Rio de Janeiro
Galerias são ocupadas por manifestantes contra e a favor da participação do PMDB na comissão. Eliomar Coelho, do PSOL, não participa e é criticado
Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
Policiais revistam manifestantes no primeiro dia de trabalhos da CPI dos Ônibus (Gabriel de Paiva/Ag. O Globo)
Depois da ocupação do plenário por 12 dias e de muito tumulto, a CPI dos Ônibus começou, enfim, a funcionar na Câmara Municipal do Rio. Os trabalhos, como se esperava, arrastam-se entre mais protestos, disputa de claques pró e contra os vereadores do PMDB e muito barulho – a ponto de os presentes não ouvirem o que é dito na tribuna, tamanho o volume dos gritos de guerra e troca de ofensas entre os dois grupos. A sessão foi suspensa logo depois das 10h, quando foi aberta, e retomada por volta das 10h30. Durante a manhã, o depoimento foi do atual secretário de Transportes do município, Carlos Roberto Osório. Ainda estão previstos para esta quinta-feira os depoimentos do ex-secretário, Alexandre Sansão, e do presidente da comissão de licitação da pasta.
Com a liberação das galerias para participação popular, a ‘torcida’ ficou dividida: há 60 pessoas de cada lado do plenário. De um lado, os manifestantes que querem a suspensão da CPI por não aceitar o controle articulado pelo PMDB, que pôs na presidência o vereador Chiquinho Brazão; do outro, uma claque de apoio ao partido. A estratégia dos governistas funcionou: desta forma, além de se preocuparem com os vereadores, os manifestantes também dedicam tempo a rebater e atacar os defensores do PMDB e de Eduardo Paes.
Houve um momento de maior tumulto, quando dois manifestantes – um pró e um contra o PMDB – se enfrentaram e foram retirados do plenário pelos seguranças da Casa. A todo instante, são arremessados aviões de papel sobre os vereadores. Um sapato foi jogado contra o relator da comissão, Professor Uóston, do PMDB.
O vereador Chiquinho Brazão (PMDB) mostra sapato arremessado por manifestantes
Oposição – Integrante da comissão e autor do requerimento que criou a CPI, Eliomar Coelho, do PSOL, não participa da sessão. A ausência é uma forma de protestar contra a composição da CPI, dominada por quatro integrantes da base do governo que não assinaram o requerimento para abrir a investigação. O vereador Marcelo Queiroz substitui Eliomar.
A ausência foi criticada pelos governistas. “Repudia a ausência de Eliomar Coelho. Ele não é digno de falar em nome da CPI”, disse Professor Uóston.
Os gritos das manifestações de rua são repetidos dentro do plenário, pela oposição. Entre eles, os de “não vai ter CPI” e “Brazão, eu não me engano, seu coração é miliciano”.
Carlos Roberto Osório exibiu uma apresentação de slides com a evolução do sistema de transportes no Rio e admitiu que há falhas e necessidade de melhorias. Ele negou, no entanto, que tenha havido formação de cartel na licitação para concessão das linhas de ônibus, feita em 2010 pela administração de Eduardo Paes. Osório terminou de falar por volta das 12h. “A voz das ruas sempre tem de ser ouvida. O Legislativo é o representante do povo e da democracia. A sociedade não é um grupo pequeno de pessoas. No Rio, são 6,5 milhões de cariocas”, disse. Por volta das 12h20, começou a ser ouvido o ex-secretário, Sansão, sob intensa torcida dos dois lados.
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