Alimentação
Aplicação do medicamento em ratos que apresentavam transtorno alimentar levou à redução da quantidade de alimentos ingerida
Compulsão alimentar: estudo mostra que ratos com o transtorno apresentaram alterações genéticas nos receptores opióides, ligados ao prazer e à recompensa (Thinkstock)
Uma pesquisa realizada na Universidade de Boston, nos Estados Unidos, mostra que o consumo compulsivo de alimentos pode ser inibido com uma substância utilizada na recuperação em casos de abuso de álcool e drogas. Os resultados foram apresentando nessa terça-feira, no Neuroscience 2012, encontro anual da Society for Neuroscience, entidade internacional que congrega médicos e cientistas que estudam o cérebro.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Title Blockade of opioid receptors in the prefrontal cortex decreases binge-like eating
Onde foi divulgada: Neuroscience 2012, encontro anual da Society for Neuroscience
Quem fez: A. Blasio, L. Steardo, V. Sabino, P. Cottone
Instituição: Universidade de Boston
Resultado: A injeção de naltrexona provocou a redução da quantidade de alimento ingerida por todos os ratos testados. Quando aplicada no córtex pré-frontal, porém, a substância inibiu o consumo de alimentos apenas nos ratos que apresentavam o transtorno da compulsão alimentar periódica. O estudo também mostra que os ratos com o transtorno sofreram alterações genéticas nos receptores opióides.
Para realizar o estudo, os pesquisadores induziram um grupo de ratos a desenvolver transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), fornecendo a eles uma dieta com altos níveis de açúcar e sabor de chocolate durante uma hora por dia. Enquanto isso, outro grupo foi alimentado normalmente, com uma dieta saudável. Após duas semanas, os dois grupos receberam injeções de naltrexona, fármaco utilizado no tratamento de casos de abuso de álcool e drogas, em dois pontos diferentes do cérebro.
A naltrexona provocou a redução da quantidade de alimento ingerida pelos dois grupos, mas quando a injeção ocorreu diretamente no córtex pré-frontal, houve modificação no comportamento alimentar apenas dos ratos que apresentavam o transtorno. "Pacientes que apresentam esse transtorno o descrevem como uma perda de controle compulsiva e nosso trabalho mostra que podem existir medicamentos que ajudam a recuperar o controle", afirma Angelo Blasio, pesquisador da Universidade de Boston.
O estudo também mostra que os ratos que desenvolveram a compulsão alimentar sofreram alterações genéticas nas proteínas conhecidas como receptores opióides, localizadas no córtex pré-frontal. Quanto ativados por substâncias derivadas do ópio, como a heroína, esses receptores estimulam regiões do cérebro ligadas ao prazer e à recompensa. Alguns cientistas suspeitam que os receptores reagem de forma parecida a alguns tipos de comida.
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