De todos os atributos físicos que declinam com o passar dos anos, a velocidade é o que mais se deteriora. Essa situação fica nítida quando colocamos um time de jogadores de 20 anos de idade para enfrentar uma equipe de atletas veteranos. Os arranques, as mudanças de direção executadas pelos jovens dão a impressão de que os mais velhos estão “grudados” no chão.
Só resta nos conformarmos? Ou será que há como lutar contra isso?
Primeiro, é preciso entender por que ficamos mais lentos à medida que envelhecemos. Um fator importante nessa queda de rendimento é a perda da massa muscular, um processo chamado sarcopenia. A maioria de nós terá uma diminuição de 10% dos tecidos musculares entre os 25 e 50 anos. Após os 80 anos, a redução chegará a 45%.
Para exemplificar esse declínio: o bíceps de um bebê possui cerca 500.000 fibras musculares, enquanto o de um homem de 80 anos terá somente 300.000.
À medida que envelhecemos, também diminuímos a produção do hormônio do crescimento (GH), o que reduz o nível de síntese de proteínas e diminui a capacidade de renovação celular. Nosso corpo tem basicamente dois tipos de fibras musculares, as de contração rápida (menos resistentes, porém potentes) e as de contração lenta (mais resistentes e bem menos potentes). Adivinhe qual o tipo que mais decai com a idade? As fibras de contração rápida. Por isso os especialistas dizem que é mais fácil manter a resistência do que a velocidade.
Durante muito tempo acreditou-se que as corridas de longa duração e baixa intensidade seriam ideais para cuidar da saúde na idade mais avançada. Hoje se sabem, no entanto (e isso já foi divulgado por Chegada), a liberação do hormônio GH é diretamente proporcional à intensidade do exercício. E o recrutamento das fibras de contração rápida também depende da intensidade do esforço.
Isso coloca em xeque a crença de que “velhinhos” não podem realizar atividades de muita explosão. Na verdade, é o contrário. Quanto mais idosos, mais necessitamos de estímulos explosivos para retardar o processo natural de envelhecimento.
Claro que os praticantes com mais idade precisam antes ser submetidos a todos os exames médicos e a um período de adaptação a protocolos de treino mais exigentes. Muitos estudos, porém, vêm testando idosos e com muito sucesso.
E há diversas possibilidades para que possamos imprimir um grau de esforço elevado e com menor impacto: bicicleta, hidroginástica e a natação são opções interessantes neste sentido.
Em resumo, não adianta atribuir toda a culpa pela deterioração da condição física à idade. O envelhecimento tem um papel importante nisso, claro, mas parte dessa queda é resultado da ausência de estímulos adequados. E é possível retardar esse processo. Basta acelerar – no treino – para desacelerar – na idade!
Fonte: Godfrey RJ, Madgwick Z, Whyte GP.The exercise-induced growth hormone response in athletes. Sports Med. 2003;33(8):599-613.
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