Eleições 2012
QG do prefeito eleito será em escritório cedido pela Caixa, no centro da cidade; primeira reunião do grupo de transição acontece nesta quinta-feira
Carolina Freitas
Fernando Haddad se encontrou com o atual prefeito, Gilberto Kassab, no Palácio do Anhangabaú (Marcos Bezerra/Futura Press)
Em mais um passo rumo à franca aproximação com o PT, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), fez rasgados elogios nesta terça-feira ao seu futuro sucessor: “Fernando Haddad é uma pessoa capacitada, inteligente, com boa formação moral, boa formação técnica e experiência na vida pública”, afirmou. “São Paulo estará em ótimas mãos. Tenho certeza que, daqui a quatro anos, ele vai entregar uma cidade melhor.”
Até o domingo, Kassab apoiava a candidatura de José Serra (PSDB) à prefeitura. O tucano usava como mote de sua campanha as frases: “Haddad é ruim de serviço” e “Ele não está preparado". Já o petista passou a campanha inteira atacando a gestão de Kassab.
Kassab e Haddad estiveram reunidos por uma hora e meia no gabinete do prefeito, no Viaduto do Chá, centro de São Paulo, para dar início aos trabalhos de transição. Os dois vestiam terno cinza e gravata vermelha. Durante o pronunciamento de Kassab aos jornalistas, Haddad o olhava, com um discreto sorriso no rosto. Enquanto Haddad falava, Kassab fitava ora os jornalistas ora o chão.
O prefeito apresentou à equipe de Haddad os secretários de Governo, Nelson Hervey, e de Planejamento, Rubens Chammas, que farão a interlocução com os representantes do novo governo. O grupo de Haddad é comandado pelo vereador Antônio Donato e pelos acadêmicos da Universidade de São Paulo (USP) Luís Fernando Massonetto, de Direito, e Ursula Peres, de Finanças Públicas.
A primeira reunião formal do comitê de transição será nesta quinta-feira. O time de Haddad tem especial preocupação com os acontecimentos do início do ano, como as enchentes de janeiro e a organização do carnaval. Os petistas pediram acesso a informações sobre a situação financeira da prefeitura e sobre os contratos e licitações em andamento. O QG de Haddad, até o dia da posse, será um escritório cedido pela Caixa, na Praça da Sé. Além disso, Kassab ofereceu a Haddad uma sala dentro da prefeitura.
“O que está em curso não será descontinuado de nenhuma maneira. Queremos promover uma passagem de governo com toda tranquilidade, sem nenhum solavanco e com os serviços públicos sendo prestados normalmente”, disse Haddad. “Pretendo manter os programas da prefeitura que vêm correspondendo aos anseios da população.”
Aliança – O encontro entre Kassab e Haddad acontece em um cenário de aproximação do prefeito com o PT. Em São Paulo, os dois políticos já deixaram clara a disposição de ter na base da administração Haddad o PSD, partido fundado e presidido por Kassab. Em Brasília, há articulações em curso para dar um ministério a Kassab quando ele deixar a prefeitura. Em entrevista ao site de VEJA publicada neste sábado, o atual prefeito afirmou que uma de suas primeiras tarefas no próximo ano será decidir junto a seu partido sobre o apoio à presidente Dilma Rousseff. Por enquanto, oficialmente, o PSD é independente.
Então vamos ver. Gilberto Kassab era o grande Judas da campanha de Fernando Haddad. Até domingo. Hoje é terça-feira, e os dois já estão de braços dados. Eis a grande mentira, vamos dizer, conceitual.
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