sexta-feira 12 2013

Centrais sindicais fazem dia de paralisações esvaziado

Greve Geral

veja.com

Sem adesão popular, as maiores centrais sindicais apresentaram reivindicações trabalhistas; grupos bloquearam rodovias em pelo menos dezoito estados

Sindicalistas na avenida Paulista, que se preparam para ato de centrais sindicais, no Dia Nacional de Luta

Depois de convocar dezenas de categorias e prometer parar o país, as oito principais centrais sindicais não conseguiram mobilizar a população em defesa de suas bandeiras trabalhistas nesta quinta-feira, no chamado “Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações".

Ao contrário dos protestos de junho, que nasceram espontaneamente nas redes sociais e foram alavancados pelo Movimento Passe Livre, o ato desta quinta foi convocado e propagandeado pelo movimento sindical. A pauta das passeatas também foi outra: no lugar da redução das tarifas de transporte público entraram antigas reivindicações trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário. Nas ruas, a militância uniformizada não teve apoio da população e os atos reuniram apenas militantes de partidos de esquerda e filiados a sindicatos.
Os dirigentes das centrais, capitaneados pela CUT, o braço sindical do PT, também firmaram um acordo para poupar a presidente Dilma Rousseff de críticas. Apenas a Força Sindical, liderada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), atacou a área econômica do governo, o que tampouco é novidade para a central.
O "Dia Nacional de Lutas" é promovido anualmente pelas centrais, mas tradicionalmente se concentrava em Brasília. Neste ano, entretanto, após a onda de manifestações de junho, os sindicalistas tentaram pulverizar suas ações. Outros movimentos ligados aos partidos de esquerda também tentaram pegar carona nas mobilizações, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Mobilizações - Com atos em todos os estados e no Distrito Federal, o dia de greve não registrou confrontos com a polícia nem a série de cenas de depredação do mês anterior. No Rio de Janeiro, a marcha concentrou 10.000 pessoas e teve cenas isoladas de vandalismo protagonizadas por manifestantes infiltrados - encapuzados e sem os logotipos das centrais sindicais. Doze pessoas foram presas e oito menores apreendidos após os confrontos.
Em São Paulo, a principal passeata reuniu 7.000 pessoas e bloqueou a Avenida Paulista por três horas. A cidade, entretanto, que havia se programado para um dia de caos, não registrou problemas no trânsito e as linhas de trens e de metrô circularam normalmente.
Rodovias - Os transtornos acabaram sendo registrados nas estradas: pelo menos dezoito estados tiveram rodovias interditadas, a maioria nas regiões Sul e Sudeste. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram afetados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia,  São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Alagoas, Sergipe, Ceará, Paraíba e Santa Catarina.
O balanço final da PRF informa que ocorreram 66 interdições em dezessete estados, nas rodovias federais. Somente no Rio Grande do Sul, foram dezenove pontos de bloqueio. No Paraná, quatro pessoas foram presas ao descumprir um mandado judicial que determinava a liberação da BR-277, em São Luiz do Purunã. Foram as únicas pessoas detidas pela corporação durante os atos desta quinta-feira.
Cerca de 5.000 pessoas fizeram uma das maiores interdições na Rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos (SP). Mas, na maioria dos casos, grupos pequenos provocaram transtornos e filas quilométricas bloqueando as vias com pneus incendiados. No Sul do país, trabalhadores rurais usaram máquinas agrícolas para bloquear a rodovia BR-116.
Rodovias estaduais, que não são controladas pela PRF, também foram alvo de interdições, como a Anchieta, Cônego Domênico Rangoni e Mogi-Bertioga, que ligam a capital ao litoral paulista.
O acesso aos portos de Santos (SP), Suape (PE) e Itaguaí (RJ) foram fechados. Cerca de 250 estivadores invadiram pelo mar um terminal em Santos. A Polícia Federal teve de negociar. A categoria suspendeu atividades em Suape.
Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS) tiveram problemas com transporte coletivo. Ônibus funcionaram sem a frota total nas três cidades e metrô e trens ficaram parados nas capitais mineira e gaúcha. Por causa das interrupções, empresas, escolas e universidades suspenderam atividades.
Partidos - Depois de ser hostilizado nas manifestações de junho, o PT conclamou militantes a ir às ruas, mas recomendou que não usassem ostensivamente bandeiras, bonés e camisas da sigla, segundo o presidente do diretório paulista, Edinho Silva. A participação de petistas foi tímida na capital e mais presente no ABC paulista e em Brasília. No Rio, militantes do PSTU e PSOL protestaram contra o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Os sindicalistas marcharam seguindo carros de som e empunhando faixas, balões e bandeiras vermelhas (CUT), laranjas (Força Sindical) e brancas (União Geral dos Trabalhadores - UGT).
“Nossas principais reivindicações são o fim do fator previdenciário, da terceirização e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário. Brigamos por elas”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.
(Com reportagem de Renata Honorato, Felipe Frazão, Gabriel Castro, Cecília Ritto, Pâmela Oliveira e Eduardo Gonçalves)

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