Alvo de protestos quase diários que pedem sua saída, governador volta a associar manifestantes à oposição sem citar nomes
RIO DE JANEIRO - Ao comentar mais um confronto entre manifestantes e policiais, desta vez na noite de segunda-feira, em frente ao Palácio Guanabara, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que há "uma tentativa de desgaste das forças públicas e das forças policiais preocupante para a democracia". Cabral afirmou que o grupo que se dirigiu ao Guanabara já chegou "mascarado, com a cara escondida, com coquetéis molotov, com rojões, com o desejo de confronto e de gerar o caos". Duas agências bancárias, um ponto de ônibus e latas de lixo foram danificados.
Os manifestantes tinham feito uma passeata no centro da cidade e, na porta do Guanabara, se uniram aos professores da rede estadual que tentaram acampar na sede do governo, mas foram expulsos pela polícia. Cabral tentou desvincular esses dois grupos dos professores que, horas antes, se reuniram no palácio com o vice-governador Luiz Fernando Pezão. "Esse radicalismo de poucos não condiz com a serenidade da maioria esmagadora dos professores. Esses grupos tentam coagir a democracia", acusou Cabral.
Segundo o governador, os professores que se reuniram com Pezão discordaram da iniciativa dos colegas de acampar no palácio. Cabral defendeu a ação da polícia. "Houve uma reunião tranquila com o vice-governador. Depois, um grupo resolveu acampar no palácio. Nós os retiramos (professores acampados), não houve por parte da polícia nenhum desejo de truculência."
Protestos. Pressionado por protestos quase diários que pedem sua saída, e abalado por baixos índices de popularidade, Cabral associou as manifestações à "oposição", sem citar nomes, e disse que os protestos das últimas semanas não têm ligação com as mobilizações de junho. "Disputei minha reeleição com algumas manifestações bem localizadas e outras de grupos que deviam reavaliar como fazer oposição. As eleições não foram vencidas no grito, foram no voto, com decisões pela livre escolha da população. A população sabe que o que está ocorrendo agora difere muito dos movimentos iniciais."
Em discurso em evento no palácio, ontem cedo, Cabral defendeu a própria gestão e fez propaganda indireta de Pezão, pré-candidato do PMDB ao governo do Estado. "Estamos fazendo um esforço grande em seis anos e meio. Vejam como pegamos o Estado em 2007, onde estamos em 2013 e onde estaremos em 2018. É um processo passo a passo, em que vamos avançando", disse para prefeitos do interior e secretários de Estado, em encontro sobre impactos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo construído pela Petrobrás em Itaboraí, na região metropolitana.
O governador seguiu a mesma linha dos programas do PMDB que começaram a ir ao ar no sábado. Nas primeiras inserções, o partido optou pela exaltação da administração Cabral. Os primeiros programas destacaram as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e as parcerias com o governo federal e as prefeituras e usaram o slogan "PMDB - É o Rio que nos une". Cabral e Pezão estão fora das primeiras inserções. "Estamos seguindo o que orienta a Justiça Eleitoral. Preferimos partidarizar, a Justiça Eleitoral é contra personalizar", justificou Cabral.
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