sexta-feira 19 2013

'Bisturi inteligente' identifica tecidos cancerígenos

Câncer

Invenção promete melhorar precisão de operações para retirada de tumores

Nova bisturi é capaz de identificar tecidos cancerosos
Pesquisadores demonstram o 'bisturi inteligente' usando um pedaço de músculo animal (Luke MacGregor/Reuters)
Cientistas desenvolveram um 'bisturi inteligente' capaz de identificar imediatamente se um tecido cortado durante uma cirurgia é cancerígeno ou não. No primeiro estudo que testou a invenção, a iKnife (como é chamado) diagnosticou amostras de tecidos de 91 pacientes com 100% de precisão. Os dados, que são fornecidos de maneira instantânea pelo instrumento, podem demorar até meia hora para serem realizados em laboratório. A descoberta foi realizada por pesquisadores do Imperial College London e publicada nesta quarta-feira no periódico Science Translational Medicine
Em cânceres que envolvem tumores sólidos, a remoção cirúrgica é, normalmente, a melhor alternativa. Ao retirar o tumor, o cirurgião retira também tecidos saudáveis em volta, para ter uma margem de segurança e não deixar para trás células cancerígenas. No entanto, frequentemente é impossível dizer, apenas pela aparência do tecido, se ele é ou não cancerígeno.
Uma em cada cinco pacientes com câncer de mama que passam por uma cirurgia, por exemplo, precisa fazer uma segunda operação para remover o câncer por completo. Em casos nos quais não há uma certeza se o tecido na margem de segurança é ou não cancerígeno, amostras são enviadas para exame laboratorial — nesse meio tempo, o paciente permanece sedado.
Bisturi elétrico — A iKnife foi idealizada com base na eletrocirurgia, uma tecnologia inventada na década de 1920, que é muito usada atualmente. Esses bisturis usam corrente elétrica para aquecer o tecido, o que ajuda a minimizar a perda sanguínea. Ao fazer isso, eles vaporizam amostras do tecido cortado, criando uma fumaça que, normalmente, é sugada por sistemas de extração.
Zoltan Takats, idealizador do bisturi, percebeu que essa fumaça poderia ser rica em dados biológicos. Para criar o aparelho, ele conectou um bisturi elétrico a um aparelho que identifica diferentes substâncias químicas presentes em uma amostra. Diferentes tipos de células produzem milhares de metabólitos (substâncias resultantes de reações químicas) em diferentes concentrações. Isso significa que o perfil biológico dos produtos químicos em uma amostra pode revelar informações sobre o estado do tecido em questão.
Pesquisa — Para o estudo, os pesquisadores usaram primeiramente a iKnife para analisar amostras de tecidos coletados de 302 pacientes que passaram por cirurgia. Nessa fase, eles coletaram informações sobre as características de milhares de tecidos cancerígenos e não cancerígenos, incluindo tumores cerebrais, de pulmão, estômago, colo e fígado, para criar um volumoso banco de dados.
Com a nova biblioteca organizada, a iKnife testou 91 tecidos — em todos, o diagnóstico feito pelo dispositivo estava de acordo com o diagnóstico pós-operatório realizado nos tecidos. “Esses resultados dão evidências de que a iKnife pode ser usada em diferentes tipos de cirurgias para o câncer”, diz Takats. “Ela fornece informações quase que instantaneamente, permitindo que os cirurgiões realizem procedimentos com um nível de precisão que não era possível. Acreditamos que ela tem o potencial de reduzir os índices de recorrência de tumores.”

Nenhum comentário: