Antes tarde do que nunca — e cautela nunca é demais: hoje, quinta-feira, 16, o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, determinou provisoriamente a prisão domiciliar ao deputado José Genoino, um dos condenados no caso do mensalão, que passou mal na Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde está detido desde sexta-feira passada.
O ex-presidente do PT foi levado ao Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, após passar mal no Complexo da Papuda. A decisão do presidente do Supremo é provisória e tem validade até que uma junta médica de cardiologistas analise o quadro clínico do mensaleiro.
Antes, Barbosa já ordenara a realização dessa perícia médica para analisar o estado de saúde do deputado. Em sua decisão, o ministro destacou que a avaliação de Genoino deveria ser feita por, no mínimo, três médicos cardiologistas indicados pelos diretores do Hospital Universitário de Brasília (HUB). O ministro quer saber se, para o adequado tratamento do deputado, é necessário que ele permaneça em sua casa, em prisão domiciliar, ou internado em unidade hospitalar.
Acho que o ministro Joaquim demorou, mas fez a coisa certa.
Com saúde de ninguém se brinca — seja ele quem for.
E, no caso, por chocante que possa parecer dizer e escrever isso, há no ar um sinistro aspecto de “torcida”, que se nota por parte de gente do PT, para que a saúde de Genoino se deteriore a ponto de que ele se torne um “mártir” no caso do mensalão, cujas condenações, como se sabe, o PT não aceita por considerar que houve um “julgamento político”.
Partidos políticos, sobretudo os fanatizados por ideologias, passam por cima de tudo o que for possível atropelar para atingir seus objetivos. Se as condições de Genoino convergirem para que o PT use sua imagem como a de um “mártir”, não tenho dúvidas de que isso será feito.
Ninguém em sã consciência, ninguém com os sentimentos medianos de uma decente pessoa deseja que o deputado piore de saúde ou — Deus não permita — morra. Uma coisa é combater as ideias de um político. Outra, muito diferente, e detestável, é desejar-lhe mal como pessoa. Quem acredita nos direitos humanos e os defende para todos os cidadãos não pode pensar assim. E o cenário de um detento com direito à prisão semi-aberta morrendo no regime fechado, por falta de vagas, além de significar uma tragédia para a família do deputado jogaria no lixo o julgamento mais importante da história recente do país, revertendo dramaticamente o sentimento espalhado pelo país de que, enfim, se fez justiça num caso envolvendo poderosos.
Assim que Genoino foi preso, sua defesa em juízo encaminhou pedido de prisão domiciliar alegando ser “grave” seu estado de saúde. Pessoalmente, não tenho razão alguma para duvidar. O réu condenado sofreu uma cirurgia no meio do ano para reparar uma ruptura na parede interna da aorta, a mais importante artéria do corpo, e, no hospital Sírio-Libanês, enquanto se recuperava, sofreu um pequeno derrame. Sua hospitalização durou mais de dois meses.
Laudo do Instituto Médico Legal (IML) atesta que ele precisa de alimentação especial e medicamentos adequados. A perícia concluiu que Genoino é “paciente com doença grave, crônica e que necessita de cuidados gerais”.
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