Aids
Mesmo com tratamentos garantindo qualidade de vida aos soropositivos, o vírus HIV ainda mata quase 2 milhões de pessoas no mundo ao ano. O site de VEJA entrevistou especialistas para saber o quão perto estamos da cura
Vivian Carrer Elias
Aids: Tratamentos bons e mais informação do que nunca não deixam que a doença mate milhares todos os anos (Thinkstock)
Desde a descoberta do HIV, em 1981, a aids vem sendo combatida em duas frentes: a criação de medicamentos antirretrovirais capazes de inibir a reprodução do vírus e o desenvolvimento de vacinas que possam prevenir e, quem sabe, curar a doença.A primeira frente tem sido bem-sucedida, apesar das limitações naturais dessa forma de terapia. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2009, 33,3 milhões de pessoas ao redor do mundo viviam com o vírus HIV, e as mortes por aids, naquele ano, atingiram 1,8 milhão de portadores da doença — 1,1 milhão a menos que em 2000. No último dia 12 de outubro, um estudo publicado no periódico British Medical Journal revelou que a expectativa de vida entre pacientes ingleses com HIV, no período de 1996 a 2008, aumentou em 15 anos. O resultado positivo deve-se muito ao fato de os pacientes ingleses, assim como os brasileiros, terem amplo acesso aos antirretrovirais.
Na segunda frente, a das vacinas, sempre houve pouco o que comemorar. Ao longo do tempo, várias vacinas foram testadas. "Mas ou não funcionaram, ou protegeram muito pouco", afirma Esper Kallás, médico infectologista e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia. A baixa proteção caracterizou os resultados da vacina RV 144, testada na Tailândia e cujos dados foram divulgados no final do ano de 2009. Após chegar à terceira fase de testes (o que tornou o estudo o mais extenso já feito), o estudo conseguiu proteger 26% dos voluntários de uma infecção, porcentagem considerada baixa.
O homem que se livrou HIV
No fim do ano de 2010, o mundo conheceu a história do americano Timothy Ray Brown, até então infectado pelo vírus HIV e que, depois de se submeter a um transplante de medula, deixou de apresentar o vírus no sangue. A notícia chamou a atenção de todos, mas logo ficou claro que se tratava de um caso extremamente particular e, infelizmente, ainda não acessível para todos.Além de aids, Brown tinha leucemia, e foi por causa desta doença que o transplante foi realizado. O médico Gero Huetter selecionou um doador que, além de compatível com Brown, apresentava uma mutação do CCR5, que é a proteína que permite a entrada HIV nas células de defesa do nosso organismo. Sem ela, não há como o vírus infectar uma pessoa.
Três anos após o procedimento, Brown deixou de apresentar o vírus no sangue, sem mesmo utilizar o coquetel antirretroviral. Porém, os médicos ainda não consideram transplante de medula em pacientes soropositivos uma vez que vez que o procedimento é muito arriscado.
Esperança renovada — Após a última decepção, quase dois anos se passaram até que a comunidade médica voltasse a vibrar com uma nova pesquisa sobre vacina. Em setembro deste ano, o Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha (CSCI) anunciou os resultados promissores da primeira fase clínica de testes de uma nova vacina em estudo publicado nos periódicos Vaccine e Journal of Virology.
Diferentemente da vacina testada na Tailândia, estudada somente para a prevenção da aids, os testes espanhóis também buscam dar uma função terapêutica à vacina — ou seja, pretendem usá-la para curar a doença. Os testes, feitos em pacientes saudáveis, demonstraram que 90% dos voluntários, após receberem a vacina, tiveram uma resposta imunológica eficaz. O próximo passo, segundo os cientistas, será testar a substância em pacientes infectados pelo vírus. "Provavelmente essa vacina, se os estudos avançarem, passará a ser usada para fins terapêuticos, e não na prevenção", afirma Diaz.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/sem-vacina-ideal-aids-deve-se-tornar-uma-doenca-cronica
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