LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
Um grupo de manifestantes descontentes com a escolha do novo presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Ônibus bloqueia no final da manhã desta sexta-feira (9) a saída de sete vereadores do gabinete da presidência da Câmara Municipal, na praça da Cinelândia, no centro do Rio.
Após a abertura da sessão, os parlamentares do PMDB, Chiquinho Brazão e professor Uóston, foram os escolhidos para ocupar os cargos de presidente e relator, respectivamente. Ambos são da base aliada do governo Sérgio Cabral.
Os manifestantes queriam que o vereador Eliomar Coelho (PSOL) fosse o escolhido para presidir a CPI. A comissão vai investigar casos referentes a implantação, fiscalização e operação do serviço público de transporte coletivo de passageiros na capital fluminense.
Durante a entrevista no gabinete da presidência da Casa, Brazão e mais seis vereadores, entre eles, Uóston, Jorge Filipe (PMDB), o presidente da Câmara, Alexandre Izquierdo, Jorginho da SOS --ambos do PMDB--, Paulo Messina (PV), e Tereza Bergher (PSDB) foram cercados pelos manifestantes que acompanhavam do plenário a abertura da CPI.
Além dos vereadores, assessores e parte da imprensa também estão presos dentro do gabinete. Uma das portas que dá acesso ao gabinete foi bloqueada com um móvel pelo segurança. A outra porta, que na parte de cima é de vidro, um segurança bloqueia a entrada e tenta controlar os manifestantes, que batem no vidro para tentar entrar no gabinete.
O clima é de tensão entre os parlamentares. O presidente da Câmara anunciou que a Polícia Militar foi acionada.
Mais cedo, manifestantes invadiram o gabinete de Chiquinho Brazão e picharam as paredes. Brazão afirmou que o grupo que está na Câmara, de cerca de 200 pessoas, está sendo incentivado por vereadores do PSOL.
CPI DOS ÔNIBUS
A instalação da CPI era uma das reivindicações dos manifestantes que, desde junho, saem às ruas no Rio. Os vereadores que apoiam o prefeito Eduardo Paes (PMDB) --40 dos 51 que compõe a Casa-- resistiam a assinar o pedido, mas parte acabou cedendo devido à pressão popular.
A composição da CPI desagradou os que incentivaram a sua criação. Dos cinco escolhidos, apenas o vereador Eliomar Coelho (PSOL) assinou o requerimento para a instalação da comissão, os outros foram contrários às investigações.
A CPI vai investigar a atuação dos quatro consórcios que exploram o serviço de transporte de ônibus na capital fluminense. Eles venceram uma licitação em 2010, que está sendo investigada pelo Tribunal de Contas do Município.
Na Assembleia Legislativa, também há pedidos de CPIs engavetadas. As principais tratam sobre as viagens ao exterior do governador Sérgio Cabral (PMDB), o uso dos helicópteros, e as obras da região Serrana.
Erbs Jr./Frame/Folhapress | ||
Vereador Eliomar Coelho (PSOL) explica como será instaurada a CPI dos Tranportes |
INVASÃO
Ontem, ao final da sessão legislativa, cerca de 25 pessoas que assistiam do plenário se recusaram a deixar o local. Vereadores tentaram negociar a saída do grupo, mas pelo menos 16 manifestantes permaneceram no prédio durante a madrugada. Por volta das 4h desta sexta, os manifestantes deixaram o local.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara Municipal, a saída foi pacífica. A Folha não conseguiu contato com nenhum integrante da ocupação até a publicação desta nota.
Contudo, na noite de ontem houve confronto entre a polícia e os manifestantes. Policiais tentaram retirar as pessoas que estavam agrupadas em uma entrada lateral do local e os manifestantes reagiram jogando bombas caseiras. Policiais revidaram com bombas de gás lacrimogêneo e com tiros de bala de borracha. A Polícia Militar não permitiu a entrada da imprensa durante a ocupação.
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