quarta-feira 07 2012

Obama já atua para tentar superar bloqueio republicano no Congresso


O casal Obama na festa da vitória pela reeleição: mais quatro anos na Casa Branca
O casal Obama na festa da vitória pela reeleição: mais quatro anos na Casa Branca - Jewel Samad/AFP

Reeleito, presidente entrou em contato com lideranças parlamentares pedindo trabalho conjunto para superar problemas difíceis, como o 'abismo fiscal'


Depois de vencer a eleição presidencial dos Estados Unidos, Barack Obama terá como um de seus principais desafios construir uma nova relação com a Câmara de Representantes, de maioria republicana. O presidente enfrenta dificuldades para aprovar suas propostas no Congresso desde 2010, quando os republicanos assumiram a maioria na Casa. 
Já preparado para o novo embate, Obama telefonou nesta quarta-feira para líderes parlamentares dos dois partidos para expressar seu compromisso de trabalhar junto com eles na redução do déficit e dos impostos, informou a Casa Branca. "O presidente reiterou seu compromisso de encontrar soluções bipartidárias para: reduzir nosso déficit de maneira equilibrada, diminuir os impostos para as famílias de classe média e para as pequenas empresas e criar empregos", disse uma autoridade da Casa Branca, em comunicado.
Obama conversou com o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, com o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, com o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, e com a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.
A mensagem repetiu trecho de seu discurso de vitória, quando o presidente reiterou seu compromisso de trabalhar com os republicanos para evitar o ‘abismo fiscal’ (elevado déficit público) - questão que terá encaminhamento urgente pelo governo. “Nas próximas semanas e meses, eu planejo trabalhar com os líderes dos dois partidos para falar sobre os desafios que só podemos resolver juntos: redução do déficit, reforma dos impostos, reparo do sistema imigratório e a libertação [da dependência] do petróleo estrangeiro”, disse Obama.
Em resposta, Boehner ofereceu palavras de conciliação. “O povo americano reelegeu o presidente e reelegeu a nossa maioria na Câmara”, disse ele em comunicado. “O mandato é para os dois partidos encontrarem um ponto em comum e tomarem passos juntos para ajudar a nossa economia a crescer e criar empregos”.
O senador republicano Mitch McConnell, que durante o segundo ano do democrata no poder disse que o objetivo de seu partido era fazer de Obama um 'presidente de um único mandato', afirmou nesta quarta-feira que o presidente terá de "propor soluções que tenham uma chance real de passar na Câmara".
Obama tinha planos de aumentar os impostos para os mais ricos em seu primeiro mandato, mas os republicanos são contrários à proposta e avisaram que vão bloquear qualquer tentativa nesse sentido que seja enviada ao Congresso. Pesquisas de opinião divulgadas pelo jornal The Washington Post nesta quarta-feira mostram que quase a metade dos americanos (47%) considera que o aumento deveria atingir apenas quem ganha mais de 250.000 dólares por ano. Outros 35% concordam com a posição republicana de que não deveria haver qualquer aumento de taxa.
A abordagem cautelosa de Obama da crise imobiliária fez pouco para conter uma epidemia de execuções hipotecárias ou para ajudar aqueles que mergulharam em dívidas com a queda dos valores das moradias. Um novo pacote de estímulo ficou parado no Congresso, já que o governo se concentrou na saúde e nas reformas de Wall Street.
Barreira - Apesar de Obama, senador de Illinois, ter sido o primeiro parlamentar em exercício a ganhar a presidência desde o presidente John F. Kennedy em 1960, suas relações com o Capitólio foram problemáticas. Problemas chegaram ao clímax durante a batalha sobre o teto da dívida, em 2011, que deixou o país à beira da inadimplência. O projeto que elevou o teto do endividamento do país em 2,1 trilhões de dólares foi sancionado pelo democrata em agosto do ano passado. O plano foi aprovado depois de um rebaixamento histórico da nota de crédito do país.
Mas pelo menos uma queda de braço parece ter sido resolvida com as eleições, segundo análise do jornal The New York Times. O programa de saúde do presidente, conhecido como Obamacare, que Mitt Romney prometeu desmantelar caso assumisse a presidência, agora deverá ter continuidade. O que não mudará a posição contrária dos republicanos, que devem encontrar formas de atacar o plano no Legislativo.
Em relação à imigração, os dois lados também têm chances de chegar a um ponto de concordância. Obama pouco falou sobre a questão durante sua campanha, mas o citou como uma de suas prioridades no discurso de vitória. O resultado das eleições pode levar os republicanos a dar mais atenção para o tema, interessados no cada vez maior e mais poderoso eleitorado latino.
(Com agência Reuters)

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