usuário do transporte público”, afirma Marcelo Hotimsky, um dos membros do movimento.
O roteiro prevê que a manifestação siga pelo centro até Secretaria de Transportes Metropolitanos, onde será entregue uma carta com reinvindicações. A programação prevê que o protesto acabe na Praça da Sé, por volta de 18h30.
Assembleia – Outro protesto está previsto para ocorrer na frente da Assembleia Legislativa de São Paulo. Convocada exclusivamente pela CUT e por movimentos sociais ligados ao PT, a concentração está prevista para as 17h. Os manifestantes vão pedir aos deputados a abertura de uma CPI para investigar as denúncias do cartel, que já é articulada por deputados petistas.
Protestos – Também estão previstos protestos no Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. No Rio estão previstas duas manifestações. Uma delas está prevista na favela da Rocinha. Manifestantes pretendem passar pelo túnel Zuzu Angel para exigir Justiça no caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, que completa um mês nesta quarta-feira.
O outro protesto terá o governador Sérgio Cabral (PMDB) mais uma vez como alvo. A manifestação deve ocorrer a partir de 17h30, na praça São Salvador, próximo ao Palácio Guanabara, sede do governo.
Em Curitiba, o protesto foi convocado pelo Movimento Passe Livre para pedir a redução de tarifas e mais transparência no transporte público. A concentração está prevista para ocorrer às 17h, na Boca Maldita. Em Porto Alegre, a manifestação foi marcada em frente à prefeitura, a partir de 18h. A convocação foi feita pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público.
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