Cape Town Stadium, Cidade do Cabo
Nenhum estádio de 2010 custou tanto quanto o espetacular Cape Town Stadium, um colosso coberto de fibra de vidro, às margens do oceano, sob a sombra da Montanha da Mesa, principal cartão-postal da Cidade do Cabo. O investimento de 1 bilhão de reais, porém, só serviu para os oito jogos da Copa. Desde a semifinal entre Holanda e Uruguai, o estádio só abriu as portas para grandes jogos de futebol em poucas ocasiões. Os clubes de futebol da cidade não têm torcida suficiente para enchê-lo. A equipe de rúgbi local costuma atrair grandes públicos, mas prefere jogar em seu estádio tradicional, o Newlands, mais adequado para a prática da modalidade. Cansada de amargar tantos prejuízos, a empresa que tinha a concessão para explorar o estádio devolveu o pepino à prefeitura. Autoridades municipais discutiram até a chance de derrubá-lo - ideia que foi abandonada por causa da repercussão negativa que certamente provocaria. Ninguém sabe como transformar o Green Point num negócio lucrativo.
Moses Mabhida, Durban
O estádio que rivalizou com o Green Point no quesito beleza arquitetônica não vive uma situação tão crítica quanto o da Cidade do Cabo, mas também está longe de ser uma fábrica de dinheiro. Em Durban, o palco da Copa do Mundo atrai mais turistas do que torcedores - o teleférico que percorre o arco que cobre o campo virou uma das grandes atrações da cidade. Mas o time local de futebol, o AmaZulu, costuma realizar partidas com arquibancadas vazias. O evento mais concorrido no Moses Mabhida desde a Copa foi uma partida de críquete entre África do Sul e Índia - Durban tem uma enorme colônia indiana, e a modalidade é muito popular na cidade. O jogo, porém, foi exceção: o campo não tem dimensões adequadas para a prática do críquete, e dificilmente continuará sendo usado para competições da modalidade. O amistoso com os indianos só foi realizado porque a Confederação Internacional de Críquete deu uma autorização especial para a partida.
Nelson Mandela Bay, Port Elizabeth
O estádio onde o Brasil deu adeus à Copa do Mundo virou um mico. Como já era previsto, a pequena Port Elizabeth não tem população suficiente para encher o Nelson Mandela Bay com a frequência necessária para o estádio ficar no azul. Se dependesse do futebol, aliás, o estádio estaria fechado desde a decisão do terceiro lugar no Mundial, entre Alemanha e Uruguai - essa foi a última partida disputada ali até a realização da Copa Africana. Os administradores do estádio procuram um time de primeira divisão para se transformar em inquilino fixo, mas o custo desse aluguel é alto demais para os orçamentos modestos das equipes sul-africanas. Restaram os jogos de rúgbi, os eventuais shows musicais e outros eventos esporádicos. Numa das últimas vezes em que o estádio abriu suas portas, o local do jogo entre Brasil e Holanda virou o palco de uma tentativa de quebra de recorde mundial - o de maior concentração de mulheres de biquíni num só local. Apenas 905 moças participaram. O recorde não foi quebrado.
Peter Mokaba Stadium, Polokwane
Construído numa cidade modesta do norte da África do Sul, o Peter Mokaba custou quase 300 milhões de reais e tem capacidade para receber 41.000 torcedores. A prefeitura local é responsável por mantê-lo - e, até agora, a cidade só teve prejuízo. Não existe em Polokwane atividade esportiva regular capaz de atrair um número de torcedores suficiente para pagar as contas. Depois da Copa do Mundo, o local só foi receber uma outra partida de oficial de futebol no fim de novembro de 2010, quando o Kaizer Chiefs, time mais popular do país, decidiu mandar uma partida no local. Assim como outros estádios públicos da Copa, o Peter Mokaba agora está disponível para aluguel para eventos particulares, mas raramente consegue alguma empresa interessada. O estádio acaba sendo usado até para reuniões do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido majoritário na África do Sul, comandado pelo presidente Jacob Zuma.
Mbombela Stadium, Nelspruit
Assim como Cuiabá, que só foi escolhida para sediar partidas da Copa de 2014 por causa de sua proximidade do Pantanal, Nelspruit só entrou no mapa do Mundial de 2010 porque é a cidade mais próxima do Parque Nacional Kruger, principal destino dos turistas que visitam a África do Sul para fazer um safári. As arquibancadas são pintadas como uma zebra, e as torres da estrutura que sustenta a cobertura lembram girafas, mas o Mbombela é mesmo um elefante branco: com capacidade para 40.000 pessoas, o estádio recebeu apenas dois jogos de rúgbi, algumas partidas da liga local de futebol e alguns jogos da Copa Africana - com arquibancadas apenas parcialmente ocupadas. O desperdício de dinheiro público com o estádio não é novidade: um escândalo de corrupção (que incluiu o assassinato de pelo menos três envolvidos nas suspeitas) marcou a obra, que custou o equivalente a 230 milhões de reais. As promessas de que os bairros pobres dos arredores seriam beneficiados com a construção não foram cumpridas.
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