quinta-feira 08 2013

Estado pagará tratamento de manifestante que ficou cega

Rio de Janeiro

Jovem de 26 anos foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
A publicitária Renata da Paz Ataíde foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais do Batalhão de Choque no Centro do Rio
A publicitária Renata da Paz Ataíde foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais do Batalhão de Choque no Centro do Rio  (Fábio Seixo/ Agência O Globo)
A Justiça do Rio de Janeiro determinou que o estado terá de pagar o tratamento médico da publicitária Renata da Paz Ataíde, de 26 anos, que perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingida por estilhaços de uma bomba lançada pelo Batalhão de Choque durante um protesto do dia 20 de junho. A medida deve ser cumprida em até cinco dias. O governo anunciou que não vai recorrer da decisão.
Renata e um amigo estavam no ato que reuniu mais de 300.000 pessoas em uma caminhada pacífica na Candelária, quando manifestantes e policiais começaram a se enfrentar, transformando a região central da cidade em uma praça de guerra. Os dois tentaram pegar um ônibus para escapar das bombas de gás e das balas de borracha, quando a jovem foi atingida.
Na decisão liminar, a juíza Alessandra Tufvesson Peixoto, da 3ª Vara de Fazenda Pública, afirmou que Renata apresentou documentos médicos “que comprovam a causa da lesão de seu olho que, por tão específica, não poderia ter sido causada que não em uma situação de confronto entre policiais e manifestantes”. A juíza é categórica ao afirmar que há “farta prova do dano causado à autora”.
Após ser atingida, Renata foi levada com o rosto ensanguentado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, onde passou por duas cirurgias – uma de reparação no rosto, e outra no olho. A publicitária foi examinada por diversos médicos e vai precisar de uma prótese do globo ocular.
Morte - A mesma manifestação que deixou Renata ferida pode ter resultado também em uma morte. O ator Fernando da Silva Cândido, que sofria de nanismo, participou do ato protestando pelos direitos dos anões e foi internado cinco dias depois, com graves problemas respiratórios. Ele morreu no último dia 31 de julho e o MP investiga se há relação com uma grande quantidade de gás lacrimogêneo que ele teria inalado durante o protesto.

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