sábado 15 2012

Advogado de Dirceu solta os cachorros contra a VEJA. Ou: Chupe bala, Juquinha; não dê bola, não dê bala nem fale!



O nome dele é José Luís de Oliveira Lima. O apelido entre advogados e, muito especialmente, jornalistas amigos, para quem ele vive passando “offs”, é “Juca”. Trata-se do defensor de José Dirceu. Teve um desempenho medíocre na corte. Embora saia por aí a sugerir — sempre em off, para seus amiguinhos da imprensa — que os réus do mensalão tiveram cerceado seu direito de defesa, quando lhe foi dado falar sobre o seu cliente, não conseguiu ir além de 45 minutos, embora dispusesse de uma hora.
Havia feito um cursinho intensivo para ver se o orador medíocre se agigantava como o tribuno da plebe rude petista. Em vão. Perdeu-se, tropeçou nas palavras, viajou em alguns anacolutos. Não! Não estou a criticá-lo só porque é advogado de defesa. Elogiei o desempenho de alguns, embora não concordasse com a tese. Adiante.
Reportagem de capa da VEJA desta semana informa que Marcos Valério sustenta que o mensalão movimentou R$ 350 milhões e que o chefão da operação era Lula, tendo Dirceu como seu lugar-tenente. Juquinha não gostou. Ui, ui, ui… E se saiu com esta, segundo a Folha:
“Assim como fez quando invadiu o quarto de hotel do meu cliente, a revista vem com ataques”.
Se a Folha não errou e se ele falou isso mesmo, Dirceu contratou como advogado um irresponsável, um falastrão. A informação é mentirosa. VEJA não invadiu o quartel de Dirceu porcaria nenhuma! A investigação sobre o caso foi arquivada. Juquinha aceita ou não as decisões da Justiça? Adiante.
O advogado de Dirceu fez ainda um outro juízo especioso, indicando que, apesar de todas as amizades que cultiva no meio jornalístico e de ser um emérito plantador de notas em colunas de fofoca — ou por isso mesmo —, nada entende de jornalismo. Disse ainda sobre a reportagem de VEJA:
“É no mínimo estranho que, na véspera do início do julgamento do meu cliente e próximo do primeiro turno da eleição municipal, a revista ‘Veja’ venha com matéria leviana, desprovida de fatos, depoimentos e documentos”.
Huuummm… Juquinha acha que uma reportagem só pode ser publicada se não houver cliente seu sendo julgado ou se o PT não estiver disputando eleição. Sendo assim, o jornalismo deveria suspender suas atividades em anos pares e só atuar no ímpares — mas só na hipótese de não haver um petista enrolado com a Justiça, o que, tudo indica, será hipótese cada vez mais rara.
Quanto a seu juízo sobre a reportagem, dizer o quê? Talvez a VEJA só devesse ter publicado o texto se houvesse um memorando assinado por Lula e Dirceu, em três vias, dando ordens para que se executassem as operações do mensalão. Isso seria, então, o tal “documento”. Vejam que curioso: essa foi a tese de defesa que Juca levou ao tribunal. Ela poderia ser resumida mais ou menos assim: a despeito das evidências da atuação de seu cliente em várias etapas do mensalão, não há o que ele chama “provas”. E a que ele chama “provas”? Documentos! Parece ainda não ter ouvido as lições ministradas por vários ministros decentes do STF alertando que, quanto mais se sobe na hierarquia da ação criminosa, menos documentos existem. Juquinha deve ter faltado às aulas em que se ensinou — e se debateu — o chamado “domínio do fato”.
Esse falastrão tem todo o direito de defender o seu cliente. Isso é parte do jogo democrático. Mas não tem o direito de mentir nem é juiz da imprensa — no máximo, pode arbitrar sobre o trabalho de certo colunismo — às vezes da versão “calunismo”— que lhe dá trela e lhe serve de porta-voz.
Juquinha, pra mim, ainda é nome de bala, e os versinhos de propaganda deveriam servir ao advogado de Dirceu, quando o assunto é imprensa, como um norte ético:
Juquinha, quando tá chupando bala, não fala;
Não fala, não dá bola nem dá bala.
Então, Juquinha, chupa bala e não fale!
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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