terça-feira 09 2012

Uma pessoa em cada oito no mundo passa fome, diz ONU


Direitos humanos

Progresso na redução da fome desacelerou com crise econômica de 2008

Refugiados fazem fila para receber alimentos da FAO no Quênia
Refugiados fazem fila para receber alimentos da FAO no Quênia (Oli Scarff/Getty Images)
Uma em cada oito pessoas no mundo passa fome, totalizando 868 milhões de indivíduos, informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) nesta terça-feira. Segundo a agência da ONU, o progresso nos programas voltados à redução da fome desacelerou desde 2007/08, por causa da crise econômica. A alta nos preços dos alimentos no período provocou protestos em vários países pobres.
Em seu novo relatório sobre segurança alimentar, a agência da ONU estimou que 868 milhões de pessoas passaram fome entre 2010 e 2012, ou cerca de 12,5% da população. O resultado ficou abaixo do resultado anterior, que apontava 1 bilhão de pessoas (18,6%) passando fome no mundo, no período de 1990-92.
"Essa é uma notícia melhor do que tivemos no passado, mas ainda significa que uma pessoa a cada oito passa fome. Isso é inaceitável, especialmente quando vivemos em um mundo de abundância", disse o brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO. "A maior parte do progresso na redução da fome foi feita até 2006, já que os preços dos alimentos continuavam caindo. Com a alta nos preços e a crise econômica que se seguiu, houve muito menos avanços", alertou.
Os preços dos alimentos têm continuado em alta nos últimos meses, em consequência da seca nos EUA, Rússia e outros grandes exportadores. A FAO prevê que os preços permaneçam próximos do que foi registrado durante a crise de 2008.
Meta - Contudo, Graziano disse que o mundo ainda pode alcançar a Meta de Desenvolvimento do Milênio, estabelecida em 2000, que prevê reduzir à metade a desnutrição nos países em desenvolvimento até 2015. 
Uma ampla recuperação econômica, especialmente no setor agrícola, será crucial para uma continuada redução da fome, segundo o relatório da FAO, do Programa Mundial de Alimentos e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola. "O crescimento agrícola envolvendo pequenos proprietários rurais, especialmente mulheres, será mais eficaz na redução da pobreza extrema e da fome quando gerar emprego para os pobres", analisaram as organizações.
Infográfico: Os 11 países mais afetados pela crise humanitária em 2011
Economia - O relatório criticou o aumento da demanda por biocombustíveis, que provoca uma competição por espaço com o cultivo de alimentos, a especulação financeira nos mercados de alimentos e os gargalos na oferta e distribuição, levando ao desperdício de quase um terço da produção.
Nas últimas duas décadas, a fome caiu quase 30% na Ásia e no Pacífico, graças a avanços sócio-econômicos. A África foi a única região onde o número de pessoas que passam fome cresceu no período, de 175 milhões em 1990-92 para 239 milhões em 2010-12.
Mapa mostra áreas atingidas por crise de fome na África

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