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- Especial para o Terra
Deixar a escola, os colegas, e organizar a formatura faz parte da rotina de quem está terminando o último ano do Ensino Médio - junto com os trabalhos e provas, é claro. Misturar todas estas tarefas com um cursinho pré-vestibular pode ser demais até para os melhores alunos, acredita Maristela Souza, supervisora pedagógica do Ensino Médio do colégio Champagnat, em Porto Alegre. Por ser o encerramento da vida na escola, acontece uma série de tensões para o aluno e para a família.
Heinz Boesing Neto, 17 anos, que o diga. O estudante terminou o Ensino Médio em 2010 e viu os colegas passarem um sufoco tentando conciliar os dois turnos. "Especialmente quem faz extensivo, depois de um ou dois meses, começa a falar que não aguenta mais. É muita matéria, então se inicia uma cobrança própria e o estresse", recorda. Por isso, o estudante se inscreveu no pré-vestibular apenas em agosto. Mesmo assim, a tática não deu certo. O jovem acabou não vendo o nome no listão dos aprovados para Administração de Empresas na Ufrgs.
"Ele não quer repetir a série e é também o ano que, em princípio, antecede a entrada na faculdade. É a etapa finalizadora do que vem sendo trabalhado na trajetória do aluno," completa Maristela. Além disso, o pré-vestibular tem um foco bastante objetivo, que é tratar especificamente dos assuntos que podem aparecer nos provões, além de dicas e macetes. Já ao colégio cabe ensinar também princípios, trabalhar valores, o que nem sempre é atraente aos olhos do aluno. Por isso, corre-se também o risco de que o estudante se interesse mais pelo cursinho e deixe de lado as tarefas escolares.
"O cursinho tem um componente social", destaca Maristela. "Lá, se encontra os amigos, se faz novas amizades, tem festas próprias organizadas pela instituição, além de ser novidade na rotina, o que por si só já se torna atraente. Então há um deslumbramento que desvia a atenção", acredita a especialista.
Claro que cada caso é um caso. "Há alunos que tem uma agilidade maior que os outros", lembra a educadora. Boesing Neto, por exemplo, diz que nunca esqueceu que a prioridade era a escola, mesmo fazendo pré-vestibular de tarde. "Imagina se focar só no cursinho e no final do ano rodar? É possível separar as coisas e ainda usar o cursinho como auxílio para o colégio."
Maristela lembra ainda que o cursinho não aprova aluno e, sim, o próprio aluno é que é responsável por seu resultado. "Faça a sua formação dentro da melhor qualificação possível e depois faça o vestibular. Se não der, faça cursinho no ano seguinte", aconselha.
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