Biologia
Pesquisa sugere que queda no bem-estar tem razões evolutivas
Os pesquisadores descobriram que, entre os 27 e os 28 anos, os chimpanzés apresentaram menor satisfação e bem-estar (Thinkstock)
A crise de meia idade é uma tendência bem conhecida entre os seres humanos. Diversas pesquisas que tentaram traçar uma curva de bem-estar ao longo da vida humana confirmaram que ela tem o formato de um U. Os pontos mais altos — os mais felizes — estão localizados na juventude e na velhice, com os mais baixos registrados na faixa que vai dos 45 aos 50 anos. Agora, uma pesquisa publicada nesta segunda-feira na revista PNAS mostra que essa queda de bem-estar é comum a outros primatas.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Evidence for a midlife crisis in great apes consistent with the U-shape in human well-being
Onde foi divulgada: revista PNAS
Quem fez: Alexander Weissa, James E. Kingc, Miho Inoue-Murayamad e Tetsuro Matsuzawae
Instituição: Universidade de Edimburgo, na Escócia
Dados de amostragem: 336 chimpanzés e 172 orangotangos
Resultado: Os pesquisadores pediram para que humanos avaliassem o bem-estar de grandes primatas que estivessem sob seus cuidados. Como resultado, descobriram que eles se mostravam mais satisfeitos durante a juventude e a velhice, e mais tristes no meio da vida - o mesmo padrão visto em seres humanos.
O estudo analisou o bem-estar de 336 chimpanzés e 172 orangotangos que viviam em zoológicos, centros de pesquisa e santuários ao redor do mundo. Os pesquisadores pediram para que tratadores, pesquisadores e outros humanos que conviviam com os animais avaliassem sua felicidade, conforto e saúde mental.
Para isso, eles adaptaram um questionário usado para medir o bem-estar humano. Os cuidadores deveriam responder se o animal apresentava mais momentos de bom humor em relação ao mau humor, se ele parecia sentir prazer em situações sociais e se tinha sucesso quando tentava alcançar seus objetivos. Por fim, os pesquisadores pediram para os avaliadores se colocarem no lugar do animal e responderem o quão felizes seriam se estivessem em sua pele por uma semana.
Como resultado, encontraram uma curva de bem-estar muito parecida com a humana. Nos chimpanzés, o ponto mais baixo da curva foi registrado entre os 27 e 28 anos, e entre os orangotangos aos 35 anos — idades comparativamente semelhantes à meia-idade para os homens.
Para isso, eles adaptaram um questionário usado para medir o bem-estar humano. Os cuidadores deveriam responder se o animal apresentava mais momentos de bom humor em relação ao mau humor, se ele parecia sentir prazer em situações sociais e se tinha sucesso quando tentava alcançar seus objetivos. Por fim, os pesquisadores pediram para os avaliadores se colocarem no lugar do animal e responderem o quão felizes seriam se estivessem em sua pele por uma semana.
Como resultado, encontraram uma curva de bem-estar muito parecida com a humana. Nos chimpanzés, o ponto mais baixo da curva foi registrado entre os 27 e 28 anos, e entre os orangotangos aos 35 anos — idades comparativamente semelhantes à meia-idade para os homens.
Tempos de crise — Nas últimas duas décadas, foram realizadas diversas pesquisas em mais de 50 países para desenhar a curva de bem-estar ao longo da vida humana. A grande maioria delas, independentemente da nacionalidade, etnia, classe social e sexo dos grupos pesquisados, encontrou uma taxa menor de felicidade e conforto na meia-idade.
Até agora, a ciência não foi completamente capaz de explicar esse tipo de comportamento, mas diversas teorias foram formuladas. Uma delas, por exemplo, defende que é na meia-idade que as pessoas reconhecem que algumas aspirações são inatingíveis e, por fim, se conformam com isso. Outra teoria propõe que esse período de maior desconforto é justamente o de maior dificuldade financeira. O resultado da nova pesquisa sugere, no entanto, que existem razões evolutivas para a crise da meia-idade, que os humanos dividem com os outros grandes primatas. Os cientistas defendem que essa é uma linha de pesquisa essencial se quisermos diminuir a quantidade de sofrimento durante toda a vida humana.
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