domingo 25 2013

Picaretagem indômita, ou como forjar um best-seller

http://veja.abril.com.br/blog/todoprosa/

Advertência: esta história é um conto amoral que diz mais sobre os mecanismos do sucesso editorial do que o estudo aprofundado das obras completas de Paulo Coelho.
No fim do ano passado, aparentemente julgando prescrito seu crime, o veterano produtor de Hollywood Bob Rehme recordou um episódio pitoresco que vivera em 1969 como executivo da Paramount. Rehme estava encarregado de promover o filme “Bravura indômita” (True grit) – o primeiro, que valeu o Oscar a John Wayne e que não deve ser confundido com a obra dos irmãos Coen que estreia hoje nos cinemas brasileiros.
Ocorre que a Paramount havia comprado os direitos do livro homônimo, de autoria de Charles Portis (no qual se baseiam os dois filmes e que está sendo lançado aqui pela Alfaguara), antes mesmo de sua publicação. Apostava num sucesso de vendas, sobre o qual erguera toda a estratégia comercial do filme: “baseado no best-seller” era uma frase fundamental nos cartazes. Mas, embora o livro tivesse colhido boas resenhas, o aguardado sucesso se recusava a vir. E agora?
Fácil: aproveitando-se do fato significativo de que uma pequena fração da verba promocional à sua disposição era suficiente para comprar milhares de exemplares de qualquer livro do mundo (cinema não é literatura, buster!), o indômito Bob Rehme mandou fazer exatamente isso. Não sem antes, competente, levantar a relação das livrarias que o “New York Times” monitorava para apurar sua prestigiosa lista de mais vendidos. O resto é história.
Nunca um lugar no alto do rol de best-sellers foi tão garantido. O que é um golpe de marketing e tanto, mas, pensando bem, de uma simplicidade tão desconcertante que admira não ter sido empregado muitas outras vezes – inclusive no Brasil, onde o preço do ingresso nesse Olimpo é bem mais baixo.

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